Rita me cumprimentou de forma polida, em nada lembrando a mulher que veio de outro país vestida como uma puta para me seduzir no jantar “em família” que marquei quando queria propor o casamento de Jorel e Olívia.A aprendiz de adolescente passou por mim como se eu fosse parte da paisagem... Aliás, para a paisagem ela se deu ao trabalho de olhar e para mim não. E entrou na casa sem sequer ser convidada, com aqueles olhos curiosos exatamente iguais a uma pessoinha que eu conhecia muito bem.Ernest? Bem... O filho da puta estava frente a frente comigo, com o braço sobre os ombros da “minha” mulher. Nossos olhos se encontraram e fiquei incerto se conseguiria conviver com aquele homem sob o mesmo teto que eu. Era minha chance de testar meus nervos e força. Se aguentasse aquilo, seria capaz de qualquer coisa.Mas eu tinha um bom plano, organizado há muito tempo. Então valeria o sacrifício, já que Ernest Abertton sairia dali sabendo que seu bem mais precioso poderia estar em apuros, num rela
- Eu não sei nadar!- Tem uma parte rasa, não se preocupe.Ver Olívia se afogando novamente não era uma possibilidade... Nunca mais.Me dei ao luxo de pôr uma camisa branca de mangas curtas, de linho e uma bermuda cáqui, no mesmo tecido fresco. Eu detestava areia, mas ir para o lago de sapato ou tênis seria muito estranho. Então pus um par de chinelos confortáveis, da única marca que eu gostava, da Chipkos.Eu não esperava que fizéssemos tudo junto com os Abertton, até porque queria aproveitar um pouco dos meus últimos momentos com Chuchu. Imaginava que depois daqueles dias no lago ela jamais quereria se aproximar de mim novamente. Mas quando saí do quarto, a casa estava no mais absoluto silêncio.- Você viu... Minha esposa? – Perguntei à empregada.- Ah, sim – deu um sorrisinho sem jeito – Olívia foi para o lago com as irmãs... E os pais.- Olívia? – pensei ter ouvido errado – Chamou minha esposa de Olívia?- Ela... Digo, a senhora Clifford insistiu que eu a chamasse pelo primeiro no
- Não sei e nem quero saber. Eu, assim como você, não gosto dela. Ou seja, temos algumas coisas em comum, Gabe! – sorriu, bebericando o champagne.- O que você acha de prostitutas? – perguntei.- Está mesmo me fazendo esta pergunta?- Não fui claro o suficiente?Ela riu:- A escória da humanidade.- E o que acha de Olívia?- A filha da escória da humanidade. Espera algo de bom dela?- Não!Sorriu, me encarando com um sorriso:- Eu imaginei. Ainda dá tempo de trocar! Como eu disse, Rita é muito melhor.- O problema é que Rita não é a preferida do seu marido. Seria ela filha legítima?O rosto da mulher se enrubesceu:- Claro que sim! Rita e Isabelle são legítimas Abertton.- Na verdade ser “legítimas Abertton” hoje em dia não significa nada. Ou melhor, é sinônimo de vergonha, fracasso e falência. A única pessoa da sua família que é legítima é Olívia... Uma legítima Clifford. Se não sabe sobre o passado da minha esposa e tudo que tem para me dizer são possibilidades, por favor, evite dir
- Acho que este assunto diz respeito à Olívia e eu. – Minha voz não saiu tão segura quanto eu gostaria.- As questões de saúde de minha filha dizem respeito a mim e às irmãs dela. – Ernest advertiu.- Da minha esposa cuido eu! – Não me contive.- Sinceramente, não quero discutir sobre a minha doença neste momento – Chuchu deu o assunto por encerrado – Eu tenho tantas cicatrizes... Acham mesmo que vou me importar com um pequeno hematoma na barriga?Ela levantou-se sem aviso prévio:- Vamos para a água, Gabe?Fechei minhas pernas imediatamente, colocando a camisa por cima da bermuda, tentando esconder meu pau endurecido sob o tecido, desejando foder meu chuchu mesmo com toda aquela situação caótica. Certamente minha fome por ela era porque eu não transava normal com uma mulher, sem pagar, há praticamente dez anos. Não tinha outra explicação para o fato de eu não conseguir ficar perto daquela mulher sem desejar tê-la de todas as formas possíveis.- O que é isto nos seus joelhos? – Ernest
- Assim eu não fico com medo! – confessou enquanto me enlaçava com força.- Eu não a deixaria se afogar, Chuchu! – Fui sincero – Se fosse preciso, morreria, mas a deixaria viva.Eu disse mesmo aquilo? E caralho, não foi da boca para fora. Falei porque saiu do fundo do meu coração. E não tenho certeza se eu a manteria viva porque gostava de Olívia ou porque sabia que no passado fui responsável, mesmo que de forma indireta, pela morte de Mônica.- Não se o meu pai estivesse vendo! – ela sorriu, desconfiada.- Pensando bem – dei alguns passos para o fundo – Acho que vou jogá-la para lá.- Morreremos nós dois, porque eu não o soltaria em hipótese alguma. – Afirmou. E eu não tinha dúvidas de que se ela disse que me levaria junto, o faria.- Relaxa, Chuchu. – Sorri e dei um beijo no seu ombro, abaixando um pouco o corpo e fazendo com que afundasse um pouco mais, a segurando com firmeza.- E os médicos não conseguiram curar a sua mãe? O seu pai que montou uma indústria de medicamentos? Foi p
Embora realmente meu pai tivesse morrido com um tiro na cabeça, tendo sido encontrado sem vida dentro de casa, enquanto minha mãe dormia a base de tantos medicamentos que sequer foi capaz de ouvir ou ver qualquer coisa, poucas pessoas sabiam daquela versão da história.Conseguimos disseminar na imprensa que tinha sido um ataque cardíaco, provavelmente causado pelo excesso de trabalho. Ninguém se preocupava muito com a forma como ele tinha morrido e sim com quem herdaria tudo. Na época eu tinha 17 anos e estava ingressando na faculdade. Tinha conhecido Mônica há pouco tempo. A Clifford já era uma grande empresa, a maior do ramo no país. Mas foi eu que a deixei no patamar mundial.Olívia, depois de alguns minutos, voltou para mim, com os cílios piscando rapidamente, a respiração acelerada e um sorriso triste:- Sinto muito!- Eu não. – Deixei claro.- Não sente?- Eu não tinha uma boa relação com ele. Meu pai não significava nada na minha vida. Para você ter noção, eu vi mais o meu moto
- Não posso mentir. Eu não me importo com você! – Foi minha resposta, seca, enquanto a segurava e sentia sua respiração acelerada, nossos corpos totalmente unidos, como se fossem um só, embalados pelo movimento da água.- Ok, se não se importa comigo, merece saber só o básico: nasci de uma prostituta que teve um caso com um homem casado. Quando ela morreu, este homem fez um teste de DNA e impediu que a filha fosse para um abrigo, onde certamente seria adotada ou passaria a vida lá, até completar a maioridade. Esta garota aos 10 anos se mudou para um lugar totalmente desconhecido, onde haviam pessoas que se diziam sua família. Descobriu que tinha duas irmãs e conheceu o amor. E viveu feliz... Mas não para sempre. Um dia, um certo CEO, em busca de vingança por um passado que o atormentava, mas escondia, decidiu casar com a garota e transformá-la em sua escrava, até que a morte os separasse... E... Fim.- E a garota... Gostava do CEO?- Tanto quanto ele dela. – Encarou-me de forma séria.
- Vamos sair então. E pedirei que sirvam o almoço.Enquanto eu ia em direção à margem do lago, com ela ainda grudada ao meu corpo, segurando com força, confiando que eu jamais a deixaria se afogar, senti-me bem de alguma forma. A presença de Olívia fazia os dias passarem mais rápido e serem menos tristes ou entediantes. Desde que ela tinha surgido na minha vida, tudo virou de ponta cabeça. Ela conseguiu até fazer com que eu perdesse uma das reuniões mais importantes do ano, por ter contratado garotos de programa para minha casa.No entanto eu sabia que tudo que Chuchu queria era chamar a minha atenção e me punir de certa forma pelas coisas que eu lhe fazia. Ela era uma incógnita... A minha mais doce incógnita. A mulher que vendeu o relógio que ganhei de Mônica e ainda assim estava viva... E mais que isto... Nos meus braços.Quando chegamos na margem, ela ainda estava junto do meu corpo como se tivesse pares e pares de pernas e braços, me deixando com a sensação de ter saído do lago co