Lídia Martín
Sentada no sofá, ouvindo a TV, que passa um filme de comédia, tento prestar atenção, mas só consigo pensar em como vai ser meu primeiro dia no trabalho. Depois que eu saí daquela sala, Marisa me explicou: O trabalho seria das 08:00 às 17:00, eu trabalharia em uma cabine de muitas que tinham na delegacia, amanhã ela me mostraria onde é. Eu teria que organizar os horários do Senhor Hale, sempre deixar ele informado sobre o que ele terá que fazer e pra onde ir, as vezes eu teria que ir com ele pra alguns casos, e por fim teria que resolver problemas dele também. Achei tudo bem fácil, não vi dificuldade nisso.
Saio dos meus pensamentos quando escuto meu telefone tocar.ㅡ Olá, é a Lídia Martín? ㅡ Escuto a voz de uma mulher depois de atender a ligação.
ㅡ Sim, sou sim. Quem é? ㅡ Pergunto confusa, praticamente ninguém me ligava, só uma vez ou outra alguém do Orfanato ligava.ㅡ Aqui é da Universidade de Newport. Queríamos avisar que houve um erro na sua matrícula...ㅡ Como assim um erro? Como isso poderia acontecer. ㅡ Interrompo a mulher nervosa, não pode ter acontecido nenhum erro fiz tudo direito e com muita calma, pedi ajuda até para meu professor da escola.ㅡ Por causa disso, você não poderá ingressar neste semestre. ㅡ Completa.ㅡ Como eu posso resolver este problema? Que erro foi esse? ㅡ Pergunto desesperada.ㅡ Como as inscrições acabaram, você só poderá fazê-la novamente quando abrirem.ㅡ E quando as inscrições vão ser abertas?ㅡ No fim deste ano, em novembro.ㅡ Mas está muito longe, ainda estamos em fevereiro! ㅡ Falo exasperada. ㅡ E em relação a bolsa de estudos que ganhei?ㅡ Como sua matrícula não foi efetuada corretamente, você perdeu a bolsa de estudos.ㅡ Como? Não, isso não pode acontecer. Mas qual foi o erro?! ㅡ Já fiz essa pergunta não sei quantas vezes, mas a mulher não me responde.ㅡ Eu sinto muito, eu não posso te responder essa pergunta, foram ordens do diretor da universidade. ㅡ Percebi que esse "sinto muito" não saiu sincero pra meus ouvidos.ㅡ Então eu teria que encontrá-lo para saber que problema aconteceu. Qual é o nome dele?ㅡ Mário Menezes.Ela se despedi e desligo o telefone.
Mas por que isso aconteceu comigo? Como isso pôde acontecer? Estava tudo planejado, eu iria trabalhar em algum lugar, ir pra faculdade de direito e construir minha vida. Mas me parece que tudo nela tem que dá errado, mas eu não posso desistir, em breve irei na Universidade, farei de tudo para que me falem qual foi o problema e tentar resolver ele, não posso perder a bolsa de estudos, não tenho nenhuma forma de conseguir pagar a faculdade, é muito cara.
Desligo a TV e vou direto pro meu quarto. Deito em minha cama, e coloco meus fones de ouvido.
ㅡ G****e Assistente, coloque uma música da playlist John Legend. ㅡ Falo em voz alta para meu telefone, que tem uma espécie de assistente, quando chamo o seu nome, e falo um comando, ela obedece.
Uma das músicas de John Legend, que incluse é minha favorita, começa a tocar. All Of Me . As músicas dele são românticas e melancólicas, mas gosto desse tipo de música.
Ouvir música me deixa mais relaxada.
Fecho meus olhos e tento não pensar em problemas.ㅡㅡㅡㅡㅡㅡㅡㅡㅡㅡㅡㅡㅡㅡㅡㅡㅡㅡㅡㅡ
Acordo e algo quente está em meu rosto, percebo que é o sol, logo após de lembrar que não fechei a cortina no dia anterior. Quando me levanto da cama, acabo pisando nos fones de ouvido e com a pequena dor quw causou nos meus pés, acabo caindo com tudo no chão.
ㅡ Aí! ㅡ Tento não fazer para barulho, pra não deixar a Julia preocupada.
Me levanto do chão devagar e pego o fone junto comigo e o coloco na escrivaninha que fica ao lado da minha cama.
Toco com as minhas mãos na cama e no chão à procura do meu celular, até que encontrar ele debaixo da minha cama.
ㅡ G****e assistente. Quantas horas são?
ㅡ 7:30. ㅡ A voz da assistente fala.Parabéns Lídia, atrasada no primeiro dia de trabalho.
Corro até meu guarda roupa e pego uma roupa qualquer. Uma das minhas calça jeans de sempre, camiseta larga na cor branca, que pretendo usar por dentro da calça, e um cinto preto.Corro até o banheiro para fazer minha higiene matinal.
Como não tenho tempo, acabei passando apenas um gloss em meus lábios e coloquei meu tênis de sempre.
ㅡ Julia! ㅡ Gritei.
ㅡ Oi?ㅡ Me leva só hoje com sua moto, lá na delegacia? Acabei me atrasando e não vai dá tempo de pedir um táxi ou uber.ㅡ Claro que sim, você não pode se atrasar no seu primeiro dia. E a delegacia e no caminho do restaurante que eu trabalho, eu posso te levar todos os dias.ㅡ Aí muito obrigada. ㅡ Conheço a Julia em tão pouco tempo, mas se eu não tivesse ela, nem sei o que aconteceria comigo.ㅡ Vamos logo. ㅡ Ela me chama.Chego na delegacia e vou até a recepção, consigo ir sozinha, já memorizei como ir até lá. 21 passos.
ㅡ Olá. ㅡ Cumprimento, quando chego no local.
ㅡ Com quem você tá falando garota? ㅡ Ouço uma voz feminina fina, atrás de mim.ㅡ Oi, eu sou a Lidia Martín, você...ㅡ Primeiramente que eu nem perguntei seu nome, aí não quero perder meu tempo com você, tenho coisas melhores pra fazer. ㅡ Depois dessa mulher insuportável falar, escuto ela sair pra longe.Meu dia já começou mal!
Me sento em um dos bancos que tem na receção para esperar Marisa.
ㅡ Oi Lídia, me desculpe por deixá-la esperando. ㅡ Escuro Marisa falar.
ㅡ Não se preocupe, eu acabei de chegar. ㅡ Tento tranquiliza-lá.ㅡ Venha vou lhe mostrar em qual local irá ficar para trabalhar. ㅡTraçamos quase o mesmo caminho até o escritório do delegado. Mas á exatos 10 passos antes de chegar ao seu escritório Marisa parou e começou a falar.ㅡ Olá equipe! Está é a Lídia Martín a nova assistente do Senhor Hale. ㅡ Marisa fala em um tom mais alto.
Escuto murmúrios no local.ㅡ Oi! Eu espero fazer um bom trabalho e poder ser uma boa colega de trabalho. ㅡ Coloco um sorriso no rosto.Escuto algumas risadas e mais murmúrios.ㅡ Lídia, você ficar nesta mesa. ㅡ Ela me conduz um pouco mais em frente e toco em uma cadeira.ㅡ Ok, obrigada.ㅡ O técnico já instalou, aquele progama para deficientes visuais, para não atrapalhar os demais empregados, também tem um fone de ouvido que já está conectado ao computador.Ela me explicou mais algumas coisas, me disse que a qualquer momento o Senhor Hale me enviará um email.Me sentei na cadeira e suspirei fundo.
Senti alguém me cutucar nas costas.
ㅡ Oi. ㅡ Ouço a voz de uma garota. ㅡ Me viro pra trás. ㅡ Meu nome é Ana, sou assistente do investigador principal, o senhor Eduardo Galvão.
ㅡ Oi, não preciso me apresentar a Marisa já disse meu nome. ㅡ Puxo um meio sorriso.ㅡ Você vai ser assistente de quem? ㅡ pergunta cochichando.ㅡ Do delegado Dylan Hale. ㅡ Falo também cochichando. ㅡ Por que a gente tá cochichando?ㅡ Por que, alguém pode acabar denunciando a gente por não fazer nosso trabalho. Não quero perder meu emprego e você só tá no primeiro dia.ㅡ É... Você tem razão.ㅡ Vou voltar ao trabalho, se precisar de mim, eu fico em uma mesa atrás de você.ㅡ Tá.Espero não ter mais problema no meu primeiro dia de trabalho. Já tive o suficiente, ainda nem sei como aguentei. Agora vou esperar o Delegado Hale me passar alguma instrução.
Depois de ligar o computador e colocar os fones de ouvido, espero alguns minutos e escuto uma voz dizer.ㅡ Você tem um novo email, click na tecla "enter" para abrir o email. ㅡ Eu já memorizei onde fica cada tecla em um computador, então logo em seguida clico na tecla.ㅡ Email do Delegado Dylan Hale. Olá Lídia Martín, neste email, lhe envio coisas que tenho que fazer durante a semana, quero que você me lembre de todas elas, me mantenha informado. ㅡ Ok, eu posso fazer isso. O Senhor Hale me envia todos os seus compromissos e já memorizei todos.Sexta, que no caso é hoje, pensando bem nunca imaginei começar a semana pela sexta- feira, amanhã já é final de semana!O tempo passa e fico repetindo em minha cabeça os seus compromissos não posso esquecer de nada.Clico em uma tecla do computador que indica que horário é.ㅡ 9:45 da manh&atild
Lídia MartínDepois que chegamos no restaurante, eu e o Delegado Hale nos sentamos em uma das mesas do restaurante. E ele não disse, mais nenhuma palavra, já está ficando desconfortável esse silêncio.ㅡ Lídia? ㅡ Escuto a voz da Julia me chamar.ㅡ Julia, o que você está fazendo aqui?ㅡ Me levanto da cadeira e ela me puxa pra longe da mesa.ㅡ Aqui é o restaurante que eu trabalho. ㅡ Agora que eu me lembrei que ela trabalhava em um restaurante , mas eu nem imaginei que ela trabalhava logo nesse.ㅡ Nossa, eu não fazia idéia!ㅡ Mas Lídia, por que você tá com esse... ㅡ Ela começa dizer algo com raiva, mas o Delegado Hale me chama.ㅡ Julia, eu tenho que ir, depois te explico tudo.Volto pra mesa e me sento na cadeira ao lado dele.ㅡ Ele chegou? ㅡ Pergunto em um tom baixo.ㅡ Olá, Dylan Hale. ㅡ Escuto uma voz masculina desconhecida.ㅡ Bom dia, senhor Heitor Clarke. ㅡ Dylan fala c
Lídia Martín ㅡ Eu vou te emprestar um vestido então. ㅡ Julia já estava pronta e eu não consegui escolher nenhuma roupa. Eu nunca fui em um bar, não sei que tipo de roupas usam lá.Ela vai no quarto dela e me entrega um vestido. ㅡ Eu só vou experimentar.ㅡ Você vai ficar linda. Ele é verde, vai super combinar com seu cabelo.Fecho a porta do quarto e coloco o vestido.Passo meus dedos pelo vestido, tem uma textura um pouco aspera, mangas longas, é um pouco curto e justo na cintura.Abro a porta do quarto pra mostrar para Julia.ㅡ Você tá perfeita! Meu Deus ficou muito linda! ㅡ Diz entusiasmada.ㅡ Você tem certeza? Não tá muito curto não? ㅡ Passo a mão na barra do vestido.ㅡ Claro que não, ele é curto, mas não é vulgar, ele é bem soltinho. Você ficou linda! Agora vou arrumar um salto alto para v
Dylan Haleㅡ Esse bar novo tá cheio de carne nova. ㅡ Eduardo fala quando paro o carro no estacionamento.ㅡ Hoje nem tô tão afim assim. ㅡ Depois de um dia longo como foi hoje, acabo desanimando.ㅡ Esse desânimo vai acabar logo. ㅡ Ele solta risada.Saímos do carro e vejo o bar.Todo seu exterior apesar de novo tem uma decoração mais rústica e o nome On Bars é feito de madeira.Entramos no interior e vejo pessoas dançando na pista de dança, outras já bêbadas, casais se pegando, vi até um homem bêbado chorando.Eu e Eduardo nos sentamos em uma das poucas mesas que estão vazias.ㅡ Dylan, volto daqui a pouco. ㅡ Já deve ter avistado alguma mulher.ㅡ Beleza, curta sua noite. ㅡ Acho melhor você nem me esperar quando for embora. ㅡ Fala enquanto se levanta.ㅡ Também acho.Algumas mulheres acabam dando em cima de mim, mas eu tô achando que me
Já faz faz quase uma semana desde que o Delegado Hale me tirou do sério, eu pensei que ele iria pelo menos se desculpar ou falar que não fazia idéia que eu era cega. Mas em vez disso ele gritou na minha cara praticamente dizendo que a culpa era minha. Sabe, eu nem deveria me importar ele só é mais um cara escroto mesmo.Estou sentada na minha mesa de trabalho, nós estamos trabalhando normalmente, nunca mais tocamos nesse assunto e em nenhum que não seja sobre trabalho.ㅡ Lydia, o Delegado Hale está chamando você em sua sala. ㅡ Marisa fala me despertando dos meus pensamentos.ㅡ Ok, já vou lá. ㅡ Me levanto logo em seguida indo em direção da sala.ㅡ Olá, você é a nova assistente do Delegado Hale? ㅡ Uma voz masculina um tanto familiar fala comigo quando estou quase chegando na sala e paro de andar.ㅡ Sim e o senhor é...?ㅡ Lucas Jones. Agente Jones.ㅡ Ah. Você é o homem que tava brigando com o Delegado Hale semana passada! ㅡ Quando eu percebo que falei alto e não
Lídia Martín O Delegado Hale me ajuda me guiando até dentro da faculdade.ㅡ Chegamos na recepção. ㅡ Ele fala depois de muito tempo sem falar nada.ㅡ Obrigada. Você já pode ir então. ㅡ Ele se despedi e sai.ㅡ Olá, eu gostaria de falar com o Mário Menezes. ㅡ Quem seria você e por que quer falar com ele? ㅡ Uma voz fina e despreocupada pergunta.ㅡ Lydia Martín. Quero resolver um problema com a minha matrícula.ㅡ Ele não pode falar com você. Tá muito ocupado. ㅡ Ela fala firme.ㅡ Tem certeza? Você não pode ir na sala dele e perguntar?ㅡ Se você insiste. ㅡ Ouço o barulho dos seus saltos começarem à dar alguns passos. Aproveito a situação para segui-la devagar, tenho que falar com esse homem.Depois de um tempo a seguindo, escuto uma porta abrir e logo em seguida fechar e o barulho do salto acabar.Ela entrou na sala.Chego mais perto da porta.ㅡ Aquela garota
Dylan Haleㅡ Eu quero falar com o diretor desta universidade. ㅡ Mostro meu distintivo para secretária. Preciso saber o que aconteceu, fiquei em choque em ver a Lydia naquela situação e não vou deixar isso passar.ㅡ O que quer falar com ele? ㅡ Pergunta desconfiada.ㅡ Isso convém a ele, não a você. ㅡ Falo firme.Ela pega o telefone e disca alguns números.ㅡ Um delegado quer falar com o senhor. Ok. Vou pedir para ele entrar. ㅡ Ela desliga o telefone.ㅡ A última sala, no fim do corredor...ㅡ Ela aponta o dedo na direção do corredor. Ela continua falando mais alguma coisa, mas começo a andar em passos largos até a sala.Entro na sala brutalmente sem bater na porta.ㅡ Preciso falar com você. ㅡ Fale. ㅡ Um homem baixinho, cabelos grisalhos.ㅡ Alguém veio aqui ontem? ㅡ Pergunto.ㅡ Muitas pessoas vem aqui todos os dias. ㅡ Ele fala em tom de deboche.ㅡ Uma garota veio aqui
Lídia Martín Depois de eu ter perdido a paciência, não falei mais com o Dylan, fiz algumas coisas que ele me pediu por email mas nada além disso. Talvez eu tenha exagerado, mas o problema é que não quero passar por aquilo novamente, talvez eu tenha que desistir do meu sonho de ser advogada, acho que não vou conseguir passar por algo assim.Enquanto lavo a pouca louça que sujei pra fazer um miojo, deixo um garfo cair quando me assusto com o som do meu celular tocando.Seco minhas mãos com um pano de prato e pego meu celular que está em cima da mesa.ㅡ Alô? ㅡ Pergunto quando percebo que é um número desconhecido.ㅡ Oi. ㅡ Escuto a voz de Dylan. E vários segundos de silêncio se passam.ㅡ Como conseguiu meu número? ㅡ Eu sou seu chefe, tenho informações sobre você. ㅡ Curto e grosso.ㅡ E por que me ligou? ㅡ Talvez ele queira pedir desculpas. Talvez.ㅡ Caso você não se lembre, amanhã s