A quarta-feira chegou mais rápido do que Sofia esperava. A manhã começou agitada, com Davi indo para a escola e ela tendo que se preparar para a reunião com Eduardo. Ao longo do dia, sua mente vagava entre as tarefas do trabalho e a expectativa do encontro. Ela tentava se convencer de que não havia nada de especial, que era apenas um jantar de negócios, mas havia uma ansiedade sutil que a acompanhava.Quando o relógio marcou o horário, Sofia se arrumou com cuidado. Optou por um vestido simples, mas elegante, e se olhou no espelho, procurando alguma segurança. “É só um jantar”, repetiu para si mesma. Mas mesmo assim, uma pequena parte dela esperava que o encontro fosse mais do que isso.Ao chegar ao restaurante, Sofia sentiu um frio na barriga ao avistar Eduardo na entrada. Ele estava elegante, como sempre, com um sorriso que parecia iluminar o ambiente. Mas, ao se aproximar, notou que havia uma mulher ao lado dele — uma mulher alta, com cabelos longos e ondulados, usando um vestido ve
Eduardo dirigia calmamente pelas ruas tranquilas da cidade, a luz dos postes iluminando o caminho à sua frente. O jantar com Sofia e Laura ainda ocupava sua mente. O brilho dos sorrisos de Laura e a energia que ela trazia à mesa eram inegáveis, mas, enquanto pensava nela, uma parte dele sentia-se distante, quase indiferente. Ao chegar à casa de Laura, ele estacionou e virou-se para olhar para ela.— Obrigada pela noite, Eduardo. Você sempre sabe como tornar os jantares interessantes — Laura disse, um brilho nos olhos que indicava algo mais.Ele sorriu, mas não sentiu o mesmo entusiasmo que ela parecia expressar. Na verdade, não tinha certeza se queria que a amizade deles avançasse para algo romântico. Laura era inteligente e bonita, mas sua mente estava longe do romance. Eduardo sabia que seus sentimentos por ela eram platônicos.— Foi um prazer, Laura. Estava bom demais para ser só trabalho — respondeu ele, tentando manter o tom leve.Laura hesitou um instante, como se esperasse algo
A semana passou rapidamente e, finalmente, chegou o dia da reunião que definiria o primeiro caso de disputa de propriedade que Sofia estava resolvendo. Ela se sentava em sua mesa, revisando os documentos uma última vez antes de se encontrar com Eduardo. A ansiedade misturada com excitação a envolvia. O esforço que havia dedicado ao caso finalmente começava a dar frutos, e ela estava determinada a apresentar um resultado sólido.Quando o relógio marcou a hora da reunião, Sofia se dirigiu ao escritório de Eduardo. Ao entrar, ele a cumprimentou com um sorriso genuíno.— Sofia! Estou ansioso para saber como você resolveu a questão — disse ele, gesticulando para que ela se sentasse.Ela se acomodou e, enquanto explicava os detalhes do caso, notou que Eduardo ouvia atentamente, seus olhos brilhando de entusiasmo.— Então, basicamente, conseguimos chegar a um acordo que é vantajoso para ambas as partes — finalizou Sofia, sentindo uma onda de alívio.Eduardo sorriu e bateu palmas, animado.—
O dia começou ensolarado, e Eduardo chegou ao escritório com a mente focada no trabalho, mas Laura não tardou a aparecer. Desde o jantar, ela parecia determinada a se aproximar dele, buscando um momento a sós sempre que podiam. Embora Eduardo a visse como uma boa amiga e uma colega de trabalho, ele não podia ignorar a intensidade que ela trazia à conversa, como se houvesse uma expectativa escondida em suas interações.Laura entrou no escritório, com um sorriso que tentava parecer casual, mas que traía sua ansiedade.— Oi, Eduardo! Você tem um minuto? — perguntou, encostando-se na porta, sua voz suave e convidativa.Ele olhou para cima, um pouco surpreso, mas sorriu.— Claro, Laura. O que você precisa?— Eu estava pensando que poderíamos discutir alguns dos nossos projetos futuros. Acha que poderíamos almoçar juntos hoje? — Ela fez uma pausa, um brilho nos olhos que sugeria que ela esperava mais do que uma simples reunião de negócios.Eduardo hesitou, notando a expectativa no rosto del
Observar Gabriel sempre foi algo que me prendeu de uma forma que eu nunca consegui explicar. Até hoje, mesmo depois de tudo, meus olhos buscam os dele instintivamente. Como agora, enquanto ele está sentado no sofá da sala, a alguns metros de mim. Estamos aqui juntos, mas separados por um abismo invisível, o mesmo abismo que se abriu entre nós ao longo dos últimos anos. O som da televisão preenche o ambiente, mas é apenas ruído de fundo. Nem ele está prestando atenção, e eu muito menos.Nosso filho, Davi, de cinco anos, está brincando no chão com seus carrinhos. Ele parece alheio à tensão que permeia o espaço entre Gabriel e eu. Olho para o pequeno, e meu coração se enche de um amor imenso, mas logo depois, como sempre acontece, sinto aquele aperto familiar. O amor que eu ainda sinto por Gabriel é uma ferida que nunca cicatriza. Ele é o pai do meu filho, o homem com quem imaginei envelhecer, e, por mais que eu tente, não consigo deixar de amá-lo. Mesmo que ele já tenha deixado de me am
Sofia sempre foi uma mulher prática. Desde jovem, aprendeu a traçar planos e a se agarrar a eles com determinação. Quando decidiu que queria ser advogada, ninguém a deteve. Enfrentou os anos de faculdade com a mesma disciplina que aplicava a tudo em sua vida: horários controlados, dedicação inquestionável, um foco quase obsessivo em ser bem-sucedida. E foi. Construiu uma carreira sólida, tornou-se uma advogada respeitada e rapidamente subiu na hierarquia do escritório onde trabalhava. Ela tinha tudo planejado, até mesmo a vida pessoal.O casamento com Gabriel parecia encaixar perfeitamente nos seus planos. Ele era estável, atencioso, e eles compartilhavam a mesma visão de construir uma família. Pelo menos no início. Mas com o tempo, enquanto Sofia crescia profissionalmente e enfrentava as demandas de ser mãe, sentia que algo se perdia entre eles. Gabriel, por outro lado, sempre foi mais espontâneo. Nunca teve a mesma pressa que ela para atingir metas, não se importava tanto com o suce
A casa dos meus pais sempre foi o refúgio onde eu podia desligar a cabeça por algumas horas. Sabe, aquele lugar onde a vida parece mais simples? Onde os problemas, mesmo os maiores, se dissipam como poeira no vento? E foi para lá que eu fui depois de ver aquela foto de Gabriel com a outra mulher. Dirigir até a casa deles me deu a sensação de estar voltando para a adolescência, quando qualquer problema parecia menor assim que eu atravessava aquela porta.Minha mãe, claro, percebeu de imediato que algo não estava certo. Ela tem esse talento. Assim que entrei, sem precisar dizer uma palavra, ela me olhou com aquele jeito que só mães têm e já estava me oferecendo café. “Vem, filha, senta aqui. Me conta o que aconteceu.”Eu sentei, e o cheiro familiar de bolo recém-saído do forno me acolheu. Não tinha nem fome, mas só de sentir o calor daquela casa, a vida parecia menos pesada. Meu pai estava lá fora, podando as plantas como fazia todo domingo. Sempre gostei de como ele era simples em suas
Naquela manhã, o escritório parecia mais agitado do que o normal. Pilhas de processos se acumulavam sobre a mesa de Sofia, mas ela já estava acostumada com o ritmo. A advocacia sempre foi um ambiente de alta pressão, e Sofia florescia nisso. A lista de clientes era extensa e o volume de trabalho, intenso, mas ela gostava de se perder nos detalhes dos casos, nas complexidades que exigiam que sua mente se mantivesse ocupada. Era assim que ela funcionava — resolvendo problemas. No trabalho, pelo menos, tudo parecia sob controle, ao contrário da bagunça emocional que era sua vida pessoal.— Sofia, o novo cliente está esperando na sala de reuniões. — A voz de Camila, sua assistente, soou no interfone, tirando Sofia de seus pensamentos. — O nome dele é Eduardo Vasconcelos.Sofia franziu a testa, tentando lembrar-se do nome, mas não conseguiu associar a ninguém. Ele deveria ser um dos novos casos que o sócio, Paulo, havia mencionado rapidamente durante a última reunião. Um cliente importante