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Todos os capítulos do Por Acaso: Capítulo 1 - Capítulo 10
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Um
ANDRÉVocês sentem o amor de um pai? Eu nunca consegui sentir, afinal meu pai nunca disse que me amava, um carinho, um abraço eu nunca recebi.Sempre jogou na minha cara que eu não sirvo pra nada além de trazer dinheiro pra ele comprar suas drogas.Todas crianças merecem serem felizes, não acha? Somos inocentes. Tenho oito anos e vejo o mundo como adulto, a maldade que corre a todas crianças e mulheres inocentes.Não tinha ganhado uma grana boa no farol hoje, única que ganhei comprei um pão, a tiazianha teve pena, fez mais barato, eu não tinha resistido, fazia dois dias que não comia nada.Abaixei meu rosto com medo, abrindo aquela porta velha do barraco. Passei meu olhar pelo barraco, parecia um chiqueiro... do canto tinha uma mulher junto ao mru pai, ela estava núa.Luiz: Cadê meu dinheiro?-disse rude, se levantando.- Hoje não teve rendimento, eu não consegui seu dinheiro.Luiz: O que eu falei moleque?O que eu repeti pra tú? Sua desgraça! – aumentou a voz apertando meu pescoço – T
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Dois
ANDRÉPassei meu olhar pelo cômodo, abrindo a porta devagar, no canto da mesa estava meu pai, ele cheirava um dos seus pinos, quando seu olhar bateu no meu, senti seu olhar furioso, ele deu uma olhada pro cachorro. Pedi mentalmente pra Deus me livrar pelo menos esse dia.Luiz: Tira logo esse nojento daqui!– Bob então saiu pela porta.Suspirei fundo, olhando baixo.Luiz: me dá logo o dinheiro – entreguei o que sobrou dos lanches – Cadê o resto?– Consegui apenas...– ele segurou em meu cabelo me dando um tapa no rosto.Luiz: Seu infeliz! – meu nariz ardeu, indicando choro, porém me segurei naquele momento, apenas uma lágrima solitária desceu em meu rosto.Quando ele deu brecha, eu fui rápido em direção do outro cômodo, afinal, não queria apanhar mais. Encarei minha mãe, sentada no canto do cômodo enquanto encarava tudo a sua volta. Ela tem um depressão profunda, já tentou se suicidar várias vezes, porém nunca conseguiu.Sua depressão é tão forte que ela não consegue fazer nada no dia a
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Três
ANDRÉ Abri meus olhos com a claridade, a dor do meu corpo ficou mais forte quando levantei, eu tinha amanhecido no mesmo lugar.Os cortes estavam abertos e o sangue se destacavam pra caralho, como ardia.Levantei com dificuldades, vesti aquelas roupas rasgada, sai do barraco indo direto ao encontro do Lipe.– Eu quero matar meu pai – falei.Lipe: Cara, oque aconteceu?– Meu pai, sempre é ele!Lipe: Porque não sai de lá? Ou sei lá, pô, sei que dói demais ver você dessa maneira.– Como?Lipe: Eu não sei, irmão, mas vamos logo.Passamos o dia todo no farol, tá ligado que era ruim demais enfrentar sol, mas pior mesmo era enfrentar com chuva, os carros mal parava pra nós, nem conseguimos muito dinheiro.Lipe: Tá ligado irmão, um dia seremos cantores e vamos comprar todos brinquedos – sorri com ele, correndo até a padaria, o cheiro do salgado fez meu estômago revirar de fome, porém, eu não tinha dinheiro hoje pra comprar, apenas consegui dois reais.Lipe: Quanto ta?– Quatro reais.Lipe: M
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Quatro
ANDRÉ Levantei meu corpo, sentindo uma dor enorme, não queria sair dali, afinal, estava com meu corpo todo machucado e doendo. Assim que levantei, admirei a cena que meu pai não estava no barraco, pela primeira vez na vida de manhã.Assim que sai do barraco, Lipe já me esperava, fomos mais um dia pro farol. Eu estava sentindo algo em meu peito, uma angústia muito ruim. Papo reto? Fiquei com maior medo e me sentindo humilhado, todo momento eu lembrava do dia anterior, pior sensação.Lipe: Tú está pensativo...– Lipe, vamos tentar fazer mais um dinheiro do dia.Ficamos mais um dia pra rua, a mesma rotina de sempre, porem, estava sentindo algo dentro do meu peito. Algo bem forte, eu não conseguia segurar, era o ódio. O ódio enorme de tudo em minha volta, pensamentos que minhas esperanças foram todas destruídas.Assim que fechei a porta da barraco, meu pai já caminhou em minha direção. Dessa vez ele não perguntou sobre dinheiro, ele apenas me espancou, me bateu com um cinto fino e com u
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Cinco
ANDRE Olhei para os lados, a chuva caia forte na cidade, depois de varias horas caminhando, único lugar pra nós protegermos foi uma via que levava uma cidade a outra. O frio estava me matando por dentro, assim como a fome. Minha mãe estava tremendo de frio.Olhei para os lados, percebendo uma padaria aberta.– Mãe, fica aqui...– A encarei – vou ver se consigo algo, tudo bem?Ela não disse nada. Sai dali, caminhando rápido até uma padaria, eu estava molhado, assim que encararam, a cliente da padaria me olhou com nojo.Xxx: O que uma criança assim faz aqui– negou, debochando – Aqui é padaria de alto nível, moleque, vai pra essas outras...Xxx: Deixa ele, tú quer algo?– olhei baixo, admirando o salgado –Não tem dinheiro pra comprar? Eu compro um pra você! Me serve três salgados desse aqui, moça – O rapaz pegou três salgados, me entregando – Vá, moleque, é teu– me entregou.Consegui um copo de água, peguei meu caminho, voltando até onde minha mãe estava, com pouca claridade a procurei co
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Seis
ANDRÉ Um gesto, uma palavra, ou seja, um carinho poderia mudar a vida de qualquer uma criança. Quando uma criança recebe o devido valor, ela cresce com esperanças, com sonhos, caso ela receber o desprezo e o ódio, a criança torna-se mais um adulto no mundo que carrega o ódio dentro de si por culpa de um doador de espermatozoide.Lidar com alguns pensamentos dentro da própria cabeça é difícil, pois teu pior inimigo é tua própria mente, cara.Dia após dia, noite após noite, luta após luta e minha cabeça nunca sai do meu passado, você aprende a conviver, porém nada e ninguém consegue te fazer esquecer. Menor: Alá, qual foi? Nós estamos conversando contigo — suspirei baixo, passando a mão no pescoço — Tú é muito otario, pô, todo dia viajando, parceiro.— Qual é? Vai cuidar dos teus câos, caralho, e não sou teu parceiro não, pelo jeito quem está viajando é tú — os outros me encararam, negando.D7: A reunião está encerrada, geral saindo — quando dei as costas, D7 murmurou — Tú fica, Mural
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Sete
MURALHAEnxuguei meu rosto com a toalha, soltando um suspiro baixo, me encarei no espelho, descendo o olhar pelas cicatrizes no peito, correndo até meu braço, mesmo com tantos músculos, as cicatrizes ainda faziam parte do meu corpo.Depois de anos, continuo sem confiar em ninguém, e garanto que continuarei sem confiar em ninguém pelo resto da minha vida. Papo de família? Não existe mais na minha cabeça.Depois que minha mãe fugiu pelas ruas, coloquei em mente que nenhum ser humano liga para os sentimentos dos filhos. Fiz meu café da manhã e rápido, em seguida meti o pé onde os cria estavam.D7: Aê, na moral? Tem um playboy devendo alta quantia em drogas - caminhou na minha direção. Arquiei a sobrancelha, tentando decifrar o papo dele.- E? - cruzei os braços - Eu não cuido dessa parte não, qual é? D7: É que geral já foram atrás...- Aê, na moral?- chamei atenção de todos - Eu tô dando meu papo, vocês recebem pra que mermo? Pra fazer os corres do dia a dia, rapá! Agora vem com papinho
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Oito
AmandaEstava encerrando mais um período no meu trabalho, trabalho em uma clínica de psicologia, sou psicóloga a um ano, formada e com vários certificados. A psicologia é algo muito delicado, você tratará cada cliente com muito amor e carinho, levando por um bom período de vida. Já lidei com pessoas com alto nível de depressão, vê-la mudando e voltando a saber lidar com problemas é algo sem explicação. Porém nem tudo é fácil, já tive mais de dois clientes que não soube lidar e acabou em suicídio. Tirei meu salto alto, amarrando meu cabelo em coque, guardei meu óculos de sol, colocando o de grau. Minha logo surgiu no meu campo de visão.Angélica: Boa tarde, como foi hoje?- Mesmo de sempre - sorri - cadê o pai? Angélica: Ela está trabalhando ainda...- sussurrou.- Hum... estou precisando sair um pouco, dar uma caminhada pelo calçadão. Angélica: Sim, mas dá última vez seu pai...- Ele não achou bom. Mãe, eu tenho vinte e quatro anos - levantei, pegando minha bolsa - Aliás, ainda não
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Nove
MuralhaMenor caminhou até meu encontro, tirei o olhar do meu celular o encarando. Era papel do D7 vim me passar alguma informação, mas pelo jeito ele ficou bolado com nossa conversa de ontem, rapá.Menor: Calculei o passo de tod9s da família do Jorginho — arquiei a sobrancelha.— E?Menor: A filha mais velha é uma famosa boqueteira que descer a favela, já a mais nova — deu um sorriso de lado — É outra parada, gostosinha... — Não quero saber esse papo, moro? Manda logo as informação, sem papo torto, tio — encarei ele. Menor: Está aí a informação, o endereço, caso querer...— Quero o seguinte, primeiro um susto, depois a parada ficará séria — peguei meu rádio — Aê, preciso de mais dois na minha sala — travei meu maxilar. Menor: Qual será o próximo passo?— aguardei os outros dois entrarem.— Quero um sequestro bem elaborado, tá ligado? A filha mais nova, vocês irão mantê-la em cativeiro até o dia que o desgraçado me pagar! Menor: Tô dentro, pô — sorriu — Posso ficar no cativeiro com
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Dez
Amanda Saquei uma quantia de dinheiro do caixa e aproveitei pra passar no orfanato pra ajudar em algumas coisas. Sou uma dos sócios que ajuda a arrecadação do orfanato, algo gratificante é exerga a felicidade das nossas crianças. Sempre tive compaixão desde nova, costumava ajudar pessoas no farol, dando salgado ou até mesmo compartilhando meu salgado. Bom, pra dizer a verdade, eu fazia um drama enorme pra minha mãe dizendo que estava morrendo de fome, no final era mentira, era apenas uma desculpa pra dar pra alguém no farol e sempre dava certo e de alguma forma, antigamente, ela ficava orgulhosa da mulher que eu me tornaria.Lara: Tia, Amanda - sorri com o abraço. - Oi, meu amor - passei a mão em seus cabelos liso - Como estão as coisas? Lara: A tia disse que vou ter meus papais - sorri de lado - Eu vou ter uma família, tia Finalmente os papéis da doação desse ser pequeno deram certo, depois de meses de tentativas dos pais aditivos. - Sim, meu amor, você será muito feliz, ta b
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