"E se no futuro, o destino fosse mais cruel do que agora? Em um mundo cheio de tecnologia, a Agente Doze passou meses infiltrada em uma organização criminosa que, entre seus estimados negócios, mantinham crianças e mulheres presas para o tráfico de pessoas. Depois que acabou, ela pensou que finalmente estaria livre para viver o que quer que fosse aquela paixão avassaladora que ela sentia por Antonieta, filha do chefe traficante. No entanto, seus planos são frustrados quando no último dia do seu disfarce, ela reencontra sua grande paixão de infância, cujo precisará proteger de homens perigosos. Contudo, nada disso será válido, se ela não conseguir impedir que Alexander coloque seu plano em prática e destrua sua chance de viver um amor verdadeiro".
Ler maisElas caminharam mata a dentro. Havia uma pequena floresta em volta dos cercos elétricos. A Major segurava uma AK 49, que era semelhante a AK 47, só que modificada, com visão infravermelha, alcance de quase 900 metros e balas ainda mais rápidas e leves, causando efeitos catastróficos. A agente 13 carregava uma M16, também modificada, com alcance superior a um quilômetro e um sistema que só destravava com uma digital reconhecida e ajustada no sistema, coisa que a Major havia feito muito rapidamente em seu computador portátil. Antonieta levava consigo uma M1911, calibre 45, de eficaz alcance em até 200 metros. A Major coordenou a formação, onde ela e Elizabeth iam lado a lado, em passos rápidos e silenciosos, enquanto Antonieta ficava atrás, cobrindo-as por trás e se protegendo.De repente, um estalo as fizeram parar. A Major ergueu o punho fechado e prendeu a respiração. Devagar, ela se agachou, pegando uma pequena folha e jogando a menos de 1 metro de distância
Elizabeth ficara parada, sem saber o que fazer para impedi-la.No fim, sabia que não havia saída. Que não importava o que dissesse, demonstrasse, a Major estava decidida. Seu arrependimento nunca fora tão grande. O tanto de tempo que elas perderam... Tudo apenas por medo, vergonha de si mesma. Seu pai sempre dissera que ser gay era a maior vergonha que alguém poderia dar a um familiar e ela aceitara isso. Se prendera dentro de si mesma, enfrentando relacionamentos banais, aceitando viver qualquer migalha de amor, para satisfazer o ego da sua família. Mesmo depois de adulta, não deixara de tentar agradá-los, namorando homens escrotos, vivendo relações sem qualquer sentimento, perdendo anos da sua vida em busca de algo que estava bem a sua frente.A Major terminou de colocar tudo que precisaria no carro, o que não era muito. Ela deixou as coisas arrumadas e se encaminhou para o carro.— Quer que eu a deixe na agência?— Eu vou com você.
Elizabeth queria perguntar sobre o que ela estava falando, sacudir-lhe os ombros e dizer que elas ficariam bem, que tudo terminaria bem. Mas ela não tinha como ter certeza disso. E pior, sentia que as palavras da Major não eram em vão e que ela tentava lhe preparar para alguma coisa. Para o quê? Esperava que não fosse para o que suas palavras davam a entender. Ela não estava pronta... Ainda tinha que aproveitar mais algum tempo com ela. Precisava disso e apenas nas últimas horas descobrira. Com um suspiro pesado, ela voltou a cozinha, se perguntando o que seria das próximas horas.Depois do jantar improvisado, a Major permaneceu sentada no sofá, sem parar de encarar o mar revolto. A lua estava cheia e iluminava as águas cristalinas como uma luz cheia de beleza e graça, impondo-se de forma que apenas o sol poderia lhe tirar dali. Elizabeth lhe fazia companhia, mas sem dizer uma palavra.O celular da Major tocou. Ela olhou para o nome escrito na tela e lágrimas brota
A Major não sentia qualquer tipo de orgulho por ser filha de quem era. Alexander já tinha sido um bom homem, mas a morte de sua esposa o transformou, trazendo para si, o que poderia ter de pior no ser humano. E desde que ele deixou sua criação, tentando lhe forçar a assumir uma responsabilidade que não condizia com seu caráter, ela parou de sentir algo por ele. Mesmo passado mais de uma década, as lembranças ainda eram tão frescas quanto o cheiro do mar que elas acabaram de inalar.— Papai, o que houve? Por que o senhor não fala comigo?Ela havia acabado de chegar da escola e, depois de largar a mochila na sala, se inclinou para beijar o rosto de seu pai que desviou, irritado.— Estou cansado de lidar com tudo isso. Preciso de algum tempo sozinho.— Mas o senhor passa uma boa parte do dia sozinho. Eu fico na escola, depois vou pro curso e pras aulas de Capoeira, só chego de noitezinha.Ele permaneceu com o corpo parado, inclinado para frente, os o
A agente 12 se esforçava para manter os olhos abertos, mas com a mesma velocidade que ela tinha para chegar em um alvo, aquela dor tinha para atingi-la violentamente. Elizabeth se virou para o homem, que não sabia o que fazer com os corpos e os clientes que surgiram em sua loja.— Ei, você, chame uma ambulância, rápido!— Não...— Não uma ova! Você não vai protestar quanto a isso.— Me escute... Por favor. Ele disse que tem um infiltrado na agência. Se... Se descobrem, matam nós duas.Sua voz era falha, mas ela se esforçava para ser clara e enfática no que dizia.— Não temos escolha, Major.— Temos sim. Tem um lugar... Nunca vão nos achar.— Você foi baleada!— Lá podemos cuidar disso. Por favor. Não podemos ir para o hospital.— Lá vai estar cercado de gente nossa, não vão tentar nada.— Você acha mesmo? Assim que a coisa esfriar... Na calada da noite, eles invadem o hospital que ninguém irá descobrir. Somente.
O peito da Capitão Elizabeth Reis descia e subia em ritmo frenético, depois de encarar, mais uma vez, a morte. A Major ria, incrédula que tinha dado certo.— Eu sempre quis fazer isso! Sempre deu certo nos filmes.— Isso não é um filme, Major. Estamos lutando por nossas vidas!— Desculpe, mas escapamos, não foi?— Por pura sorte!A Major suspirou. A adrenalina correndo em alta velocidade em sua veia, e o pé indo cada vez fundo no acelerador.— Mantenha a calma agente. Estamos bem e viva.— Não graças a você.— Oh, não?Elizabeth ficou em silêncio. A agente sacudiu a cabeça e ajeitou seu corpo no banco.— Eu não sei porque acredito que alguma coisa possa ser diferente. Que por algum motivo, o final não será o mesmo.— Eu não sou a mesma garota. Fiz besteira, mas crescemos. Me desculpe por isso. Só estou assustada.— Depois ainda perguntam porque nunca trabalhamos juntas.— Eu já entendi Ma
A solução veio rápido a mente da espiã. Ela instruiu Elizabeth a vestir as roupas de enfermeiro do homem que encontrava-se ao chão, algemado do lado da cama. Por sorte o uniforme não ficou folgado demais para parecer suspeito. E ela pôs a roupa de hospital, tendo em vista que não sairia andando dali com aquele ferimento a vista. O lençol deixaria óbvio que tinha algo de errado. A agente 13 buscou uma cadeira de rodas que havia sido deixada por algum enfermeiro no corredor e fez a agente 12 sentar-se. A contragosto, ela obedeceu, sabendo que era a única maneira de saírem despercebidas. Elizabeth verificou se estava tudo limpo no corredor e saiu de fininho. Caminhou devagar, cabeça baixa, ainda com dores no corpo. A Major fingiu estar adormecida para não ser reconhecida.Elas foram até o elevador de serviço. Com discrição, Elizabeth cumprimentou alguns médicos e funcionários que passavam, que não estranharam nem o uniforme e muito menos a paciente. Ninguém reconheceu-a ou
Eram quatro da manhã quando gritos despertaram a agente. Mas não era o tipo de grito que a faria pôr a mão embaixo do travesseiro para pegar sua arma. Era um grito de fome. Ou talvez fralda suja.Ela caminhou com os olhos entre abertos. Tateou a parede para chegar ao quarto ao lado do seu, onde um bercinho tinha sido montado de última hora.— Oi coisinha. O que você tem?Ela tinha zero experiência com crianças, mas havia assistido algumas aulas educacionais sobre o comportamento de bebês. Uma forma de traumatizar as crianças para que evitasse uma gravidez precoce. A vida de mãe devia ter assustado a agente, mas sempre lhe fascinou. Contudo, não achava que poderia fazer aquilo sozinha.Com a ajuda de um banco de doação de leite, ela pôde alimentar a pequena, que parou de chorar depois que se alimentara. De anti mão, a agente trocou sua fralda e deixou-a bem limpinha.— Talvez a gente se dê bem, coisinha.De olhos vidrados, a pequena Christina
Major Albuquerque ainda usava o vestido da noite anterior, quando se sentou na cafeteria do hospital. Antonieta ficara em silêncio.— Então, o que vai fazer?— Eu não sei. Pela primeira vez em anos, eu não tenho um lugar pra ir. Essa é a sensação?— De que?— De liberdade?Ela não se lembrava. Deste o instante em que conseguiu entrar pra família Bitencourt, seus dias foram vigiados por meia dúzia de seguranças atentos e nada discretos. Seus únicos momentos sozinha era durante o banho. Quando ela não tinha a companhia das mãos nojentas passeando por seu corpo. O pensamento a fez desejar um banho com a maior das urgências.— Acho que sim.— Como você se sente? Foram meses longos.— Ainda não tive tempo pra assimilar tudo o que aconteceu.Ela assentiu. Um garçom-robô trouxe os pedidos e a agente ficou em silêncio, encarando aquele copo de café fumegando. Ela não era nenhuma viciada em cafeína ou coisa do tipo, mas uma parte de