Donna McNightA noite parecia estar seguindo o caminho perfeito, pelo menos até o momento em que senti aquele mal-estar no estômago. Tudo o que eu queria era curtir o jantar especial que Juan tinha preparado, mas de repente, uma náusea avassaladora tomou conta de mim. Foi tão rápido, tão inesperado, que eu mal consegui responder quando ele perguntou se estava tudo bem. Corro para o banheiro, o gosto amargo da bile subindo na minha garganta enquanto tento não pensar no que está acontecendo. Me curvo sobre o vaso, segurando as laterais da pia para manter o equilíbrio enquanto vomitava. Que maneira maravilhosa de terminar a noite...Ouço Juan me chamar do corredor, sua voz cheia de preocupação.— Donna? Você está bem?— Me dá só um minuto... — murmuro, tentando me recompor entre os episódios de vômito.Depois de um tempo que parece uma eternidade, levanto a cabeça e olho para o espelho. Meu rosto está pálido e eu sentia que tinha sido atropelada por um caminhão. Lavo o rosto com água fr
Pietro KuhnFiz muita merda na vida. Grande novidade, não é? A diferença é que agora, eu realmente entendi o estrago que causei. Não só com Donna, mas com todo mundo ao meu redor. Fui tão cego pelo meu próprio ego que nem vi o que estava fazendo até ser tarde demais.Quando Isabel foi morta por Juan, alguma coisa mudou. De uma hora para outra, o peso de tudo que eu fiz caiu sobre mim de um jeito que nunca tinha sentido antes. Isabel... ela só estava no lugar errado, na hora errada, e acabou pagando o preço pelas minhas escolhas erradas, pela minha influência e falta de noção. Pela primeira vez, percebi que não podia continuar assim. Não queria repetir os mesmos erros. Não queria arruinar a vida de outra pessoa como fiz com Donna.As palavras dela ainda ecoavam na minha cabeça, quase como uma maldição. Ela disse que eu não sabia o que era gostar de alguém. Na época, ignorei, empurrei a culpa para o fundo da minha mente, mas agora? Agora, eu via que ela estava certa. Nunca soube o que e
Donna McNight Dezesseis anos— Quem é esse garoto? — Alicia pergunta, coloca uma das suas mãos em cima dos meus ombros e olha a foto que eu estava olhando no Instagram.— Ele é irmão do noivo da minha irmã — eu respondo suspirando e o sinal toca, avisando que as aulas já haviam se encerrado e eu finalmente estou livre.Eu estava um pouco ansiosa, pois hoje seria a festa de noivado da minha sorella [irmã em Italiano], e seria a primeira vez que as famílias se reuniriam. É claro que como sou uma boa filha, fiz o meu dever de casa, procurando a família Kuhn em todas as redes sociais, e foi assim que encontrei Pietro Kuhn.— Ele é um gato — Alicia diz e pega sua bolsa, me fazendo levantar. — Ele parece um modelo.Eu acabo rindo ao ouvir isso e deslizo o dedo na tela do celular, seguindo para a próxima foto. — Acho que já o vi em algum lugar — ela diz e eu acabo sorrindo. — Deve ser nas revistas famosas da cidade — completo. — Não o seu cunhado, o outro… — Ela pega o celular da minha
Donna McNight Dezesseis anosNo começo da noite, nós nos arrumamos para a tão esperada festa de noivado, e outra vez o nosso papa deixou claro para Bella que ela poderia desfazer o contrato de casamento se esse fosse seu desejo. Por mais que ela não o conhecesse tão bem, era algo possível para ela, mas minha irmã não o quis fazer. E como seria a primeira vez que eu veria Pietro Kuhn além das fotos, caprichei no meu look. Optei por um vestido rose longo, com uma fenda na perna esquerda, um leve decote coração sem alças e finalizei o cabelo com um rabo de cavalo baixo. A maquiagem foi batom nude, olho bem marcado com um delineado gatinho e eu estava pronta, perfeita.Eu me olho no espelho me sentindo satisfeita com o resultado e ouço minha barriga roncar. Aquilo era suficiente pra mim, então saio do meu quarto e vou direto para a cozinha, afinal, eu precisava comer alguma coisa.E como não havia nenhum dos empregados naquele cômodo, decido preparar um sanduíche eu mesma. Mas enquanto
Pietro Kuhn Dezoito anosSer o filho do meio tinha suas vantagens, meu pai decidiu assim que eu fiz 15 anos, que iria fazer minha iniciação dentro da máfia alemã, enquanto procurava uma noiva para o meu irmão.Viver na sombra do meu irmão mais velho e do nosso primo Brian, que era seu consigliere [conselheiro], era mais fácil, pois não havia tantas cobranças. Minha iniciação não foi nada fácil, nunca gostei do estilo de vida que levávamos, é claro que seria muita hipocrisia se dissesse que não gostava do dinheiro, poder e das mulheres que iam e viam com facilidade, é claro queaproveitava cada segundo que o poder me proporcionava, mas isso não queria dizer que eu gostava de todo o resto.— Pietro, nos vemos amanhã? — Isabel pergunta toda manhosa. — Talvez, tenho muito trabalho. — Me levanto da cama a procura das minhas roupas. — Sabe que posso estar indisponível se não me der a certeza que virá. — Enrolada no lençol, ela me encara.Isabel é uma acompanhante de luxo, já tem um ano q
Donna McNight Dezessete anos— Donna. — Ouço a voz da Jenny, minha prima, me chamar e quando me viro, ela está acompanhada do homem que a poucos minutos estava ao lado de Pietro. — Jenny. — Eu acabo sorrindo novamente ao cumprimentá-la.— Tem um amigo meu que deseja lhe conhecer — ela diz e eu sinto meu rosto corar só em pensar que esse amigo poderia ser o alemão em quem eu estava interessada. — Amigo? — Tento não gaguejar na frente do seu acompanhante. — Venha, ele está no jardim — Jenny diz e me puxa pela mão, praticamente sai me puxando pelo meio dos convidados, enquanto seu amigo, Brian, nos segue. — Ali está ele.Ela diz soltando minha mão e o seu amigo se mantém de costas. Eu sinto um frio na barriga quando olho para cada parte do seu corpo e mesmo de costas, eu sei quem é.— Vamos, Jenny? — Brian a chama e ouço eles se afastando sem sequer me dar tempo de falar.— Donnatela — Pietro praticamente sussurra meu nome quando se vira. Ele mantém uma das mãos no bolso da calça e c
Pietro KuhnDezenove anos— Você precisa de uma noiva — meu pai fala quando me vê passar pelo hall. Respiro fundo e caminho em direção da sala. Quando passo pela porta, encontro mamma lendo e ele vendo algum noticiário. — Não acredito, você com essa história idiota de novo. — Bufo. — Figlio[filho, em italiano]… não fale assim com seu pappa. — Como sempre, mamma tenta apaziguar os ânimos. — Mamma, vocês ainda nem casaram o Thomas e estão pensando em me jogar para os lobos?! — Caminho em direção ao pequeno bar que tem na sala, tiro minha arma da cintura e coloco em cima do balcão espelhado. — Sabe que isso é uma tradição de famiglia, [família, em italiano]cedo ou tarde terá que se casar — ele rosna, irritado com a forma como sempre acabo fugindo do assunto. — Pode ter certeza que irei postergar esse evento. — Pego um copo, coloco duas pedras de gelo e preencho com a bebida que tinha na garrafa. — Podemos fazer um acordo com a filha mais nova dos McNight — minha mãe sugere, parece
Donna McNight Dezessete anosHavia algumas horas desde que eu tinha chegado da escola e estava deitada em minha cama enquanto tentava me recordar qual foi a última vez que vi minha mamma andando pela nossa casa, pois já havia alguns dias que ela não saia da casa dos Kuhn devido aos preparativos do casamento da minha irmã, o que eu achava lindo, mas ia totalmente contra os meus princípios. Eu estava me tornando a filha rebelde, a que não tem medo de expor o que sente, o que pensa, enquanto Bella era a filha troféu, a que estava seguindo o seu destino, talvez terá sorte se ambos se apaixonarem e chegarem a ter um casamento feliz. — Donna? — Saio do meu devaneio quando ouço a voz do meu pappa atrás da porta fechada, me chamando. — Oi, pappa! Pode entrar — eu digo, me sentando na cama. — A que devo a honra? Logo que adentra em meu quarto, um sorriso largo aparece em seus lábios. — Diz como se eu não viesse aqui com frequência — comenta sorrindo enquanto adentra em meu quarto. — Trou