A manhã chegou silenciosa, trazendo consigo uma névoa densa que se espalhava pelo vale como um manto. A luz pálida do sol mal atravessava as árvores altas, e o abrigo de pedra parecia ainda mais isolado.Kael observava a pequena fogueira que haviam acendido dentro da cabana, os olhos fixos nas chamas dançantes. Ele não confiava naqueles novos lobos, especialmente em um deles — um jovem chamado Eryon, cuja postura rígida e olhar evasivo o deixavam desconfortável.Lírica, por outro lado, parecia mais serena. Apesar de suas feridas ainda não estarem totalmente curadas, ela já havia começado a traçar um plano.— Precisamos nos mover antes que a noite caia — disse ela, sua voz firme, mas baixa o suficiente para não despertar suspeitas.Kael inclinou-se contra a parede da cabana, cruzando os braços.— Ótimo. Vamos direto para a boca do lobo.Lírica lançou-lhe um olhar impaciente.— Se não recuperarmos o artefato, Darius vai nos encontrar de qualquer forma. Ele já está nos caçando, Kael. Não
Capítulo 4: A Chama que Nunca Se ApagaA Floresta Proibida nunca fora um lugar de paz, mas naquele momento, ela parecia respirar com uma vida própria, como se o próprio ambiente soubesse que algo grandioso — e fatal — estava prestes a acontecer. A cada passo que Kael dava, ele sentia o peso do destino em suas costas, mais pesado do que qualquer batalha que já tivesse enfrentado. Ele olhou para Lírica, que estava a alguns metros à frente, e, por um momento, o silêncio entre eles falou mais do que palavras poderiam dizer.Lírica, apesar de sua aparência fria e imperturbável, carregava consigo o peso do mundo. As cicatrizes de seu passado e os segredos que guardava podiam ser lidos nos olhos dela — e Kael sabia que ela não era de compartilhar facilmente suas fraquezas. Mas ele sentia que estava chegando perto de entender quem ela realmente era, e isso despertava algo dentro dele, algo que ele não conseguia controlar.— Você me preocupa, Lírica. — A voz de Kael cortou o silêncio.Ela viro
Kael estava em silêncio, sentado à beira do riacho que serpenteava pela floresta, suas mãos firmemente apertadas ao redor da adaga. A água refletia as estrelas, mas a mente dele estava longe dali, perdida em pensamentos que o atormentavam desde o momento em que ele usou a energia do altar. Ele sentia algo diferente dentro de si, algo que ele não conseguia controlar, uma força crescente que estava apenas começando a se manifestar.Mas o que mais o inquietava não era a mudança que ele estava experimentando, mas sim Lírica. Ela estava em algum lugar nas proximidades, o calor de sua presença ainda tocando sua alma. O beijo que eles haviam compartilhado, uma explosão de emoções e desejos reprimidos, era uma chama que ele temia não conseguir apagar. Não agora, não depois de tudo o que haviam vivido juntos.Ele sentiu, antes de vê-la, o som dos passos dela. Ela estava ali, parada, observando-o com um olhar que transmitia uma mistura de dúvidas e intenções que ele não sabia como decifrar. O v
A madrugada havia chegado, e a floresta parecia respirar com um peso diferente, como se ela soubesse do iminente conflito que se aproximava. O ar estava carregado de uma eletricidade densa, uma sensação inquietante que Kael não conseguia afastar, mesmo enquanto se preparava para o que viria a seguir. Lírica estava ao seu lado, sua presença forte e inabalável, mas havia algo de tenso em seu comportamento. Ela se mantinha calma, mas os olhos, que antes brilhavam com a confiança de uma líder, agora estavam sombrios, como se algo a estivesse corroendo por dentro.Kael observava Lírica em silêncio, seu peito apertado com um desejo que parecia não ter fim. Mas não era apenas o desejo físico que o dominava. O que ele sentia por ela era algo mais profundo, mais selvagem, algo que o fazia querer protegê-la a todo custo. Ele sabia que, se a batalha fosse perdida, se algo acontecesse com ela... o vazio que ele sentiria não teria cura.Ele não sabia como isso aconteceu, nem quando, mas os sentime
A floresta estava envolta em uma quietude sinistra, a paz anterior substituída por uma tensão palpável. Kael respirava pesadamente, seu corpo coberto de suor, os músculos tensos enquanto ele tentava controlar a energia selvagem que pulsava dentro dele. Ele nunca soubera que poderia sentir uma força tão imensa, tão avassaladora, e, ao mesmo tempo, tão perigosa. Ele sentia como se fosse engolido por essa energia, algo que ele não poderia dominar completamente.Os inimigos ao seu redor — lobos corrompidos e criaturas distorcidas — recuavam diante de sua força, mas Kael sabia que a maior batalha ainda estava por vir. Ele sentia o poder dentro de si como uma chama que queimava, queimava, queimava, prestes a consumir tudo em seu caminho. E, ao lado dele, estava Lírica, sua presença inconfundível e poderosa, mas seus olhos carregavam uma inquietação crescente. Kael podia sentir isso como se fosse um toque no ar. Ela sabia o que estava em jogo, e, pior, sabia o quanto ele estava se arriscando
O silêncio após a explosão era ensurdecedor. A floresta, antes viva com o som da batalha, agora parecia um vácuo, um espaço onde nem mesmo o tempo ousava se mover. Kael estava de joelhos, sua respiração entrecortada e dolorosa, o corpo tremendo como se tivesse sido esvaziado de toda força. Ele mal conseguia levantar a cabeça, mas sentia o calor da presença de Lírica ao seu lado.Lírica estava caída a alguns metros, seus olhos fixos nele. Havia um corte profundo em sua testa, e seu braço esquerdo parecia ferido, mas sua determinação permanecia intacta. Ela se arrastou até Kael, ignorando a dor que irradiava por todo o seu corpo. Quando finalmente o alcançou, ela segurou o rosto dele entre as mãos, forçando-o a olhar para ela.— Kael... — Sua voz era um sussurro, mas carregava uma urgência que perfurava o coração dele. — Você está bem? Fala comigo.Os olhos de Kael, normalmente tão vibrantes, agora estavam sombrios, como se a energia que ele havia liberado tivesse levado algo essencial
A luz trêmula da fogueira projetava sombras dançantes nas paredes da caverna, mas a figura que surgiu na entrada interrompeu o momento de calma entre Kael e Lírica. Ambos se levantaram, os sentidos aguçados, como predadores prontos para a batalha. A tensão no ar era quase sufocante.A sombra moveu-se lentamente para dentro da caverna, revelando uma figura que parecia tanto humana quanto algo além disso. Um homem alto, com traços marcados por cicatrizes antigas e olhos que brilhavam com um tom amarelado anormal. Ele usava uma capa preta desgastada, e seu cheiro era um misto de terra, sangue e algo indistinguível, mas inquietante.— Quem é você? — Lírica perguntou, sua voz carregada de autoridade, mesmo enquanto o instinto lhe dizia que essa figura era perigosa.O homem deu um passo à frente, revelando mais de si. Seu sorriso era calculado, mas havia algo de perturbador nele.— Meu nome é Aedan, e se vocês desejam sobreviver ao que está por vir, vão querer me ouvir.Kael deu um passo à
O sol estava nascendo, mas seu brilho parecia mais pálido do que o normal, como se o mundo também sentisse o peso da escuridão que se aproximava. Kael e Lírica deixaram a caverna em silêncio, seguidos por Aedan, que caminhava com passos calculados, sempre atento aos arredores. A tensão entre eles era palpável, mas havia algo mais — uma determinação silenciosa de seguir em frente, apesar de tudo.A clareira à frente era ampla, cercada por árvores altas e antigas, com um pequeno riacho cortando-a ao meio. Era um local que exalava calma, mas também parecia isolado, como se fosse intocado pelo tempo. Aedan parou no centro da clareira e virou-se para encará-los.— Este lugar servirá. — Ele disse, sua voz carregada de autoridade. — Aqui, Kael, você poderá começar a entender o que realmente é.Kael cruzou os braços, ainda desconfiado. — E o que exatamente você espera que eu faça?Aedan sorriu levemente, mas havia um brilho frio em seus olhos. — Primeiro, você precisa aceitar o que é. E, para