Capítulo 02

Donna McNight

Dezesseis anos

No começo da noite, nós nos arrumamos para a tão esperada festa de noivado, e outra vez o nosso papa deixou claro para Bella que ela poderia desfazer o contrato de casamento se esse fosse seu desejo. 

Por mais que ela não o conhecesse tão bem, era algo possível para ela, mas minha irmã não o quis fazer. 

E como seria a primeira vez que eu veria Pietro Kuhn além das fotos, caprichei no meu look. Optei por um vestido rose longo, com uma fenda na perna esquerda, um leve decote coração sem alças e finalizei o cabelo com um rabo de cavalo baixo. A maquiagem foi batom nude, olho bem marcado com um delineado gatinho e eu estava pronta, perfeita.

Eu me olho no espelho me sentindo satisfeita com o resultado e ouço minha barriga roncar. Aquilo era suficiente pra mim, então saio do meu quarto e vou direto para a cozinha, afinal, eu precisava comer alguma coisa.

E como não havia nenhum dos empregados naquele cômodo, decido preparar um sanduíche eu mesma. Mas enquanto preparo meu lanche, Steffano passa pela porta vidrado em seu celular e se senta na bancada.

— Quer um sanduíche? — eu pergunto por educação e ele sorri. 

— Ainda pergunta?! — Bufo. 

Toda santa vez que eu preparava alguma coisa para comer, Steffano sempre surgia de algum lugar e eu sempre era obrigada a dividir com ele.

Mas esse nem era o meu foco. Eu, na verdade, não conseguia parar de pensar em como nossas vidas mudariam depois dessa noite. Então, pigarreio e encarando meu irmão, pergunto.

— E aí… você está preparado? 

— Depois do que você me disse hoje cedo? Não — ele diz, respirando fundo e pegando o prato enquanto deixava o celular de lado. — Não quero me casar logo após a Bella. Sou novo demais pra isso.

Ele reclama e eu solto um riso bufado. 

— Imagina eu. 

Falo me sentando ao seu lado, mas antes mesmo de dar uma mordida em meu sanduíche, ouço os saltos da nossa mamma ecoando pelo piso.

— Donna? Teffo? — Sua voz ecoa enquanto ela nos chama e Steffano me encara. 

— Preparada? — Dessa vez é o meu gêmeo que me faz a m*****a pergunta.

— Não — respondo em um resmungo estrangulado. 

— Sabe que sempre estarei aqui — ele diz e segura uma das minhas mãos, me guiando para que pudéssemos seguir em direção a voz da nossa mãe. 

— Teffo? Donna?  — Ela volta a nos chamar.

— Estamos indo — nós dois respondemos juntos. 

— Pronto! — mamãe grita enquanto caminha na nossa frente e b**e os saltos no chão.

Bella conversa algo com o nosso pai e eu posso perceber a incerteza estampada em seu rosto. Eu sentia pena dela, era um fato, mas aquele era o nosso destino, pelo menos o dela, pois eu iria até o fim para não ter esse tipo de casamento.

Eu sabia que tinha uma chance, e diferente de Bella? Eu definitivamente preferia lutar. 

— Vamos? — Saio do meu devaneio quando mamãe disse alto, caminhando para fora da mansão junto com nosso pai e a minha sorella.

— Agora não temos escapatória — Teffo comenta em tom de brincadeira, mas aquilo não era mesmo uma brincadeira, era a realidade, a menos que Bella fugisse do próprio casamento.

Mas eu nunca fui o tipo de pessoa conformada e não começaria a ser logo agora.

— Ah, eu tenho! — afirmo convicta, porque eu faria qualquer coisa que fosse necessária para evitar um fim igual ao dela.

— Pense o que quiser — o meu gêmeo diz dando de ombros, e nós seguimos para fora da mansão, onde as SUV estavam à nossa espera.

Nos acomodamos em um dos carros, enquanto no outro posso ver que nossos tios e primos iriam. Papai entra logo em seguida e ele e a minha mãe não pararam de falar sobre esse noivado. Já Bella? Ela parece estar no mundo da lua, perdida em seus pensamentos. 

***

O caminho até a mansão da família Kuhn foi mais curto do que eu pensei que seria, e nós fomos devidamente apresentados, como deveria ser. 

Uma parte minha estava ansiosa para conhecer Pietro Kuhn, e tinha esperança que ele fosse tão lindo como nas fotos, porque no meio de toda aquela confusão, era nisso que eu queria concentrar a minha atenção.

Mas até aquele momento, não tínhamos visto Pietro ainda, nem mesmo na apresentação. 

Eu e Teffo estávamos parados próximo à entrada da sala, enquanto Vicente fazia um breve discurso. Aproveito a distração dos meus pais e percorro meus olhos por todo ambiente, até que me deparo com aqueles olhos azuis penetrantes sob mim. Nesse momento sinto meu rosto esquentar, pois Pietro está segurando uma taça de bebida em uma das suas mãos, e quando se dá conta que eu também o fitava, um sorriso surge em seus lábios.

Ah, ele está tão lindo vestindo um terno na cor azul royal, com uma camisa branca por dentro com os primeiros botões abertos. Céus! Ele está gato!

Suspiro, vendo que ao menos algo ali tinha suprido as minhas expectativas e claro que Tefo não podia me deixar em paz, nem mesmo nesse breve instante...

— Donna, nunca que ele vai olhar para você… então limpa essa baba — Steffano diz e eu sou arrancada do meu devaneio quando ouço a voz dele, que é cheia de deboche. Ele dá um tapinha em minhas costas e caminha em direção a mesa.

Eu sei que no fundo Teffo tem razão, ele nunca olharia para uma menina como eu, principalmente comigo sendo mais nova e uma união entre nossas famílias – uma segunda – sendo inútil. 

Pietro e eu temos poucos anos de diferença de idade, e mesmo assim eu já posso dizer que ele vai se tornar um homem absurdamente lindo. 

Ele seria um problema no futuro, mas… seria um problema que não teria nada a ver comigo. 

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo