Eram tantas obras de arte para serem vistas que Mel ficou deslumbrada. Seu pensamento lhe trazia um futuro de sucesso e glamour. — Um dia meu nome estará nas maiores conferências de obras de arte! — exclamou para o pai. Marco sorriu. Ver a filha naquele estado de espírito era gratificante. — Sim, Mel! Você será o orgulho da família Alves! — O que está achando deste lugar? Para quem desdenhou, até que me parece bem satisfeita. Mel ignorou o pai. Bastava olhar em volta e ver que o museu Paulo Marzola necessitava de uma reforma, pois a pintura creme da parede estava gasta, o assoalho de tacos de madeira rangia, a iluminação era precária e havia tantos outros problemas, frutos da má administração de 60 anos. Fundado em 1965, o museu deixava em exposição os objetos da época de ouro da cidade de Jandaia. Mas o mês de Junho era diferente. O diretor do museu promovia eventos especiais na tentativa de chamar a atenção dos moradores e, claro, arrecadar dinheiro e promover os a
Em uma noite qualquer... — Vamos mano! Último round! — Precisamos evitar mais uma derrota! — Não seja medroso! Protege a bomba! É você contra ele! Auro soltou o controle, deixando-o cair sobre o tapete da sala. Jogou seu corpo para trás no sofá e desabafou: — Foi mal, cara! Você sabe que não consigo me concentrar sob pressão. Ainda encarava seu personagem morto na tela do pc enquanto o time inimigo desarmava a bomba. — Torcer para estar sem kit!. Bebeu as últimas gotas de refrigerante dentro da latinha. A bomba foi desarmada e era mais uma derrota para a equipe. Do outro lado do fone, um suspiro foi dado. — Mais uma vez perdemos porque jogamos na defensiva! — disse Mia, deslogando do jogo. — Obrigado Auro e Ruben! Vocês jogam muito! — sarcasticamente, Odisseu se despediu da equipe. — Meninos! Não liguem para eles. Estão nervosos pela 5ª partida seguida que perdemos. Ainda amo vocês! Até a próxima! — Gloria partiu, ficando offline.
— Está tudo bem, garotinho? — uma voz doce veio de encontro ao seu ouvido esquerdo. Em um choque de realidade, corrigiu a postura ajeitando sua camiseta que já transparecia a sua barriga por cima da bermuda. — Sim, moça! — respondeu abaixando a cabeça. Lentamente, olhou para o lado e viu uma mulher fantasiada de Virgie, a personagem do novo jogo que tanto aguardara. Não sabendo que atitude tomar, começou a andar, mas foi segurado por ela. — Calma, não precisa se envergonhar! Olha pra mim! Um longo vestido preto com um uma faixa verde na cintura lhe cobria o corpo deixando apenas os braços nus. Em seu pulso, um bracelete de serpente e nas orelhas, dois brincos com diamantes verdes. — Quer ver uma coisa bacana? — indagou enquanto passava a mão sobre a cortina da cabine que até pouco tempo estivera Ruben. Quando a moça puxou a cortina, uma luz intensa brilhou. Virgie entrou na cabine, se virou e... — Venha Auro! — fez um gesto com a mão para o garoto que estava boquia
O professor anunciou: — Enfim, chegou o grande dia. Após um mês de longas partidas conheceremos os grandes campeões do 60°Torneio do Tempo do Colégio “General Câmara”. — Senhoras e senhores! Dois competidores, com estilos diferentes, estão prestes a se enfrentar em apenas uma partida pelo título de novo campeão do 5°Torneio de xadrez do nosso colégio. “— Precisa de tanta algazarra? É só mais uma partida.” Renan refletia encarando sua oponente do outro lado do tabuleiro enquanto o professor Orpheu se deliciava apresentando os jovens enxadristas à plateia. O Torneio do Tempo acontecia a cada quatro anos e contemplava vários estilos de jogos: xadrez, dama, ludo, entre outros. Neste dia, entre tantos alunos, pais e professores, estava Thereza apreensiva vendo seu filho sentado na cadeira no centro do ginásio. Apesar de não entender de xadrez, observava atentamente o painel suspenso acima dos jogadores. “— É hoje que vou tirar esse sorrisinho esnobe da cara dela!” — pe
Renan aproximou-se mantendo a postura ereta e com ar superior, falou: — Damas?!? —Sim! Damas. Não sabe jogar? — o senhor questionou-o colocando as mãos sobre a lateral do tabuleiro construído sobre a mesa. — Sei jogar, mas é uma perda de tempo! — Desdenhou e virou-se. — O que você sabe sobre o tempo? Pelo que pude observar foi ele que te fez perder o torneio do colégio, não é mesmo?! Renan virou-se e perguntou: — Quem é você? Prontamente, o senhor respondeu: — Eu?? Sou apenas alguém querendo jogar damas! Renan analisou aquele homem petulante. Aparentava ter uns 50 anos, branco, baixinho, gordinho de bochechas rosadas, olhos verdes e um cavanhaque grisalho que cobria toda sua boca, além do cabelo curto e grisalho abaixo de uma boina cinza. Vestia uma camiseta branca com um sobretudo preto, uma calça social preta e um sapato cinza.Notou ainda, que havia uma pequena corrente prateada presa entre a calça e algum objeto dentro do sobretudo. — Não fique ai me encarand
Era chegada a tão esperada noite de sexta-feira. Em seu quarto, Giulia se preparava para curtir. Fazendo os últimos retoques em sua maquiagem escutava sua música favorita no notebook, Fear of The Dark do Iron Maiden. Embalada pelo ritmo, a jovem garota terminara de passar seu batom preto e se jogou sobre a cama pensando em como terminaria aquela noite. Observou, vários objetos espalhados entre a estante e as prateleiras fixadas na parede. Segundo ela, era uma forma de proteção contra as forças ocultas do além e, por isso, gerava muita discussão com o avô, Carlos. Quadros, esculturas de gesso, pôster de bandas de rock, medalhões, cartas de tarô, bichos de pelúcia, revistas de maquiagem, pentagrama e incenso se misturavam ali, sinal de uma adolescente que ainda procurava se descobrir internamente. E, claro, encarava a foto de Adam que estava entre cartas e bonequinhos de vodu. — Ai Adam! — suspirou. O quarto sombrio era iluminado pela tela do notebook, velas vermelhas e br
— Está sim! Encontro vocês lá daqui a pouco. — confirmou Ramon saindo para atender outro cliente. Giulia olhou no relógio fixado na parede do bar, faltava meia hora para dar meia noite e um arrepio percorreu o seu corpo. — Vamos Giu. Termina de beber que precisamos ir. Giulia bebeu encarando Ramon, um rapaz branco, baixinho de cabelo preto e curtinho. Olhos castanhos e, quem olhava atentamente, repararia os dentes desalinhados. Sem questionar aquela conversa, partiram em direção a saída, foram em silêncio até o estacionamento e entraram no carro. — E aí? O que está rolando? — Giu fitou a amiga. — Você já ouviu falar sobre o mito dos 15 anos de Joaquim Ledô? Giulia deu risada. Já escutara sobre, mas seus conhecimentos sobre o ocultismo faziam-na achar graça naquela velha história para assustar crianças. Cruzou os braços entre o ventre e falou: — Sim, já me falaram, mas gostaria de ouvir a sua versão. — Então! Muito bem. Dizem que Joaquim Ledô era um senhor
Os quatro se entreolharam e Adam disse: — Quinhentos Vans?! Achei o que o pai dele tivesse mais dinheiro. hahaha— e saiu à procura da pirâmide. Os demais se dispersaram com as suas lanternas. Giulia foi em direção ao centro e refletia: “— Não sabia que Adam era assim. Perda de tempo.” — E o que eu estou fazendo aqui? Acham que andar no cemitério neste horário me assusta? — falou entre os túmulos. Um clarão apareceu no céu e um trovão foi ouvido. — Que estranho! Olhou para o céu enquanto uma chuva fina caia manchando sua maquiagem. — Parece que o mundo está acabando lá fora e aqui dentro, temos esta chuva fina. A garota permaneceu estática, foi quando o barulho de um gato foi ouvido o que a fez virar a lanterna um gato preto a fixava com os olhos verdes. Avistou um pequeno objeto triangular na coleira do animal e, ao apontar a lanterna, viu que era o tal cristal. O gato saiu em disparada, Giulia correu atrás dele parando em um dos corredores e avistou o