Kalil
Ligação Ativa "Fui à sua casa e você não estava lá. A gente combinou de irmos à inauguração da boate da Lua, esqueceu? Qual é, Kalil. Vão tá cheio de mulher gostosa." Don era o famoso pau de mel, não sei o que ele tinha, mas as mulheres acabam ele um cara charmoso, eu acho! "Daqui a trinta minutos eu estou aí na sua casa. Precisei resolver alguns problemas hoje, mas agora estou livre." "Perfeito então. Chamei a Maya e ela vai com a gente também, ela terminou o namoro e essa é a sua chance. Vai fundo!" "Vai se foder, Don. Maya é muito jovem, virgem e inexperiente. Não vou lhe dar o desprazer de transar comigo." Don era insistente, eu precisava conversar com meu pai o quanto antes sobre Luíza, mas hoje eu já não o acabaria mais em casa e então vou cair na noite com Don. Tentar esquecer um pouco sobre as imagens de Luíza nua, mesmo que toda machucada. “Tá aí ainda? Vou desligar, quando estiver saindo me avisa!” Ligação Inativa Meus pensamentos estavam em Luíza. Ela ainda estava toda machucada e acredito que dolorida também, precisa tomar alguns remédios para aliviar as dores. Antes de sair de casa liguei para Jason e pedi que ele fosse examiná-la, mas que mantivesse segredo. Ele é o meu médico particular, sempre sabe da minha vida um pouco mais que os outros. Madri — Venha jantar, Madri, não vai ter forças para rezar se ficar fraca. — Não sinto fome, Maria. Sinto saudades da minha menina. Há três dias atrás estava tudo bem, por que levaram ela e o que fizeram com ela? Se eu ao menos soubesse para onde a levaram, iria buscá-la, você pode ter certeza disso. — Aqueles homens não estavam para brincadeiras, Madri. Não sinto que Luíza está morta, portanto, venha jantar e iremos rezar para Santa Catarina e pedi que ela abençoe nossa menina. Que seu seu anjo esteja ao lado neste momento. Os dias pareciam mais longos desde que ela se foi. O lugar já não é mais o mesmo. Ela sempre estava me acompanhando em muitas das coisas que eu fazia e me sinto culpada por não tê-la dito sobre sua mãe, não sei de muitas coisas, mas sei o necessário. Levava a colher na boca sem fome alguma, apenas um remorso dentro de mim, acompanhado de um aperto no peito. Luiza Sem sono, com frio e com fome, esse era meu castigo mais uma vez. Me aproximei da janela para observar a altura e sem dúvidas eu estava em um dos quartos mais altos do prédio, coisa que eu odiei, eu tinha fobia de altura. Era noite, quase meia-noite quando Kallil abriu a porta sem ao menos bater, segurando uma sacola e com um sobretudo em sua mão. — Eu trouxe isso aqui, já que não pode descer. Trouxe isso aqui também, caso sinta frio. Está tudo bem? — Apenas assenti ainda de costas para a janela. Minha vontade era de chorar, berrar e implorar para que ele me deixasse ir, mas do que isso adiantar? Só iria me fazer passar vergonha. — Obrigada, eu agradeço a sua boa ação. Que Deus te abençoe! — Ouvi seu riso sarcástico e virei e o encarei, lhe perguntando qual era graça. — Não há graça nenhuma. Eu tô indo em uma boate agora, tá afim de ir também? Eu morava em um vilarejo onde tinha acesso a muita pouca coisa, não havia lojas de roupas, nem prédios e muito menos casas de shows. — Eu nunca fui em uma boate, não será desse jeito que irei. Estou roxa, seu pai me espancou pra valer, então por que não acaba comigo de uma vez? Estou cheia de dores! Você nem para intervir serviu. — A morte já não era mais um medo, era uma esperança de que as coisas iriam dar certo. Não conseguia nutrir bons pensamentos. Da forma que eu cheguei até aqui, ficou mais que claro que jamais eu voltaria para onde eu morava. Jamais teria minha vidinha parada de antes e vim para morrer, pois não sei nada sobre a minha mãe e se a cada pergunta errada valer um soco, eu vou morrer. — Eu te trouxe até aqui, não disse onde você estava a ninguém, e ainda vem me dizer que sou miserável? — Ele estava indignado, não o julgo, mas não queria a menor aproximação ou favores. — Com o sobretudo eu fico, mas a comida pode levar de volta, estou sem fome. — Mas, a traidora da minha barriga roncou, me fazendo passar vergonha mais uma vez. — Se quer ficar sozinha, tudo bem! — Kallil saiu batendo a porta e a trancando por fora novamente. Rasgue a sacola de papel e saboreei o sanduíche que estava ali dentro. Além disso, havia uma cartela de remédios para dores e algumas revistas para que eu lesse. Após ter a certeza que estava sozinha, fui colocar meu plano em prática. Antes de tudo, olhei a altura do lugar e se havia alguma escada por fora, por sorte havia uma que dava até o terraço. O quarto tinha os lençóis da cama e as cortinas que eram enormes e me ajudariam bastante. Juntei dois lençóis e uma cortina e fui colocando meu plano em prática. Enrolei as cortinas, fazendo tipo um redemoinho, igualmente fiz nos lençóis e deu um nó o mais forte que eu consegui. Amarrei o feito no pole dance que ficava de frente para a cama, que era redonda. Antes de ir, tomei um analgésico, bebi um pouco de refrigerante e então fui… Havia escadas e eu só precisava colocar um dos meus pés, assim pegaria o impulso e meu corpo agradeceria por isso. Depois de quase vinte minutos tentando dar certo, estava finalmente com as mãos fixas na escada, por sorte ficava para o lado escuro onde não havia luz, era tipo o lado detrás da casa com a luz apagada. A cada escada que eu descia parecia não ter mais fim. Meu corpo implorando por socorro, aquele velho desgraçado acabou com a minha vida. Isso não vai ficar assim, posso ter a cara de boba e pouca idade, mas não sou nenhuma idiota. Parecia não ter fim quando finalmente meus pés tocaram o chão. Sentei com cuidado para não fazer barulho e tentei descansar um pouco. Mas, precisava de tempo para andar o máximo que eu pudesse e me esconder em algum lugar. Não posso ficar nas mãos daquele homem. Não quero perder a virgindade antes do casamento, se quer transar sem compromisso que procure qualquer outra pessoa, mas a mim não.Will FerrariAs coisas estavam indo muito bem, como não era de costume as coisas sempre saírem tão bem assim, porque sempre acontecia um imprevisto. Eu precisava saber onde ela estava, Kallil levou a garota sem me avisar sobre nada, estava a um passo de cometer alguma loucura. Então, liguei para ele, mesmo que já se passasse das duas da manhã. Ligação Ativa“Onde ela está?” Pergunto assim que ele me atende. “Você chega aqui, interrompe meus planos e tira ela daqui sem ao menos me dar uma satisfação? Que merda você tem na cabeça?”“Eu quem a busquei, eu quem a tirei de lá e o senhor ainda acha que tem algum direito sobre ela? Qual é, Will. Você me deu uma missão sem nem mesmo me dizer a verdade, sempre jogamos limpo, mas não quando o assunto é trazer uma freira até aqui e…”“E o quê? Não tem o direito de intervir em nada, Kalil. Eu lhe dei as informações necessárias. Lhe disse que a mãe dela acabou com a minha vida. Tem fotos dela, inclusive da garota também e sabe bem que ela não é f
Luiza Acordei um pouco atordoada. Estava em cima de uma cama dura, em uma sala não tão pequena, com uma poltrona ao meu lado e mais dois perto de uma mesinha de centro. Passei a mão sobre a minha barriga e percebi que não foi um sonho, eu estava realmente muito machucada. Não estava nua, estava com uma roupa de hospital, mas da que cobrirá tudo, tava mais para um pijama. Olhei para cima e vi o soro pingando enquanto meu braço estava ereto na cama. — Você dormiu pra caralho. — A voz grave atravessou a porta de metal e entrou, sendo ninguém menos que Kalil. Fiquei alguns minutos com a cabeça para cima enquanto ele mexia em algumas gavetas, quando o vi se aproximar virei o rosto para a parede e a encarei. — Por que fugiu ontem? Tem noção do perigo que você correu? — Ele sentou na poltrona ao meu lado e me entregou uma foto. — Acho que iria querer isso de volta. — Eu nunca a perdi. Como conseguiu? Você… — Meus olhos se encheram de lágrimas e já imaginando o que eu estava pensando ele
Luiza O lugar era totalmente diferente do que eu já havia pensado que fosse. As luzes piscavam em várias cores, deixando o lugar com um clima de bêbado. Kallil foi recebido por mulheres que lhe passavam a mão por todo seu corpo, beijava seu pescoço e até lhe pegavam em suas partes íntimas. Para ele, isso era normal. — E aí, gata, vai uma bebida? Eu peço alho leve, se você quiser, é claro. — Don já estava com um copo na mão, mas não me trouxe nada. — Posso experimentar o que você está bebendo? — Ele me entregou o copo e sorriu. — Vai com calma, isso aí é forte. Mas, se quiser, pode ficar à vontade pra encher a cara. Eu cuido de você, sem segundas intenções. — Então, não vejo motivos para não aproveitar. — Don me estendeu a mão e me levou até a pista de dança, ele era bonito, cavalheiro e tinha um cheiro muito gostoso. — Eu não sei dançar, Don. Não me faça passar vergonha, por favor. — Ele apenas sorriu e continuou segurando a minha mão. — Só me segue, a gente se solta juntos. Eu
Kalil As escadas que davam até o meu quarto, eram iluminadas por luzes vermelhas e azuis, deixando o celular sempre muito agradável. — Kalil, isso não é área restrita não? — Luíza era inocente em muitas coisas, ela não fazia ideia do que estava prestes a ver. — Relaxa, aqui os vips somos nós dois. — Prendi seu corpo contra a parede e passei o nariz em seu pescoço, deixando nossos lábios muito próximos. Luiza fechou os olhos e eu a beijei sem pensar duas vezes. Ela não facilitava as coisas entre a gente, embora tivesse medo, ela se arriscava. Mas ela bebeu e não era acostumada a isso, portanto já estava digamos bêbada. Soltei seus lábios e segurei sua mão. Se essa mulher soubesse o quanto me enlouquece. — Kalil, eu posso te pedir uma coisa? É só uma mesmo. — Sua voz estava chorosa, ela afrouxou sua mão da minha e deixou que a mesma se soltasse. Me virei pra ela erguendo a sobrancelha e esperando que ela dissesse o que queria, mas ao invés disso, ela me abraçou e começou a chorar,
Kalil Seu silêncio era torturador. Luiza estava olhando a vista pela janela havia alguns minutos, mas ainda permanecia calada sobre o que eu lhe falei. Decidi tentar mais uma vez, mas antes que eu pudesse perguntar alguma coisa, ela virou para mim sorrindo e aquilo sim era novidade. — Eu aceito dizer o que você quiser, contanto que cumpra suas palavras depois disso. E não ria desse jeito, não pense que irei me deitar com você, será apenas uma troca! — Ela levava palavras a sério demais. Tínhamos quase tudo certo, ou estávamos ainda perto do quase. — Mas, preciso saber quando eu terei que falar isso, porque tenho que me preparar. Mentir nunca foi meu forte. — Poderíamos fazer isso agora mesmo se você quiser. — Ela me olhou e seus olhos quase saltaram para fora, não sei se de surpresa com medo. — Isso só depende de você. — Se só depende de mim, vamos amanhã então. Não vejo a hora de poder ser livre novamente… — Seu suspiro não foi de alívio, e aquilo me causou um certo desconfor
Luiza Como eu já pude pensar em casamento? Eu poderia estar louca e nem que Bella me disse que eu precisava conhecer o mundo, e agora que eu estou tendo essa tal liberdade, jamais irei pensar como antes, mas agora eu só consigo pensar no feio que está me matando. Os homens que faziam a segurança da casa, estavam todos observando cada passo que eu dava, mas não me deixaram entrar e sem pensar duas vezes eu saí de mansinho assim que eles estavam conversando entre si. Os arbustos rasgaram o vestido na altura da coxa, deixando quase toda minha bunda à mostra, e isso só piorou, porque foi bem nesse momento que Will parou com o carro à minha frente. Meu sangue gelou no mesmo momento, eu não sabia se corria ou se continha ali, parada e esperando a desgraça acontecer. — Pelo que podemos ver aqui, temos uma garota que parece perdida. — Will falava e os homens que estavam dentro do carro com ele, apenas riam, como se fosse uma coisa engraçada. Kalil estava com minha peça íntima em seu bolso
Kalil Meu pai estava à minha espera em sua sala, hoje eu tinha mais um trabalhão a se fazer, mas a minha vontade era de largar tudo isso, mas esse pensamento só iria só iria piorar as coisas. — Meu filho, vejo que está com um semblante de felicidade! — Will me dizia enquanto levantava de sua cadeira e vinha até mim. — Vamos direto ao ponto, pai. Eu já recebi as informações precisas, o senhor sabe que eu não… — Tudo aquilo foi apenas para chamar sua atenção, trouxe você aqui hoje por outros motivos. — O senhor tem ideia do que fez? Eu vim disposto a fazer a merda do trabalho sujo em que você me meteu e que eu escolhi, mas ao invés de falar sério fica tomando meu tempo. Pode me dizer logo o que quer? Eu tenho pressa! — Você está aqui hoje pela Luiza, a vida dela está sem suas mãos. — Ele andava de um lado para o outro, como se estivesse medindo suas palavras. — Eu não sou burro, Kalil. Eu sou teu pai e seu de todos os seus passos, sei também que entre você e a freirinha não aconte
Kalil Ali, na fila da pensão para conseguir alugar um quarto, num pensionato barato onde estava ela, que ao me ver estendeu a mão e já foi me dando explicações. — Me desculpe, eu não queria pegar o seu dinheiro e por isso mesmo já me arrependi do que fiz. — Ela estendeu a mão para mim segurando o envelope e aguardando que eu o pegasse. — Não estou falando do dinheiro, Luíza, e você sabe disso. Quero saber como foi que consegui acessar a porta por trás do espelho e o porquê de entrar lá e mexer em minhas coisas. — Ao perceber que eu não iria pegar o envelope, ela o colocou debaixo do braço e continuou ali na fila. — Primeiro; eu não mexi em nada que estava ali dentro e segundo; eu esbarrei no espelho e ele se abriu de repente, me jogando lá dentro e eu sem escolhas peguei a primeira coisa que estava a minha frente, esse envelope, que ao perceber que se tratava de dinheiro logo peguei. — A fila andou e ela acompanhou indo para um lugar onde já não dava mais para nós dois conversarmo