Após longos minutos de discussão e ajustes nos detalhes do plano, Alfonso finalmente estendeu a mão.— Está decidido. Em uma semana, agimos.Apertei sua mão com firmeza, selando o acordo.Mais tarde, de volta ao hospital, sentei-me ao lado de Alejandro.— Alejandro, tudo isso é por você, pelo seu filho e por nossa família — sussurrei, segurando a mão dele suavemente.Carlos entrou na sala com dois copos de café e sentou-se ao meu lado, me entregando um deles.— Está tudo pronto. Agora, só precisamos esperar.Olhei para ele, sentindo o peso de nossa responsabilidade, mas também a certeza de que estávamos no caminho certo.— Vamos vencer, Carlos. Não há outra opção.Ele colocou a mão sobre a minha e apertou levemente.— E faremos isso juntos, Cristina. Como sempre.A noite caiu silenciosa sobre a cidade enquanto Carlos e eu permanecíamos no hospital, nossos pensamentos consumidos pelos planos e pelas responsabilidades que agora recaíam sobre nossos ombros. A luz suave do monitor cardíac
De volta ao hospital, Carlos e eu nos revezávamos entre monitorar Alejandro e cuidar dos preparativos finais para o ataque. Dario, embora pequeno e frágil, parecia ser um raio de esperança em meio ao caos.— Quando isso acabar, — comecei, olhando para Carlos enquanto ele revisava relatórios, — quero levar Alejandro e Dario para casa. Para a Itália.Carlos sorriu, finalmente levantando os olhos para mim.— E eu quero que você tenha a paz que merece, Cristina. Depois disso, vamos reconstruir tudo juntos.A determinação em seus olhos era o combustível de que eu precisava para enfrentar os próximos dias.— Vamos vencer, Carlos. Por Alejandro. Por Dario. E por todos que perdemos no caminho.Ele se inclinou e selou meu juramento com um beijo. Não importava o que viesse a seguir, estávamos prontos para enfrentar. Juntos.Dois dias se passaram em um ritmo frenético. Cada momento era uma mistura de tensão e preparação. No hospital, Alejandro permanecia inconsciente, mas estável. O pequeno Dari
Dois dias após o ataque final contra os Fontana, chegou o momento que todos temiam: o velório e o enterro de Olivia.O velório de Olivia foi carregado de emoções difíceis. A capela estava cheia de parentes e amigos próximos, mas a atmosfera era pesada, sufocante. Dona Maria, a mãe de Olivia, estava sentada na primeira fila, com o rosto abatido e o olhar fixo. Sua dor era evidente, mas havia algo mais em seus olhos: uma mistura de mágoa e rejeição.Quando a cerimônia terminou, aproximei-me com cuidado, sentindo o peso do momento. Carlos estava ao meu lado, me apoiando, mas havia uma tensão crescente no ar.— Dona Maria... — comecei, com a voz embargada. — Lamento muito por tudo isso. Olivia era como uma irmã para mim.Ela levantou o rosto, e seus olhos, antes fixos no chão, encontraram os meus com uma dureza que me fez hesitar.— Cristina... — ela começou, sua voz baixa e carregada de emoção. — Minha filha está morta. Tudo por causa dessa vida. E agora, você vem aqui falar sobre lament
Aquele era o tipo de noite que fazia qualquer um acreditar que o caos poderia ser belo. As luzes de Nápoles brilhavam como um mar de estrelas invertido, enquanto eu observava a cidade do alto da varanda do palácio Mendez. Apesar do vento suave que acariciava meu rosto, eu sentia o peso do mundo em meus ombros.O telefone em minha mão piscava com a mensagem de Carlos Albuquerque. Ele era um aliado leal, ao menos por enquanto. A confiança na máfia é uma mercadoria rara, e a que Carlos e eu compartilhávamos tinha um preço: poder. Ele prometeu estar ao meu lado para proteger o legado da minha família, mas sei que, no fundo, Carlos nunca faz nada sem calcular seus próprios ganhos.“Cristina, o carregamento chegará amanhã. Quero sua aprovação antes de darmos o próximo passo.”Li a mensagem e apaguei a tela. Sempre exigiam algo de mim, como se ser a líder da máfia mais temida da Itália aos 23 anos não fosse o suficiente. Meu pai costumava dizer que o poder nunca é dado, ele é tomado, arranca
A responsabilidade que ele me entregou pesava mais a cada dia. Liderar a máfia Mendez significava tomar decisões que poderiam salvar ou destruir vidas, inclusive a minha. E agora, com Heitor e Carlos orbitando tão perto, as escolhas pareciam ainda mais complicadas.Eu estava no escritório quando Matteo entrou. Sua expressão estava séria, mas ele hesitava em falar, o que não era típico dele.— O que foi, Matteo? — perguntei, cruzando os braços.— Senhorita, Carlos enviou uma mensagem. Ele quer que você saiba que há algo sobre Heitor que você precisa ver... — Matteo hesitou antes de continuar. — E ele enviou uma localização.Olhei para Matteo, tentando ler o que ele pensava. Eu sabia que ele era leal à minha família, mas também sabia que Matteo tinha suas próprias opiniões sobre quem deveria estar ao meu lado.— Que localização? — perguntei, minha voz mais baixa, mas ainda carregada de autoridade.— Um galpão nos arredores da cidade. Parece suspeito. Carlos disse que você deveria ir soz
Depois que Carlos terminou de falar, sai do galpão, minha cabeça fervilhava. A traição de Heitor, a insistência de Carlos, as dúvidas que pareciam me cercar como um predador à espreita. Minhas mãos tremiam levemente, algo raro em mim, e eu sabia exatamente o que precisava fazer: encontrar um momento de escape, mesmo que fosse breve.Assim que cheguei ao palácio, ignorei Matteo e os outros seguranças. Subi direto para o bar privativo, um espaço elegante no andar superior que raramente era usado, exceto por mim. A iluminação suave refletia nas prateleiras repletas de garrafas caríssimas, cada uma escolhida a dedo por meu pai antes de sua saúde começar a definhar. Era um lugar que cheirava a tradição, poder e solidão.Servi-me de um uísque, sem gelo. O líquido âmbar desceu queimando, mas trouxe o alívio que eu buscava. Apoiei-me no balcão, encarando meu reflexo no espelho atrás das garrafas. A mulher que olhava de volta parecia inabalável, mas eu sabia que, por dentro, havia rachaduras.
Carlos me ergueu, sentando-me sobre o balcão de mármore do bar. As garrafas e copos ao redor foram esquecidos. Suas mãos deslizaram pelas minhas coxas, subindo pela renda fina do meu vestido enquanto o tecido se tornava uma barreira insignificante. O som dos suspiros e da respiração pesada preencheu o espaço, misturando-se ao pulsar acelerado dos nossos corações.— Você tem certeza? — Ele parou, seus olhos encontrando os meus. A preocupação inesperada nos olhos dele me surpreendeu.— Carlos, pare de falar — murmurei, puxando-o novamente para mim.E foi exatamente isso que ele fez. Não havia mais palavras, apenas toques e olhares que diziam tudo. Ele me carregou para longe do balcão, seus movimentos decididos enquanto me conduzia até o sofá luxuoso ao lado. Suas mãos eram firmes, mas cuidadosas, como se cada toque fosse um estudo da minha pele. E eu me entreguei, deixando de lado as responsabilidades, as alianças, as traições. Por uma noite, eu era apenas Cristina, sem os pesos do meu
— Vejo que o CEO ainda não desistiu. Admirável.Heitor avançou um passo, o olhar endurecido.— Talvez você devesse aprender a respeitar os momentos alheios, Albuquerque.Carlos riu novamente, cruzando os braços.— Respeito? Isso é engraçado, vindo de alguém que parece não conhecer limites.A tensão entre os dois era palpável, e eu sabia que, se não interferisse, aquilo poderia explodir em algo muito pior.— Já chega! — cortei, minha voz firme o suficiente para silenciá-los. — Vocês dois estão agindo como garotos mimados, e isso não vai me levar a lugar algum.Olhei para Heitor, depois para Carlos, meu coração dividido entre a raiva e o cansaço.— Vocês querem jogar um contra o outro? Que joguem, mas não usem meu nome como peça no tabuleiro.Carlos estreitou os olhos, mas o sorriso desapareceu de seus lábios. Heitor apenas assentiu, com o maxilar travado. Sem dizer mais nada, virei-me e saí, deixando-os no corredor.Enquanto me afastava, só uma coisa ecoava na minha mente: no meu mundo