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sem revisão

Pedro já estava à sua espera, os olhos dela só faltaram entrar em órbita ao ver o barco que ele conseguiu, se é que aquilo poderia ser chamado de barco. Era um popopo, uma canoa com motor.

– Não, não e não. – ela se negou a subir naquilo, seu namorado sabia o quanto ela tinha medo de entrar num troço daquele.

Pedro se aproximou dela, segurou seu rosto e a beijou, depois que soltou sua boca, olhou bem em seus olhos e disse:

– Confia em mim, vamos até o sítio do Clóvis, onde vamos passar a noite e bem cedo pela manhã... Vamos seguir caminho até a fazenda dois corações, papaia vai nos esconder no celeiro até que seja seguro chegarmos a rodoviária e pegar um ônibus até Belém e quando chegarmos lá, ninguém vai nos encontrar.

Joice o abraçou com força, ela morria de medo de atravessar o rio em uma canoa, ainda mais com uma tempestade a caminho.

– Podemos voltar e enfrentar meus pais e os Foster juntos, eles não podem me obrigar a fazer o que não quero. Posso aguentar as consequências e você? – ela fala desesperada.

Pedro sorriu tenso, toda a sua vida se resumia a ela, ao seu amor, a amou a sua vida toda para perdê-la assim, e se o seu amor ao menos soubesse que havia muito mais em jogo e que não poderia correr o risco de ficar sem ela, não era justo que todos os anos que passaram juntos e todo o amor que sentiam um pelo outro não valia de nada para aquelas pessoas que querem separá-los por causa de dinheiro. Seus pais mentiram para ele e agora, com certeza os Fosters usariam essa carta para obrigá-la a casar com Miguel e ele não poderia permitir isso, não mesmo. Maldito, porque o homem não tem capacidade de encontrar uma mulher por suas próprias qualidades. Ao invés disso, quer casar com a sua Joice e essa mulher, já pertence a ele e ele a ela. Não permitiria que os separasse, somente a morte poderia fazê-lo e ele sabia que aquele caso não se aplicava a eles. Não poderia retroceder, caso contrário, perderia o seu amor para sempre.

– Não, se ficarmos... – Pedro a beija. – Se ficarmos, você vai acabar se casando com o Miguel, eu sinto isso, eu sei disso e o meu coração não vai aguentar... Por favor, por favor, confie em mim. – ele pede desesperado.

Jojo assente, ela seguiria com ele para qualquer lugar.

– Vamos logo antes que comece a chover, sabe muito bem que se estivermos no rio quando isso acontecer, estaremos perdidos. – ela o apressa e ele concorda.

Tremendo de medo, Joice entrou na canoa com a ajuda do namorado e sentou de frente para ele, agarrando-se a sua mochila. Pedro deu-lhe um sorriso travesso para tranquilizá-la, jamais seriam separados, por ninguém.

Ele colocou o motor pra funcionar e seguiram adiante pelo rio, em busca de um novo caminho.

A chuva veio mais cedo do que esperavam, não demorou para o nível do rio começar a subir e as águas começarem a ficar agitadas, deixando Joice muito preocupada.

Maldito inverno amazônico – ela pensou. Sempre havia o período que chovia menos e o período que chovia mais. Eles estavam no último e geralmente, em Santa Maria, o período de chuvas era bem cruel para quem trabalhava com a pesca. Pois os rios ficavam agitados, ou melhor, turbulentos. Joice estava preocupada e pediu a todos os santos para protegê-los. Pois com o tornozelo inchado, ela não poderia nadar direito caso fosse necessário se aventurar nas águas do rio Santa Maria.

– Pedro? – ela chamou o namorado que estava pensativo.

Ele focou os olhos nos dela e sorriu...

Mais tarde, a chuva se tornou um temporal, fazendo assim as águas do rio subirem consideravelmente.

– Falta muito? – Jojo gritou para que sua voz não se perdesse em meio ao barulho da chuva.

– Um pouco. – Pedro responde sem demonstrar a preocupação que começou a sentir.

Ela mal pôde ouvir a resposta do namorado pois sua voz saiu quase num sussurro.

– Merda! – o rapaz grita e Jojo compreendeu o porquê. O motor morreu.

Ele começou a puxar a corda mas não obteve sucesso, estavam em meio a um rio agitado com um temporal caindo, estavam perdidos. Ela fez o possível para aparentar calma.

– O jeito é deixar a correnteza nos levar. – ela sugere e ele concorda até que...

Eles não viram o que os acertou, a canoa virou.

Então começou a luta dos dois contra as águas do rio que os puxava para o fundo.

Joice conseguiu soltar a mochila e voltar para superfície, onde Pedro já estava desesperado gritando seu nome.

– AQUI! – ela gritou enquanto lutava para se manter na superfície. – DEIXA A ÁGUA TE LEVAR. – o rapaz grita. – NÃO... – ele acaba mergulhando e luta para voltar, avistou Joice sendo arrastada.

Quando voltou a vê-la, Joice havia segurado no galho de uma árvore e tentava se puxar para cima, conseguiu com muito esforço, chegar até ela e agarrar- se ao mesmo galho.

– Estou aqui. – ele falou tentando esboçar um sorriso mas estava tremendo demais para isso. Joice também tremia, estava assustada, o medo de perder a vida nem se comparava com o medo de perder Pedro.

– Escu...ta. – ele pede tremendo. – Vou te ... Ajudar... A... Su...bir.

Eles teriam que subir na árvore e esperar a chuva passar e assim o nível da água baixar.

– Não – ela conseguiu dizer. Pedro não conseguiria ajudá-la, ele seria arrastado pela correnteza. – Eu consigo sozinha.

Antes que ele protestasse, ela impulsionou seu corpo para cima e conseguiu subir no galho e se arrastou para um galho mais forte, pra surpresa de ambos. Ela estendeu a mão para ajudá-lo, Pedro impulsionou seu corpo mas antes de conseguir alcançar a mão dela, algo o atingiu. O rapaz submergiu na água e Joice esperou, ele tentaria de novo.

– Pedro. – ela sussurrou ao perceber o quanto estava demorando a voltar, ele precisava voltar.

– PEDRO! – dessa vez ela gritou.

Mas não houve resposta, tornou a gritar.

– PEDROOOO.

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