Capítulo 6 — Tentativa de fuga

Kalil

Ligação Ativa

"Fui à sua casa e você não estava lá. A gente combinou de irmos à inauguração da boate da Lua, esqueceu? Qual é, Kalil. Vão tá cheio de mulher gostosa." Don era o famoso pau de mel, não sei o que ele tinha, mas as mulheres acabam ele um cara charmoso, eu acho!

"Daqui a trinta minutos eu estou aí na sua casa. Precisei resolver alguns problemas hoje, mas agora estou livre."

"Perfeito então. Chamei a Maya e ela vai com a gente também, ela terminou o namoro e essa é a sua chance. Vai fundo!"

"Vai se foder, Don. Maya é muito jovem, virgem e inexperiente. Não vou lhe dar o desprazer de transar comigo."

Don era insistente, eu precisava conversar com meu pai o quanto antes sobre Luíza, mas hoje eu já não o acabaria mais em casa e então vou cair na noite com Don. Tentar esquecer um pouco sobre as imagens de Luíza nua, mesmo que toda machucada.

“Tá aí ainda? Vou desligar, quando estiver saindo me avisa!”

Ligação Inativa

Meus pensamentos estavam em Luíza. Ela ainda estava toda machucada e acredito que dolorida também, precisa tomar alguns remédios para aliviar as dores. Antes de sair de casa liguei para Jason e pedi que ele fosse examiná-la, mas que mantivesse segredo. Ele é o meu médico particular, sempre sabe da minha vida um pouco mais que os outros.

Madri

— Venha jantar, Madri, não vai ter forças para rezar se ficar fraca.

— Não sinto fome, Maria. Sinto saudades da minha menina. Há três dias atrás estava tudo bem, por que levaram ela e o que fizeram com ela? Se eu ao menos soubesse para onde a levaram, iria buscá-la, você pode ter certeza disso.

— Aqueles homens não estavam para brincadeiras, Madri. Não sinto que Luíza está morta, portanto, venha jantar e iremos rezar para Santa Catarina e pedi que ela abençoe nossa menina. Que seu seu anjo esteja ao lado neste momento.

Os dias pareciam mais longos desde que ela se foi. O lugar já não é mais o mesmo. Ela sempre estava me acompanhando em muitas das coisas que eu fazia e me sinto culpada por não tê-la dito sobre sua mãe, não sei de muitas coisas, mas sei o necessário.

Levava a colher na boca sem fome alguma, apenas um remorso dentro de mim, acompanhado de um aperto no peito.

Luiza

Sem sono, com frio e com fome, esse era meu castigo mais uma vez. Me aproximei da janela para observar a altura e sem dúvidas eu estava em um dos quartos mais altos do prédio, coisa que eu odiei, eu tinha fobia de altura.

Era noite, quase meia-noite quando Kallil abriu a porta sem ao menos bater, segurando uma sacola e com um sobretudo em sua mão.

— Eu trouxe isso aqui, já que não pode descer. Trouxe isso aqui também, caso sinta frio. Está tudo bem? — Apenas assenti ainda de costas para a janela. Minha vontade era de chorar, berrar e implorar para que ele me deixasse ir, mas do que isso adiantar? Só iria me fazer passar vergonha.

— Obrigada, eu agradeço a sua boa ação. Que Deus te abençoe! — Ouvi seu riso sarcástico e virei e o encarei, lhe perguntando qual era graça.

— Não há graça nenhuma. Eu tô indo em uma boate agora, tá afim de ir também?

Eu morava em um vilarejo onde tinha acesso a muita pouca coisa, não havia lojas de roupas, nem prédios e muito menos casas de shows.

— Eu nunca fui em uma boate, não será desse jeito que irei. Estou roxa, seu pai me espancou pra valer, então por que não acaba comigo de uma vez? Estou cheia de dores! Você nem para intervir serviu. — A morte já não era mais um medo, era uma esperança de que as coisas iriam dar certo.

Não conseguia nutrir bons pensamentos. Da forma que eu cheguei até aqui, ficou mais que claro que jamais eu voltaria para onde eu morava. Jamais teria minha vidinha parada de antes e vim para morrer, pois não sei nada sobre a minha mãe e se a cada pergunta errada valer um soco, eu vou morrer.

— Eu te trouxe até aqui, não disse onde você estava a ninguém, e ainda vem me dizer que sou miserável? — Ele estava indignado, não o julgo, mas não queria a menor aproximação ou favores.

— Com o sobretudo eu fico, mas a comida pode levar de volta, estou sem fome. — Mas, a traidora da minha barriga roncou, me fazendo passar vergonha mais uma vez.

— Se quer ficar sozinha, tudo bem! — Kallil saiu batendo a porta e a trancando por fora novamente. Rasgue a sacola de papel e saboreei o sanduíche que estava ali dentro. Além disso, havia uma cartela de remédios para dores e algumas revistas para que eu lesse.

Após ter a certeza que estava sozinha, fui colocar meu plano em prática. Antes de tudo, olhei a altura do lugar e se havia alguma escada por fora, por sorte havia uma que dava até o terraço. O quarto tinha os lençóis da cama e as cortinas que eram enormes e me ajudariam bastante.

Juntei dois lençóis e uma cortina e fui colocando meu plano em prática. Enrolei as cortinas, fazendo tipo um redemoinho, igualmente fiz nos lençóis e deu um nó o mais forte que eu consegui. Amarrei o feito no pole dance que ficava de frente para a cama, que era redonda. Antes de ir, tomei um analgésico, bebi um pouco de refrigerante e então fui…

Havia escadas e eu só precisava colocar um dos meus pés, assim pegaria o impulso e meu corpo agradeceria por isso. Depois de quase vinte minutos tentando dar certo, estava finalmente com as mãos fixas na escada, por sorte ficava para o lado escuro onde não havia luz, era tipo o lado detrás da casa com a luz apagada. A cada escada que eu descia parecia não ter mais fim. Meu corpo implorando por socorro, aquele velho desgraçado acabou com a minha vida. Isso não vai ficar assim, posso ter a cara de boba e pouca idade, mas não sou nenhuma idiota.

Parecia não ter fim quando finalmente meus pés tocaram o chão. Sentei com cuidado para não fazer barulho e tentei descansar um pouco. Mas, precisava de tempo para andar o máximo que eu pudesse e me esconder em algum lugar. Não posso ficar nas mãos daquele homem. Não quero perder a virgindade antes do casamento, se quer transar sem compromisso que procure qualquer outra pessoa, mas a mim não.

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