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Todos os capítulos do Casamento arranjado : Capítulo 1 - Capítulo 10
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Prólogo
sem revisãoSanta Maria é uma pacata cidade do interior do Pará, onde a principal diversão das crianças é brincar nas águas do rio Santa Maria e nos seus igarapés. A principal fonte de renda é a agricultura, no passado era a agricultura familiar mas com o forte investimento da família Foster em máquinas pesadas e na criação do gado, as famílias foram vendendo suas terras para o fazendeiro e se mudando para a parte urbana da cidade ou para a capital do estado, se virando como podiam para garantir sua subsistência. Grande parte dos moradores de Santa Maria era peão e outra parte cuidava do funcionamento da casa principal, na grande fazenda Foster.Ainda na cidade, o lugar dispunha de uma igreja católica, uma praça sem graça com um coreto e alguns bancos, um porto e um terminal rodoviário. Ainda se via bastante pessoas indo de vindo de carroça, cavalo e bicicleta. Pouco se via carros, a maioria pertencia a fazenda Foster que era utilizado pelos seus trabalhadores no transporte de cargas.
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sem revisãoTudo estava pronto e o momento de voltar para o Brasil havia chegado, Miguel pensou ao olhar para o lugar que havia sido seu lar por tantos anos, vazio. Nesse último período decidiu que estava na hora de cumprir sua obrigação, estava de vôo marcado para o Brasil e assim que chegasse na cidade de Santa Maria, marcaria a data do casamento com Joice Bentes. A partir daquele momento seu foco seria expandir ainda mais os negócios da família e se casar com uma mulher que com certeza não serviria nem para satisfazer suas necessidades carnais, ele casaria, pois tinha um objetivo bem mais ambicioso que o do pai. Fechou a porta e foi ao encontro da irmã que o esperava no carro.Salete esperava ansiosa pela retorno do filho, foram cinco longos anos de saudade, saudade que só foi amenizada com suas visitas semestrais a Nova Iorque, para ver o filho. Margareth também não estava em casa, havia passado os últimos quatro anos estudando moda em Paris e os últimos oito meses em Nova Iorque
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sem revisãoJoice não conseguia dormir, passou parte da noite rolando de um lado para o outro na cama, pensando em uma solução, Queria correr para o colo do irmão e pedir ajuda. No entanto, Vini provavelmente não poderia fazer muita coisa. Apenas apoiá-la na sua decisão de não levar adiante esse casamento arranjado pelos pais.Joice escutou sua janela sendo aberta, olhou a hora no celular que estava no criado mudo ao lado da cama, era 3h55. Ele não perdia a gostosa mania de entrar sorrateiramente no seu quarto, através da janela, no meio da noite. Sorriu ao ver Pedro se esgueirar para a cama, deitando ao seu lado e a puxando para si.- Estava ansioso de mais para esperar até amanhã. O que seus pais falaram sobre o nosso casamento? - perguntou depois de beija-la com paixão e saudade.Jojo travou, como dizer a ele que seus pais revelaram que a cinco anos ela estava prometida ao filho do patrão dele? Era tudo tão absurdo e inaceitável que no interior ainda existiam casamentos arranjados
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sem revisãoPedro aumentava o aperto em volta da namorada a medida que ela avançava em seu relato. Ele queria matar os patrões e os sogros. Queria matar qualquer um que ousou pensar, em afasta-lo do amor da sua vida, jamais permitiria que os separassem, ficariam juntos para sempre.– O Miguel já marcou a data do casamento tanto no civil como no religioso. – ela fala entre soluços. – Nem sequer me consultaram e meus pais... Não consigo entender porque eles concordaram com isso sabendo o quanto nos amamos e o quanto isso acabaria conosco. – Jojo afundou o rosto no peito magro do namorado.Quando ela começou a falar sobre o acordo entre as famílias, ele realmente acreditou que poderiam sentar com Miguel e seu Maciel para explicar a situação, eles passaram quase a vida toda juntos e não poderiam se separar agora por causa de um capricho de dois velhos idiotas, mas agora que sua namorada terminou de falar, percebeu que não tinha conversa. Simplesmente estavam impondo a ela algo que Joice n
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sem revisãoPedro já estava à sua espera, os olhos dela só faltaram entrar em órbita ao ver o barco que ele conseguiu, se é que aquilo poderia ser chamado de barco. Era um popopo, uma canoa com motor.– Não, não e não. – ela se negou a subir naquilo, seu namorado sabia o quanto ela tinha medo de entrar num troço daquele.Pedro se aproximou dela, segurou seu rosto e a beijou, depois que soltou sua boca, olhou bem em seus olhos e disse:– Confia em mim, vamos até o sítio do Clóvis, onde vamos passar a noite e bem cedo pela manhã... Vamos seguir caminho até a fazenda dois corações, papaia vai nos esconder no celeiro até que seja seguro chegarmos a rodoviária e pegar um ônibus até Belém e quando chegarmos lá, ninguém vai nos encontrar.Joice o abraçou com força, ela morria de medo de atravessar o rio em uma canoa, ainda mais com uma tempestade a caminho.– Podemos voltar e enfrentar meus pais e os Foster juntos, eles não podem me obrigar a fazer o que não quero. Posso aguentar as consequê
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sem revisãoJoice se jogou na água e permitiu que a correnteza a levasse, desesperada, gritava a plenos pulmões pelo nome do seu amor enquanto as turbulentas águas do Santa Maria permitiam. O pânico de não conseguir enxergar Pedro a fazia gritar ainda mais, a fazendo engolir água e a engasgar, mas aquilo não foi o suficiente para fazê-la desistir de se fazer ouvir por seu amor. Ele deveria estar agarrado a algum galho, tronco ou qualquer coisa que pudesse ajudá-lo a sobreviver aquele rio, não conseguia ouvi-la devido ao barulho da chuva e da correnteza do rio, por isso, em meio a tudo aquilo era precisava gritar, porque ele tinha que ouvi-la, ela precisava que ele a ouvisse. O corpo de Joice começou a cansar de lutar contra a correnteza e tudo o que ela conseguia pensar e sentir era desespero. Joice não estava conseguindo alcançar Pedro e nem sequer sabia para onde as águas o levaram...Na manhã seguinte, a chuva era apenas uma recordação, dando lugar a um novo dia repleto de nuvens b
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sem revisãoFazia três dias que Jojo acordará atordoada no leito do hospital. Seu corpo doía até os ossos, sua visão estava turva e tudo indicava que tinha hematomas por todo o corpo, isso incluía o tornozelo machucado. No entanto, nem uma dessas coisas importou quando ela perguntou por Pedro.– Ele está bem? Se feriu muito? Posso vê-lo? – Joice perguntou aflita a mulher que via todas as manhãs de domingo, na igreja e que era uma das enfermeiras do hospital local.A enfermeira se compadeceu da paciente, os olhos aflitos, angustiados. Eles eram tão jovens e apaixonados, sentia muito pela tragédia que se abateu entre eles. Todos na cidade conheciam a história de amor de Pedro e Joice, todos ansiavam para testemunhar a união de casal tão estimado e agora… tudo o que a enfermeira poderia fazer era amenizar um pouco a situação, então, Edilene, disse que estavam a procura do rapaz e que logo, ele estaria ao lado dela, segurando sua mão e rindo sobre toda aquela situação que haviam se metido
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sem revisão Na casa dos Fosters, a família estava reunida para o jantar. Salete esperava o momento oportuno para tocar no assunto que fora proibido a alguns dias, quando Meg implorou ao pai para financiar as buscas a Pedro, seu colega de infância.Miguel estava calado, aguardava o momento de assumir ambas as terras e somente depois, tomaria uma decisão referente a família Bentes. Talvez uma casa na cidade até se reerguer.Maciel estava pensativo, foram anos desejando e esperando o momento para essa união. Anos para não ter desculpas de estar com... Ele balançou a cabeça e despachou os pensamentos para longe. Seu filho era incapaz, não conseguiu que nenhuma das filhas de Vitor subisse ao altar com ele.– São nossos amigos, poderia dar mais um tempo a eles. – Salete finalmente toma a iniciativa para interceder pela família Bentes.O homem ignorou a mulher e quando a filha ia abrir a boca, virou-se para ela com um olhar de alerta. Margareth logo se calou e abaixou a cabeça. Era assim qu
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sem revisãoJoice estava a mais de uma semana parada na frente da janela do seu quarto, olhando para o vazio, à espera da notícia que lhe devolveria o sorriso na face, que lhe devolveria a vontade de viver. A notícia que faria seu coração parar de doer. Não ter nenhuma notícia dele doía tanto em seu peito que ela sentia que poderia morrer de tanta dor, mas a esperança de que ele estava bem era o que a mantinha de pé e não permitia que desistisse, ela não poderia desistir, eles tinham a vida toda pela frente e muitos planos para realizar juntos.O pai e o irmão, estavam engajados na busca por Pedro e a mãe, lutava para que a filha comesse algo, Raimunda não suportava ver a filha parada na frente da janela do seu quarto desde que saiu do hospital, a espera de notícias de Pedro. Não adiantava, Joice não falava com ela e não se alimentava, a mulher pensava seriamente em levar a filha de volta para o hospital, ao menos para tomar um soro para se hidratar.A última vez que viu sua menina r
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sem revisãoSeu Jacinto observava o corpo com atenção, desde que Bento levantará o lençol, o homem teve certeza que aquele corpo sem vida e completamente deteriorado, não era o seu filho. O policial estava de cabeça baixa, sem coragem de encarar o homem que sempre lhe estendeu a mão quando precisou.– O que é isso? – o idoso perguntou, apontando para o corpo na mesa fria.Bento não responde.– Esse não é meu filho, mesmo em estado de decomposição... Eu sei que não é meu filho. – O homem disse sem conseguir entender, Bento e ele são amigos. Pedro e ele eram amigos.– É o Pedro. – Bento afirma com a voz baixa.– Não, não é. – o idoso fala firme.O celular de Bento tocou e ao atender, ele olhou sério para o homem idoso.– Seu Jacinto, venha comigo. – ele pediu com a voz trêmula.Havia algo de muito errado - pensou o homem de pele parda, olhos meio puxados e cabelo liso de um negro bem vivaz. Neto e filho de índio, o homem foi criado longe de seu povo, sabia bem pouco de suas tradições ou
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