8

sem revisão

Joice estava a mais de uma semana parada na frente da janela do seu quarto, olhando para o vazio, à espera da notícia que lhe devolveria o sorriso na face, que lhe devolveria a vontade de viver. A notícia que faria seu coração parar de doer. Não ter nenhuma notícia dele doía tanto em seu peito que ela sentia que poderia morrer de tanta dor, mas a esperança de que ele estava bem era o que a mantinha de pé e não permitia que desistisse, ela não poderia desistir, eles tinham a vida toda pela frente e muitos planos para realizar juntos.

O pai e o irmão, estavam engajados na busca por Pedro e a mãe, lutava para que a filha comesse algo, Raimunda não suportava ver a filha parada na frente da janela do seu quarto desde que saiu do hospital, a espera de notícias de Pedro. Não adiantava, Joice não falava com ela e não se alimentava, a mulher pensava seriamente em levar a filha de volta para o hospital, ao menos para tomar um soro para se hidratar.

A última vez que viu sua menina  reagir, demonstrando assim que estava consciente, foi quando os sogros apareceram para uma visita. Ao perceber a aflição que tomou conta do rosto da filha, Raimunda pediu para os amigos de longa data voltarem em outro momento, a presença deles não fez bem a ela.

– Mas, precisamos falar com ela. Saber o que aconteceu. – A sogra da filha disse em protesto. Ela só queria saber como foi os últimos momentos do filho, mesmo que em seu coração houvesse esperança. Ela estava se preparando para o pior.

– Não estamos aqui para julgá-la, só queremos saber o que aconteceu antes do meu filho ser levado por  Iara – o homem pediu com súplica.

– Sinto muito – lamentou dona Raimunda.

Sua filha não estava bem e por mais que entendesse o que os sogros queriam, ela não pôde permitir que permanecessem. A simples presença deles lhe causava angústia e com certeza a fazia se sentir culpada.

O pai e o irmão, estavam engajados na busca por Pedro e a mãe, lutava para que a filha comesse algo. Não adiantava, Joice não falava com ela e não se alimentava, era desesperador ver sua filha naquele estado. O sentimento de culpa por ter compactuado com o que levou a sua menina naquela situação despedaçou o seu coração.

– Por favor, Raimunda. Precisamos entender o que aconteceu! – A sogra da filha protestou.

– Mas, minha filha está muito abalada com toda essa situação e vê-los agora, só vai piorar tudo. Voltem outro dia, sei que ela os receberá. – A mulher garantiu ao casal, era uma garantia que ela não tinha certeza, mas faria de tudo para que sua filha não sofresse ainda mais com toda aquela situação. – Tenho certeza que a mãe d’água não levou o filho de vocês, tenho certeza que ...

– Não tente nos confortar. – Dona Jacilene pediu a mulher. – Você e seu marido são responsáveis por isso, na cidade... Todos já sabem o porquê minha nora e meu filho fugiram. - A mãe de Pedro acusou, furiosa, pela traição da mulher para com a própria filha. Não acreditava que uma mãe tivesse dito a coragem de vender o seu sangue.

– Vocês mentiram para a sua filha por dinheiro, sequer devem sentir pelo desaparecimento do meu filho. Devem está felizes porque agora nada os impedem de obrigar Joice a se casar com o filho daquele homem. – Seu Jacinto acusa a mãe de sua nora. Ele também estava muito magoado, tudo aquilo era tão injusto.

O homem abraçou a esposa e a levou para fora da casa. Sentia por sua nora não recebê-los, mas entendia o motivo. Ela tinha receio de encará-los, medo de ser acusada das piores coisas. Eles jamais fariam isso com aquela menina. Só queriam abraçá-la e dizer que estava tudo bem, que a amavam e nunca deixariam de amar, não importando se Pedro tivesse sobrevivido ou não.

Os dias estavam passando e nada de Pedro ser encontrado, Vinícius e Vitor estavam exaustos e acabaram sucumbindo ao cansaço de dias sem dormir e comer direito. O homem mais velho também tinha a pressão do prazo para cumprir o acordo com os Fosters, era aterrador saber que todo o seu plano estava indo por água abaixo por causa daquela tragédia, ele não poderia obrigar a filha quando ela estava destruída e faltavam apenas dois dias para Maciel executar a posse das suas terras, caso sua filha não se casasse com Miguel.

Quando voltou para a casa aquela noite, ordenou a esposa que começasse a empacotar suas coisas. A mulher assentiu, não tinha coragem de explorar a filha para fazer algo na situação atual. Joice estava devastada.

No final do dia seguinte, Bento estava na porta da casa dos pais de Pedro, segurando firme seu boné da polícia. Respirou fundo e bateu a porta.

– Bento, notícias do meu filho? – Seu  Jacinto perguntou logo após abrir a porta e se deparar com o homem a quem confiava inteiramente. O homem que viu crescer e correr pelas ruas da cidade desde que usava cuias.

– Sim. – o policial respondeu tenso. – Preciso que venha comigo. Encontramos um corpo...

Aquilo não era real - pensou o idoso ao ouvir aquilo. Passou os últimos dias se preparando para aquela notícia e ainda assim, foi algo que o devastou. Seu filho, seu menino, seu sangue. Ele sabia que só teria que reconhecer o corpo do seu menininho para que Pedro fosse declarado morto e passasse a não existe mais para as pessoas a sua volta, para a sua amada que naquele momento estava esperando na janela de seu quarto por notícias do seu amor, sentiu o peito apertar ao entender que a notícia que Joice receberia iria destruir para sempre o seu coração. Aquela notícia iria destruir para sempre o coração da sua amada esposa que mesmo se preparando para aquela notícia, sua Jacilene não só ficaria devastada, parte dela também iria se perder, assim como ele tinha consciência que o mesmo aconteceria com ele, eles perderam uma parte importante de si. Afinal, ele era o seu único filho…

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo