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sem revisão

Na casa dos Fosters, a família estava reunida para o jantar. Salete esperava o momento oportuno para tocar no assunto que fora proibido a alguns dias, quando Meg implorou ao pai para financiar as buscas a Pedro, seu colega de infância.

Miguel estava calado, aguardava o momento de assumir ambas as terras e somente depois, tomaria uma decisão referente a família Bentes. Talvez uma casa na cidade até se reerguer.

Maciel estava pensativo, foram anos desejando e esperando o momento para essa união. Anos para não ter desculpas de estar com... Ele balançou a cabeça e despachou os pensamentos para longe. Seu filho era incapaz, não conseguiu que nenhuma das filhas de Vitor subisse ao altar com ele.

– São nossos amigos, poderia dar mais um tempo a eles. – Salete finalmente toma a iniciativa para interceder pela família Bentes.

O homem ignorou a mulher e quando a filha ia abrir a boca, virou-se para ela com um olhar de alerta. Margareth logo se calou e abaixou a cabeça. Era assim que Maciel mantinha a família na linha, intimidando-os.

– Já falei que esse assunto está encerrado e mais... quando eu morrer, também ficarão sem nada. – o homem fala ao levantar-se e deixar a mesa furioso.

Margareth foi a primeira a falar depois que o pai estava fora de vista, olhou para o irmão e depois para a mãe.

– Como assim vamos ficar sem nada? – a moça pergunta aflita.

– Não sei, querida – dona Salete responde. – Mas conhecendo seu pai, não duvido muito que ele nos deserde em testamento.

Meg olhou para o irmão, que estava pensativo. Sim, o pai seria capaz de deserdá-los somente para puni-lo, por seu fracasso em cumprir a única coisa que lhe foi imposta na vida. Casar com uma das filhas de Vitor Bentes. Josiele fugiu por não suportar a ideia de fazer parte da família dele e Joice, de certa forma não a culpava, a vida dela já estava encaminhada, ela supostamente amava o tal de Pedro, assim como a sua irmã.

O veterinário foi o motivo de Meg ter ido embora de Santa Maria. Ela era apaixonada por Pedro e não suportava vê-lo com sua amiga de infância. Miguel pediu licença às mulheres da sua vida e levantou-se, indo ao encontro do pai.

Maciel estava na varanda, fumando um charuto cubano. O homem se pôs ao lado do pai e esperou o sinal para que pudesse falar.

– Não sou um pai ruim, eu nunca te exigi nada além de unir as famílias Bentes e Fosters – o homem começou a falar. – E não conseguiu cumprir isso. Agora ambos os lados pagarão por seu fracasso. – Maciel j**a as cinzas do charuto na grama.

– Não fracassei, podemos fazer esse lugar ser grande sem precisar unir as famílias. Passei os últimos dez anos me especializando, viajando. Buscando as melhores tecnologias para fazer tudo isso dar certo. Assim como os outros investimentos que eu fiz com o seu dinheiro e deu certo, negócios que tem sustentado tudo isso e ainda tem coragem de dizer que fracassei somente porque nenhuma das caipiras quis se casar comigo? – Miguel estava sem paciência para os dramas do pai.

Pela ingratidão do homem que ele passou a vida tentando impressionar. – Eu dei a cara a tapa e fiz os negócios aleatórios da nossa família crescer, a fazenda dá lucro? Sim. Mas não como os outros investimentos, muito mais que unir as “famílias” – Miguel abre as aspas.

– Não vou mentir, tenho interesse nas terras dos Bentes e o senhor tem como tê-las sem precisar de um casamento. Cobre a dívida de Vitor e poderemos fazer de Santa Maria um lugar grande e próspero, no início... Poderemos construir a fábrica de cosméticos que vai empregar boa parte da população da cidade. – Miguel estava determinado em cumprir seus objetivos.

– Ótimo, case com a Joice e poderá fazer tudo isso com o meu dinheiro... Caso o contrário, se vire para fazer isso tudo com o seu esforço mas duvido muito que consiga sem dinheiro. – Maciel j**a o charuto fora e deixa o filho sozinho.

Miguel não teve escolha, ele não queria apelar para tanto mas muito estava em jogo. Ligou para Bento, o delegado daquela cidade sem futuro, estava na hora de tomar agir e se seu pai queria aquele maldito casamento, ele o teria.

***

Miguel sentiu a pressão imposta por seu pai, as terras seriam deles se não houvesse um casamento e por isso não entendia porque Maciel fazia tanto caso por aquele casamento ao ponto de ameaçar a sua própria família. no entanto, ele sabia que sem o dinheiro do pai, a mãe e a irmã estariam em apuros, e também havia os seus planos, estava com tudo pronto para ser executado e não permitiria que um sentimento ilusório idiota colocasse em risco o seu futuro e a sua liberdade financeira. o homem não via a hora de se livrar das amarras do pai e por este motivo, Miguel estava à beira do rio, ao lado de Bento, chefe da polícia local.

– Tem certeza? – O homem perguntou ao policial.

– Sim, não temos dinheiro para continuar com as buscas.

Era o que Foster havia imaginado. Ele balançou a cabeça, sabendo que era a decisão certa a fazer. Muito estava em jogo e era tarde demais para voltar atrás, contudo, para levar o plano adiante, precisava de ajuda.

– O dinheiro que Vitor investiu para que as buscas não parassem acabou e a polícia local não tem verba para prosseguir com as buscas. – Bento conclui.

Miguel balança a cabeça em entendimento, ele não poderia perder mais tempo e nem iria.

– Preciso que me faça um favor – fala sem encarar o homem ao seu lado...

Depois de ouvir atentamente o que o filho do homem mais poderoso da região disse, o policial não conseguia acreditar no que estava lhe sendo proposto. Era demais, ele não podia, aquilo ia contra tudo o que defendia e acreditava, ia contra o seu juramento quando assumiu o cargo público de delegado.

“Respeitar e aplicar a lei, na luta contra a criminalidade em prol da Justiça, arriscando a própria vida, se necessário for, na defesa da sociedade e dos cidadãos”.

E por este motivo, aquela proposta era uma ofensa a si e ao seu caráter, era antiético e imoral.

– Não posso fazer. – Bento disse a Miguel depois de ouvir sua proposta, muito tentado a lhe dar voz de prisão por ele simplesmente ter cogitado algo tão amoral.

– Você vai. – Foster falou num tom austero. – Eles precisam de um corpo e você já disse que é improvável que o rapaz tenha sobrevivido. Foram duas tempestades depois daquela noite. Apenas faça e será muito bem recompensado. – Miguel garante ao homem. - Todos nós seremos. - Completa sem paciência para lidar com um falso moralismo do homem ao seu lado..

O delegado volta a pensar por uns segundos, não era para fazê-lo mas ainda o faz. Continuar com as buscas mesmo que o dinheiro investido tenha sido da família Bentes, não os levaria a lugar algum. Todos na cidade sabiam o que estava em jogo e todos temiam por isso. A família Bentes empregava uma boa parte dos pais de família da cidade, assim como os Fosters empregavam a outra metade. Muitos deles seus amigos de infância. Era um dilema que ia contra tudo o que defende e acredita.

– O farei. – Foi a resposta do homem e ele faria, depois que esgotasse todas as outras alternativas e tivesse absoluta certeza que o rapaz que conhecia desde que era um menino, não sobreviverá.

Era o minímo que poderia fazer por Pedro e Joice, iria em busca dele mais uma vez e se a busca fosse um maldito fracasso, aceitaria a proposta do homem ao seu lado, para o bem das famílias de Santa Maria, que dependiam daquelas duas malditas famílias para colocar a comida na mesa...

Miguel voltou para a casa grande, a primeira coisa que fez foi olhar suas finanças pessoais que estava comprometida desde que entrou em sociedade com Penélope. O dinheiro que tinha era o suficiente para aquela última empreitada e se não desse certo, estaria em apuros financeiramente. Pois desde que se formou tem se dedicado exclusivamente aos negócios da família. Muitas empresas do seu ramo o viam como um filho de papai que pegou tudo de mão beijada. Aqueles abutres não sabiam da missa um terço e ainda assim, o filhinho de papai conseguiu aumentar em 30% a receita da empresa. Entretanto, para Maciel Foster a sua capacidade de fazer a empresa crescer não era o suficiente e acreditava que o casamento com uma mulher que não o amava e era irmã daquela... Miguel fechou os olhos, Josiele não vinha ao caso naquele momento, sua ex-noiva vivia feliz ao lado de um palhaço de circo. Ele sorriu, pelo menos ela foi corajosa o suficiente para desafiar ambas as famílias e seguir sua vida longe das amarras impostas por eles.

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