Elas caminharam mata a dentro. Havia uma pequena floresta em volta dos cercos elétricos. A Major segurava uma AK 49, que era semelhante a AK 47, só que modificada, com visão infravermelha, alcance de quase 900 metros e balas ainda mais rápidas e leves, causando efeitos catastróficos. A agente 13 carregava uma M16, também modificada, com alcance superior a um quilômetro e um sistema que só destravava com uma digital reconhecida e ajustada no sistema, coisa que a Major havia feito muito rapidamente em seu computador portátil. Antonieta levava consigo uma M1911, calibre 45, de eficaz alcance em até 200 metros. A Major coordenou a formação, onde ela e Elizabeth iam lado a lado, em passos rápidos e silenciosos, enquanto Antonieta ficava atrás, cobrindo-as por trás e se protegendo.
De repente, um estalo as fizeram parar. A Major ergueu o punho fechado e prendeu a respiração. Devagar, ela se agachou, pegando uma pequena folha e jogando a menos de 1 metro de distância
"A vida é curta demais para se preocupar com a opinião dos outros"27 de Outubro de 2256Era pra ser um dia comum, aquele a qual Alexander jamais esqueceu. Ele abriu os olhos pela primeira vez no dia e a clareza iluminou suas íris castanhas. Ao piscar, deu-se conta de que não havia ninguém ao seu lado. Em seu despertar, não se preocupou, apenas levantou e foi a janela ouvir os raros pássaros cantarem. As cortinas vermelhas se abriram automaticamente conforme ele se aproximava e, por mais que não fosse chegado a tanta tecnologia, era inegável a beleza dos edifícios enormes, perfeitamente bem desenhados e construídos, com estruturas fantásticas e em formatos cada vez mais surpreendentes.— Bom dia, Alexander. Está a 39°C. Deveria usar roupas de tecido leve e beber bastante água para aliviar o calor.Disse uma voz mecânica. Ele suspirou, tendo de imaginar trabalhar em um local tão fechado e com pouco sistema de ventilação no calor que
26 de Outubro de 2272A agente doze depositou sua pequena bolsa em silêncio, em cima do balcão. Seus olhos encararam o reflexo da porta semiaberta do banheiro individual. O sorriso escancarado no rosto da dama sentada a latrina era mais do que convidativo. Ela não estava fazendo absolutamente nada. Apenas esperando-a. A agente se virou, sem contato visual.— O que está esperando?Indagou, mansa e sorridente. Ela levantou e caminhou vagarosa em sua direção. Seu perfume invadiu as narinas da agente e só então, ela ergueu os olhos para o monumento azul que eram suas íris. Tão raras quanto as de seu pai.— Você me enlouquece, Angélica.— E o que vai fazer?— Isso.Ela colou seu corpo ao de Angélica e aproximou sua boca pequena e faminta. Seus lábios grandes tomaram-na sem pressa.Tinha de confessar que, apesar de estar sob disfarce, ela adorava estar acompanhada daquela mulher. Ela era a única naque
Antonieta, que estava sentada ao seu lado, segurou sua mão e apertou-a. Ela abaixou a cabeça por um segundo, limpando seu rosto. Os olhos de Henrique brilhavam demais para notar qualquer coisa.— Você está bem?A jovem sussurrou. Ela negou com a cabeça.— Não.— Quer sair daqui?— Não posso. Não agora.Olhou novamente para o palco, onde se encontrava o novo item de poder que logo seria vendido como um pedaço de carne. Em seu olhar jazia sofrimento, dor e arrependimento. Ela não tinha ideia do que havia acontecido para ela ter ido parar ali. E seu maior medo era que todo o plano tivesse ido por água abaixo e eles não viessem. Que ninguém entraria pela porta principal nos próximos cinco minutos. E isso não a apavorava pela ideia de morrer, mas de não poder salvá-la.— Você a conhece?Antonieta sussurrou novamente em seu ouvido. Ela inclinou-se com cuidado.— Essa é a garota de quem te falei.— Essa? Sério?Assentiu, ten
Major Albuquerque ainda usava o vestido da noite anterior, quando se sentou na cafeteria do hospital. Antonieta ficara em silêncio.— Então, o que vai fazer?— Eu não sei. Pela primeira vez em anos, eu não tenho um lugar pra ir. Essa é a sensação?— De que?— De liberdade?Ela não se lembrava. Deste o instante em que conseguiu entrar pra família Bitencourt, seus dias foram vigiados por meia dúzia de seguranças atentos e nada discretos. Seus únicos momentos sozinha era durante o banho. Quando ela não tinha a companhia das mãos nojentas passeando por seu corpo. O pensamento a fez desejar um banho com a maior das urgências.— Acho que sim.— Como você se sente? Foram meses longos.— Ainda não tive tempo pra assimilar tudo o que aconteceu.Ela assentiu. Um garçom-robô trouxe os pedidos e a agente ficou em silêncio, encarando aquele copo de café fumegando. Ela não era nenhuma viciada em cafeína ou coisa do tipo, mas uma parte de
Eram quatro da manhã quando gritos despertaram a agente. Mas não era o tipo de grito que a faria pôr a mão embaixo do travesseiro para pegar sua arma. Era um grito de fome. Ou talvez fralda suja.Ela caminhou com os olhos entre abertos. Tateou a parede para chegar ao quarto ao lado do seu, onde um bercinho tinha sido montado de última hora.— Oi coisinha. O que você tem?Ela tinha zero experiência com crianças, mas havia assistido algumas aulas educacionais sobre o comportamento de bebês. Uma forma de traumatizar as crianças para que evitasse uma gravidez precoce. A vida de mãe devia ter assustado a agente, mas sempre lhe fascinou. Contudo, não achava que poderia fazer aquilo sozinha.Com a ajuda de um banco de doação de leite, ela pôde alimentar a pequena, que parou de chorar depois que se alimentara. De anti mão, a agente trocou sua fralda e deixou-a bem limpinha.— Talvez a gente se dê bem, coisinha.De olhos vidrados, a pequena Christina
A solução veio rápido a mente da espiã. Ela instruiu Elizabeth a vestir as roupas de enfermeiro do homem que encontrava-se ao chão, algemado do lado da cama. Por sorte o uniforme não ficou folgado demais para parecer suspeito. E ela pôs a roupa de hospital, tendo em vista que não sairia andando dali com aquele ferimento a vista. O lençol deixaria óbvio que tinha algo de errado. A agente 13 buscou uma cadeira de rodas que havia sido deixada por algum enfermeiro no corredor e fez a agente 12 sentar-se. A contragosto, ela obedeceu, sabendo que era a única maneira de saírem despercebidas. Elizabeth verificou se estava tudo limpo no corredor e saiu de fininho. Caminhou devagar, cabeça baixa, ainda com dores no corpo. A Major fingiu estar adormecida para não ser reconhecida.Elas foram até o elevador de serviço. Com discrição, Elizabeth cumprimentou alguns médicos e funcionários que passavam, que não estranharam nem o uniforme e muito menos a paciente. Ninguém reconheceu-a ou
O peito da Capitão Elizabeth Reis descia e subia em ritmo frenético, depois de encarar, mais uma vez, a morte. A Major ria, incrédula que tinha dado certo.— Eu sempre quis fazer isso! Sempre deu certo nos filmes.— Isso não é um filme, Major. Estamos lutando por nossas vidas!— Desculpe, mas escapamos, não foi?— Por pura sorte!A Major suspirou. A adrenalina correndo em alta velocidade em sua veia, e o pé indo cada vez fundo no acelerador.— Mantenha a calma agente. Estamos bem e viva.— Não graças a você.— Oh, não?Elizabeth ficou em silêncio. A agente sacudiu a cabeça e ajeitou seu corpo no banco.— Eu não sei porque acredito que alguma coisa possa ser diferente. Que por algum motivo, o final não será o mesmo.— Eu não sou a mesma garota. Fiz besteira, mas crescemos. Me desculpe por isso. Só estou assustada.— Depois ainda perguntam porque nunca trabalhamos juntas.— Eu já entendi Ma
A agente 12 se esforçava para manter os olhos abertos, mas com a mesma velocidade que ela tinha para chegar em um alvo, aquela dor tinha para atingi-la violentamente. Elizabeth se virou para o homem, que não sabia o que fazer com os corpos e os clientes que surgiram em sua loja.— Ei, você, chame uma ambulância, rápido!— Não...— Não uma ova! Você não vai protestar quanto a isso.— Me escute... Por favor. Ele disse que tem um infiltrado na agência. Se... Se descobrem, matam nós duas.Sua voz era falha, mas ela se esforçava para ser clara e enfática no que dizia.— Não temos escolha, Major.— Temos sim. Tem um lugar... Nunca vão nos achar.— Você foi baleada!— Lá podemos cuidar disso. Por favor. Não podemos ir para o hospital.— Lá vai estar cercado de gente nossa, não vão tentar nada.— Você acha mesmo? Assim que a coisa esfriar... Na calada da noite, eles invadem o hospital que ninguém irá descobrir. Somente.