Triangulo amoroso

— Vejo que o CEO ainda não desistiu. Admirável.

Heitor avançou um passo, o olhar endurecido.

— Talvez você devesse aprender a respeitar os momentos alheios, Albuquerque.

Carlos riu novamente, cruzando os braços.

— Respeito? Isso é engraçado, vindo de alguém que parece não conhecer limites.

A tensão entre os dois era palpável, e eu sabia que, se não interferisse, aquilo poderia explodir em algo muito pior.

— Já chega! — cortei, minha voz firme o suficiente para silenciá-los. — Vocês dois estão agindo como garotos mimados, e isso não vai me levar a lugar algum.

Olhei para Heitor, depois para Carlos, meu coração dividido entre a raiva e o cansaço.

— Vocês querem jogar um contra o outro? Que joguem, mas não usem meu nome como peça no tabuleiro.

Carlos estreitou os olhos, mas o sorriso desapareceu de seus lábios. Heitor apenas assentiu, com o maxilar travado. Sem dizer mais nada, virei-me e saí, deixando-os no corredor.

Enquanto me afastava, só uma coisa ecoava na minha mente: no meu mundo, confiança era rara, e traições tinham um preço alto demais.

Desci as escadas do palácio com passos firmes, sentindo o peso das emoções pulsando em cada célula do meu corpo. Meu coração ainda estava acelerado, não apenas pelo beijo, mas pelo confronto inevitável que acabara de acontecer. Heitor e Carlos eram dois lados de um dilema que eu não queria enfrentar. E, no entanto, ali estava eu, sendo puxada para um jogo que, no fundo, sabia que não deveria permitir.

Cheguei ao salão principal, um espaço luxuoso onde as cortinas pesadas mantinham o sol matinal afastado, criando um ambiente soturno. Peguei uma taça de cristal e enchi com o primeiro vinho que encontrei no aparador. Dei um gole longo, permitindo que o sabor amargo e doce ao mesmo tempo deslizasse pela minha garganta. Precisava de um momento de paz, de silêncio, para entender como diabos havia me deixado envolver desse jeito.

Mas, claro, o universo parecia decidido a não me dar trégua.

Ouvi passos atrás de mim e me virei instintivamente, já preparada para mais uma discussão. Porém, o que encontrei foi Carlos, entrando no salão com aquele andar confiante e predador que o definia. Ele se encostou casualmente no batente da porta, observando-me com um brilho perigoso nos olhos.

— Você não consegue evitar, não é? — perguntei, levantando a taça em um gesto teatral. — Sempre precisa aparecer no momento mais inoportuno.

Ele sorriu, aquele sorriso que me irritava tanto quanto me intrigava.

— Admito, tenho um talento para saber quando você precisa de companhia.

— Companhia ou provocação? — rebati, cruzando os braços enquanto o encarava.

Carlos deu alguns passos em minha direção, suas mãos nos bolsos, a postura relaxada. Mas seus olhos... Ah, seus olhos eram como os de um lobo, sempre analisando, sempre prontos para atacar.

— Talvez um pouco dos dois — disse ele, parando a poucos metros de mim. — Mas, sinceramente, Cristina, você realmente acha que aquele palerma do Heitor merece ocupar tanto espaço na sua cabeça?

— E você acha que merece? — disparei, estreitando os olhos.

Ele riu baixo, inclinando-se ligeiramente para frente.

— Não se trata de merecer, princesa. Trata-se de saber o que fazer quando o espaço está disponível.

Revirei os olhos, tentando ignorar o calor que subia pelo meu rosto. Carlos sabia exatamente como me desestabilizar, e isso me irritava profundamente.

— Por que você ainda está aqui, Carlos? — perguntei, tentando soar mais controlada do que me sentia.

— Porque não gosto de deixar assuntos inacabados — respondeu ele, sua voz baixa e carregada de intenção. — E, claramente, nós temos muitos.

Tentei ignorar a tensão que crescia entre nós, mas era impossível. Carlos era como uma força da natureza, impossível de ignorar, impossível de controlar.

— Isso não é um jogo, Carlos.

— Eu sei — disse ele, se aproximando ainda mais. — E é exatamente por isso que eu não vou desistir.

Antes que eu pudesse responder, ele ergueu a mão e tocou meu rosto com uma delicadeza inesperada. Sua intensidade me desarmou, e, por um momento, fiquei perdida naquela proximidade, naquele olhar que parecia enxergar além das minhas defesas.

Mas antes que qualquer coisa pudesse acontecer, o som de passos firmes no corredor nos interrompeu.

— Cristina!

A voz de Heitor ecoou pelo salão, e eu me afastei rapidamente de Carlos, como se tivesse sido pega fazendo algo proibido. Heitor entrou, seu olhar alternando entre mim e Carlos, uma expressão de raiva e decepção estampada em seu rosto.

— Eu sabia que encontrar você aqui seria uma má ideia — ele disse, com o tom controlado, mas cheio de acusações.

Carlos apenas sorriu, recuando alguns passos, mas não sem antes lançar um olhar cheio de promessas em minha direção.

— Vejo que a festa está ficando interessante. Vou deixar vocês dois conversarem.

Ele deu um último gole no vinho que havia servido para si mesmo, deixando a taça vazia no aparador antes de sair do salão, como se tivesse todo o tempo do mundo.

Eu fiquei parada ali, tentando processar tudo, enquanto Heitor se aproximava, os olhos fixos nos meus.

— Cristina... — ele começou, sua voz agora baixa, quase um sussurro. — Por que você insiste em me afastar?

— Talvez porque eu não confie mais em você — respondi, a voz mais firme do que eu esperava.

Ele respirou fundo, passando a mão pelo cabelo.

— Eu sei que errei. Sei que magoei você. Mas não posso... — Ele hesitou, dando mais um passo em minha direção. — Não posso perder você para ele.

E antes que eu pudesse reagir, Heitor segurou meu rosto entre as mãos e me beijou, um beijo carregado de desespero e desejo, como se fosse sua última chance de me reconquistar.

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