Observar Gabriel sempre foi algo que me prendeu de uma forma que eu nunca consegui explicar. Até hoje, mesmo depois de tudo, meus olhos buscam os dele instintivamente. Como agora, enquanto ele está sentado no sofá da sala, a alguns metros de mim. Estamos aqui juntos, mas separados por um abismo invisível, o mesmo abismo que se abriu entre nós ao longo dos últimos anos. O som da televisão preenche o ambiente, mas é apenas ruído de fundo. Nem ele está prestando atenção, e eu muito menos.Nosso filho, Davi, de cinco anos, está brincando no chão com seus carrinhos. Ele parece alheio à tensão que permeia o espaço entre Gabriel e eu. Olho para o pequeno, e meu coração se enche de um amor imenso, mas logo depois, como sempre acontece, sinto aquele aperto familiar. O amor que eu ainda sinto por Gabriel é uma ferida que nunca cicatriza. Ele é o pai do meu filho, o homem com quem imaginei envelhecer, e, por mais que eu tente, não consigo deixar de amá-lo. Mesmo que ele já tenha deixado de me am
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