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Capítulo VI - Um Novo Alvo

No dia seguinte, acordei dolorida, mas completamente saciada. Fui ao banheiro e fiz tudo que precisava, escolhi a roupa que usaria hoje e aproveitei para chamar Maurício, que estava completamente à vontade em minha cama.

"Faz tempo que não durmo tão bem." Ele diz com um sorriso preguiçoso.

Ofereci levá-lo de volta para casa e ele me convidou para tomarmos café no caminho. Eu aceitei, e na cafeteria fizemos nossos pedidos e nos sentamos para aguardar. Nossos pedidos chegaram, e enquanto ele conversava, eu permanecia em silêncio.

"Você me parece distante" ele disse enquanto sopra sua xícara de maneira sexy. Se ele soubesse que esse gesto me deixa louca de tesão, não faria. "Se controla, Ohana", digo a mim mesma.

"Apenas estou pensando nas consultas que tenho hoje" – na verdade, estava preocupada com o trabalho que Ezra tinha para mim. Só espero que seja uma missão empolgante.

Terminamos nossos cafés em silêncio, e deixei-o em frente ao seu apartamento. Maurício me convidou para um jantar, e antes que eu pudesse negar, já estava aceitando. Afinal, o que há de errado comigo? Sempre soube dizer não para os caras, porque com esse cara que conheci há menos de vinte e quatro horas é diferente? Ele se despediu de mim, e eu arranquei com o carro. Durante o trajeto para o hospital, deixei meus pensamentos voarem livremente. Nunca saí duas vezes com o mesmo cara, e tenho dois motivos para isso: o primeiro é por não confiar neles e o segundo pela vida dupla que levo. Relacionar-me com alguém é colocar um alvo em suas costas, e já vi coisas terríveis acontecerem por conta disso. O que estou pensando agora? Quem disse que vou me relacionar com ele? Afinal, é só um jantar.

Cheguei ao hospital e trabalhei com afinco. Dimas sempre que podia me cercava, e aquilo estava começando a me irritar. Finalizei minhas consultas e fui para a "imobiliária", a empresa de fachada que é a sede da organização à qual faço parte.

Assim que passei pela porta, dei de cara com Letícia. A vagabunda sorriu, e minha vontade é de arrancar seus dentes um a um com um alicate.

"Ora, ora, quem é viva sempre aparece." Ela disse sarcasticamente.

"Te digo o mesmo. Pensei que algum cliente da boate de quinta que você trabalha tivesse poupado o esforço de ter que matá-la." Digo com um sorriso diabolicamente angelical. Letícia arregalou os olhos, mas logo se recompôs.

"Você não me assusta" sorri satisfeita, pois sei que a assustei.

Quando cheguei ao centro de treinamento com Ezra, Letícia foi a pessoa que mais me torturou. Ela só parou de mexer comigo quando eu finalmente me defendi e quebrei o seu braço com um golpe de jiu-jitsu, e ameacei atirar no meio da sua testa.

"Meninas, parem com isso!" – Ezra apareceu e nos olhou de maneira ameaçadora. "Letícia, vai caçar o que fazer, e você, dona Hana, venha comigo."

"Eu ainda te matarei, Ohana, pode escrever."

"Antes de você tentar, eu já terei arrancado a sua língua e unhas a sangue frio." Dou uma piscadela para ela, que vira o rosto e sai pisando duro.

Ezra me mandou entrar em sua sala e me entregou um envelope. Me sentei e li todas as informações contidas.

"Então, terei que matar um dos chefões da máfia que explora crianças e adolescentes" ele assentiu, "me diz que posso matá-lo de maneira lenta e tortuosa." Meus olhos brilham de excitação ao ver Ezra balançar a cabeça positivamente.

"Tenha cuidado, pois esse cara não será um alvo fácil." Ele me adverte.

"E desde quando tenho alvos fáceis?"

"Por isso, você é o meu maior orgulho." Ele levanta para me abraçar.

Ezra sempre me tratou como se fosse a sua filha, e isso desperta ciúmes e inveja de algumas pessoas. Aproveito que estamos a sós e conto a ele sobre a conversa com Luiz Valdez. Ezra ficou sem entender o motivo de ele ter me chamado para o tal serviço e disse que é para eu me tranquilizar, pois ele vai averiguar a questão.

Leio o conteúdo mais uma vez para memorizá-lo. Já em meu carro, começo a pensar no que devo fazer para atrair a atenção de Gabby Morano. Ele é um dos chefões e não vai cair em um truque qualquer como o governador. Preciso criar uma personagem perfeita.

A palavra "tráfico de criança" me traz péssimas recordações. Lembro-me como se fosse hoje do dia em que meus genitores me venderam para aqueles brutamontes. As lembranças me causam arrepios, e balanço a cabeça algumas vezes para espantar as péssimas recordações.

Ao chegar em casa, encontrei minha amiga jogada no sofá. Essa praga parece que não tem casa.

"Oi, amiga, você demorou." Cibele diz sorrindo.

"Oi, sem-teto, como foi a sua noite com o amigo de Maurício?" Pergunto, sentando ao seu lado.

"Foi uma noite memorável e maravilhosa. Marcamos de nos encontrarmos novamente. Onde estava? Porque liguei para o hospital e me disseram que você já havia saído? Não me diga que estava com Maurício?" Ela perguntou com um tom sarcástico.

"Não sou tão safada quanto você pensa. Estava na organização, e tenho uma notícia para te dar. Prepare-se para a bomba." Assim que contei, ela me olhou surpresa e com os olhos arregalados.

Minha amiga me contou algumas histórias que ouviu sobre o meu alvo. Ao contrário de mim, minha amiga não quis prosseguir os estudos, então foi trabalhar como atendente em um bar. Ela tem dinheiro para abrir seu próprio estabelecimento, mas disse que prefere assim para não chamar atenção.

Cibele me ajudou a preparar o jantar, e em seguida fui me trocar enquanto ela preparava a mesa. Meu celular apitou com uma mensagem.

“Como está, meu amor.” Não reconheço o número, será que foi engano.

“Quem é?” Perguntei, e a resposta veio instantaneamente.

“Tem outra pessoa que te chama de amor além de mim?” Pensei por alguns instantes.

"Rômulo, é você?”

“Abre a porta e descubra.” Corri para abrir a porta e me joguei nos braços do meu amigo.

"Quanto tempo, minha linda." Meu amigo me aperta ainda mais.

"Você está ainda mais gato do que da última vez que te vi."

Cibele pergunta quem está na porta, e quando digo a ela, ela vê nosso amigo e começa a gritar e o agarra. Empurramos Rômulo para dentro e fizemos ele nos contar tudo sobre os seus dois anos longe.

"Amiga, isso merece uma comemoração. Vou ligar para o Rogério."

"Você só quer um pretexto para vê-lo." Digo, e ela que concorda.

"Não sabia que Cibele estava namorando."

"Estou conhecendo um cara, e Hana também."

"Wow! O que eu perdi aqui?" Rômulo pergunta, e eu faço sinal de que nada. "Esses caras sabem da vida dupla de vocês?"

"Com certeza que não. Eles chegarão em breve, então não mencione nada sobre a organização, nem fale nada relacionado a "imobiliária."

"Amiga, eles quem?" Pergunto.

"Rogério e Maurício."

Cibele é uma pessoa difícil de discutir. Eu bem que tentei, mas ela começou a conversar com Rômulo animadamente e me ignorou completamente. Sei exatamente o que ela quer fazer.

A campainha tocou, e minha amiga foi atender a porta animadamente. Os meninos entraram, e Maurício olhou para mim de forma estranha. E então me lembrei que estava sentada no colo do meu amigo.

Me levantei e o chamei para perto. Apresentei os dois, e eles logo engataram uma conversa animada. Olhei em volta e não achei minha amiga nem Rogério. Aqueles dois devem estar se divertindo no quarto que ela intitulou como dela. Um tempo depois, os dois voltaram com cara de culpados. Meu amigo soltou uma gargalhada, e eu apenas dei de ombros. Cibele e eu tivemos que ir para a cozinha preparar mais comida, já que havíamos preparado apenas para nós duas. Terminamos tudo e preparamos a mesa novamente. Quando voltamos para a sala, os meninos estavam alegres e enchendo a cara. Nos aproximamos e fomos para a mesa, onde jantamos.

"Haninha, você cozinha pra caramba." – Meu amigo diz, colocando mais uma garfada de comida na boca.

"E eu? Sabia que eu ajudei ela a preparar tudo isso." Cibele diz de cara amarrada.

"Você não sabe cozinhar tão bem quanto a Ohana, mas dá pro gasto." Minha amiga dá o dedo do meio. "E então, rapazes, em que trabalham?

"Somos empresários. Eu tenho uma empresa de telecomunicações, e Rogério tem uma empresa de contabilidade." – Maurício diz e os dois engataram uma conversa sobre finanças, pois Rômulo é administrador.

O jantar foi bem legal. Os meninos lavaram a louça enquanto assistíamos e ríamos. Jogamos uma partida de poker, e na hora de ir embora, acabei arrastando Maurício para o quarto e mandei os outros três se ajeitarem nos outros dois quartos.

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