sem revisão
Fazia três dias que Jojo acordará atordoada no leito do hospital. Seu corpo doía até os ossos, sua visão estava turva e tudo indicava que tinha hematomas por todo o corpo, isso incluía o tornozelo machucado. No entanto, nem uma dessas coisas importou quando ela perguntou por Pedro.– Ele está bem? Se feriu muito? Posso vê-lo? – Joice perguntou aflita a mulher que via todas as manhãs de domingo, na igreja e que era uma das enfermeiras do hospital local.A enfermeira se compadeceu da paciente, os olhos aflitos, angustiados. Eles eram tão jovens e apaixonados, sentia muito pela tragédia que se abateu entre eles. Todos na cidade conheciam a história de amor de Pedro e Joice, todos ansiavam para testemunhar a união de casal tão estimado e agora… tudo o que a enfermeira poderia fazer era amenizar um pouco a situação, então, Edilene, disse que estavam a procura do rapaz e que logo, ele estaria ao lado dela, segurando sua mão e rindo sobre toda aquela situação que haviam se metido. Mentiu para o bem da sua paciente, que logo. Voltou a dormir mais tranquila...Bento, chefe da polícia local foi visitar Joice no hospital, a escutou e só então compreendeu o motivo do casal ter se aventurado na rio com a ameaça de uma tempestade. O homem jurou a ela que estava fazendo tudo ao seu alcance para encontra Pedro.O coração de Joice encheu-se de esperança. Com certeza o noivo havia conseguido chegar a beira do rio e se esgueirado para a mata, nesse momento ele deveria estar comendo alguma fruta nativa, enquanto esperava pelo resgate. Deveria está com frio e sede, talvez sede não. Já que sua região era demasiado abençoada com água doce. Mas seu amor podia estar ferido, preocupado com ela e os pais. Assim que o policial a deixou sozinha, Joice havia se permitido chorar pelo seu amor...Os pais de Pedro estavam no corredor, esperando para falar com ela. A moça não aceitou recebê-los, ainda não estava pronta para enfrenta-los sem o Pedro. Quando ele estivesse ao seu lado, saberia como ludibriar os pais.Naquele mesmo dia, ela também se recusou a receber seus pais, ainda estava muito magoada com eles. Porém, acabou recebendo visitas, mesmo contra a sua vontade.Maciel Foster não sabia os significados das palavras indesejado e inconveniente. O homem simplesmente entrou no quarto de Joice. Era nítido o seu desapontamento com ela. Mas Jojo estava pouco se lixando para o homem e todo aquele acordo idiota que ele tinha com o pai.– Ingratidão, sabe o significado dessas palavras? – foi a primeira coisa que o homem perguntou a ela.Jojo recusou-se a falar, não daria aquele abutre esse gostinho. Maciel riu debochado, irritado.– Eu tenho sido muito benevolente com a sua família e é assim que você agradece? Fugindo com um pé rapado? – ele a provoca.Joice enrolou os dedos no lençol que a cobria da cintura para baixo. Maciel notou seu pequeno gesto e sorriu.– Um ninguém, que nada têm a te oferecer exceto uma vida medíocre e miserável. – Maciel com certeza estava passando de todos os limites. Ele sabia, estava fazendo de propósito.– Olha pra você, o estado que se encontra. Lamentável. – Ele cospe.A paciência de Joice estava chegando ao seu limite. Não demoraria para manda-lo para a puta que o pariu.O homem segurava uma pasta e a colocou em cima de Joice. Sorrindo, glorioso.– Seu silêncio não vai durar muito e nem a sua resistência. Aí estar os motivos que a farão aceitar cumprir sua parte no acordo. – o homem sai.Ela pegou a pasta e começou a ler os papéis que estavam dentro dela. Documentos, provisórias, contratos assinados, empréstimos absurdos com juros ainda mais absurdos. As terras da família estava mais que comprometida... Mas foi um documento especial que fez Joice realmente se preocupar. Não era só os seus pais que estavam nas mãos de Maciel Foster, os pais de Pedro também.Jojo quase teve um surto. Era demais pra ela, como o noivo não contará sobre a dívida e porque, o pai devia tanto dinheiro a família Foster? Maciel havia deixado um bilhete entre os papéis.“ Você não tem escolha”Porque? Porque esse homem insistia com essa história? A família dela não tinha mais nada que pudesse oferecer. Tudo praticamente estava nas mãos dele.Os pais conseguiram entrar pra vê-la, a médica permitiu. Joice os ignorou, ela só teve alguma reação quando o irmão entrou no quarto e sem nenhuma cerimônia correu para abraça-la. A mulher segurou as lágrimas, não permitindo que caíssem na frente dos pais.– Vamos encontra-lo, eu prometo. – Vini disse-lhe.Joice notou uma certa dúvida naquelas palavras e ela soube, naquele momento. Que talvez a polícia não conseguisse encontrar o seu amor.Vinícius notou a aflição que tomou conta da irmã e a conhecendo jamais se permitiria abrir o berreiro na frente dos pais, especialmente se eles são a causa de toda aquela confusão.Ele tocou o seu ombro, o apertando de leve e olhou para os velhos.– Deixem-na descansar. Terão muito o que conversar nos próximos dias. – fala. Os pais com muito custo assentem.Mesmo sendo ignorados, o casal despediu-se da filha, seguidos pelo filho. Vinícius sorriu complacente para a irmã antes de fechar a porta do quarto.Aquele primeiro dia e primeira noite, Joice não teve notícias de Pedro, nem no segundo dia e segunda noite. No terceiro dia, aflita, desesperada, com medo, muito medo de ter perdido o seu amor, Jojo começou a deixar que os pensamentos negativos começassem a suprimir os pensamentos positivos. Começou a deixar que a culpa tomasse conta dela e para piorar, no terceiro dia – sem qualquer notícia de Pedro, a visita que recebeu justo aquele dia não foi de seus pais, nem de seu irmão. Que havia se unido com alguns moradores para ajudar na busca por seu noivo. A visita foi inesperada, sendo que não se viam a cinco anos e ela sequer tinha conhecimento que estava prometida a ele. Miguel.Ele não mudará muito, continuava lindo e frio, o olhar duro e distante. Diferente da irmã, Joice, por seguir de certa forma a mesma carreira que o homem, sabia o motivo dele ter se tornando esse tipo de homem.O mundo dos negócios exigia que fosse implacável. Deveria ter falado com ele, negociado e não se desesperado, deixando que o medo tomasse o controle de suas emoções. Perder o controle de suas emoções a levaram aquela situação, com Pedro desaparecido.Miguel puxou a cadeira que estava de encosto na porta e sentou. Um meio sorriso despontou dos seus lábios, que acrescentavam ainda mais ao charme natural do homem. Ela notou que ele estava um pouco mais forte, no passado o homem era bem esguio.Joice o esperou tomar a palavra, ela sabia que se fosse a primeira a fazê-lo, apenas ofensas sairiam da sua boca.– Você não mudou muito. – o homem observa depois de uns segundos em silêncio.– Pena que não posso dizer o mesmo, Você está velho. – ela não conseguiu segurar a língua.– Verdade e pelo visto, você se tornou uma mulher imatura. Sabe, a idade só faz bem aos homens, isso é claro quando cuidamos da nossa saúde e eu posso garantir que cuido muito bem da minha. – Ele retruca.Joice deu de ombros. Infelizmente, Miguel tinha razão. A idade só fez bem a ele que agora era um homem maduro, belo, rico e provavelmente desprovido de qualquer sentimento.– Você vai receber alta, parece que está tudo bem com você. – o homem informa.– E o que tú tens haver com isso, afinal... O que diabos está fazendo aqui? – ela pergunta.– Vou te levar pra casa, sua mãe está na casa dos pais do seu amigo e seu pai está ajudando nas buscas pelo rapaz, junto com seu irmão. – Miguel responde.– Obrigada, mas pra aquela casa eu não volto. – Joice se encolhe.– Não vai ser por muito tempo, nosso casamento está marcado para um pouco mais de uma semana. – ele fala como se isso realmente fosse acontecer.– Eu não vou me casar com você. – ela fala rápido.Miguel a olha por uns segundos.– Melhor pra mim, assim as terras da sua família vão ficar com a minha e ainda terão uma dívida absurda para saldar conosco. – as palavras dele soaram duras, frias. – Assim como a dívida dos seus queridos sogros. Porque não os recebeu? Tem medo do que eles vão dizer a você? Talvez Acusar? – dessa vez Miguel foi ferrenho.– Não importa. – ela mentiu. - Eu tenho o Pedro e quando encontrarem ele vamos embora dessa cidade e não olharemos para trás.– E se não encontrarem? – ele pergunta frio.– Enquanto não houver corpo, eu terei esperança. – Joice é sincera. Ela jamais poderia dizer sim a outro se houvesse uma chance do seu amor está vivo, e ela tinha certeza que Pedro estava.Miguel se levanta, mediante a resposta dela. Assente.– Francisco vai te levar a sua casa. No momento você não tem muita escolha, com esse tornozelo torcido. – ele olha para a porta e depois volta a olhar pra ela. – Eu não me importo se vai casar ou não, mas quero ter certeza que não haverá arrependimentos.– Não haverá. – Joice responde rápido.– Sim, haverá. – Miguel comprime os lábios e segue em direção a porta. – Sabe onde me encontrar quando mudar de ideia. Você tem um pouco mais de semana contando a partir de agora. – então ele se foi. Para alívio mental de Joice.sem revisão Na casa dos Fosters, a família estava reunida para o jantar. Salete esperava o momento oportuno para tocar no assunto que fora proibido a alguns dias, quando Meg implorou ao pai para financiar as buscas a Pedro, seu colega de infância.Miguel estava calado, aguardava o momento de assumir ambas as terras e somente depois, tomaria uma decisão referente a família Bentes. Talvez uma casa na cidade até se reerguer.Maciel estava pensativo, foram anos desejando e esperando o momento para essa união. Anos para não ter desculpas de estar com... Ele balançou a cabeça e despachou os pensamentos para longe. Seu filho era incapaz, não conseguiu que nenhuma das filhas de Vitor subisse ao altar com ele.– São nossos amigos, poderia dar mais um tempo a eles. – Salete finalmente toma a iniciativa para interceder pela família Bentes.O homem ignorou a mulher e quando a filha ia abrir a boca, virou-se para ela com um olhar de alerta. Margareth logo se calou e abaixou a cabeça. Era assim qu
sem revisãoJoice estava a mais de uma semana parada na frente da janela do seu quarto, olhando para o vazio, à espera da notícia que lhe devolveria o sorriso na face, que lhe devolveria a vontade de viver. A notícia que faria seu coração parar de doer. Não ter nenhuma notícia dele doía tanto em seu peito que ela sentia que poderia morrer de tanta dor, mas a esperança de que ele estava bem era o que a mantinha de pé e não permitia que desistisse, ela não poderia desistir, eles tinham a vida toda pela frente e muitos planos para realizar juntos.O pai e o irmão, estavam engajados na busca por Pedro e a mãe, lutava para que a filha comesse algo, Raimunda não suportava ver a filha parada na frente da janela do seu quarto desde que saiu do hospital, a espera de notícias de Pedro. Não adiantava, Joice não falava com ela e não se alimentava, a mulher pensava seriamente em levar a filha de volta para o hospital, ao menos para tomar um soro para se hidratar.A última vez que viu sua menina r
sem revisãoSeu Jacinto observava o corpo com atenção, desde que Bento levantará o lençol, o homem teve certeza que aquele corpo sem vida e completamente deteriorado, não era o seu filho. O policial estava de cabeça baixa, sem coragem de encarar o homem que sempre lhe estendeu a mão quando precisou.– O que é isso? – o idoso perguntou, apontando para o corpo na mesa fria.Bento não responde.– Esse não é meu filho, mesmo em estado de decomposição... Eu sei que não é meu filho. – O homem disse sem conseguir entender, Bento e ele são amigos. Pedro e ele eram amigos.– É o Pedro. – Bento afirma com a voz baixa.– Não, não é. – o idoso fala firme.O celular de Bento tocou e ao atender, ele olhou sério para o homem idoso.– Seu Jacinto, venha comigo. – ele pediu com a voz trêmula.Havia algo de muito errado - pensou o homem de pele parda, olhos meio puxados e cabelo liso de um negro bem vivaz. Neto e filho de índio, o homem foi criado longe de seu povo, sabia bem pouco de suas tradições ou
sem revisãoJoice estava parada em frente a janela do seu quarto, olhando para a estradinha que traria notícias de Pedro. Ela ficou parada lá, desde que retornou para casa. Não comia, nem bebia. Muito raro fazia sua higiene, somente quando Vinícius subia e a arrastava para o banheiro, a obrigando a tomar banho, lavar o cabelo, escovar os dentes. Era difícil para ele ver a irmã definhar, mas obrigá-la a tomar banho e a comer, além de ajudar nas buscas por Pedro era a única coisa que o rapaz podia fazer por ela. Infelizmente, não podia fazer passar a dor que sua irmãzinha sentia no coração.A moça ficava sempre no mesmo lugar, esperando por qualquer notícia do seu namorado. Aquele dia, um sábado.Foi o dia.Ela viu o carro do delegado surgir na pequena estrada de terra. Seu coração ficou em alerta, Joice não via Bento desde que esteve internada no hospital.Ao ver o carro estacionar, e de dentro sai seu sogro do lado do passageiro e Bento do lado do motorista, ela se animou. Sorriu espe
sem revisãoJoice se retraiu, parando à porta da casa dos sogros. Segurando firme o braço do irmão, como apoio. Sua respiração antes fraca e imperceptível, tornou-se pesada e acelerada, podendo ser ouvida por quem passasse por eles.- Não posso. – disse a Vinícius – Não estou pronta para dizer adeus. Me tira daqui, por favor. – ela pediu numa súplica que acabou com o irmão.Ele assentiu e a levou para a praça, que fica a uns metros dali.Vinícius a levou para sentar atrás de uma árvore, ao lado do coreto grande, para que pudessem ficar escondidos dos olhares curiosos de quem passava por eles, a caminho do velório de Pedro.- Vamos dar um tempo aqui. – o rapaz sugeriu, sentando ao lado da irmã.Ela assentiu, seu olhar estava vazio e distante.Joice deixou seus pensamentos vagarem nas lembranças de seu relacionamento com o noivo, na vida que planejou com ele, nos sonhos não realizados, na casa que não comprariam e não iriam mobiliar juntos. Pensou nos dias de casados que tanto ansiavam,
sem revisãoTodos os olhares estavam voltados para a sua família, menos um, que estava imerso no retrato que pousava em cima do caixão. Até que o estouro de Jacinto, chamou a atenção dela. Miguel nunca se importou com quem seria sua esposa, até aquele momento. Desejou que fosse qualquer uma da cidade, menos Joice.O olhar de desprezo que destinou a eles causou-lhe arrepios. Ele tinha certeza que seria com esses olhos que teria que lidar depois de casados. Porém, aqueles olhos carregados de desprezo e dor, foram focados no seu pai, que ignorou por completo todos os murmúrios, olhares chocados e de desprezo, entrou na casa e foi até ao casal de idosos que ficaram ainda mais abatidos com a chegada da sua família. Seu pai estava louco, assim como ele por ter feito o que fez.Miguel voltou sua atenção para a futura esposa e notou que ela havia voltado para a posição que se encontrava quando entraram. Estava com a atenção para o porta retrato do namorado, perdida em alguma lembrança.Meg es
sem revisãoUm dia após o velório de Pedro…- Está folgado - Margareth comenta, ela tinha certeza que o vestido cairia perfeitamente no corpo da futura cunhada e não que fosse ficar frouxo.Sua mãe também notou que a nora perdeu peso. Salete conseguiu manter a boca fechada antes de comentar que o luto estava fazendo maravilhas para o peso de Joice, no entanto... Comentar as circunstâncias que as levou ali, na sala da moça. Não era conveniente.- Sua aparência está horrível, espero que a melhore até o dia da cerimônia. - Salete fala olhando para o reflexo de Jojo no espelho. Joice estava calada desde que Meg anunciou que estava lá para fazer os ajustes do vestido de noiva.- Claro, a aparência é tudo o que importa. - Jojo retrucou, odiando o que estava vendo a sua frente. O vestido de noiva dos sonhos, para o casamento de seus pesadelos.- Aparência é tudo. - a mulher confirma e, de súbito, deseja agradecer a ela por está salvando a sua família.Porém, não tinha certeza se deveria cont
Sem revisãoJoice pulou da janela para a árvore e com cuidado, desceu até ao chão. Seguiu direto ao o estábulo, encontrou sua égua na baía, afagou seu focinho e a selou. Depois a montou e saiu em disparada pelas terras da fazenda até chegar ao seu destino. À beira do igarapé da sua fazenda, ela desceu e soltou tucumã para pastar. Respirou fundo, tirou as botas e sentou-se à margem, permitindo que os pés mergulhassem na água gelada, inclinou o corpo para trás permitindo que a calmaria daquele lugar secreto penetrasse em seu corpo e a relaxasse. De olhos fechados, sentiu os raios solares que transpassam pelas árvores, atingindo seu corpo. Era um ritual de anos e ela sempre o fazia quando discutia com Pedro. Nem ele sabia do seu lugar secreto.Uma pessoa tinha conhecimento dele, pois essa pessoa a levou aquele lugar. Por isso Joice não corria o risco de ser descoberta, sua irmã estava bem distante para dizer o seu paradeiro.A uma hora, estava no seu quarto olhando a galeria do seu celul