— O que está fazendo? — a alfa perguntou sentindo os instintos despertarem. — Solte-a. — O comando saiu em meio a um rosnado e ela alertou a todos, incluindo seu companheiro, que mesmo distante, sentiria seu chamado.— Você foi tola em nos abrigar, nos colocou aqui dentro sem questionar. A culpa é sua. Seu povo irá morrer.— Por que está fazendo isso?— Oh, é uma história triste. Um dia minha família cuidou de um lobo ferido e depois, descobrimos que ele na verdade não era um lobo qualquer. — A bruxa falava e acariciava o filhote adormecido. — Ele tinha uma magia muito especial e nós só queríamos um pouco como forma de retribuição, mas ele não aceitou e matou todos. Eu e minha irmã fomos poupadas, acho que ele não conseguia matar crianças.A alfa procurava brechas para atacar, mas o filhote era muito frágil ainda, ela teve medo como nunca antes. Ela sentiu os outros chegando, mas não lhe houve tempo, a bruxa entregou o bebê rapidamente nas mãos da irmã e disse algo em uma língua desco
ThalesJá fazia um tempo e o dia estava amanhecendo. Aurora estava cansada, mas ela não era uma mulher comum, sua força era grande para suportar a dor. Eu não saí do seu lado em nenhum momento e tentei lhe transmitir tranquilidade e força não só através de ações e palavras, mas também através do nosso vínculo.Adelya e Janete estavam ajudando, mas respeitavam bastante o tempo de Aurora, ela era a única que poderia saber quando nasceriam de fato. Na sala, Rubens e Rhael estavam atentos, eles eram nosso pequeno bando, mesmo que Rubens ainda não fosse um lobo.Aurora gemeu durante a contração forte e em seguida, agachou-se no chão, eu a acompanhei amparando suas costas, ela respirou fundo e as contrações vieram novamente. Adelya massageou sua barriga suavemente. Aurora gemeu mais uma vez e apoiou sua cabeça em meu ombro. Nós permanecemos na mesma posição e enfim as contrações aumentaram. — Vai nascer. — Aurora disse em um sussurro, mas Adelya que estava perto, escutou bem.Rapidamente e
21 anos antes…MaryA barriga de oito meses não era tão grande como já vi em outras mulheres, mas deve ser pelo fato de eu não ser uma mulher comum. O colchão duro deixava minhas costas doloridas, porém, nada naquela sala era para me dar algum conforto, ao contrário, as câmeras posicionadas nos quatro cantos não me deixavam esquecer do porquê estava ali. A sala bem iluminada e insalubre estava bem trancada, através do vidro reforçado, via o corredor branco e vazio.Perdi a noção do tempo que estava ali, é incrível como a vida de uma pessoa pode mudar drasticamente. Há um tempo, eu tinha uma vida “comum”, tinha casa, trabalho, uma vida... tudo o que uma pessoa normal deseja.Mas eu não era uma pessoa normal.Havia uma anomalia em meus genes, herdado dos meus antepassados. Minha mãe certa vez contou sobre a maldição da nossa família, disse que éramos fadados a morte, nunca passávamos dos quarenta anos de idade. Segundo ela, era devido a nossos genes de lupinos.Uma criatura que existiu
— Mary, querida, hoje está um lindo dia! Uma pena que não possa ver já que seu banho de sol foi cortado. Sabe, é difícil achar funcionários hoje em dia e aquele que você estraçalhou me fez muita falta. — sorriu e chegou mais perto. — O quê? Não irá rosnar? Mostrar esses dentes...Permaneci imóvel, olhando-a. Carmem era bastante jovem, era impressionante como uma mulher de beleza angelical poderia ser tão ruim, além disso, era de total confiança do dono desse laboratório, eu o vi apenas uma vez, era horripilante e talvez mais cruel que ela.Amaro me ajudou a deitar na maca fria no meio da sala. Passou as travas de couro por cima dos meus quadris, ombros e pernas. Nos pulsos e tornozelos tinham o mesmo modelo que o da cadeira: um metal reforçado.A bata que usava foi levantada até meus seios, expondo minha barriga. Carmem se ajeitou na cadeira e despejou o gel frio na minha pele para em seguida passar o aparelho de ultrassom. Continuei com os olhos atentos a ela, seus cabelos loiros es
Havia três seguranças dentro da sala em que estive anteriormente. — Paradinha aí lobinha — outro falou com a arma apontada para mim. Rosnei em resposta. Eu odiava esse apelido, eles me chamavam assim enquanto me espancavam ou abusavam de mim. Deixei que minha natureza me dominasse, meu corpo cresceu um pouco mais, minha pele foi coberta com pelos na cor marrom, as garras ficaram maiores assim como os dentes. Senti minha bebê agitar-se, mas ela estava bem, apenas reagindo à loba dentro de mim. Usando da velocidade, peguei a cadeira ao meu lado e a arremessei, o suficiente para eles saírem das posições. O primeiro foi derrubado assim que minhas garras atingiram seu rosto, rasgando a pele. O segundo atirou, fui atingida no braço mas não parei, o ataquei da mesma forma, desarmando-o antes de afundar minhas garras em seu peito e matá-lo. Senti o choque percorrer meu corpo, minha barriga se contraiu e minhas pernas amoleceram, mas não podia parar. Me joguei em cima do terceiro homem
— Tem, mas você não vai abrir a porta, pode ser uma armadilha para um assalto.— É uma mulher ferida, Otávio! — afirmei já abrindo a porta.— Janete! Que mulher teimosa.A mulher se agachou, estava muito ferida, a bata que cobria seu corpo estava ensanguentada. E pior, ela estava grávida.— Me ajude, por favor… — suplicou e se afastou para se escorar em uma árvore. — Minha bebê vai nascer, me ajude.— Podemos levá-la ao hospital. Vem — Peguei em seu braço na intenção de ajudá-la a levantar, mas ela me impediu ao colocar sua mão por cima da minha.— Não vai dar tempo, está na hora. E não posso ir para o hospital, eles irão levá-la de volta para aquelas pessoas. Por favor, me ajude, não permita que ela vire uma cobaia.Apesar de não fazer ideia do que a mulher estava falando, pude sentir o seu medo, havia uma fraca iluminação da lua, ela estava cheia e bem alta no céu devido a hora. A mulher grunhiu se contorcendo, segurando a barriga.— Ela vai nascer agora, por favor…— Otávio, afaste
Atualmente Aurora — Não acredito que estamos fazendo isso de novo — murmurei ao ver minha mãe saindo da loja de conveniência. Tirei a mangueira de gasolina do carro e devolvi para a suporte. Estávamos há dias na estrada e ainda faltava muito para chegar na tal cidade. — Quer que eu dirija agora? — perguntei sem esconder meu aborrecimento. — Não. Ainda estou bem disposta. — Entregou-me a sacola ao passar por mim. — Anime-se, essa viagem está sendo ótima. Quase revirei os olhos ao ouvir isso. Entrei no carro e olhei as guloseimas que tinha comprado. — A senhora sempre diz a mesma coisa. — Bufei. — Aurora, não reclame. A cidade parece ótima, tenho certeza que vai gostar. — Ligou o carro e saímos devagar. — Fim de mundo a senhora quer dizer — retruquei. — Já vi fim de mundos piores... — Cantarolou daquele jeito provocador e irritante que sempre fazia. — Mãe, essa cidade nem está no mapa. Pra chegarmos aqui tivemos que atravessar o país e ainda entrar naquele mini avião que an
— Então, o que deseja? — O homem de aparência tão rústica quanto o lugar perguntou depois de um longo silêncio. — Ah, eu… Ele tinha um olhar intenso, profundo. Embora seus traços fossem fortes a ponto de deixá-lo com uma expressão séria, eu via uma gentileza contida. Tudo nele parecia combinar, desde os cabelos escuros e um pouco revoltos que caiam de forma desordenada por seu pescoço, até aquela barba que acentuava o maxilar definido. Parecia selvagem no primeiro momento, mas olhando-o profundamente, era aconchegante, tranquilo. Por um breve momento, senti como se tudo estivesse no lugar. Era como chegar em casa. — Você é a nova moradora ou turista? — Bem… — Estava agitada, sem saber como agir. — A primeira opção. — Imaginei, nós estávamos esperando os novos moradores. Seja bem vinda. — Estendeu-me a mão e me ofereceu um sorriso gentil. Olhei para sua mão e fiquei mais nervosa, porém quando a toquei, senti aquele arrepio, aquela sensação quente. Um calor se formou no meu ce