Capítulo 3
Valentina andava ao lado de seu irmão, Nicolas, que tinha seu braço sobre seus ombros. Ela não conseguia parar de pensar na entrevista e em como seu futuro chefe era um arrogante e ranzinza. — Sabe de uma coisa, irmão, sinto que vou conseguir esse emprego. — Valentina disse com confiança, andando devagar a caminho do ponto de ônibus. — Você já conseguiu, maninha. — Nicolas afirmou bagunçando o cabelo de sua irmã. Valentina fechou o cenho com raiva de Nicolas por ter bagunçado seu cabelo. — Peste dos infernos! Já te falei pra não bagunçar meu cabelo. — Valentina disse enfezada com seu irmão. Nicolas sai correndo feito criança com medo de apanhar. — Volta aqui seu louco. Não vou te bater. — Humm sei! — Ele gritou, desconfiado, já quase no fim do quarteirão. — É sério! — Ela disse batendo o pé no chão, cruzando os braços. — Confia no santo e não reza! — Nicolas afirmou sabendo bem que Valentina estava mentindo somente para que ele se aproximasse para que ela lhe batesse. — Eu ia te contar uma coisa, mas como você não quer vir aqui. Não vou te contar. — Valentina tenta de todo jeito fazer com que Nicolas se aproximasse. — Você pensa que sou besta? Não sou não. — Nicolas disse se afastando mais para a sua própria segurança. — Tchau, irmã, vou voltar para a empresa, caso contrário meu chefe me mata. Me ligue assim que chegar em casa. — Tá bom. Tchau. Te amo. — Valentina disse seguindo para o ponto de ônibus que estava do outro lado da rua. “Eu só ia dar um peteleco nele. Como será que ele adivinhou?” Valentina pensou enquanto vigiava para ver se o ônibus que estava se aproximando era o que ela precisava. *** O carro de Tomás entrou no prédio pelo estacionamento subterrâneo, Aslan estava no banco de passageiro ouvindo seu amigo dizer amenidades como sempre. Ele já não prestava atenção a nada do que saia da boca de Tomás. “Quem será que era aquele homem?” Aslan pensou enquanto seu amigo estacionava o carro em sua vaga. Aslan não esperou o carro parar saindo dele, seguindo a toda velocidade em direção ao elevador. — Esperaaaaa Aslan! — Tomás gritou saindo de seu carro correndo para alcançar Aslan que estava de muito mau humor naquele dia. Ele parou no meio do caminho para esperar seu amigo, que conseguiu o alcançar com muito custo. — Temos uma reunião daqui a 10 minutos com a equipe criativa no departamento deles. — Aslan informou Tomás autoritário. “Pelo visto hoje será muito longo e cansativo.” Tomás pensou desanimado enquanto esperavam o elevador. Eles entram no elevador, Aslan apertou o botão do andar 38, onde aconteceria a reunião com a equipe criativa. Tomás rezava para que os funcionários não tivessem feito nada de errado, caso contrário, seria um esporro atrás do outro, e não poderia fazer nada. Assim que chegaram no andar desejado, Aslan saiu com pressa do elevador, sua secretária, que conhecia seu chefe muito bem pelos anos que trabalhava para ele, já o esperava no andar que acabara de descer. — Senhor, todos estão na sala de reunião aguardando. — Anne informa Aslan assim que o vê. Ele somente anuiu em concordância seguindo para a sala de reunião. As reuniões com a equipe criativa aconteciam toda semana. — Isso não vai prestar! — Tomás murmurou para si mesmo enquanto balançava a cabeça negativamente. Pelo que conhecia seu amigo, ele não estava no seu normal, seu estresse e mau humor estava atingindo até mesmo o próprio Tomás e a secretária. — Com licença. — Anne disse para Tomás, voltando para o andar da presidência. Aslan estava mais a frente não escutou sua secretária saindo, seu amigo andou mais rápido para alcançar o CEO que virava em um corredor. — Vá fazer o seu trabalho, deixe a reunião comigo. — Aslan ordenou ríspido. Ele andava cada vez mais rápido para não se atrasar. Pelas suas contas ele tinha mais 5 minutos. Tomás ignorou o CEO continuando a segui-lo. — Nem pensar. Eu vou com você. E não aceito não como resposta. — Tomás afirmou desobedecendo a ordem de seu amigo e chefe. — Você sabe bem que posso te demitir por não obedecer uma ordem minha!? — Aslan se virou para trás vociferando as palavras irritado. — Então me demita. Mas eu vou participar, você querendo ou não. Hoje você está meio lelé da cabeça. Estou indo para ajudar, se esquece que também faz parte do meu setor? — Para isso você já tem um representante do seu setor — falou mal humorado com as palavras do amigo de infância, se não fosse isso estaria sendo enxotado agora mesmo pela ousadia — Não tem problema. Já ouviu falar que duas cabeças pensam melhor que uma? — perguntou piscando com humor. Aslan entrou na sala, cumprimentando as pessoas que já se encontravam à sua espera, sua expressão facial fechada indicava que estava para poucos amigos naquele dia. Os funcionários se olharam sentindo a tensão no ar. — Podemos começar a reunião. — Ele disse se sentando na cadeira que estava no topo da mesa. — Daniel pode começar informando os dados de utilização da Sarta. — Aslan ordenou secamente. Tomás observa tudo de seu lugar, até então estava tudo ocorrendo dentro das conformidades. Daniel, o funcionário responsável pelos gráficos e pelo fluxo de utilização da IA, explicava os gráficos que apareciam no slide. — O que pensa que está fazendo? — Aslan rosnou irritado com seu funcionário, ele não aguentava ver pessoas não fazendo seu trabalho direito e era claro que não aceitaria erros em sua empresa. — O meu trabalho. — O funcionário respondeu encolhendo os ombros com medo da reação do CEO da empresa. — E está fazendo errado. — Aslan afirmou com veemência. — Esses gráficos estão errados e esse slide foi feito nas coxas. — Desculpe, senhor! Vou fazer melhor a partir de agora. — O funcionário disse animado em aprender como se realmente fazia. Aslan se irritou com a animação que julgou sendo forçada, fechou o cenho, franziu a testa incomodado com tanta animação. — Não fique tão animado. Você errou e deve aprender a fazer o certo, caso contrário será demitido, entendido? — Aslan disse irritado, ele já estava acostumado a ficar irritado. Com raiva, cansado de tantas pessoas burras a sua volta, saiu da parte criativa da Aslan S.A. seguindo para o elevador, voltando para o andar da presidência da empresa. — Em nome da Aslan S.A. eu posso afirmar que não acontecerá isso novamente — Tomás afirma para todos saindo da sala logo atrás de seu amigo que com toda certeza não estava no seu normal. — O que deu em você? — Tomás perguntou esbaforido. — Não sei do que está falando. — Aslan respondeu sendo ríspido com Tomás, chamou o elevador na esperança de que viesse o mais rápido possível para não ouvir mais as ladainhas de seu amigo. — Você nunca ficou assim. — Tomás disse fazendo Aslan revirar os olhos cansado do amigo lhe perturbando. — Apenas vá para o seu setor — disse fechando as portas do elevador deixando Tomás para fora com a boca aberta sem acreditar no que acabara de presenciar. Aslan tentava se controlar, mas naquele dia em específico tudo estava lhe tirando do sério. — Anne, preciso de um chá calmante com urgência. E cancele as reuniões do restante do dia. — Aslan ordenou sendo rude assim que saiu do elevador pisando firme seguindo para sua sala, sequer olhou para os lados, a raiva e o estresse o consumiam. “Meu Deus!” Anne pensou enquanto telefonava para a copa, Assim que uma funcionária atendeu a ligação, ela informou que o CEO precisava de um chá calmante com urgência. — Anneee! — Aslan gritou de dentro de sua sala, o que fez com que ela se assustasse. Mesmo com receio entrou na sala se deparando com um Aslan furioso, segurando um papel amassado nas mãos. — Chame essa mulher e a contrate como babá para o Felipe. — Aslan ordenou rosnando jogou o currículo em cima da mesa furioso. — Sim, senhor. — E cuide para que Valentina esteja preparada para tudo. E não se esqueça de avisar a governanta.Capítulo 4 Tomás, sentado em sua cadeira, pensava em como ajudaria seu amigo a resolver seu problema de estresse, ele trabalhava em alguns projetos de seu departamento, o computador estava a sua frente com gráficos que não acabavam mais, entretanto, sua mente estava longe, seus pensamentos fervilhavam em vários situações hipotéticas. “E se eu levá-lo a um bar?” Tomás pensou animado por ter conseguido pensar em uma saída para o problema de seu amigo. Ele pegou o celular de cima da mesa e mandou uma mensagem para Aslan. Tómas Vamos sair hoje depois do trabalho! 14:30 Aslan Vá trabalhar! E não vamos sair! 14:40 Tomás E eu te perguntei alguma coisa? Estava te avisando. 14:41 Aslan E quem te disse que quero sair? Sai do celular e vai trabalhar. Isso é uma ordem. 14:45 Tomás Eu que disse! Ok! 14:46 Tomás voltou a se concentrar em seu trabalho com um sorriso nos lábios, enquanto analisava os gráficos escutava uma música de concentração. *** Aslan se encontrava em
Capítulo 5— Maninhaaaaaa!!! — Tomás disse assim que abriu a porta — Aslan, Felícia chegou é hora de irmos. Tomás concluiu, saindo da frente da porta para que sua irmã pudesse entrar na casa, ele se encontrava muito animado para ter uma noite de bebedeira com Aslan, já fazia muito tempo que não tinham uma noite de amigos, era o que seu amigo praticamente irmão precisava. — É muito bom te ver Aslan. — Felicia disse dando um abraço no CEO, os três foram criados juntos desde a infância, não eram irmãos de sangue, mas irmãos que a vida tratou de unir. Tomás andou em direção a sala, se aproximou do sofá onde Felipe estava sentado vendo tv.— E ai, campeão? — Tomás disse se agachando para ficar da mesma altura de Felipe. — Eu e seu pai vamos sair hoje. Felipe se encolheu no sofá, um tanto triste de não poder passar a noite com seu pai.— Você vai ficar com a Tia Felícia. — Tomás disse ao perceber que o garoto ficara triste com a notícia que o pai não ficaria com ele naquela noite. Ele s
Capítulo 6 Valentina parou diante da mansão de Aslan, era imensa,para ela mais parecia um castelo do que uma casa, realmente digna do dono de um império de tecnologia. Com as pernas doendo de tanto que andou pelo condomínio, ela percorreu todo o passeio chegando à imponente e enorme porta de madeira maciça, tocou a campainha esperando que fosse atendida. A enorme porta foi aberta, uma mulher por volta de sessenta anos apareceu com um sorriso tímido no rosto, ela vestia seu uniforme de governanta. — Valentina, entre pelas portas dos fundos, os funcionários não entram por aqui. — A mulher sussurrou gentilmente fechando a porta logo em seguida antes que Valentina pudesse dizer alguma coisa. Ela percorre todo o quarteirão dando a volta na casa, pois a entrada de funcionários era nos fundos da casa, e não tinha passagem pela frente. Suada, cansada e esbaforida de tanto andar, Valentina finalmente tinha chegado à famigerada entrada dos funcionários, ela estava diante de uma porta d
Capítulo 7Felipe entrou em casa correndo como sempre fazia depois de voltar da escola, subiu as escadas na mesma velocidade em que entrou em casa, seguindo para o seu quarto, cuidou de sua higiene pessoal, saiu do banheiro com os cabelos molhados pingando água em sua blusa de um super herói muito famoso entre as crianças cujo Valentina não sabia o nome.Valentina que estava distraída esperando que o garoto saísse do banheiro para que se apresentasse ficou boquiaberta quando percebeu que o garoto era um xerox de Aslan. — Quem é você? — Felipe perguntou tentando entender o porque tinha uma mulher sentada em sua cama, o pequeno a observou, ela não usava uniforme de empregada, ele se preparou para sair correndo, pois estava com medo da mulher que o encarava como se estivesse vendo um fantasma.— Sou Valentina, sua nova babá! — Valentina disse em um tom doce antes que o menino saísse correndo do quarto. Emburrado, com raiva, e triste por seu pai não pensar nele um minuto sequer, além, é
Capítulo 8 Aslan caminhava no meio do campo de golfe, Tomás estava em seu encalço falando igual um gárrulo coisas que não eram nenhum pouco importantes. Cada um tinha seu caddie que carregava seus equipamentos com tacos e bolas de golfe. Ele decidiu ir ao clube de golfe que era associado pois não estava conseguindo se concentrar no trabalho, sua mente sempre desviava-se para Valentina. “Essa mulher é uma maldição!” Aslan pensou enquanto balançava a cabeça para os lados, precisava se distrair e não pensar mais na babá de seu filho. Uma leve dor de cabeça começara o afligir. Aslan fechou o cenho, se virou para trás. — Pare agora de falar! — Aslan rugiu assustando Tomás que estancou no lugar. — Sabe o que voc… — Tomás foi interrompido por um simples olhar que Aslan lhe lançou. — Preciso de silêncio. — Aslan vociferou voltando sua atenção ao campo calmo. — Por isso viemos aqui. Ele respirou fundo e abriu os braços os flexionando. Aslan sentia algo que nunca experimentara em toda a
Capítulo 9 Aslan levantou-se da beirada da cama, ele trajava somente um short de algodão azul escuro, exibindo seu torso musculoso, seguiu para as escadas, descendo-as com cuidado para não fazer muito barulho. Assim que entrou na sala de estar, ele pôde ver Valentina deitada no sofá dormindo em um sono profundo. “O que farei com você?” Aslan pensou parando de frente ao sofá em que a babá de seu filho dormia. Ele a pegou no colo com cuidado para que não acordasse. Como reflexo Valentina se aconchegou em seu torso quente, como consequência o coração dele acelerou. Sem saber como reagir a essa reação de seu corpo que julgou ser involuntária tratou de subir as escadas levando a babá de seu filho para um das dezenas de quartos de hóspedes. Seus pensamentos estavam tumultuados por sentimentos que nunca sentira antes e muito menos sabia nomear. O CEO pôde observar aquela mulher que tanto o perturbava mais de perto à medida em que a carregava. Sua pele delicada e tão lisa, seus olhos qu
Capítulo 10 Valentina ajudou Felipe a preparar sua mochila para que ele pudesse ir para a escola, ela não conseguia parar de pensar que dormiu no quarto de hóspedes da casa, e que aquilo teria consequências. “Com certeza que ele não me puniu por conta de Felipe.” Valentina pensou enquanto olhava para a estante de livros do menino, imersa em pensamentos ela se assustou com a mão de Felipe em seu braço. — Vamos? — Felipe disse em pé à sua frente, com a mochila nas suas costas, ansioso por causa que teria alguém para levá-lo à escola. Desde que se lembrava, seu pai nunca o levou ou sequer comparecia às reuniões, tudo era resolvido por terceiros. Às vezes ele se sentia triste e solitário, principalmente com as babás anteriores. Valentina anuiu em concordância, pegou em sua mão direita seguindo para a porta da frente da casa. — Você vai gostar do Edmont. — Felipe disse sorridente enquanto percorriam o corredor dos quartos. — Quem é Edmont? — Valentina perguntou sem entender quem era
Capítulo 11 — Ella, traga um copo de água com açúcar. — Aslan vociferou para que a governanta que se encontrava estática no hall de entrada, ele entrou na sala colocando Valentina com cuidado no sofá, ele a observava com atenção, ternura e carinho. A governanta, que os seguiu, estava sem acreditar no tratamento que a nova funcionária recebia de Aslan. — O que faz parada aqui? — Com licença. — Ella disse seguindo para a cozinha buscar o copo de água que seu chefe havia lhe ordenado. Valentina tremia de medo, nunca em toda a sua vida tinha passado por uma situação dessa. Ela não conseguia olhar nos olhos de Aslan, se sentia suja, culpada por aquilo ter quase acontecido. — Vai ficar tudo bem. Já passou. — Aslan afirmou enquanto se sentava ao lado de Valentina a aconchegando em um abraço. Ella apareceu com o copo de água com açúcar, Aslan pegou-o da bandeja que a governanta segurava entregando para Valentina que o olhou questionando o que era. — Água com açúcar. — Ele disse com ca