capítulo 2

RAVI

Depois de meter com uma das dançarinas, joguei um maço de notas amassadas na cama, sem nem olhar pra ela.

— Some daqui. — rosnei, acendendo um cigarro enquanto a vadia se vestia às pressas, sem coragem de me encarar.

Ela saiu tropeçando nos próprios saltos.

Sozinho no apartamento, ainda nu, recostei na poltrona, soltando a fumaça devagar.

Mas em vez de relaxar, a lembrança dela voltou com força.

A Pantera.

Não era o corpo da mulher que tinha acabado de foder que latejava na minha mente.

Era ela.

A desgraçada da máscara, dos olhos de fogo, que teve a audácia de me rejeitar.

Que me deu um tapa na cara como se eu fosse um qualquer.

Mordi o filtro do cigarro com raiva. Isso não ia ficar assim.

Essa vadia ainda vai rastejar até minha cama. Nem que seja chorando.

 

Acordei no dia seguinte com a cabeça estourando, gosto amargo na boca e um vazio ainda mais irritante dentro do peito.

Tomei banho, vesti a primeira roupa que vi e dirigi até a empresa como um demônio de ressaca.

Minha secretária tentou me abordar no corredor, mas passei reto, nem olhei.

Eu não queria conversa.

Eu queria sangue.

Joguei a pasta em cima da mesa, me joguei na cadeira, fechei os olhos, respirando fundo.

Mas a batida na porta não me deixou em paz.

— Que porra é essa? — gritei, sem paciência.

— Relaxa, irmão. — disse Donatello, entrando. — Só vim ver se você ainda tá vivo.

Levantei a cabeça, fulminando ele com o olhar.

— Ontem meu irmão me arrastou pra Little Club.

Conheci uma dançarina que... — cerrei os punhos. — …que me rejeitou na frente de todo mundo.

Donatello soltou uma gargalhada seca.

— A boate é tua, Ravi. E ainda assim tomou um fora?

Que fase!

— Vai se foder, Donatello.

Não tô caindo de amores.

Mas ela ainda vai se ajoelhar pra mim, anota o que tô dizendo.

O sorriso debochado dele só me deu mais raiva.

Eu apaguei o cigarro, esmagando-o na mesa de vidro.

Essa mulher não sabia com quem tinha mexido.

 

JADE

Sai da boate quase correndo, com o coração batendo feito um tambor nas costelas.

Peguei um táxi na primeira esquina, ainda sentindo o cheiro dele na pele.

Aquela presença... aquele cheiro de cigarro e perigo...

Aquela mão forte me segurando...

Fechei os olhos com força. "Não, Jade. Não pensa nisso."

O táxi parou em frente à minha casa humilde.

O motorista lançou um olhar desconfiado, mas só sorri cansada.

— Obrigada, moço. Boa noite.

Entrei e mal fechei a porta, já ouvi a voz da minha mãe.

— Que cara é essa, Jade? Tire logo essa roupa imunda!

Ela estava na cozinha, pálida, magra, parecendo menor do que era.

Suspirei fundo, indo até ela, tentando não chorar.

— Calma, mãezinha... já tô indo. Mas antes, deixa eu te dar um beijo.

Ela se afastou de leve, franzindo o rosto de desgosto.

— Não quero cheiro dessa boate em mim.

Meu peito apertou.

Ela nunca aceitou meu trabalho.

E eu também não aceitava, mas era o que me restava.

Ninguém queria contratar uma menina sem diploma, com irmão pequeno e mãe doente.

Só sabiam me oferecer cama em troca de "emprego".

Diogo foi o único que me deixou escolher: dançar de máscara. Sem sexo. Sem toques.

Era humilhante?

Sim.

Mas era a única maneira de bancar o tratamento da minha mãe.

Meu irmão, Joaquim, apareceu todo animado, me salvando do silêncio pesado.

— Jade! Tava te esperando!

— E aí, pirralho? — sorri, puxando ele pra um abraço. — Como foi na escola?

— Vou passar direto esse ano, tenho certeza!

— Orgulho da mana! — baguncei o cabelo dele.

Minha mãe nos chamou para jantar, a voz fraca.

Levei Joaquim até a cozinha, mas quando vi o rosto dela, o sangue me gelou.

Ela estava branca como papel.

— Mãe! — corri pra segurá-la, antes que ela caísse.

— Foi só a pressão... — murmurou, tentando disfarçar.

— Eu te levo pro hospital, agora.

— Não, Jade. Já gastamos demais.

Senta, vamos jantar.

Engoli o choro, obedecendo.

Enquanto comíamos, ela perguntou:

— E a boate? Alguma novidade?

— Tudo tranquilo. — menti, forçando um sorriso.

Não tinha coragem de dizer que naquela noite eu tinha provocado o homem errado.

E que minha vida podia ter mudado para sempre.

 

RAVI

— Donatello — falei, ainda sentindo o gosto metálico da raiva na boca. — Mandei meu irmão encontrar a Pantera, mas aquele fraco não vai fazer porra nenhuma.

Agora é com você.

— Manda o nome e eu resolvo.

— Se fosse fácil assim... — dei uma risada seca. — Não sei nem o nome da desgraçada.

Só sei que chamam ela de Pantera. Usa máscara. Olhos de gata.

— Certo. Vou atrás dela.

— Vai até a boate.

Fala com Diogo.

Quero o dossiê completo dela. De onde veio, onde mora, quem indicou, até o tipo de sangue se puder.

Donatello assentiu, mas eu ainda não tinha acabado.

— E mais uma coisa — continuei. — Pede pra Cassandra chamar os filhos da puta que me devem pela carga enviada mês passado.

Se não pagarem hoje, vão se arrepender de terem nascido.

— Você não precisa do dinheiro, Ravi.

— Eu não deixo dívida aberta, Donatello. Não com gente que acha que pode me passar a perna.

Me levantei, jogando a cadeira pra trás.

— E avisa o Diogo: a boate fecha hoje. Reunião particular.

Quero só uma dançarina lá dentro.

— A Pantera? — ele perguntou, já sabendo a resposta.

— É.

Donatello hesitou.

— Ravi... Se ela ouvir ou ver demais, pode dar merda. Você sabe que essas reuniões são perigosas. Sempre tem droga, arma, dinheiro sujo rolando.

— Problema dela.

Ela me desafiou.

Hoje ela vai descobrir quem é que manda naquela porra toda.

Vai aprender que não se brinca com Ravi Moretti.

Sorri, sentindo o sangue quente borbulhar nas veias.

Hoje seria a primeira lição dela.

A primeira... de muitas.

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