Enquanto ajustava os últimos detalhes, uma batida firme na porta me chamou a atenção.— Entre — disse, sem desviar o olhar do espelho.Carlos entrou, tão impecável quanto sempre, vestindo um terno que parecia feito sob medida. Seus olhos avaliavam o ambiente antes de pousarem em mim. Havia algo no jeito como ele me olhava que me deixava em alerta, como se ele soubesse algo que eu ainda não sabia.— O que você quer, Carlos? — perguntei, impaciente.Ele se aproximou devagar, a expressão séria.— Não tenho muito tempo para rodeios, Cristina. Precisamos conversar.Cruzei os braços, esperando que ele explicasse.— O conselho está inquieto — ele começou, sua voz calma, mas carregada de seriedade. — Eles querem Alejandro no comando. Acham que você não está pronta.O impacto daquelas palavras me atingiu como um soco no estômago, mas mantive minha expressão neutra.— Alejandro está no México e já deixou claro que me apoia. O que mais eles precisam?Carlos suspirou, passando a mão pelos cabelos
Desliguei o telefone e fiquei olhando para o aparelho por alguns segundos, como se esperasse que ele voltasse a tocar e me dissesse que tudo aquilo era só um sonho. Mas não era.Antes que eu pudesse sair do quarto, uma batida na porta me tirou dos pensamentos. Quando a abri, encontrei Carlos parado ali, com sua expressão séria e determinada.— Cristina— ele disse, entrando no quarto sem esperar convite. — Preciso falar com você.Fechei a porta e o encarei, esperando que continuasse. Ele deu um passo à frente, os olhos fixos nos meus.— Sei que o momento é difícil, mas minha proposta continua de pé. Acho que você já percebeu que, se aceitarmos isso, todos vão entender que estamos unidos. Que ninguém pode nos derrubar.Ele fez uma pausa, aproximando-se ainda mais.— Quero me casar com você, Cristina. Não apenas pelo poder, mas porque confio em você. Nós dois podemos fazer isso funcionar.Fiquei em silêncio, sentindo uma mistura de emoções. Não sabia se queria gritar ou rir, mas uma cois
Entrei no escritório, fechei a porta com cuidado e travei a chave. Queria estar sozinha, nem que fosse por um breve momento, para poder processar o que estava acontecendo. Sentei-me na poltrona perto da janela, onde costumava ficar em momentos de pressão. Agora, porém, tudo parecia sem sentido. Meus pensamentos estavam uma bagunça, e o que antes parecia um lugar de controle e reflexão, agora era apenas um cenário de solidão e dor. Eu só queria chorar, sem as máscaras que me forçavam a usar diante dos outros. As lágrimas começaram a escorrer silenciosamente, e cada soluço parecia carregar o peso de toda a perda que eu ainda não conseguia compreender. Meu pai não estava mais ali. E com isso, algo dentro de mim se despedaçava.Mas, antes que eu pudesse me perder completamente naqueles sentimentos, ouvi as batidas na porta, impacientes e desesperadas. Heitor. Sempre ele, com sua mania de querer ter a palavra final em tudo. Ele não sabia o que estava acontecendo, não entendia a dor que eu
Quando a porta se fechou atrás dele, um silêncio pesado se instalou. Eu estava exausta, emocionalmente drenada, mas, ao mesmo tempo, aliviada por ter evitado o pior. Olhei para Carlos, que ainda mantinha a arma nas mãos, e, embora ele estivesse alheio à tensão do momento, percebi um leve sorriso de aprovação em seu rosto. Ele sempre soubera como proteger, até quando isso significava agir de forma extrema. E, naquele momento, isso me assustava. Mas eu sabia que, ao menos por enquanto, eu estava segura.Carlos se aproximou lentamente, sua presença preenchendo o espaço como uma sombra constante. Eu estava parada na porta do escritório, tentando recuperar o controle da tempestade que rugia dentro de mim. Ele se posicionou a poucos passos de distância, a intensidade em seus olhos denunciando o que viria a seguir.– Eu te disse que nossa aliança é importante – começou ele, sua voz baixa, mas firme. – Quero você ao meu lado, Cristina, e espero que futuramente sejamos mais que aliados.Respir
Antes que eu pudesse responder ou processar suas palavras, ele levantou-se e deixou o quarto, fechando a porta atrás de si.Enquanto as mulheres me ajudavam a me recompor, uma sensação inesperada de vulnerabilidade me invadiu. Era estranho permitir que alguém cuidasse de mim, mesmo que apenas por uma noite. Mas ali, naquele momento, não havia mais espaço para resistir.O banho quente trouxe um alívio momentâneo, e a comida que me trouxeram ajudou a acalmar meu estômago e minha mente. Enquanto me recostava na cama, com a exaustão me vencendo novamente, a última coisa que me veio à mente foram as palavras de Carlos.“Estou aqui.”Por mais que eu me recusasse a admitir, parte de mim queria acreditar nele.A noite avançava, e o casarão permanecia mergulhado em um silêncio quase absoluto. Por volta das duas da manhã, ouvi o som suave da porta se abrindo. Carlos entrou no quarto, com passos cuidadosos, como se não quisesse me acordar.Mas eu já estava meio desperta, sentindo uma mistura de
Minha garganta apertou, e lágrimas silenciosas começaram a cair também. Eu o abracei com força, tentando passar a segurança que ele sempre me ofereceu.– Estamos juntos, Alejandro. Ele pode ter partido, mas ainda somos os Mendez. E enquanto estivermos aqui, o legado dele continuará.Ele se afastou levemente, passando as mãos pelo rosto para limpar as lágrimas, mas seus olhos ainda estavam vermelhos.– Ele sempre acreditou em você. Disse que você era a força que nossa família precisava.Suas palavras me atingiram em cheio, enchendo-me de um misto de orgulho e responsabilidade. Segurei suas mãos, apertando-as com firmeza.– E eu acreditava nele, Alejandro. E acredito em nós. Vamos enfrentar isso juntos, como sempre fizemos.Alejandro assentiu, recompondo-se.– Vamos, então. Está na hora de começarmos a nos despedir.Juntos, deixamos o escritório. Sabíamos que a ausência de Franco Mendez deixaria um vazio imenso, mas enquanto estivéssemos unidos, nada poderia nos derrubar.O salão estava
O restante do velório transcorreu com uma tensão que era quase palpável. O intruso, dominado por Alejandro e Carlos, foi rapidamente levado pelos seguranças da família. Ele ficou trancado em uma sala de segurança no subsolo do palácio, sob vigilância constante.Apesar do incidente, mantive a compostura durante toda a cerimônia. Não podia mostrar fraqueza, não com tantos olhos observando cada movimento meu. Alejandro e Carlos, sempre próximos, ajudavam a preservar a ordem e evitavam que os rumores do ataque se espalhassem.Após horas de condolências e discursos, chegou o momento do enterro. No cemitério particular da família, a cerimônia foi breve, mas profundamente emocional. Enquanto as palavras do padre ecoavam, observei o caixão sendo baixado à terra. Meu coração estava pesado, mas minhas lágrimas já haviam se esgotado. O choro agora era interno, silencioso, como uma ferida que latejava, mas que eu não podia permitir que sangrasse diante dos outros.Alejandro ficou ao meu lado o te
No caminho de volta ao andar principal do palácio, Alejandro quebrou o silêncio:– Eles estão testando nossos limites. Se não reagirmos rápido, vão nos ver como fracos.– Concordo – respondi. – Mas precisamos de um plano. Não podemos agir no calor do momento e dar a eles a vantagem.Carlos, que caminhava ao meu lado, parecia pensativo. Ele finalmente disse:– Já que sabemos quem está por trás disso, podemos usar a informação a nosso favor. Mandar um recado direto, mas estratégico.Paramos na biblioteca do palácio, um espaço que meu pai usava como seu centro de operações. As paredes forradas de livros, a grande mesa de madeira escura e o leve cheiro de couro traziam uma sensação de autoridade, mas também de saudade. Este era o lugar onde ele planejava cada passo de sua liderança, onde resolvia problemas que pareciam impossíveis.– Primeiro, precisamos garantir que todos os nossos aliados no conselho e nos negócios fiquem cientes da ameaça – disse Alejandro, enquanto pegava um mapa do M