A noite me envolvia como um manto escuro e silencioso, enquanto eu me esgueirava pelas sombras, carregando o peso de um segredo que me consumia a alma. Com a arma firmemente em minhas mãos trêmulas, apontada para um homem sombrio no centro do beco, eu me vi diante de uma escolha impossível: meu mentor."Por que está fazendo isso?", minha voz vacilou, transparecendo a emoção que se agitava dentro de mim.Seu rosto, parcialmente oculto pelas sombras, permaneceu inexpressivo. "Você sabe muito bem o porquê, Ohana. A missão é clara, e você tem a habilidade necessária para cumpri-la."Revoltada e desesperada, eu nunca imaginei que aquele que mais confiara e amara se tornaria meu alvo. No entanto, também sabia que recuar da missão traria consequências fatais para mim e para aqueles que amo."Eu não posso fazer isso", declarei com determinação, apesar do medo pulsando em minhas veias. "Não sou apenas uma assassina. Eu sou uma médica, e jurei proteger vidas, não tirá-las."Meu mentor deu um pa
Me chamo Ohana Duarte e, para muitos, sou apenas uma obstetra comum. No entanto, poucos sabem que sou uma das melhores e mais bem pagas assassinas de aluguel do Rio de Janeiro. Minha infância não foi um conto de fadas. Meu pai era um drogado miserável, que vendia tudo o que tínhamos em casa para sustentar seu vício, deixando minha mãe e eu em completa miséria. Éramos tão pobres que mal tínhamos dinheiro para comprar um pão. Ele não se importava conosco e vivia apenas para satisfazer seu desejo por drogas. Ele espancava minha minha mãe que por sua vez, me espancava e alegava que o fazia porque eu lembrava o rosto dele. Quando completei onze anos, meu pai me vendeu para um grupo de homens tatuados e estranhos. Chorei e implorei para que ele não o fizesse, mas aquele desgraçado não se importou, e minha mãe também parecia não se importar. Ela me disse que eu teria uma vida muito melhor com eles, mas sei que, para eles, livrar-se 'do fardo' era um alívio. Fui levada por aqueles homens e e
Acordo cedo e sigo minha rotina de forma automática, me sentei na sala para relaxar e não demorou muito minha amiga entrou saltitando como uma gazela. "Bom dia, Ohana", ela diz sorridente, me dando um beijo no rosto. "O que tem de bom?", pergunto mal-humorada. Como alguém pode estar animado às cinco da manhã? "Adoro seu humor matinal", minha amiga responde, me dando mais um beijo. "Cala a boca Cibele, ainda são cinco e meia da manhã." Ela começa rir e eu reviro os olhos. "Hoje teremos a visita de um grupo de chineses. Estou tão animada." "Eu vou estar no meio de muitas mulheres grávidas e chorosas." Amo meu trabalho menos a parte de alguns pais que visivelmente não se importam com a mulher e ainda diz que ela está fazendo drama, as vezes me pego pensando em como eu poderia torturar um filho da puta desses e sumir com o corpo de uma forma que ninguém nunca encontraria. "Tem uma missão à noite?" Minha amiga pergunta tirando-me de meu devaneio. "Sim, vou ter um encontro com o Gove
Adentro o saguão do hotel, observando discretamente os rostos dos hóspedes, procurando por qualquer sinal de perigo. Mantenho minha postura calma e confiante, ciente de que a aparência pode ser enganadora. Subo as escadas até o quarto 305, onde minha missão aguarda. As batidas do meu coração ecoam em meus ouvidos, misturando-se ao pulsar da adrenalina em minhas veias. Toco a campainha e o governador atende, ele me olha de cima a baixo e sorri. "Você será minha acompanhante essa noite?", ele pergunta, sorrindo. Sinto uma onda de repulsa ao olhar para ele, ciente de sua reputação terrível. "Serei toda sua essa noite", respondo, sorrindo de forma sedutora. "Você é linda e sexy. Entre, minha querida, não fique parada na porta." Assim que entro, ele me encaminha até a pequena varanda e me sento, enquanto ele abre o champanhe com um floreio desnecessário. Ele serve nossas taças, mas fico de olho secretamente, pois ele tem fama de drogar as garotas e abusá-las. A primeira garota contrat
Sinto cheiro de algo bom vindo da cozinha e sei que minha amiga está preparando o café, amo quando Cibele dorme aqui porque eu não preciso ir para a cozinha, embora seja uma cozinheira muito melhor do que ela. "Bom dia, Belle, o cheiro está delicioso." "Então sente para comer." Ela coloca o prato em minha frente. Após terminarmos o desjejum, sentamos para ver se sairia algo no noticiário e logo uma manchete chama a minha atenção: "Governador Feitosa faleceu ontem vítima de infarto". Minha amiga olhou para mim e sorriu. "O infarto chama-se Ohanna Duarte ou melhor chama-se 'Bonequinha'." Cibele começou a gargalhar e eu a acompanhei. O toque do meu celular me deixa em estado de alerta. Assim que atendo, sou parabenizada pelo trabalho e tio Ezra pede para que eu entregue o relatório ainda hoje. Após uma breve conversa, desligo meu celular e vou para um pequeno quarto que uso com escritório e começo a digitar meu relatório. À tarde, Cibele e eu nos arrumamos e fomos para a organização
"Você não é muito de frequentar esse tipo de lugar?" - Pergunto a ele, que fica sem graça. "Dá pra perceber, não é?" - Ele perguntou, e eu afirmei. "Desde que comecei a cuidar da minha filha, não tenho tido tempo." O cara é muito bonito, mas se é casado ou comprometido, estou fora. "E a sua esposa, onde está? Não me diga que ela ficou em casa com sua filha." - Pergunto enquanto chamo o barman para pedir um shot de tequila. "Na verdade, sou pai solo. A propósito, me chamo Mauricio Velasquez." "Wow! Pai solo, isso é uma raridade. Muito prazer, sou Ohana Duarte." - Mauricio olhou para mim por uns instantes e sorriu. "Bem que estava te achando familiar, foi você quem fez o parto da minha filha." - Fico surpresa com essa revelação. "Qual o nome da sua esposa? Talvez me lembre dela." "Na verdade, eu adotei a filha da minha irmã. Acho que você não deve se lembrar, já que faz cinco anos." - Antes que eu pudesse responder, o barman me entrega meu shot e tomo tudo em um único gole e peço
No dia seguinte, acordei dolorida, mas completamente saciada. Fui ao banheiro e fiz tudo que precisava, escolhi a roupa que usaria hoje e aproveitei para chamar Maurício, que estava completamente à vontade em minha cama."Faz tempo que não durmo tão bem." Ele diz com um sorriso preguiçoso.Ofereci levá-lo de volta para casa e ele me convidou para tomarmos café no caminho. Eu aceitei, e na cafeteria fizemos nossos pedidos e nos sentamos para aguardar. Nossos pedidos chegaram, e enquanto ele conversava, eu permanecia em silêncio."Você me parece distante" ele disse enquanto sopra sua xícara de maneira sexy. Se ele soubesse que esse gesto me deixa louca de tesão, não faria. "Se controla, Ohana", digo a mim mesma."Apenas estou pensando nas consultas que tenho hoje" – na verdade, estava preocupada com o trabalho que Ezra tinha para mim. Só espero que seja uma missão empolgante.Terminamos nossos cafés em silêncio, e deixei-o em frente ao seu apartamento. Maurício me convidou para um jantar
Na manhã seguinte, minha amiga me ajudou a preparar o café e quando os meninos acordaram, sentaram para comer. Hoje, minhas consultas seriam apenas na parte da tarde, então estou tranquila na parte da manhã. Maurício e Rogério nos agradeceram e antes de ir, Maurício me convidou para sair com ele mais tarde e eu aceitei."Amiga, vocês super combinam, sabia?" – Rômulo diz e eu apenas dou de ombros.Cibele e Rômulo foram para a organização, e eu fiquei em casa descansando. Me arrumei e desci animada. Acho que passarei em um restaurante para almoçar. Parei em um sinal vermelho e enquanto esperava abri, vi uma menina encarando uma doceria. A criança estava bem mal vestida e aquilo me fez voltar ao meu passado.[Flashback On]Minha barriga está doendo. Faz três dias que não como nada, estava me sentindo fraca e parecia que iria morrer."Filha, vem cá" – minha mãe me chamou, e quando me aproximei, ela olhou-me com ternura, o que era bem raro. "Você precisa ir para a rua ver se consegue algo