Capítulo 05

Pietro Kuhn

Dezenove anos

— Você precisa de uma noiva — meu pai fala quando me vê passar pelo hall. 

Respiro fundo e caminho em direção da sala. Quando passo pela porta, encontro mamma lendo e ele vendo algum noticiário. 

— Não acredito, você com essa história idiota de novo. — Bufo. 

Figlio[filho, em italiano]… não fale assim com seu pappa. — Como sempre, mamma tenta apaziguar os ânimos. 

Mamma, vocês ainda nem casaram o Thomas e estão pensando em me jogar para os lobos?! — Caminho em direção ao pequeno bar que tem na sala, tiro minha arma da cintura e coloco em cima do balcão espelhado. 

— Sabe que isso é uma tradição de famiglia, [família, em italiano]cedo ou tarde terá que se casar — ele rosna, irritado com a forma como sempre acabo fugindo do assunto. 

— Pode ter certeza que irei postergar esse evento. — Pego um copo, coloco duas pedras de gelo e preencho com a bebida que tinha na garrafa. 

— Podemos fazer um acordo com a filha mais nova dos McNight — minha mãe sugere, parecendo querer me foder de vez. 

— Não! — eu praticamente grito ao ouvir aquilo. 

— Ora, ora… — Meu pai ri. — Já está se jogando para cima da menina? 

— Claro que não, a garota é muito nova para vocês estarem pensando nesse tipo de coisa. — Tento disfarçar enquanto levo o copo até meus lábios e saboreio o gosto amargo da bebida.  

— Tenho certeza que ela seria a esposa ideal para você. 

— Não, mamma. — Faço uma pausa. — Donnatela é totalmente o inverso da irmã e nova demais para ser cogitada para um casamento — confesso. 

— Claro, tem razão a respeito de ser nova... mas isso não vai durar para sempre. Logo ela se tornará uma mulher e Pietro... — Ele me encara. — Vejo como olha para ela, então se certifique de não exagerar. Não vá corrompê-la. — A voz do meu pai é severa. 

— Isso jamais acontecerá. — Deixo o copo em cima da bancada e guardo minha arma novamente na parte de trás da calça. — Boa noite. 

Eu saio da sala, mas ao invés de ir até meu quarto, decido ir ao club. Isso já tinha se tornado uma rotina, e depois de tudo que aconteceu? Eu quero ver Isabel, ela fará com que Donnatela pare de dominar meus pensamentos, já que meus pais fizeram questão de citá-la e agora eu estava outra vez pensando em alguém em quem não deveria. 

Sigo até a garagem. 

— Boa noite, senhor, Pietro — um dos nossos homens me cumprimenta. 

— Boa noite, Matte.   

Matte se aproxima da SUV e abre a porta.  

— Pensando bem, Matte, prefiro ir dirigindo.  

— Vai com a McLaren ou com a Ferrari

McLaren.  — Eu decido e minutos depois Matte retorna com as chaves do carro. 

Entro na McLaren e sinto o cheiro de carro novo, foi um presente da minha mamma, é quase uma tradição de família ganharmos um carro de presente. 

Mas quando me dou conta, estou dirigindo sem prestar muita atenção no que acontece em volta, pois meus pensamentos estão em Donnatela outra vez. 

— Inferno! — Dou um soco no volante do carro quando percebo que quase bati o carro na entrada da casa de shows. 

— Senhor, Kuhn. — Um dos manobristas para ao lado do carro. — Está tudo bem? 

— Claro. 

Eu minto descaradamente e saio do carro entregando as chaves e seguindo para dentro do local. 

Como sempre o lugar está lotado, caminho em direção ao bar, peço uma dose de uísque e me acomodo em uma das banquetas. 

Olho em volta do lugar e algumas dançarinas fazem seus shows, procuro por Isabel, mas não a encontro. 

— Esperando alguém? — A voz está tão próxima que tenho certeza que a pessoa deve ser tão gostosa quanto a mesma. 

Me viro lentamente e me deparo com uma mulher alta, de olhos claros, cabelos curtos, usando um vestido na cor vermelha colado em seu belo corpo, detalhando cada centímetro de suas belas curvas. 

O sorriso estampado em seus lábios não nega que fica satisfeita com a maneira que a olho, o que me deixa excitado e imaginando seus lábios com a tintura vermelha sugando meu pau. 

— Vai ficar olhando por muito tempo? — ela pergunta mordendo o lábio inferior. 

Céus!  

Era tudo o que precisava nesse exato momento. 

Sem dizer uma só palavra, eu seguro o copo que o barman acabou de colocar no balcão e saboreio o gosto da bebida, que desce queimando pela minha garganta. Vejo aquela mulher absurdamente linda próxima de mim e sei que minha noite está prestes a melhorar. 

Coloco o copo no lugar que estava antes e sem falar uma única palavra, eu logo a puxo por uma das mãos.  

— Isabel, onde está?  

O sorriso dela desaparece com a minha pergunta.  

— Isabel? — Pisca os olhos como se precisasse entender minha pergunta.  

— A ruiva, onde ela está? — repito a pergunta, mesmo que isso não seja do meu feitio. 

— Com um cliente — ela finalmente me diz, dando um passo para trás percebo a decepção estampada em seu rosto. — Quarto 318. 

Pego minha carteira no bolso de trás, abro tirando algumas notas e entrego para moça, agradecendo pela informação e me desculpando por não dar a ela o que deseja. 

Caminho em direção à escadaria de madeira logo em seguida. Lá é onde o ambiente está com a iluminação vermelha, começo a subir as escadas e algumas mulheres estão dançando no pole dance e recebendo algumas notas dos homens que as assistem na parte de baixo. 

Passo pelo corredor que também tem a luz baixa, por cada porta que passava a ansiedade aumentava, pois precisava da Isabel, ela é a única que consegue tirar Donnatela da minha cabeça e eu definitivamente tenho que esquecer Donnatela de vez. 

Paro na frente da porta que continha o número 318 na cor prata e sem pensar muito, eu ajo. 

Abro a porta sem aviso. 

— Pietro! — Isabel me encara com surpresa.  

Ela está vestindo apenas um espartilho velho que valoriza seus seios, uma calcinha minúscula na cor vermelha e meia calça ⅞ da mesma cor. 

— Qual é, cara? — o homem que está deitado na cama me chama atenção quando reclama. — Ela é minha, vá arrumar outra pra você. 

— Sai daqui agora! — ordeno. 

— Pietro, estou trab…  

— Saia daqui agora! — grito interrompendo Isabel e sacando a arma do cós da minha calça.  

— Calma, cara — o asiático pede, unindo as mãos. — Eu vou sair, mas eu quero o meu dinheiro de volta! — reclama catando sua calça, blazer e os sapatos no chão. 

Baixo minha arma e tiro minha carteira do bolso da calça. Era muito cinismo da parte desse filho da puta, mesmo assim, eu tiro algumas notas e jogo em sua direção. 

— Vamos! Se apresse! — eu digo aos berros, engatilhando a arma logo em seguida e quando ele finalmente sai, eu volto a encarar Isabel com desejo, mas infelizmente, na minha cabeça, eu só conseguia ver Donnatela. 

Saio do meu devaneio quando ouço a porta sendo fechada atrás de mim. 

— O que foi isso? — Isabel pergunta me fitando incrédula, mas antes que ela tivesse mais tempo para ficar brava, eu diminuo a distância que há entre nós. Com uma mão agarro sua cintura com força e com a outra sua nuca, beijando-a ferozmente, e como era de se esperar, Isabel corresponde loucamente, desabotoando a camisa que eu vestia e tocando cada parte do meu corpo como se estivesse completamente faminta. 

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