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Capítulo 2     

Sara dirigiu-se a um dos bancos rotativos que estavam presos ao chão e sentou-se ao balcão. Olhou em volta e viu que a lanchonete era simples, mas acolhedora. Era maior do que parecia do lado de fora. Estavam poucas pessoas, mas também eram só sete da tarde e provavelmente só enchiam á hora das refeições. Ao longe estava uma senhora a servir café a um casal. Devia ser a dona, pois sorria e conversava animadamente com os clientes.

Enquanto observava a senhora aproximar-se do balcão com um sorriso nos lábios, olhando-a fixamente, Sara suspirou. O seu estômago começou a doer de nervosismo. Ultimamente parecia uma menina assustada no seu primeiro dia de escola, não uma mulher adulta que sabia exactamente aquilo que queria.

__ Olá! O que deseja tomar, minha querida?

__ Olá! - Sara  respondeu um pouco timidamente. Pegando o menu, a senhora  olhou por uns segundos para a bagagem que estava aos seus pés.

__ Veio de visita á nossa cidade, ou veio para ficar?

Sara entregou-lhe a lista dos menus e pediu uma sandes de carne e um café.

__ Por acaso, tenciono ficar! - Ela  sorriu um pouco apreensiva. __ Mas vou precisar da sua ajuda para me orientar por aqui. Sinceramente sinto-me um pouco perdida.

A senhora deu uma gargalhada e entregou-lhe uma caneca de café.

__ E não nos sentimos todos um pouco assim em alguma fase da vida? O meu nome é Marta! - Estendeu-lhe a mão. __ Seja bem-vinda. Em que posso ajudar?

Depois de ouvir aquelas palavras, Sara sentiu-se imediatamente mais leve. Apertou-lhe a mão e apresentou-se.

__ Eu sou Sara, muito prazer! - Olhou para o café com um ar derrotista. __ Eu vim para ficar na cidade, mas estou um pouco assustada. Preciso de trabalho e um sítio para viver mas não sei por onde procurar. Quando comecei esta viagem, estava um pouco mais optimista, posso garantir.

Marta deu-lhe uma palmadinha no ombro. Sara levantou a cabeça e reparou que ela tinha um grande sorriso nos lábios.

__ Oh! Minha querida! Não tens nada que te preocupar, as pessoas aqui gostam de ajudar. Estás na cidade certa para começar uma nova vida e serás muito acarinhada por este lugar.

__ Espero bem que sim, não quero que me vejam como uma estranha, mas sim alguém que se quer fixar e enquadrar.

Sorrindo, Marta caminhou para fora do balcão e sentou-se em frente a ela. Só por esse acto, Sara sentia-se mais tranquila. Marta era uma mulher á volta dos seus 60 anos, transmitia muita confiança e simpatia e Sara já a adorava do fundo do coração.

__ Então que tipo de trabalho procuras?

Marta voltou a encher as duas xícaras com café .

__ Aceito o que houver. Mesmo que não tenha experiência, aprendo rápido. - Suspirou e compartilhou um olhar com a velha senhora .__ Só preciso de um trabalho. - Balançou a cabeça. __ Se for possível até recebo um salário menor em troca de quarto e comida.

__ Então, mais uma vez te digo que vieste á cidade certa. - Enquanto tomava o seu café na robusta xícara de barro, ela olhou para Sara. __ Aqui só temos uma pousada, por isso um quarto e uma refeição encontra-se sempre. O Rafael é o dono, ele sempre vem cá ao final do dia. Eu dou-lhe uma palavrinha, não te preocupes.

Agora pelo menos sabia que já não estava completamente á deriva, ela suspirou de alívio.

__ Muito obrigado, Marta. Não sei o que faria sem a sua ajuda.

__ De nada, querida. Esta é uma cidade em que todos se ajudam entre si. Agora, se me dás licença vou adiantar os jantares, daqui a pouco começam a surgir os meus clientes. Aguarda por aqui e conversamos um pouco mais tarde, quem sabe, até pode surgir trabalho ainda hoje.

__ Ah , isso era  muito bom, quase um milagre nos dias de hoje. - Sara sorriu descrente que algo assim acontecesse logo no primeiro dia.

__ Quem sabe, pode ser que esta cidade seja milagrosa, ou...que o destino a tenha trazido para aqui  ...por alguma razão.

Marta piscou o olho se afastando com aquelas palavras, a deixando confusa e um pouco surpresa pela forma como as dizia. Destino? Sara  não acreditava no destino e sim na sorte ou no azar que a vida podia trazer.

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