Minha garganta apertou, e lágrimas silenciosas começaram a cair também. Eu o abracei com força, tentando passar a segurança que ele sempre me ofereceu.– Estamos juntos, Alejandro. Ele pode ter partido, mas ainda somos os Mendez. E enquanto estivermos aqui, o legado dele continuará.Ele se afastou levemente, passando as mãos pelo rosto para limpar as lágrimas, mas seus olhos ainda estavam vermelhos.– Ele sempre acreditou em você. Disse que você era a força que nossa família precisava.Suas palavras me atingiram em cheio, enchendo-me de um misto de orgulho e responsabilidade. Segurei suas mãos, apertando-as com firmeza.– E eu acreditava nele, Alejandro. E acredito em nós. Vamos enfrentar isso juntos, como sempre fizemos.Alejandro assentiu, recompondo-se.– Vamos, então. Está na hora de começarmos a nos despedir.Juntos, deixamos o escritório. Sabíamos que a ausência de Franco Mendez deixaria um vazio imenso, mas enquanto estivéssemos unidos, nada poderia nos derrubar.O salão estava
O restante do velório transcorreu com uma tensão que era quase palpável. O intruso, dominado por Alejandro e Carlos, foi rapidamente levado pelos seguranças da família. Ele ficou trancado em uma sala de segurança no subsolo do palácio, sob vigilância constante.Apesar do incidente, mantive a compostura durante toda a cerimônia. Não podia mostrar fraqueza, não com tantos olhos observando cada movimento meu. Alejandro e Carlos, sempre próximos, ajudavam a preservar a ordem e evitavam que os rumores do ataque se espalhassem.Após horas de condolências e discursos, chegou o momento do enterro. No cemitério particular da família, a cerimônia foi breve, mas profundamente emocional. Enquanto as palavras do padre ecoavam, observei o caixão sendo baixado à terra. Meu coração estava pesado, mas minhas lágrimas já haviam se esgotado. O choro agora era interno, silencioso, como uma ferida que latejava, mas que eu não podia permitir que sangrasse diante dos outros.Alejandro ficou ao meu lado o te
No caminho de volta ao andar principal do palácio, Alejandro quebrou o silêncio:– Eles estão testando nossos limites. Se não reagirmos rápido, vão nos ver como fracos.– Concordo – respondi. – Mas precisamos de um plano. Não podemos agir no calor do momento e dar a eles a vantagem.Carlos, que caminhava ao meu lado, parecia pensativo. Ele finalmente disse:– Já que sabemos quem está por trás disso, podemos usar a informação a nosso favor. Mandar um recado direto, mas estratégico.Paramos na biblioteca do palácio, um espaço que meu pai usava como seu centro de operações. As paredes forradas de livros, a grande mesa de madeira escura e o leve cheiro de couro traziam uma sensação de autoridade, mas também de saudade. Este era o lugar onde ele planejava cada passo de sua liderança, onde resolvia problemas que pareciam impossíveis.– Primeiro, precisamos garantir que todos os nossos aliados no conselho e nos negócios fiquem cientes da ameaça – disse Alejandro, enquanto pegava um mapa do M
– Carlos, por que me chamou aqui? – perguntei, um tanto cética, ainda tentando entender o que ele queria.Ele então se virou devagar, a expressão séria no rosto, mas havia algo no olhar dele que me fazia sentir um misto de tensão e excitação. Ele levantou-se, deu um passo em minha direção e, com um gesto elegante, tirou uma pequena caixa de alianças do bolso do terno. A caixa de veludo preto contrastava com a luz suave do ambiente.– Me dê sua mão, Cristina – ele disse, sua voz grave e baixa, como se cada palavra tivesse um peso a mais.Eu hesitei por um momento, mas algo me empurrou a fazer o que ele pedia. Estendi minha mão lentamente, sentindo a palma suada de nervoso, mas também a antecipação crescente. Carlos segurou minha mão com firmeza, a sua pele quente contrastando com a minha. Com um toque suave e preciso, ele deslizou a aliança em meu dedo anelar.– Prontinho. Agora nenhum desses desgraçados vai te cortejar. Você é minha noiva, Cristina – disse ele, com uma expressão misto
Carlos riu, mas havia algo triste naquela risada. Ele passou uma mão pelos cabelos escuros, parecendo frustrado, mas não enfraquecido.– Você está certa. Eu sou controlador. Posso ser egoísta e até um pouco bruto às vezes. Mas o que sinto por você... isso é tão fora do meu controle quanto o próximo amanhecer. – Ele deu um passo para trás, como se me dando espaço fosse a única forma de me provar algo. – Só quero que saiba que, com ou sem aliança, você já é parte de mim.As palavras dele ficaram no ar, pairando como um peso que eu não sabia se conseguia carregar. Olhei para a aliança no meu dedo, que agora parecia queimar como uma chama viva. Parte de mim queria arrancá-la, jogar na cara dele e sair dali. Mas outra parte, a parte que eu insistia em negar, queria ficar. Queria descobrir se aquele homem, que era uma tempestade ambulante, podia mesmo ser o lar que eu sempre procurei.– Você diz isso agora, mas sabe que somos uma bomba-relógio. – Minha voz saiu mais suave, quase um sussurro
Na manhã seguinte, fui despertada por um toque suave no rosto. Ainda entre o sono e a consciência, senti os dedos de Carlos acariciando minha pele com uma delicadeza inesperada. Ele afastou uma mecha de cabelo que caía sobre meu rosto e a colocou atrás da minha orelha. Ao abrir os olhos, meus sentidos foram preenchidos pela visão dele, já completamente desperto.Carlos estava apoiado em um cotovelo, me observando com aquele olhar intenso que parecia atravessar qualquer barreira que eu tentasse levantar. Ele deu um leve sorriso, uma expressão tão rara e desarmante que, por um instante, esqueci de respirar.– Me desculpa por ontem – disse ele, sua voz grave, mas serena. – Eu estava fora de mim. Mas saiba que tudo o que eu falei é verdade.Havia sinceridade em cada palavra, um peso que fazia meu coração acelerar. Eu não sabia o que responder, então apenas o observei em silêncio. Ele esperou um instante, como se tentasse decifrar minha reação, antes de se levantar da cama.Quando ele fico
Rolei os olhos, tentando ignorar a vergonha que começava a se acumular. Alejandro era insuportável às vezes, mas, no fundo, eu sabia que ele apenas queria me proteger – mesmo que usasse o humor para mascarar isso.– Se você já terminou sua sessão de comédia, pode sair? – perguntei, fingindo irritação.– Claro, claro. Mas só porque você pediu com tanta gentileza. – Ele piscou para mim antes de se virar e sair do quarto, deixando-me sozinha novamente com meus pensamentos.Olhei para a porta fechada e depois para a aliança em meu dedo. Por mais que eu tentasse racionalizar, a verdade era clara: minha vida estava se tornando cada vez mais complicada. E, de alguma forma, Carlos estava no centro de tudo.Respirei fundo depois que Alejandro saiu do quarto, tentando afastar a confusão que ainda pairava em minha mente. Decidi que a única forma de enfrentar o dia seria me concentrar em mim mesma. Fui até o banheiro e me olhei no espelho. O reflexo não mostrava apenas a mulher confiante que eu t
Passamos o dia visitando outros vilarejos, ouvindo as necessidades do povo e prometendo soluções. Havia pedidos por alimentos, medicamentos e segurança, especialmente após a morte de meu pai, que muitos viam como uma figura protetora. Eu fazia questão de me conectar diretamente com as pessoas, oferecendo um toque no ombro, um sorriso ou uma palavra de conforto. Carlos me observava em silêncio durante esses momentos, como se estivesse avaliando algo.Alejandro, em sua maneira brincalhona, encontrou uma forma de aliviar o peso do dia. Ele fazia comentários engraçados sobre os sapatos de Carlos ou sobre as cadeiras improvisadas em que sentávamos, arrancando risadas discretas de mim e até mesmo do povo.Quando a noite caiu, o cansaço era evidente em nossos rostos, mas o dever cumprido trazia uma sensação de alívio. Voltamos ao palácio em um comboio silencioso, com apenas o som dos motores quebrando a calmaria da noite.Assim que chegamos, o ambiente familiar do palácio nos envolveu. As lu