Capítulo 4

Capítulo 4

Tomás, sentado em sua cadeira, pensava em como ajudaria seu amigo a resolver seu problema de estresse, ele trabalhava em alguns projetos de seu departamento, o computador estava a sua frente com gráficos que não acabavam mais, entretanto, sua mente estava longe, seus pensamentos fervilhavam em vários situações hipotéticas.

“E se eu levá-lo a um bar?” Tomás pensou animado por ter conseguido pensar em uma saída para o problema de seu amigo. Ele pegou o celular de cima da mesa e mandou uma mensagem para Aslan.

Tómas

Vamos sair hoje depois do trabalho!

14:30

Aslan

Vá trabalhar!

E não vamos sair!

14:40

Tomás

E eu te perguntei alguma coisa?

Estava te avisando.

14:41

Aslan

E quem te disse que quero sair?

Sai do celular e vai trabalhar.

Isso é uma ordem.

14:45

Tomás

Eu que disse!

Ok!

14:46

Tomás voltou a se concentrar em seu trabalho com um sorriso nos lábios, enquanto analisava os gráficos escutava uma música de concentração.

***

Aslan se encontrava em frente ao elevador principal da Aslan S.A., ele esperava Tomás com seu cenho franzido, concentrado enquanto digitava frenético no aparelho, mandava uma mensagem para a governanta de sua casa, ela teria que sair pois acontecera um imprevisto pessoal. Sem paciência alguma para continuar a conversa pelo aplicativo de mensagens, ele inicia uma chamada de voz com a governanta no intuito de confirmar qual era o horário que ela sairia de sua casa.

— Senhor Aslan, mil desculpas, mas hoje não poderei ficar com Felipe até o senhor chegar. — A governanta disse assim que atendeu o telefone, ela conhecia muito bem seu patrão, o viu crescer correndo pela casa, ele sempre foi um menino muito centrado e educado, ela não conseguia compreender quando que o doce Aslan foi embora e esse ranzinza tomou conta. — Já estou de saída, deixarei Felipe vendo um desenho.

Aslan observava seus funcionários indo embora, felizes e cansados de um dia exaustivo. Ele ficou parado na recepção observando, pensava em como sua vida era fútil e sem sentido. Em como as coisas belas estavam nas pequenas coisas que vivemos. Se aquelas pessoas o olhassem e soubessem o que ele refletia ao vê-los, com toda certeza achariam que ele não estava bem. Aslan permanecia em silêncio, o que preocupou a governanta.

— O senhor está aí? — Ella perguntou ao perceber que seu chefe não a escutava.

— Sim, estou. — Aslan disse atordoado saindo do transe em que se encontrava.

— Ótimo, como disse não vou poder esperar o senhor chegar, então vou deixar Felipe vendo tv…

— Sem problema. — Aslan disse a interrompendo, logo desligando a chamada, entrou no elevador que havia finalmente chegado. Ele mandou uma mensagem para Tomás que ainda estava em seu departamento pelo que sabia.

Aslan

Não vou poder sair hoje.

17:00

Bloqueou o celular o colocando no bolso de sua calça enquanto o elevador se aproximava do chão. Ele teria que fazer o sacrifício de ficar com o seu filho. Era verdade que o menino de 8 anos o fazia se lembrar do maior erro da sua vida, ter se envolvido com Agnes.

— Vamos para casa, Juan. — Disse ao sair do elevador, seu motorista já o esperava de prontidão, abriu a porta de trás do luxuoso carro preto para que Aslan pudesse entrar.

O caminho até em casa foi tranquilo, apesar do trânsito que pegaram por conta do horário do rush. Enquanto esperava chegar em casa, Aslan conversava em uma ligação com Tomás.

— Não quero ouvir desculpas, eu vou te buscar em casa. — Tomás afirmou assim que seu amigo atendeu a ligação. — Assim que chegar em casa, tome um banho, fique cheiroso e sexy para arrumar uma companhia para essa noite.

— Eu não vou ficar com ninguém. E não tenho quem fique com o Felipe pra sair… — Aslan disse expondo a sua realidade ao amigo. — A governanta está de folga essa noite

— Eu dou um jeito — Tomás disse desligando a ligação, pelo que Aslan conhecia o amigo, ele encontraria uma solução para arrastá-lo para onde quer que fossem que iriam.

Ao entrar em casa, Aslan foi surpreendido por um abraço apertado em suas pernas que o fizeram estancar no lugar.

— Eu te amo, Pai. — Felipe disse surpreendendo mais uma vez Aslan que não esperava isso de seu filho. Ele sempre foi muito seco com Felipe, então esperava o mesmo tratamento que dava. Ele bagunçou os cabelos de seu filho que o soltou finalmente do abraço. — Vamos brincar, pai?

— Depois, meu filho, eu estou exausto. — Aslan disse seco subindo as escadas que davam acesso aos quartos. Ele necessitava de um banho com urgência.

Felipe permaneceu no primeiro andar com os olhos cheios de lágrimas não derramadas, ele sentia falta do pai, que era muito ausente em sua vida, não queria babás tomando conta dele, queria o seu pai, ali, presente para quando ele precisasse, entretanto a realidade era outra e Felipe precisava se acostumar com a ausência de Aslan.

A campainha tocou quatro vezes, Aslan aparentemente ainda estava no banho, Felipe mesmo sabendo que era perigoso decidiu ir a porta para ver quem era que havia chegado.

— Quem é? — Felipe perguntou diante da porta enorme.

— É o tio Tomás, Fê. — Tomás disse para a alegria do menino que arreganhou a porta sem pestanejar.

Felipe se jogou nos braços de Tomás que o pegou no colo o carregando até o sofá. Ele faz cócegas no garoto que gargalhou sem conseguir parar.

— Tio, para! — Felipe implorou entre uma gargalhada e outra.

— Mas quem é o responsável por toda essa bagunça? — Aslan perguntou descendo as escadas, já arrumado. Ele vestia uma camisa preta e uma calça jeans preta.

— Vejo que já está pronto para irmos! — Tomás afirmou se virando para ver o amigo.

— Onde vocês vão? Eu posso ir também? — Felipe perguntou animado.

— Meu bem, você vai ficar com minha irmã. — Tomás disse carinhosamente. — Ela já deve estar chegando inclusive.

Aslan permaneceu em silêncio, pois se falasse alguma coisa rude com certeza seria escorraçado por seu amigo. A campainha tocou e Tomás foi atender a porta como se a casa fosse sua.

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