JADECom a bolsa apertada contra o peito, dei alguns passos apressados para longe daquela sala.Meu coração batia como um tambor ensandecido.Meu orgulho sangrava.As palavras cruéis de Ravi martelavam dentro da minha cabeça como martelos de ferro.Cada insulto, cada desprezo, cada humilhação...**Eu poderia simplesmente ir embora.Deixar que ele acreditasse que havia vencido.Mas algo dentro de mim — algo bruto, queimando como fogo — me impediu.**Meus pés travaram.Minha respiração ficou pesada.Me virei de volta.**Sem pensar duas vezes, empurrei a porta com força.O estrondo ecoou pela sala, fazendo Ravi erguer o olhar, surpreso.**Caminhei até ele, decidida, o ódio queimando em cada passo.Não ia sair dali derrotada.Não dessa vez.**Parei em frente à sua mesa.Segurei o olhar dele.Fria.Firme.Sem medo.**— Você está me deixando confusa, Ravi. — disparei, a voz firme como aço. — Fez de tudo para me demitir. Agora que estou aqui, você diz que não me quer como sua dançarina
RAVIReceber dois tapas daquela maldita dançarina só serviu pra uma coisa:Me deixar ainda mais doente por ela.**Jade era diferente de qualquer mulher que eu já encostei.Ela não se curvava.Não tinha medo.Não implorava.**E essa resistência toda só fazia crescer o desejo insuportável de vê-la de joelhos — por minha causa.**Me joguei na cadeira, massageando a mandíbula dolorida, e ri baixo.Uma vadia que deveria estar implorando por trabalho teve a audácia de me enfrentar.**Mas eu ia dobrá-la.Eu sempre dobrava.**Jade precisava de dinheiro.Eu precisava de uma esposa.**Simples.**Quando propus o acordo, vi o choque nos olhos dela.**Ravi (frio, cortante):— Eu pago o tratamento da sua mãe, boto seu irmão na melhor escola, encho tua geladeira e tu nunca mais vai precisar rebolar por gorjeta.— Em troca, vai se casar comigo.— E só sai quando eu mandar.**Ela abriu a boca, indignada.**Jade:— Você realmente acredita que eu vou me casar com você, o homem que me humilhou
Capítulo 1 — A Máscara da PanteraJADEMais um dia. Mais uma batalha silenciosa.Entro na boate com o pensamento martelando na cabeça: é só mais um dia, é só mais uma vez...Aqui, onde meu corpo dança para homens que não conheço, encontrei a única forma de sobreviver. Não é uma escolha. É necessidade.Meu nome é Jade. Mas para eles, sou apenas a Pantera.Uso uma máscara para proteger o que resta da minha identidade, da minha dignidade. Com 1,60m de altura, 29 anos, pele morena e olhar determinado, prefiro o anonimato a ser reduzida a mais um pedaço de carne exposto. Estou solteira — e sinceramente? Sem o menor interesse em me envolver com qualquer um. Ainda mais com os tipos que frequentam esse lugar.Minha concentração é quebrada pela voz familiar que ecoa da entrada.DIOGO:— Pantera... Sonhando acordada de novo?Apenas confirmo com um aceno breve.DIOGO:— Vamos lá. Você é a próxima no palco.Diogo, o dono da boate, sempre foi mais do que um chefe. Ele foi um amigo quando eu não ti
RAVIDepois de meter com uma das dançarinas, joguei um maço de notas amassadas na cama, sem nem olhar pra ela.— Some daqui. — rosnei, acendendo um cigarro enquanto a vadia se vestia às pressas, sem coragem de me encarar.Ela saiu tropeçando nos próprios saltos.Sozinho no apartamento, ainda nu, recostei na poltrona, soltando a fumaça devagar.Mas em vez de relaxar, a lembrança dela voltou com força.A Pantera.Não era o corpo da mulher que tinha acabado de foder que latejava na minha mente.Era ela.A desgraçada da máscara, dos olhos de fogo, que teve a audácia de me rejeitar.Que me deu um tapa na cara como se eu fosse um qualquer.Mordi o filtro do cigarro com raiva. Isso não ia ficar assim.Essa vadia ainda vai rastejar até minha cama. Nem que seja chorando.Acordei no dia seguinte com a cabeça estourando, gosto amargo na boca e um vazio ainda mais irritante dentro do peito.Tomei banho, vesti a primeira roupa que vi e dirigi até a empresa como um demônio de ressaca.Minha secretá
CAPÍTULO: A NOITE QUE NÃO ERA MINHAO dia amanheceu arrastado, e cada parte do meu corpo protestava contra os movimentos forçados da noite anterior.A dança, os saltos, os olhares sujos... tudo pesava como se eu carregasse o mundo nas costas.Estiquei o corpo devagar, sentindo dores que não deveriam existir em alguém da minha idade.Suspirei, olhando para o teto e pensando: "Espero que aquele arrogante não apareça hoje."Hoje era sábado. A boate Little Club nunca fechava, nem em feriado, muito menos em fim de semana.Mas para mim, isso era uma dádiva amarga: mais movimento, mais gorjetas, mais dinheiro para pagar o tratamento da minha mãe.**Depois de uma ducha rápida, arrumei-me com pressa e fui para a cozinha.Minha mãe, Dona Flávia, já estava sentada à mesa, com um sorriso que não disfarçava o cansaço.— Bom dia, meu amor. — ela disse, com a voz suave. — Achei que você fosse dormir até mais tarde hoje.— Hoje eu quero ficar com vocês. — falei, servindo café para nós duas. — E o Jo
CAPÍTULO — DONO DA NOITERAVIO dia tinha sido um inferno.Reuniões intermináveis, problemas para apagar, falsos aliados tentando sorrir pelas costas.Quando finalmente terminei, só queria tomar um banho e lembrar quem eu era de verdade.Em casa, tirei a gravata com um puxão irritado, deixei a camisa cair no chão e entrei debaixo da ducha gelada.A água escorrendo no corpo era como gasolina em fogo.Eu precisava extravasar.Vestido com uma calça preta justa e camisa dobrada até os cotovelos, peguei a chave do carro e saí, deixando para trás o homem que todos conheciam.Naquela noite, eu seria apenas Ravi — o predador.**Cheguei ao Little Club pouco antes da meia-noite.As luzes externas piscavam em vermelho, como um convite para o pecado.No estacionamento, encontrei Diogo já me esperando, tenso como sempre quando lidava comigo.— Senhor Ravi, como o senhor ordenou, só deixamos a Pantera aqui dentro.Assenti com a cabeça, frio.— Faça ela subir no palco. Apague todas as luzes.Assim
JADEO medo era como uma segunda pele.Cada célula do meu corpo gritava para correr, fugir daquele ambiente carregado e perigoso.Mas meus pés permaneceram firmes no palco.Dançar era o que eu sabia fazer.Era o que pagava os remédios da minha mãe.Era o que garantia o futuro do Joaquim.Então eu dancei.Dancei mesmo com o medo cravado nos ossos.Dancei para o homem que agora eu sabia ser o verdadeiro dono da boate... e da minha liberdade.Ravi Trajano Telles.Meus olhos se prendiam nele, e nos homens brutais que o acompanhavam, tentando me lembrar que eu estava apenas cumprindo meu trabalho.Mas os olhares deles...Eram predadores famintos.Quando Ravi me chamou para descer e buscar bebidas para eles, senti o chão fugir dos meus pés.Caminhei até a mesa com as pernas bambas.Um deles riu, descarado:— Quanto você cobra pra passar a noite comigo, princesa?O nojo subiu até a garganta.Engoli em seco, sem responder.Desejei desaparecer.Mas Ravi, com aquela calma cruel, apenas ordenou:
CAPÍTULO — ENTRE O MEDO E A ESPERANÇAJADETomei a decisão naquela mesma noite: não.Não me submeteria ao Ravi.Não aceitaria ser a propriedade particular de um homem arrogante, que achava que dinheiro comprava tudo — até dignidade.Eu não era moeda de troca.Arrastei meu corpo cansado para casa, tentando afastar as imagens dele da minha cabeça: o olhar de posse, o sorriso cruel, a ameaça velada em cada palavra.Mas era difícil.Muito difícil.**Assim que entrei, o silêncio da casa me acolheu.Minha mãe já dormia.Meu irmão também.Tirei a máscara com cuidado, sentindo como se estivesse arrancando também a fachada de força que precisei usar durante toda a noite.Me joguei no sofá.Fiquei ali, olhando para o teto, tentando entender onde minha vida tinha se perdido.Quando foi que meus sonhos viraram sobrevivência?**A porta da escada rangeu.Olhei para o lado e vi Joaquim, com o rosto inchado de sono, caminhando até mim.Sentou-se ao meu lado, esfregando os olhos.— O que está fazend