Capítulo 2
Aslan escutou o toque irritante de seu telefone, o que contribuiu para sua cabeça doer mais. “Acho que minha secretária foi fazer o remédio, mas que demora dos infernos!” Ele pensou com raiva. Assim que pegou o celular percebeu que era seu amigo Tomás, aquele bobalhão não trabalhava e não o deixava trabalhar também. — Fala, peste! — Aslan disse ríspido, apertando as têmporas que doíam. — Qual foi o bicho que te mordeu hoje? — A voz de Tomás soou estridente pelo celular. — Se apronte para sair. Vamos a uma cafeteria aqui perto. Estou faminto! Tomás desligou a ligação antes que Aslan pudesse lhe dizer que não iria a lugar algum com seu amigo. Aquilo havia o deixado encucado. Ele escutou batidas na porta, sem nenhuma paciência mandou que a pessoa entrasse. — Aqui está o remédio que pediu, senhor. — Anne entrou já informando o motivo de estar ali. A testa de Aslan franzida, o cenho fechado causado pelo mal humor acentuado pela dor de cabeça. Ele tomou o remédio, fechou os olhos esperando que a dor que sentia se aliviasse para que continuasse a trabalhar. Anne saiu do recinto sem dizer uma palavra, não querendo estressar mais seu chefe. Tomás entrou no escritório de seu amigo de uma vez, ignorando a secretária que tentou avisar que o CEO não estava no melhor dia. Ao entrar ele estranhou por seu amigo estar aparentemente relaxando, com os olhos fechados, mesmo assim a expressão fechada permanecia presente. — Vamos acordar que está na hora lanche da manhã. — Tomás disse com o tom de voz elevado. Aslan incomodado e descontente com a invasão de seu amigo abriu os olhos em uma fresta para constatar o que seus ouvidos já haviam anunciado. Tomás era feito criança quando queria alguma coisa, não deixava quem quer que fosse em paz até que conseguisse o que almejava. Aslan foi praticamente arrastado por seu amigo e braço direito na empresa, para ir à tão falada cafeteria. — Anda logo… — Tomás disse puxando Aslan pelo braço. — Você está pior que o Felipe, Tomás. — Aslan constatou o óbvio à medida em que se arrastava pelo escritório ao lado de Tomás. Enquanto o elevador se aproximava cada vez mais da garagem subterrânea, Tomás falava, falava e falava de como recebeu boas recomendações da cafeteria em que estavam a caminho. Aslan estava entediado com tanta falação. Mas era melhor do que pensar na entrevista de mais cedo e em como se sentiu afetado com a presença de Valentina. Durante todo o caminho até a cafeteria, Tomás não parou nenhum segundo de falar. Aslan já tinha se acostumado com o jeito de seu amigo, entretanto, não estava com paciência para aturar a falação dele, concordava com tudo que falava na esperança de que uma hora seu amigo cansasse e enfim parasse com a falação que estava lhe dando nos nervos. Eles estavam sentados em uma mesa afastada das pessoas, para agradar a vontade de Aslan, Tomás sempre o deixava escolher onde se sentariam. — Vou fazer o nosso pedido. — Tomás afirmou se levantando animado. “Ele parece uma criança!” Aslan pensou balançando a cabeça negativamente ao acompanhar o amigo se distanciar da mesa, ele praticamente saltitava de tanta animação. “Senti algo estranho com a candidata a babá, é melhor não contratá-la.” Aslan desviou o olhar para a porta ao escutá-la se abrindo. Ao ver Valentina passar por ele sentiu novamente aquele estranho sentimento que não conseguia nomear. Ela ainda estava vestida com a roupa da entrevista, uma blusa de manga branca, uma calça jeans azul escuro e um sapato ALL STAR branco. Ela seguiu para o outro lado da cafeteria se aproximando da mesa que um homem estava sentado, sozinho, ele mexia no celular distraído, vestia uma blusa social, em um de seus pulsos tinha um relógio, foi tudo que conseguiu ver antes que seu amigo se sentasse na sua frente tampando a visão da mesa em que Valentina se sentou. Irritado, Aslan passou a mão nos cabelos olhando para o lado na tentativa de ver Valentina com o homem. O homem agora segurava a mão de Valentina na mesa, aparentemente com intimidade. “Quem será que ele é?” Aslan pensou encucado voltando o olhar para Tomás que falava sem parar sobre o time de futebol que ambos torciam, entretanto, ele não estava interessado em nada daquilo, queria mesmo era saber quem era aquele que estava sentado com Valentina. Aslan pegou seu café expresso de cima da mesa tomando um gole generoso. — O que você tanto pensa, Aslan? — Tomás indagou apoiando os cotovelos em cima da mesa. “Será que ele percebeu?” Aslan pensou suspeitando que seu amigo já tinha sacado o que estava acontecendo ali. — Nada! — Ele mentiu sendo ríspido, pegou a xícara a levando a boca tomando mais um gole do café. — Hmm, sei! — Tomás afirmou sugestivo. Ele ficou empertigado olhando disfarçadamente para os lados procurando por algo que estava incomodando Aslan. — O que está procurando? — Aslan perguntou com curiosidade genuína. — Uma provável beldade. Só pode ser isso para você estar tão desligado. —- Tomás respondeu ainda tentando descobrir o “motivo” de seu amigo estar tão disperso. — E o que era mesmo que você estava falando… — Aslan disse tentando desviar o foco de Tomás, ele pegou com um garfo um pedaço de bolo que estava esquecido por ambos na mesa. Depois de uns minutos, Aslan curioso com o que Valentina estaria fazendo, olha sobre o ombro de Tomás a vendo sair com o homem passou o braço no ombro dela enquanto saíam. Ele engoliu em seco se sentindo incomodado, ajeitou-se na cadeira deixando Tomás com a pulga atrás da orelha. “O que Aslan está escondendo de mim?” Tomás pensou ao ver o desconforto que o amigo estava. Aslan bebeu o restante do seu café, não comendo mais do bolo. Enquanto isso, Tomás tomava seu café observando seu amigo, por uma fresta de olhar. Ele suspeitaria de toda ação que Aslan fizesse dali para frente, pois sentia que tinha algo de errado, e ele descobriria o que estava acontecendo. — Não vai comer o bolo? — Tomás indagou entre um gole e outro de seu café. — Não, já estou satisfeito — Aslan respondeu com um sorriso que mais parecia um rosnado. — Ahhh, você não vai fazer isso com esse magnífico bolo, passa ele para cá. — Tomás disse injuriado pegando o prato em que o bolo estava comendo o restante. — Eu vou lá pagar. Aslan permaneceu sentado observando o movimento da cafeteira enquanto Tomás foi pagar a conta. “O que está acontecendo comigo? Porque estou sentindo essas coisas que não sei explicar quando vejo Valentina?” Aslan pensou com o cenho franzido buscando por resposta, mas infelizmente não achou. Aslan e Tomás saem da cafeteira em um silêncio cômodo. Ainda imerso em pensamentos o CEO não prestava atenção no que seu amigo dizia. Entretanto quando Tomás parou de falar e um barulho veio logo em seguida, assustando Aslan que olhou para o lado vendo seu amigo caído no capô de um carro sedan. — O que aconteceu aqui? — Aslan perguntou não acreditando no que estava diante dele. — Eu caí, não é óbvio? — Tomás Disse sarcástico se levantando e ajeitando o terno visivelmente incomodado pelo showzinho particular que deu, pois várias pessoas o estava observando. — Aposto que se distraiu com uma “beldade” — Aslan disse com um pequeno sorriso nos lábios. Tomás ergueu a sobrancelha visivelmente incomodado por seu amigo estar rindo, poderia ter se preocupado e perguntado se estava machucado, mas não, preferiu sair rindo da cara dele até o estacionamento. — Bom, pelo menos acho que o mau humor dele passou. — Tomás murmurou para si mesmo, enquanto caminhava ao lado de Aslan.Capítulo 3Valentina andava ao lado de seu irmão, Nicolas, que tinha seu braço sobre seus ombros. Ela não conseguia parar de pensar na entrevista e em como seu futuro chefe era um arrogante e ranzinza.— Sabe de uma coisa, irmão, sinto que vou conseguir esse emprego. — Valentina disse com confiança, andando devagar a caminho do ponto de ônibus.— Você já conseguiu, maninha. — Nicolas afirmou bagunçando o cabelo de sua irmã. Valentina fechou o cenho com raiva de Nicolas por ter bagunçado seu cabelo.— Peste dos infernos! Já te falei pra não bagunçar meu cabelo. — Valentina disse enfezada com seu irmão. Nicolas sai correndo feito criança com medo de apanhar. — Volta aqui seu louco. Não vou te bater. — Humm sei! — Ele gritou, desconfiado, já quase no fim do quarteirão.— É sério! — Ela disse batendo o pé no chão, cruzando os braços.— Confia no santo e não reza! — Nicolas afirmou sabendo bem que Valentina estava mentindo somente para que ele se aproximasse para que ela lhe batesse. — E
Capítulo 4 Tomás, sentado em sua cadeira, pensava em como ajudaria seu amigo a resolver seu problema de estresse, ele trabalhava em alguns projetos de seu departamento, o computador estava a sua frente com gráficos que não acabavam mais, entretanto, sua mente estava longe, seus pensamentos fervilhavam em vários situações hipotéticas. “E se eu levá-lo a um bar?” Tomás pensou animado por ter conseguido pensar em uma saída para o problema de seu amigo. Ele pegou o celular de cima da mesa e mandou uma mensagem para Aslan. Tómas Vamos sair hoje depois do trabalho! 14:30 Aslan Vá trabalhar! E não vamos sair! 14:40 Tomás E eu te perguntei alguma coisa? Estava te avisando. 14:41 Aslan E quem te disse que quero sair? Sai do celular e vai trabalhar. Isso é uma ordem. 14:45 Tomás Eu que disse! Ok! 14:46 Tomás voltou a se concentrar em seu trabalho com um sorriso nos lábios, enquanto analisava os gráficos escutava uma música de concentração. *** Aslan se encontrava em
Capítulo 5— Maninhaaaaaa!!! — Tomás disse assim que abriu a porta — Aslan, Felícia chegou é hora de irmos. Tomás concluiu, saindo da frente da porta para que sua irmã pudesse entrar na casa, ele se encontrava muito animado para ter uma noite de bebedeira com Aslan, já fazia muito tempo que não tinham uma noite de amigos, era o que seu amigo praticamente irmão precisava. — É muito bom te ver Aslan. — Felicia disse dando um abraço no CEO, os três foram criados juntos desde a infância, não eram irmãos de sangue, mas irmãos que a vida tratou de unir. Tomás andou em direção a sala, se aproximou do sofá onde Felipe estava sentado vendo tv.— E ai, campeão? — Tomás disse se agachando para ficar da mesma altura de Felipe. — Eu e seu pai vamos sair hoje. Felipe se encolheu no sofá, um tanto triste de não poder passar a noite com seu pai.— Você vai ficar com a Tia Felícia. — Tomás disse ao perceber que o garoto ficara triste com a notícia que o pai não ficaria com ele naquela noite. Ele s
Capítulo 6 Valentina parou diante da mansão de Aslan, era imensa,para ela mais parecia um castelo do que uma casa, realmente digna do dono de um império de tecnologia. Com as pernas doendo de tanto que andou pelo condomínio, ela percorreu todo o passeio chegando à imponente e enorme porta de madeira maciça, tocou a campainha esperando que fosse atendida. A enorme porta foi aberta, uma mulher por volta de sessenta anos apareceu com um sorriso tímido no rosto, ela vestia seu uniforme de governanta. — Valentina, entre pelas portas dos fundos, os funcionários não entram por aqui. — A mulher sussurrou gentilmente fechando a porta logo em seguida antes que Valentina pudesse dizer alguma coisa. Ela percorre todo o quarteirão dando a volta na casa, pois a entrada de funcionários era nos fundos da casa, e não tinha passagem pela frente. Suada, cansada e esbaforida de tanto andar, Valentina finalmente tinha chegado à famigerada entrada dos funcionários, ela estava diante de uma porta d
Capítulo 7Felipe entrou em casa correndo como sempre fazia depois de voltar da escola, subiu as escadas na mesma velocidade em que entrou em casa, seguindo para o seu quarto, cuidou de sua higiene pessoal, saiu do banheiro com os cabelos molhados pingando água em sua blusa de um super herói muito famoso entre as crianças cujo Valentina não sabia o nome.Valentina que estava distraída esperando que o garoto saísse do banheiro para que se apresentasse ficou boquiaberta quando percebeu que o garoto era um xerox de Aslan. — Quem é você? — Felipe perguntou tentando entender o porque tinha uma mulher sentada em sua cama, o pequeno a observou, ela não usava uniforme de empregada, ele se preparou para sair correndo, pois estava com medo da mulher que o encarava como se estivesse vendo um fantasma.— Sou Valentina, sua nova babá! — Valentina disse em um tom doce antes que o menino saísse correndo do quarto. Emburrado, com raiva, e triste por seu pai não pensar nele um minuto sequer, além, é
Capítulo 8 Aslan caminhava no meio do campo de golfe, Tomás estava em seu encalço falando igual um gárrulo coisas que não eram nenhum pouco importantes. Cada um tinha seu caddie que carregava seus equipamentos com tacos e bolas de golfe. Ele decidiu ir ao clube de golfe que era associado pois não estava conseguindo se concentrar no trabalho, sua mente sempre desviava-se para Valentina. “Essa mulher é uma maldição!” Aslan pensou enquanto balançava a cabeça para os lados, precisava se distrair e não pensar mais na babá de seu filho. Uma leve dor de cabeça começara o afligir. Aslan fechou o cenho, se virou para trás. — Pare agora de falar! — Aslan rugiu assustando Tomás que estancou no lugar. — Sabe o que voc… — Tomás foi interrompido por um simples olhar que Aslan lhe lançou. — Preciso de silêncio. — Aslan vociferou voltando sua atenção ao campo calmo. — Por isso viemos aqui. Ele respirou fundo e abriu os braços os flexionando. Aslan sentia algo que nunca experimentara em toda a
Capítulo 9 Aslan levantou-se da beirada da cama, ele trajava somente um short de algodão azul escuro, exibindo seu torso musculoso, seguiu para as escadas, descendo-as com cuidado para não fazer muito barulho. Assim que entrou na sala de estar, ele pôde ver Valentina deitada no sofá dormindo em um sono profundo. “O que farei com você?” Aslan pensou parando de frente ao sofá em que a babá de seu filho dormia. Ele a pegou no colo com cuidado para que não acordasse. Como reflexo Valentina se aconchegou em seu torso quente, como consequência o coração dele acelerou. Sem saber como reagir a essa reação de seu corpo que julgou ser involuntária tratou de subir as escadas levando a babá de seu filho para um das dezenas de quartos de hóspedes. Seus pensamentos estavam tumultuados por sentimentos que nunca sentira antes e muito menos sabia nomear. O CEO pôde observar aquela mulher que tanto o perturbava mais de perto à medida em que a carregava. Sua pele delicada e tão lisa, seus olhos qu
Capítulo 10 Valentina ajudou Felipe a preparar sua mochila para que ele pudesse ir para a escola, ela não conseguia parar de pensar que dormiu no quarto de hóspedes da casa, e que aquilo teria consequências. “Com certeza que ele não me puniu por conta de Felipe.” Valentina pensou enquanto olhava para a estante de livros do menino, imersa em pensamentos ela se assustou com a mão de Felipe em seu braço. — Vamos? — Felipe disse em pé à sua frente, com a mochila nas suas costas, ansioso por causa que teria alguém para levá-lo à escola. Desde que se lembrava, seu pai nunca o levou ou sequer comparecia às reuniões, tudo era resolvido por terceiros. Às vezes ele se sentia triste e solitário, principalmente com as babás anteriores. Valentina anuiu em concordância, pegou em sua mão direita seguindo para a porta da frente da casa. — Você vai gostar do Edmont. — Felipe disse sorridente enquanto percorriam o corredor dos quartos. — Quem é Edmont? — Valentina perguntou sem entender quem era