CAPÍTULO 0003
Catarina Vasconcelos estava indo pela primeira vez para um encontro arranjado.

Para mostrar respeito, ao chegar em casa depois do trabalho, lavou o cabelo, trocou para um vestido azul-claro com franjas e fez uma maquiagem leve antes de sair.

Assim que desceu do carro em frente ao café, recebeu uma longa mensagem de voz de sua mãe.

"Catarina, já perguntei tudo para você. O nome dele é David Costa, tem 28 anos, 1,78 de altura, trabalha no departamento de marketing de uma multinacional e ganha mais de 30 mil por mês. Nem gordo, nem magro, aparência comum, é um pouco introvertido. O tio Roberto disse que ele vai direto depois do trabalho. O sinal é uma rosa-branca sobre a mesa."

Catarina riu discretamente. Por que sua mãe simplesmente não mandou uma foto em vez de criar esse enigma?

O café não estava muito cheio naquele horário.

Perto da janela, havia um homem de terno, e no copo sobre a mesa, uma rosa-branca.

Sentindo-se um pouco constrangida, Catarina respirou fundo e caminhou até ele.

— Olá, sou Catarina Vasconcelos.

O homem estava recostado na cadeira com um ar relaxado, olhando o mercado de ações em seu tablet.

Ao ouvir a apresentação dela, seus dedos fizeram uma pausa antes de erguer lentamente o olhar.

Naquele instante, Catarina ficou imóvel.

O homem à sua frente vestia um terno impecável e, sentado ali, exalava um ar de sofisticação e nobreza. Suas feições profundas refletiam a luz dos olhos, transmitindo um leve distanciamento, mas, ao mesmo tempo, uma chama contida parecia brilhar.

Isso era o que sua mãe chamava de aparência comum?

Ele tinha um rosto que se destacaria em qualquer lugar.

Percebendo que havia ficado paralisada por um momento, Catarina ajustou a postura. O fato de ele continuar olhando sem dizer nada a fez hesitar. Será que tinha se confundido?

— Você veio para o encontro esta noite?

Leonardo baixou discretamente os olhos e esboçou um leve sorriso.

— Sim, senhorita Vasconcelos, por favor, sente-se.

Assim que Catarina se acomodou, notou um copo de café já usado sobre a mesa.

Olhou rapidamente para o relógio. O encontro estava marcado para as 19h30 e ainda não era esse horário. Ela não estava atrasada, certo?

Leonardo percebeu seu olhar e falou primeiro:

— Fui eu que cheguei mais cedo. O que deseja beber, senhorita Vasconcelos?

Catarina não esperava essa atenção aos detalhes.

— Vou dar uma olhada no cardápio.

Ela pediu uma mocha e um pedaço de bolo.

O ambiente ficou silencioso demais.

Na verdade, ela não sabia exatamente sobre o que conversar num encontro assim, e o homem à sua frente também não parecia muito interessado em iniciar um diálogo.

No entanto, Catarina notou que sua respiração não era tão natural, o que indicava que talvez fosse sua primeira vez em um encontro desse tipo. Será que ele estava nervoso também?

Se sua mãe disse que ele era introvertido, então talvez fosse melhor que ela iniciasse a conversa.

Olhando para o tablet que mostrava o mercado de ações, Catarina comentou casualmente:

— Ouvi dizer que você voltou para o país recentemente. Está se adaptando bem? Imagino que o trabalho seja bem corrido.

— O trabalho está tranquilo. Ainda estou ajustando o fuso horário, então acabo querendo café à noite.

Leonardo respirou normalmente agora, mantendo um olhar sobre ela sem qualquer traço de invasão, apenas educado e sereno.

— E você, senhorita Vasconcelos, o que faz?

Minha mãe não mencionou nada sobre mim?

Catarina sorriu levemente e respondeu:

— Trabalho no setor de projetos, organizando exposições e eventos. Aqui está meu cartão, mas já pedi demissão. Quero abrir meu próprio estúdio.

Leonardo pegou o cartão e o observou por um momento, passando o polegar sobre o nome impresso.

— Peço desculpas, hoje não trouxe meu cartão.

— Não tem problema.

Os olhos de Catarina, de repente, foram atraídos pelos dedos longos dele.

Foi então que percebeu o relógio luxuoso no pulso de Leonardo, uma edição limitada que custava milhões, além do terno feito sob medida da Armani.

Isso não condizia muito com as informações que sua mãe deu.

Talvez sua família fosse rica. Mas, nesse caso, não era nada que ela pudesse perguntar diretamente.

Nesse momento, o garçom trouxe o café e o bolo.

A mesa ficou um pouco cheia.

Catarina abaixou a cabeça e, pelo canto do olho, viu quando Leonardo pegou o cinzeiro. Ficou surpresa por um instante e disse educadamente:

— Não se preocupe, pode fumar se quiser.

Os olhares dos dois se cruzaram.

— Eu não fumo.

Leonardo apenas afastou o objeto para o lado.

Ao ouvir isso, Catarina sorriu e acenou com a cabeça.

— Obrigada.

Ela odiava realmente o cheiro do cigarro.

Quando era mais nova, sempre chegava em casa com as roupas e cabelos impregnados pelo cheiro de fumo. Antes de dormir, precisava lavar o cabelo, e era um inferno secá-lo no meio da noite.

— A senhorita Vasconcelos mencionou um estúdio. Pretende trabalhar com o quê?

— Design de joias. Sempre foi um sonho de infância.

Catarina achava que esse encontro seria extremamente constrangedor.

Leonardo parecia ter um temperamento reservado, mas depois de começarem a conversar, percebeu que ele conduzia a conversa de forma equilibrada e educada.

O celular dele, sobre a mesa, acendeu brevemente. Leonardo franziu as sobrancelhas por um instante.

— Senhorita Vasconcelos, surgiu um compromisso. Preciso ir.

— Tudo bem, então vamos trocar contatos.

Catarina não esperava que ele usasse um avatar de gatinho e apenas a letra "L" como nome.

No campo de nome, ela escreveu: David Costa (Encontro).

Leonardo se levantou e estendeu a mão.

— Senhorita Vasconcelos, foi um prazer conhecê-la. Da próxima vez, eu a convido para jantar.

Catarina ergueu o olhar e apertou sua mão. Por um instante, sentiu a pressão firme de seus dedos antes de ele soltar.

— Certo, até a próxima.

Os encontros geralmente seguiam esse roteiro. Talvez nem se vissem novamente.

Na rua, em frente ao café, um Rolls-Royce preto estava estacionado.

— Senhor Cortez, lá dentro... foi abordado por alguém?

— Era alguém que não via há muito tempo.

Leonardo guardou o cartão de Catarina e entrou no carro.

---

No escritório do presidente do Grupo Albuquerque.

Hugo Almeida percebeu que o Sr. Albuquerque não estava usando gravata nos últimos dias e parecia de mau-humor.

Depois da reunião, Ricardo Albuquerque pegou o telefone e ligou para a secretaria:

— Traga um café para mim.

Inês Rainha entrou vestindo um tailleur profissional.

Quando viu Ricardo atrás da mesa de escritório, lidando com os documentos com uma postura elegante e charmosa, não conseguiu desviar os olhos.

Aproximou-se, inclinando o corpo para frente propositalmente, fazendo com que o primeiro botão de sua blusa se soltasse. Pela perspectiva dele, com certeza daria para ver, mas ele nem levantou a cabeça.

— Ai!

Inês fingiu que não segurou direito a xícara e derramou um pouco de café.

Rapidamente, Ricardo afastou os documentos para evitar que se molhassem e ergueu finalmente os olhos, seu olhar demonstrando uma rara irritação.

— Inês, ser minha secretária não é só sobre ser bonita. Competência no trabalho também é essencial. Não cometa erros tão básicos no escritório.

No passado, Catarina sempre lidava com o trabalho de forma eficiente, sem misturar emoções pessoais. No mundo dos negócios, ela sempre foi uma grande aliada.

O rosto de Inês ficou rígido.

Antes, Ricardo gostava de suas pequenas falhas, até achava graça em “corrigi-la” com brincadeiras. Mas agora...

— Me desculpe...

Ela baixou os olhos, vermelhos de vergonha.

— Não estou te repreendendo, só quero que faça seu trabalho direito.

Ricardo suavizou o tom e acrescentou:

— Abotoe a blusa e traga outro café.

— Sim...

Quando Inês voltou, trazia uma xícara de café acompanhada de biscoitos de pinhão.

— Senhor Albuquerque, comprei os melhores grãos Blue Mountain Nº1 e preparei um café recém-moído. Também trouxe cookies para acompanhar.

O aroma era agradável, mas ao tomar um gole, Ricardo franziu as sobrancelhas e colocou a xícara de lado.

Esse sabor não se comparava ao café que Catarina costumava preparar.

— Não sobrou nenhum café no refeitório?

— Não, senhor.

Inês não entendeu. Ele comprou o melhor café, mas ainda não estava satisfeito?

Ricardo fez um gesto para ela sair.

Nos últimos dias, sem aquele café da tarde para despertar, sentia-se estranhamente cansado e irritado.

Por que estar com tanta vontade de tomar o café de Catarina?

Depois de um tempo, pela primeira vez desde aquela noite, Ricardo pegou o telefone e discou o número dela.

A chamada foi atendida.

— Catarina, a Inês não está se sentindo bem. A posição de secretária está vaga temporariamente e não tenho ninguém disponível no momento.

Ricardo estava seguro de que essa era a chance perfeita para trazê-la de volta.

Catarina não teria motivo para recusar.

— Volte para a secretaria por dois dias, só para cobrir essa ausência.
Continue lendo no Buenovela
Digitalize o código para baixar o App

Capítulos relacionados

Último capítulo

Digitalize o código para ler no App