Donna McNight
Dezessete anos
— Donna. — Ouço a voz da Jenny, minha prima, me chamar e quando me viro, ela está acompanhada do homem que a poucos minutos estava ao lado de Pietro.
— Jenny. — Eu acabo sorrindo novamente ao cumprimentá-la.
— Tem um amigo meu que deseja lhe conhecer — ela diz e eu sinto meu rosto corar só em pensar que esse amigo poderia ser o alemão em quem eu estava interessada.
— Amigo? — Tento não gaguejar na frente do seu acompanhante.
— Venha, ele está no jardim — Jenny diz e me puxa pela mão, praticamente sai me puxando pelo meio dos convidados, enquanto seu amigo, Brian, nos segue. — Ali está ele.
Ela diz soltando minha mão e o seu amigo se mantém de costas. Eu sinto um frio na barriga quando olho para cada parte do seu corpo e mesmo de costas, eu sei quem é.
— Vamos, Jenny? — Brian a chama e ouço eles se afastando sem sequer me dar tempo de falar.
— Donnatela — Pietro praticamente sussurra meu nome quando se vira. Ele mantém uma das mãos no bolso da calça e com a outra segura uma taça de champanhe.
Sinto meu rosto corar, eu nunca me senti assim antes na presença de nenhum outro garoto.
Garoto? Céus! Ele é um homem, ele não chega nem perto de um garoto.
— Eu sou…
— Pietro Kuhn. — Eu o interrompo ao completar e ele sorri, se aproximando de mim.
— Venha, vamos nos sentar. — Ele dá espaço para que eu desça os pequenos degraus que nos guiam até a fonte no meio do jardim.
Me sento em um dos bancos de pedra que tem ali e ele se senta na beirada.
Pietro me encara e sorri, bebericando a sua bebida.
— O que devo a honra, senhor Kuhn? — Faço sinal de reverência.
— Você é sempre assim? — Seu sorriso aumenta. — Debochada?
— Depende do seu ponto de vista — confesso. — Minha mamma sempre diz que sou uma mistura dela com o meu pappa, e que dessa mistura, puxei apenas o lado desbocado — finalizo.
— Precisa de alguém para por limites.
Sorrio sem ânimo, as palavras de Pietro não soam de uma maneira agradável aos meus ouvidos.
Limites?
Eu queria enfiar os limites goela abaixo dele, junto com aquele champanhe que ele estava fingindo beber.
— Se deseja alguém para colocar um cabresto, está falando com a pessoa errada. — Me ponho em pé e quando dou um passo para voltar pelo caminho que vim, sinto uma das suas mãos segurando meu pulso e um arrepio percorre por todo meu corpo com o seu gesto.
— Não foi o que quis dizer, mein Kleiner[minha pequena, em alemão]. — Sinto meu rosto corar com a palavra que acabou se sair daqueles lábios carnudos.
— Ah! Não foi? — Saio do seu aperto e cruzo meus braços na frente do meu peito, esperando por uma resposta.
— Foi apenas modo de falar — ele diz com um sorriso de canto. — Ouvi dizer que as mulheres da família McNigth não se deixam intimidar.
— Ouviu certo, a não ser minha irmã.
— O que tem ela?
— Fomos treinadas para ser esposas troféu, e Bella não gosta de desapontar o nosso pai…
— Ao contrário de você — debocha mais uma vez.
— Percebo que não partilhamos dos mesmos pensamentos, senhor Kuhn. — Respiro fundo para não falar tudo o que está na ponta da minha língua. — Passar bem.
Dessa vez sou mais rápida, caminho em passos largos para dentro da casa novamente.
Me sentindo uma idiota por ter achado que ele seria melhor do que isso.
— Onde estava? — Saio do meu devaneio quando ouço a voz do Teffo. — O que aconteceu? — ele pergunta quando me viro e vê meus olhos marejados.
— Não foi nada. — Respiro fundo.
— O que aquele babaca fez para você? — Como um bom irmão, ele simplesmente me abraça. — Sabe que sempre estarei aqui.
— Eu te amo — sussurro, porque no fim, por mais que Steffano não valha nada, ele ainda é melhor que 90% dos homens e eu sei bem disso.
***
Após o episódio com Pietro, me mantive longe dele e próximo ao Steffano, pois sabia que ele não chegaria perto enquanto meu irmão gêmeo estivesse fazendo minha guarda.
Dou graças quando nosso pai nos avisa que em breve partiríamos. Caminho rapidamente para fora daquele lugar, evitando despedidas e rezando para que o manobrista já esteja nos esperando.
Sim, o carro já está à nossa espera, mas assim que o motorista abre a porta para que eu entre, Pietro segura a maçaneta da porta, impedindo minha passagem, fazendo com que o homem se afaste.
— O que você quer? — Eu já estava sem paciência para o teatrinho daquele mimado.
— Me desculpa. — Sua voz é leve ao dizer e eu o encaro com surpresa.
— Pelo o que, exatamente? — questiono, ainda mantendo minha pose.
— Pelas palavras ditas, foi apenas uma brincadeira, Donna, apenas isso. — Dá um passo em minha direção. — Me equivoquei quando disse aquelas coisas, e sei que você é diferente das mulheres que foram moldadas para se tornarem uma esposa troféu, assim como disse. — Pietro leva uma das suas mãos até meu queixo e o ergue, me fazendo encará-lo. — Podemos ser amigos, talvez assim você me ensine como tratar uma dama de forma apropriada — completa.
Seus olhos percorreram o meu corpo e eu vacilo por um segundo. Por que ele tinha que ser tão… atraente e gostoso ao mesmo tempo?
Deus! Olhe o tipo de coisa na qual eu estava pensando!
— Posso pensar — sussurro.
— Amanhã te espero na frente do colégio.
— Não! — Quase grito.
— Não? — Pisca sem entender minha reação.
— Meu pai não deixa que eu saia sem um dos seus homens, e muito menos ir a um encontro com um garoto mais velho. — Sinto meus lábios tremerem.
— Posso dar um jeito. — Seus olhos brilham.
— Pietro, acho melhor… esquecermos essa história. — Era a única solução no momento. — Nos veremos com uma certa frequência devido a aliança das nossas famílias, e caso algo aconteça entre nós, será natural, nada forçado — finalizo.
— Você tem certeza? — Sua expressão muda.
Apenas concordo.
— Não irei insistir, Donnatela. — Sua voz soa como uma ameaça.
— Eu sei — sussurro, sentindo a bile na garganta.
Pietro olha por cima do meu ombro, respirando fundo.
— Não direi adeus, devido às nossas famílias. — Me encara. — Então… até mais, senhorita McNight.
Ele declara e gira nos calcanhares, se afastando lentamente.
Talvez eu tenha sido precipitada com minhas palavras?!
Mas é a única solução no momento, e também é a coisa mais coerente a se fazer.
Pietro é um homem que pode ter qualquer mulher a seus pés, eu seria apenas mais uma em sua lista. Seria melhor ter o coração partido aos 16 anos com alguém da minha idade e que não desejasse algo que eu não poderia dar. Como uma esposa troféu, preciso me casar virgem para ser selada a próxima aliança com alguma família e mesmo que eu não deseje isso, não ia dar a minha virgindade para alguém
Pietro KuhnDezenove anos— Você precisa de uma noiva — meu pai fala quando me vê passar pelo hall. Respiro fundo e caminho em direção da sala. Quando passo pela porta, encontro mamma lendo e ele vendo algum noticiário. — Não acredito, você com essa história idiota de novo. — Bufo. — Figlio[filho, em italiano]… não fale assim com seu pappa. — Como sempre, mamma tenta apaziguar os ânimos. — Mamma, vocês ainda nem casaram o Thomas e estão pensando em me jogar para os lobos?! — Caminho em direção ao pequeno bar que tem na sala, tiro minha arma da cintura e coloco em cima do balcão espelhado. — Sabe que isso é uma tradição de famiglia, [família, em italiano]cedo ou tarde terá que se casar — ele rosna, irritado com a forma como sempre acabo fugindo do assunto. — Pode ter certeza que irei postergar esse evento. — Pego um copo, coloco duas pedras de gelo e preencho com a bebida que tinha na garrafa. — Podemos fazer um acordo com a filha mais nova dos McNight — minha mãe sugere, parece
Donna McNight Dezessete anosHavia algumas horas desde que eu tinha chegado da escola e estava deitada em minha cama enquanto tentava me recordar qual foi a última vez que vi minha mamma andando pela nossa casa, pois já havia alguns dias que ela não saia da casa dos Kuhn devido aos preparativos do casamento da minha irmã, o que eu achava lindo, mas ia totalmente contra os meus princípios. Eu estava me tornando a filha rebelde, a que não tem medo de expor o que sente, o que pensa, enquanto Bella era a filha troféu, a que estava seguindo o seu destino, talvez terá sorte se ambos se apaixonarem e chegarem a ter um casamento feliz. — Donna? — Saio do meu devaneio quando ouço a voz do meu pappa atrás da porta fechada, me chamando. — Oi, pappa! Pode entrar — eu digo, me sentando na cama. — A que devo a honra? Logo que adentra em meu quarto, um sorriso largo aparece em seus lábios. — Diz como se eu não viesse aqui com frequência — comenta sorrindo enquanto adentra em meu quarto. — Trou
Pietro Kuhn Dezenove anosDepois da viagem de família, precisei viajar para a Rússia, um dos carregamentos tinha sido roubado e eu precisava verificar quem havia feito isso.Assim que eu desci do meu carro em frente a boate que tínhamos de fachada, um dos nossos homens já me esperava.— Senhor! — Boris me cumprimenta.— Tem certeza que ele é o informante? — pergunto, dobrando as mangas da minha camisa branca e puxando minha própria arma do quadril, engatilhando-a. — Sim — afirma puxando sua arma e destravando.Ele abre a porta do bar e seguimos pela lateral que dá acesso ao estoque, onde tinha uma passagem secreta que dava para o subsolo.Boris aperta um botão que faz a parede vir um pouco para frente, onde a empurra, digitando uma senha e seguimos para dentro da sala que tinha isolamento acústico, o que nos dava privacidade para nossos trabalhos e negócios.— Então é você! — afirmo enquanto encaro o homem. — Acredito que você não tenha entendido porque foi treinado e contratado. —
Donna McNight Dezessete anosA celebração foi maravilhosa e Bella estava linda, apesar do medo que estava estampado em seu rosto no começo da cerimônia.Sigo para o banheiro, preciso respirar e tirar Pietro da minha cabeça, e ficar sozinha parecia a melhor solução naquele momento, então aproveito que Teffo tinha me deixado de lado devido a um rabo de saia. Isso me fazia sentir pena da mulher que se casar com ele, se aos dezessete anos já é assim, imagina quando tiver a idade do nosso cunhado! Empurro a enorme porta marrom seguindo para uma das cabines e me sentando na privada que está com a tampa abaixada, aproveitando para tirar meus saltos e massageio meus pés. Em seguida, encosto minha cabeça na parede. Eu estava exausta e a festa acabara de começar, pego meu celular de dentro da minha bolsa e tem uma notificação da minha melhor amiga. Isso faz com que eu me arrependesse de não ter insistido que me acompanhasse.Minutos depois, saio da cabine me apoiando na pia esculpida de mármo
Donna McNight Dezessete anosOlho para o relógio que estava pendurado em uma das paredes da sala de estar, eu estava ansiosa para encontrar com Pietro, mesmo que algo dentro de mim me dissesse para não o fazer.Mesmo assim, eu disse aos meus pais que sairia com Jenny e Brian, e minha prima alimentou a mentira quando passou em nossa casa para me buscar.Fiquei feliz por Brian estar junto, pois assim Jenny não me encheria de perguntas.O beijo da noite anterior ficou repassando em minha mente por toda a noite, foi impossível dormir, sempre que fechava meus olhos era como se sentisse seus lábios sobre os meus. Precisava contar para Alicia, mas tinha que ser pessoalmente, mas como estávamos de férias, precisava esperar até que nos encontrássemos, mesmo eu sabendo que me envolver com Pietro era um problema.— Donna... Donna... — Estava absorta em meus pensamentos quando sinto as mãos de Jenny tocando minha perna. — Chegamos — avisa quando nossos olhares se encontraram. — Está tudo bem?—
Pietro Kuhn Vinte e Dois anosDois anos, tem quase dois anos desde a última vez que vi Donnatela e desde então, ela não respondia minhas mensagens de jeito nenhum.Sua viagem para Inglaterra foi mais rápida que o previsto, e eu sabia que ela estava querendo me evitar a todo custo, principalmente porque ela tinha ficado furiosa comigo depois daquele maldito vacilo.Após o nosso desencontro na praça e claro, o encontro na casa do Ed, eu tentei falar com ela de todas as formas, mas foi em vão. Eu até pedi a ajuda do meu irmão e de sua esposa, porém, Donna estava irredutível, ela não queria nem olhar na minha cara.Sei que fiz errado em ter ficado na casa, em ter aceitado o convite do Edward ao invés de ter seguido o combinado com mia piccola naquele dia, mas... eu sabia que Donna era jovem e eu não podia ter dela o que as outras garotas podiam me dar.Então agora, eu só estava esperando a oportunidade para visitá-la no dia do seu aniversário. Como Thomas ficou alguns meses em lua de mel
Donna McNight Vinte anosEu estaria mentindo se não admitisse que me senti vulnerável ao encontrar Pietro na minha frente com aqueles presentes. Pude notar de cara que não mudou muito fisicamente desde a última vez que nos vimos, ele estava trajando uma calça jeans preta, camiseta preta, um sobretudo acompanhando a mesma cor, nos pés usava um coturno, ele era a última pessoa que eu acreditava que viria. Por mais que ainda me mandasse mensagens e eu o ignorasse, não pensei que ele se daria ao trabalho de ir me visitar no campus, e uma parte minha não queria que ele viesse.Depois da festa na casa da Alicia, ele tentou se reaproximar, mas o medo falou mais alto e decidi que viria para Inglaterra antes do previsto. Eu disse aos meus pais que queria escolher de perto o apartamento que iria morar, ainda mais porque seria um presente deles, e eu precisava escolher com cautela, já que seria o lugar que eu moraria por alguns anos, ou até mesmo passaria o resto da minha vida, já que não pret
Donna McNight Vinte anosNosso beijo é calmo e gentil, e faz tanto tempo desde o nosso último beijo. E era tão bom senti-lo de novo. Só paramos por falta de fôlego. Pietro encosta sua testa na minha, nossas respirações estão ofegantes e seus olhos azuis me fitam. Me sinto nua só com o seu olhar.Ele coloca uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha e o meu corpo todo arrepia-se. Observo cada detalhe do seu rosto e não consigo tirar os olhos da sua boca.— Desculpa. — Pede e se afasta. — Eu precisava apenas sentir seus lábios novamente — ele confessa e eu tento mudar de assunto, drasticamente.— Vou pedir um lanche, você quer? — indago enquanto olho em volta em busca do meu celular, me afastando dele o mais rápido que consigo.— Pensei que tomaria um cappuccino — lembra.— Ah, havia me esquecido. — Respiro fundo, dando a volta na ilha da cozinha e indo até a mesa pegando meu celular. — Amanhã eu tomo. — Estava tão inquieta com a situação que acabara de acontecer que acabei esqu