Depois que Carlos terminou de falar, sai do galpão, minha cabeça fervilhava. A traição de Heitor, a insistência de Carlos, as dúvidas que pareciam me cercar como um predador à espreita. Minhas mãos tremiam levemente, algo raro em mim, e eu sabia exatamente o que precisava fazer: encontrar um momento de escape, mesmo que fosse breve.Assim que cheguei ao palácio, ignorei Matteo e os outros seguranças. Subi direto para o bar privativo, um espaço elegante no andar superior que raramente era usado, exceto por mim. A iluminação suave refletia nas prateleiras repletas de garrafas caríssimas, cada uma escolhida a dedo por meu pai antes de sua saúde começar a definhar. Era um lugar que cheirava a tradição, poder e solidão.Servi-me de um uísque, sem gelo. O líquido âmbar desceu queimando, mas trouxe o alívio que eu buscava. Apoiei-me no balcão, encarando meu reflexo no espelho atrás das garrafas. A mulher que olhava de volta parecia inabalável, mas eu sabia que, por dentro, havia rachaduras.
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