Pietro Kuhn
Dezenove anos
— Você precisa de uma noiva — meu pai fala quando me vê passar pelo hall.
Respiro fundo e caminho em direção da sala. Quando passo pela porta, encontro mamma lendo e ele vendo algum noticiário.
— Não acredito, você com essa história idiota de novo. — Bufo.
— Figlio[filho, em italiano]… não fale assim com seu pappa. — Como sempre, mamma tenta apaziguar os ânimos.
— Mamma, vocês ainda nem casaram o Thomas e estão pensando em me jogar para os lobos?! — Caminho em direção ao pequeno bar que tem na sala, tiro minha arma da cintura e coloco em cima do balcão espelhado.
— Sabe que isso é uma tradição de famiglia, [família, em italiano]cedo ou tarde terá que se casar — ele rosna, irritado com a forma como sempre acabo fugindo do assunto.
— Pode ter certeza que irei postergar esse evento. — Pego um copo, coloco duas pedras de gelo e preencho com a bebida que tinha na garrafa.
— Podemos fazer um acordo com a filha mais nova dos McNight — minha mãe sugere, parecendo querer me foder de vez.
— Não! — eu praticamente grito ao ouvir aquilo.
— Ora, ora… — Meu pai ri. — Já está se jogando para cima da menina?
— Claro que não, a garota é muito nova para vocês estarem pensando nesse tipo de coisa. — Tento disfarçar enquanto levo o copo até meus lábios e saboreio o gosto amargo da bebida.
— Tenho certeza que ela seria a esposa ideal para você.
— Não, mamma. — Faço uma pausa. — Donnatela é totalmente o inverso da irmã e nova demais para ser cogitada para um casamento — confesso.
— Claro, tem razão a respeito de ser nova... mas isso não vai durar para sempre. Logo ela se tornará uma mulher e Pietro... — Ele me encara. — Vejo como olha para ela, então se certifique de não exagerar. Não vá corrompê-la. — A voz do meu pai é severa.
— Isso jamais acontecerá. — Deixo o copo em cima da bancada e guardo minha arma novamente na parte de trás da calça. — Boa noite.
Eu saio da sala, mas ao invés de ir até meu quarto, decido ir ao club. Isso já tinha se tornado uma rotina, e depois de tudo que aconteceu? Eu quero ver Isabel, ela fará com que Donnatela pare de dominar meus pensamentos, já que meus pais fizeram questão de citá-la e agora eu estava outra vez pensando em alguém em quem não deveria.
Sigo até a garagem.
— Boa noite, senhor, Pietro — um dos nossos homens me cumprimenta.
— Boa noite, Matte.
Matte se aproxima da SUV e abre a porta.
— Pensando bem, Matte, prefiro ir dirigindo.
— Vai com a McLaren ou com a Ferrari?
— McLaren. — Eu decido e minutos depois Matte retorna com as chaves do carro.
Entro na McLaren e sinto o cheiro de carro novo, foi um presente da minha mamma, é quase uma tradição de família ganharmos um carro de presente.
Mas quando me dou conta, estou dirigindo sem prestar muita atenção no que acontece em volta, pois meus pensamentos estão em Donnatela outra vez.
— Inferno! — Dou um soco no volante do carro quando percebo que quase bati o carro na entrada da casa de shows.
— Senhor, Kuhn. — Um dos manobristas para ao lado do carro. — Está tudo bem?
— Claro.
Eu minto descaradamente e saio do carro entregando as chaves e seguindo para dentro do local.
Como sempre o lugar está lotado, caminho em direção ao bar, peço uma dose de uísque e me acomodo em uma das banquetas.
Olho em volta do lugar e algumas dançarinas fazem seus shows, procuro por Isabel, mas não a encontro.
— Esperando alguém? — A voz está tão próxima que tenho certeza que a pessoa deve ser tão gostosa quanto a mesma.
Me viro lentamente e me deparo com uma mulher alta, de olhos claros, cabelos curtos, usando um vestido na cor vermelha colado em seu belo corpo, detalhando cada centímetro de suas belas curvas.
O sorriso estampado em seus lábios não nega que fica satisfeita com a maneira que a olho, o que me deixa excitado e imaginando seus lábios com a tintura vermelha sugando meu pau.
— Vai ficar olhando por muito tempo? — ela pergunta mordendo o lábio inferior.
Céus!
Era tudo o que precisava nesse exato momento.
Sem dizer uma só palavra, eu seguro o copo que o barman acabou de colocar no balcão e saboreio o gosto da bebida, que desce queimando pela minha garganta. Vejo aquela mulher absurdamente linda próxima de mim e sei que minha noite está prestes a melhorar.
Coloco o copo no lugar que estava antes e sem falar uma única palavra, eu logo a puxo por uma das mãos.
— Isabel, onde está?
O sorriso dela desaparece com a minha pergunta.
— Isabel? — Pisca os olhos como se precisasse entender minha pergunta.
— A ruiva, onde ela está? — repito a pergunta, mesmo que isso não seja do meu feitio.
— Com um cliente — ela finalmente me diz, dando um passo para trás percebo a decepção estampada em seu rosto. — Quarto 318.
Pego minha carteira no bolso de trás, abro tirando algumas notas e entrego para moça, agradecendo pela informação e me desculpando por não dar a ela o que deseja.
Caminho em direção à escadaria de madeira logo em seguida. Lá é onde o ambiente está com a iluminação vermelha, começo a subir as escadas e algumas mulheres estão dançando no pole dance e recebendo algumas notas dos homens que as assistem na parte de baixo.
Passo pelo corredor que também tem a luz baixa, por cada porta que passava a ansiedade aumentava, pois precisava da Isabel, ela é a única que consegue tirar Donnatela da minha cabeça e eu definitivamente tenho que esquecer Donnatela de vez.
Paro na frente da porta que continha o número 318 na cor prata e sem pensar muito, eu ajo.
Abro a porta sem aviso.
— Pietro! — Isabel me encara com surpresa.
Ela está vestindo apenas um espartilho velho que valoriza seus seios, uma calcinha minúscula na cor vermelha e meia calça ⅞ da mesma cor.
— Qual é, cara? — o homem que está deitado na cama me chama atenção quando reclama. — Ela é minha, vá arrumar outra pra você.
— Sai daqui agora! — ordeno.
— Pietro, estou trab…
— Saia daqui agora! — grito interrompendo Isabel e sacando a arma do cós da minha calça.
— Calma, cara — o asiático pede, unindo as mãos. — Eu vou sair, mas eu quero o meu dinheiro de volta! — reclama catando sua calça, blazer e os sapatos no chão.
Baixo minha arma e tiro minha carteira do bolso da calça. Era muito cinismo da parte desse filho da puta, mesmo assim, eu tiro algumas notas e jogo em sua direção.
— Vamos! Se apresse! — eu digo aos berros, engatilhando a arma logo em seguida e quando ele finalmente sai, eu volto a encarar Isabel com desejo, mas infelizmente, na minha cabeça, eu só conseguia ver Donnatela.
Saio do meu devaneio quando ouço a porta sendo fechada atrás de mim.
— O que foi isso? — Isabel pergunta me fitando incrédula, mas antes que ela tivesse mais tempo para ficar brava, eu diminuo a distância que há entre nós. Com uma mão agarro sua cintura com força e com a outra sua nuca, beijando-a ferozmente, e como era de se esperar, Isabel corresponde loucamente, desabotoando a camisa que eu vestia e tocando cada parte do meu corpo como se estivesse completamente faminta.
Donna McNight Dezessete anosHavia algumas horas desde que eu tinha chegado da escola e estava deitada em minha cama enquanto tentava me recordar qual foi a última vez que vi minha mamma andando pela nossa casa, pois já havia alguns dias que ela não saia da casa dos Kuhn devido aos preparativos do casamento da minha irmã, o que eu achava lindo, mas ia totalmente contra os meus princípios. Eu estava me tornando a filha rebelde, a que não tem medo de expor o que sente, o que pensa, enquanto Bella era a filha troféu, a que estava seguindo o seu destino, talvez terá sorte se ambos se apaixonarem e chegarem a ter um casamento feliz. — Donna? — Saio do meu devaneio quando ouço a voz do meu pappa atrás da porta fechada, me chamando. — Oi, pappa! Pode entrar — eu digo, me sentando na cama. — A que devo a honra? Logo que adentra em meu quarto, um sorriso largo aparece em seus lábios. — Diz como se eu não viesse aqui com frequência — comenta sorrindo enquanto adentra em meu quarto. — Trou
Pietro Kuhn Dezenove anosDepois da viagem de família, precisei viajar para a Rússia, um dos carregamentos tinha sido roubado e eu precisava verificar quem havia feito isso.Assim que eu desci do meu carro em frente a boate que tínhamos de fachada, um dos nossos homens já me esperava.— Senhor! — Boris me cumprimenta.— Tem certeza que ele é o informante? — pergunto, dobrando as mangas da minha camisa branca e puxando minha própria arma do quadril, engatilhando-a. — Sim — afirma puxando sua arma e destravando.Ele abre a porta do bar e seguimos pela lateral que dá acesso ao estoque, onde tinha uma passagem secreta que dava para o subsolo.Boris aperta um botão que faz a parede vir um pouco para frente, onde a empurra, digitando uma senha e seguimos para dentro da sala que tinha isolamento acústico, o que nos dava privacidade para nossos trabalhos e negócios.— Então é você! — afirmo enquanto encaro o homem. — Acredito que você não tenha entendido porque foi treinado e contratado. —
Donna McNight Dezessete anosA celebração foi maravilhosa e Bella estava linda, apesar do medo que estava estampado em seu rosto no começo da cerimônia.Sigo para o banheiro, preciso respirar e tirar Pietro da minha cabeça, e ficar sozinha parecia a melhor solução naquele momento, então aproveito que Teffo tinha me deixado de lado devido a um rabo de saia. Isso me fazia sentir pena da mulher que se casar com ele, se aos dezessete anos já é assim, imagina quando tiver a idade do nosso cunhado! Empurro a enorme porta marrom seguindo para uma das cabines e me sentando na privada que está com a tampa abaixada, aproveitando para tirar meus saltos e massageio meus pés. Em seguida, encosto minha cabeça na parede. Eu estava exausta e a festa acabara de começar, pego meu celular de dentro da minha bolsa e tem uma notificação da minha melhor amiga. Isso faz com que eu me arrependesse de não ter insistido que me acompanhasse.Minutos depois, saio da cabine me apoiando na pia esculpida de mármo
Donna McNight Dezessete anosOlho para o relógio que estava pendurado em uma das paredes da sala de estar, eu estava ansiosa para encontrar com Pietro, mesmo que algo dentro de mim me dissesse para não o fazer.Mesmo assim, eu disse aos meus pais que sairia com Jenny e Brian, e minha prima alimentou a mentira quando passou em nossa casa para me buscar.Fiquei feliz por Brian estar junto, pois assim Jenny não me encheria de perguntas.O beijo da noite anterior ficou repassando em minha mente por toda a noite, foi impossível dormir, sempre que fechava meus olhos era como se sentisse seus lábios sobre os meus. Precisava contar para Alicia, mas tinha que ser pessoalmente, mas como estávamos de férias, precisava esperar até que nos encontrássemos, mesmo eu sabendo que me envolver com Pietro era um problema.— Donna... Donna... — Estava absorta em meus pensamentos quando sinto as mãos de Jenny tocando minha perna. — Chegamos — avisa quando nossos olhares se encontraram. — Está tudo bem?—
Pietro Kuhn Vinte e Dois anosDois anos, tem quase dois anos desde a última vez que vi Donnatela e desde então, ela não respondia minhas mensagens de jeito nenhum.Sua viagem para Inglaterra foi mais rápida que o previsto, e eu sabia que ela estava querendo me evitar a todo custo, principalmente porque ela tinha ficado furiosa comigo depois daquele maldito vacilo.Após o nosso desencontro na praça e claro, o encontro na casa do Ed, eu tentei falar com ela de todas as formas, mas foi em vão. Eu até pedi a ajuda do meu irmão e de sua esposa, porém, Donna estava irredutível, ela não queria nem olhar na minha cara.Sei que fiz errado em ter ficado na casa, em ter aceitado o convite do Edward ao invés de ter seguido o combinado com mia piccola naquele dia, mas... eu sabia que Donna era jovem e eu não podia ter dela o que as outras garotas podiam me dar.Então agora, eu só estava esperando a oportunidade para visitá-la no dia do seu aniversário. Como Thomas ficou alguns meses em lua de mel
Donna McNight Vinte anosEu estaria mentindo se não admitisse que me senti vulnerável ao encontrar Pietro na minha frente com aqueles presentes. Pude notar de cara que não mudou muito fisicamente desde a última vez que nos vimos, ele estava trajando uma calça jeans preta, camiseta preta, um sobretudo acompanhando a mesma cor, nos pés usava um coturno, ele era a última pessoa que eu acreditava que viria. Por mais que ainda me mandasse mensagens e eu o ignorasse, não pensei que ele se daria ao trabalho de ir me visitar no campus, e uma parte minha não queria que ele viesse.Depois da festa na casa da Alicia, ele tentou se reaproximar, mas o medo falou mais alto e decidi que viria para Inglaterra antes do previsto. Eu disse aos meus pais que queria escolher de perto o apartamento que iria morar, ainda mais porque seria um presente deles, e eu precisava escolher com cautela, já que seria o lugar que eu moraria por alguns anos, ou até mesmo passaria o resto da minha vida, já que não pret
Donna McNight Vinte anosNosso beijo é calmo e gentil, e faz tanto tempo desde o nosso último beijo. E era tão bom senti-lo de novo. Só paramos por falta de fôlego. Pietro encosta sua testa na minha, nossas respirações estão ofegantes e seus olhos azuis me fitam. Me sinto nua só com o seu olhar.Ele coloca uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha e o meu corpo todo arrepia-se. Observo cada detalhe do seu rosto e não consigo tirar os olhos da sua boca.— Desculpa. — Pede e se afasta. — Eu precisava apenas sentir seus lábios novamente — ele confessa e eu tento mudar de assunto, drasticamente.— Vou pedir um lanche, você quer? — indago enquanto olho em volta em busca do meu celular, me afastando dele o mais rápido que consigo.— Pensei que tomaria um cappuccino — lembra.— Ah, havia me esquecido. — Respiro fundo, dando a volta na ilha da cozinha e indo até a mesa pegando meu celular. — Amanhã eu tomo. — Estava tão inquieta com a situação que acabara de acontecer que acabei esqu
Pietro Kuhn Vinte e Dois anosUm caso, talvez fosse a melhor forma de rotular o que eu e Donna estamos criando.O importante era nossas famílias não descobrirem sobre isso, pois a última coisa que desejo, é me casar por obrigação — até porque, nem casar eu quero, pra ser bem honesto.— Está pensando demais? — Donna pergunta quando guarda a caixa da pizza.— Não é nada — minto.— Entendi… — ela solta enquanto cambaleia um pouco. — Ah… acho que estou ficando um pouco tonta.— Essa é a quarta garrafa de vinhos que você abre — a lembro. — E você nem comeu direito...— Não deveria ter começado a beber antes de comer — confessa, se sentando ao meu lado no sofá. — Então me dê isso aqui. — Pego a taça da sua mão e coloco na mesa de centro junto com a minha. — O que acha de ir se deitar?— O que acha que continuarmos de onde paramos? — indaga com a voz aveludada e um olhar felino que quase me faz jogar o meu bom-senso pela janela.— Você não está em condições...— Não estou bêbada. — Donna