Lídia Martín
Sangue, e sangue, vejo sangue por todos os lados, ele sai pela a porta do meu quarto, eu tento gritar mas não consigo, como se em vez de eu ser cega eu fosse muda, e vejo minha irmã com o corpo cheio de sangue.
ㅡ Você é a culpada, você não fez nada, A CULPA É TODA SUA.
Ela grita.Sinto alguém me chacoalhar.
ㅡ Acorda Lídia! Você tá tendo um pesadelo.
Percebo que tudo foi mais um de meus pesadelos, e sinto minhas bochechas com lágrimas.
ㅡ Eu estou bem Julia, eu sempre tenho pesadelos.
ㅡ Você tem certeza que está bem? Escutei você gritar, pensei que alguém tinha invadido a casa.
ㅡ Não, tá tudo bem, obrigada por ter me acordado, você pode voltar a dormir.
ㅡ Vou durmir então, mas qualquer coisas me chama.
ㅡ Tá.
Ela sai do quarto e ouço a porta ser fechada.
Abraço meu próprio corpo e tento imaginar minha mãe me abraçando, mesmo ela não estando aqui. Isso me ajuda a acalmar.
Mas ainda assim não consigo durmir, então fico parada na cama esperando as horas passarem.
Depois de algumas horas ouço barulho na cozinha e prevejo que seja a Julia.
De repente escuto ela gritar e me levanto rapidamente preocupada.
E ela abre a porta do meu quarto brutalmente.
ㅡ Oque aconteceu ?
Pergunto preocupada.ㅡ Lídia! Consegui pra você uma entrevista de emprego!
ㅡ Sério?Meu Deus eu não tô acreditando. Onde?
ㅡ É em uma delegacia, e o emprego é pra assistente.
ㅡ Nossa, vai ser muito bom pra eu conseguir contato nessa área policial, tem haver com minha faculdade de direito.
ㅡ Sim!Foi oque eu pensei, a entrevista é hoje, se arruma logo.
ㅡ Hoje?MAS já?Nem preparei nada!
ㅡ Sim é hoje, acho melhor você se apressar, a gente sai daqui meia hora.
Julia sai e me deixa sozinha para eu me arrumar.
Tomo um banho, e escova os dentes.
Coloco uma calça jeans, uma blusa preta e uma jaqueta de couro preta, coloco uma bolsa pequena beje, e meu tênis branco.Será que eles vão me contratar, mesmo eu sendo cega? Apesar de tudo eu sei muito bem ser uma assistente, aprendi no orfanato, fui assistente da Madre Superiora, ela me falava coisas e eu não precisava nem anotar, eu decorava tudo então isso não é um problema, tenho experiência.
ㅡ LÍDIA, VAMO LOGO SE NÃO NÓS DUAS VAMOS SE ATRASAR!
Julia grita.ㅡ JÁ TO INDO!
Grito de volta.Coloco meu colar, ele é como meu amuleto da sorte, ganhei da minha mãe antes dela morrer, então meio que é como se ela ainda estivesse viva quando coloco ele.

Eu e Julia fomos na sua moto, eu fiquei morrendo de medo de andar nela, mas a Julia me convenceu a ir na moto.
ㅡ Pronto chegamos, é aqui.
ㅡ Tô morrendo de medo.
ㅡ Vai dá tudo certo, eles vão te amar!
ㅡ Espero que sim.
Falo com insegurança.ㅡ Você quer que eu te ajude a ir até o lugar? Aí você já vai poder memorizar tudo.
ㅡ Pode ser.
Pego minha bengala e na outra mão a Julia me segura andando.
ㅡ Chegamos na recepção.
ㅡ 21 passos.
A Julia solta uma risada.
ㅡ Precisam de alguma coisa?
Ouço a voz de uma senhora.ㅡ Olá, eu vim para uma entrevista de emprego de assistente.
Falo.ㅡ Qual o seu nome?
Ela pergunta.ㅡ Lídia Martin.
ㅡ Espere um pouco, tem uma moça fazendo a entrevista quando ela sair, eu te chamo.
ㅡ Eu espero então.
ㅡ Lídia, senta aqui. Eu vou ter que ir agora, eu não posso chegar atrasada no meu trabalho...
ㅡ Vai logo Julia, não se incomode comigo, eu sei me virar.
ㅡ Tá. Quando terminar, pede pra secretária te chamar um táxi pra você ir embora.
ㅡ Ok.Tchau.
Aceno.ㅡ Tchau.
Ouço os passos dela cada vez mais distantes.E espero alguém me chamar.
Passam alguns minutos e escuto a secretária me chamar.
ㅡ Senhorita Martin.
Me levanto.
ㅡ O delegado Hale está te esperando para a entrevista. Percebi que você é deficiente visual, precisa de ajuda?
ㅡ Não, consigo seguir você com o barulho dos seus passos. Aliás qual o seu nome?
ㅡ Nossa estou impressionada, me chamo Marisa.
ㅡ Lindo nome.
Sorrio pelo canto da boca.ㅡ Obrigada menina.
Ela parece feliz.ㅡ Vamos?
ㅡ Sim, vou te seguir.
Abro minha bengala e a sigo com o barulho dos seus passos, ouço pessoas falarem, e outros passos também, mas consigo diferenciar os passos dela por conta dela estar de salto.
ㅡ Chegamos. É nessa porta, ele está a sua espera.
ㅡ Está bem.
ㅡ Agora tenho que ir resolver algumas coisas. Mas saiba que estou torcendo muito pra você passar.
Ela diz a última frase sussurrando no meu ouvido.
E eu abro um sorriso.
Ela vai embora e fica só eu e a porta.
É Agora.
Bato duas vezes na porta.
ㅡ Entra.
Escuto uma voz grossa e com intensidade.Acabo achando aquela voz bem familiar mas tento ignorar.
E abro a porta lentamente.
Dylan Hale Já entrevistei cinco garotas, mas até agora não estou satisfeito com nenhuma, duas delas não sabem nada de assistente e as outras só vieram pra dar em cima de mim, até que eu gostei, mas eu preciso de alguém que realmente me ajude e não me atrapalhe.A secretária Marisa me avisou que temos mais uma opção, mas já não estou muito animado.Enquanto espero a garota chegar, resolvo terminar de preencher umas fichas que eu tinha que entregar ainda hoje.Alguns minutos se passam e ouço alguém bater na porta. Creio que seja a garota.ㅡ Entra.Falo em um tom alto.Continuo a preencher as fichas.Escuto a porta abrir.ㅡ A senhorita pode se sentar.Falo enquanto termino a última palavra que falta na ficha.ㅡ Oi, vim pra entrevista de emprego.Escuto uma voz doce e delicada.E meus olhos desviam das fic
Lídia Martín Sentada no sofá, ouvindo a TV, que passa um filme de comédia, tento prestar atenção, mas só consigo pensar em como vai ser meu primeiro dia no trabalho. Depois que eu saí daquela sala, Marisa me explicou: O trabalho seria das 08:00 às 17:00, eu trabalharia em uma cabine de muitas que tinham na delegacia, amanhã ela me mostraria onde é. Eu teria que organizar os horários do Senhor Hale, sempre deixar ele informado sobre o que ele terá que fazer e pra onde ir, as vezes eu teria que ir com ele pra alguns casos, e por fim teria que resolver problemas dele também. Achei tudo bem fácil, não vi dificuldade nisso. Saio dos meus pensamentos quando escuto meu telefone tocar.ㅡ Olá, é a Lídia Martín? ㅡ Escuto a voz de uma mulher depois de atender a ligação.ㅡ Sim, sou sim. Quem é? ㅡ Pergunto confusa, praticamente ninguém me ligava, só uma vez ou outra alguém do Orfanato ligava.ㅡ Aqui é da Universidade de Newpor
Depois de ligar o computador e colocar os fones de ouvido, espero alguns minutos e escuto uma voz dizer.ㅡ Você tem um novo email, click na tecla "enter" para abrir o email. ㅡ Eu já memorizei onde fica cada tecla em um computador, então logo em seguida clico na tecla.ㅡ Email do Delegado Dylan Hale. Olá Lídia Martín, neste email, lhe envio coisas que tenho que fazer durante a semana, quero que você me lembre de todas elas, me mantenha informado. ㅡ Ok, eu posso fazer isso. O Senhor Hale me envia todos os seus compromissos e já memorizei todos.Sexta, que no caso é hoje, pensando bem nunca imaginei começar a semana pela sexta- feira, amanhã já é final de semana!O tempo passa e fico repetindo em minha cabeça os seus compromissos não posso esquecer de nada.Clico em uma tecla do computador que indica que horário é.ㅡ 9:45 da manh&atild
Lídia MartínDepois que chegamos no restaurante, eu e o Delegado Hale nos sentamos em uma das mesas do restaurante. E ele não disse, mais nenhuma palavra, já está ficando desconfortável esse silêncio.ㅡ Lídia? ㅡ Escuto a voz da Julia me chamar.ㅡ Julia, o que você está fazendo aqui?ㅡ Me levanto da cadeira e ela me puxa pra longe da mesa.ㅡ Aqui é o restaurante que eu trabalho. ㅡ Agora que eu me lembrei que ela trabalhava em um restaurante , mas eu nem imaginei que ela trabalhava logo nesse.ㅡ Nossa, eu não fazia idéia!ㅡ Mas Lídia, por que você tá com esse... ㅡ Ela começa dizer algo com raiva, mas o Delegado Hale me chama.ㅡ Julia, eu tenho que ir, depois te explico tudo.Volto pra mesa e me sento na cadeira ao lado dele.ㅡ Ele chegou? ㅡ Pergunto em um tom baixo.ㅡ Olá, Dylan Hale. ㅡ Escuto uma voz masculina desconhecida.ㅡ Bom dia, senhor Heitor Clarke. ㅡ Dylan fala c
Lídia Martín ㅡ Eu vou te emprestar um vestido então. ㅡ Julia já estava pronta e eu não consegui escolher nenhuma roupa. Eu nunca fui em um bar, não sei que tipo de roupas usam lá.Ela vai no quarto dela e me entrega um vestido. ㅡ Eu só vou experimentar.ㅡ Você vai ficar linda. Ele é verde, vai super combinar com seu cabelo.Fecho a porta do quarto e coloco o vestido.Passo meus dedos pelo vestido, tem uma textura um pouco aspera, mangas longas, é um pouco curto e justo na cintura.Abro a porta do quarto pra mostrar para Julia.ㅡ Você tá perfeita! Meu Deus ficou muito linda! ㅡ Diz entusiasmada.ㅡ Você tem certeza? Não tá muito curto não? ㅡ Passo a mão na barra do vestido.ㅡ Claro que não, ele é curto, mas não é vulgar, ele é bem soltinho. Você ficou linda! Agora vou arrumar um salto alto para v
Dylan Haleㅡ Esse bar novo tá cheio de carne nova. ㅡ Eduardo fala quando paro o carro no estacionamento.ㅡ Hoje nem tô tão afim assim. ㅡ Depois de um dia longo como foi hoje, acabo desanimando.ㅡ Esse desânimo vai acabar logo. ㅡ Ele solta risada.Saímos do carro e vejo o bar.Todo seu exterior apesar de novo tem uma decoração mais rústica e o nome On Bars é feito de madeira.Entramos no interior e vejo pessoas dançando na pista de dança, outras já bêbadas, casais se pegando, vi até um homem bêbado chorando.Eu e Eduardo nos sentamos em uma das poucas mesas que estão vazias.ㅡ Dylan, volto daqui a pouco. ㅡ Já deve ter avistado alguma mulher.ㅡ Beleza, curta sua noite. ㅡ Acho melhor você nem me esperar quando for embora. ㅡ Fala enquanto se levanta.ㅡ Também acho.Algumas mulheres acabam dando em cima de mim, mas eu tô achando que me
Já faz faz quase uma semana desde que o Delegado Hale me tirou do sério, eu pensei que ele iria pelo menos se desculpar ou falar que não fazia idéia que eu era cega. Mas em vez disso ele gritou na minha cara praticamente dizendo que a culpa era minha. Sabe, eu nem deveria me importar ele só é mais um cara escroto mesmo.Estou sentada na minha mesa de trabalho, nós estamos trabalhando normalmente, nunca mais tocamos nesse assunto e em nenhum que não seja sobre trabalho.ㅡ Lydia, o Delegado Hale está chamando você em sua sala. ㅡ Marisa fala me despertando dos meus pensamentos.ㅡ Ok, já vou lá. ㅡ Me levanto logo em seguida indo em direção da sala.ㅡ Olá, você é a nova assistente do Delegado Hale? ㅡ Uma voz masculina um tanto familiar fala comigo quando estou quase chegando na sala e paro de andar.ㅡ Sim e o senhor é...?ㅡ Lucas Jones. Agente Jones.ㅡ Ah. Você é o homem que tava brigando com o Delegado Hale semana passada! ㅡ Quando eu percebo que falei alto e não
Lídia Martín O Delegado Hale me ajuda me guiando até dentro da faculdade.ㅡ Chegamos na recepção. ㅡ Ele fala depois de muito tempo sem falar nada.ㅡ Obrigada. Você já pode ir então. ㅡ Ele se despedi e sai.ㅡ Olá, eu gostaria de falar com o Mário Menezes. ㅡ Quem seria você e por que quer falar com ele? ㅡ Uma voz fina e despreocupada pergunta.ㅡ Lydia Martín. Quero resolver um problema com a minha matrícula.ㅡ Ele não pode falar com você. Tá muito ocupado. ㅡ Ela fala firme.ㅡ Tem certeza? Você não pode ir na sala dele e perguntar?ㅡ Se você insiste. ㅡ Ouço o barulho dos seus saltos começarem à dar alguns passos. Aproveito a situação para segui-la devagar, tenho que falar com esse homem.Depois de um tempo a seguindo, escuto uma porta abrir e logo em seguida fechar e o barulho do salto acabar.Ela entrou na sala.Chego mais perto da porta.ㅡ Aquela garota