A luz trêmula da fogueira projetava sombras dançantes nas paredes da caverna, mas a figura que surgiu na entrada interrompeu o momento de calma entre Kael e Lírica. Ambos se levantaram, os sentidos aguçados, como predadores prontos para a batalha. A tensão no ar era quase sufocante.A sombra moveu-se lentamente para dentro da caverna, revelando uma figura que parecia tanto humana quanto algo além disso. Um homem alto, com traços marcados por cicatrizes antigas e olhos que brilhavam com um tom amarelado anormal. Ele usava uma capa preta desgastada, e seu cheiro era um misto de terra, sangue e algo indistinguível, mas inquietante.— Quem é você? — Lírica perguntou, sua voz carregada de autoridade, mesmo enquanto o instinto lhe dizia que essa figura era perigosa.O homem deu um passo à frente, revelando mais de si. Seu sorriso era calculado, mas havia algo de perturbador nele.— Meu nome é Aedan, e se vocês desejam sobreviver ao que está por vir, vão querer me ouvir.Kael deu um passo à
O sol estava nascendo, mas seu brilho parecia mais pálido do que o normal, como se o mundo também sentisse o peso da escuridão que se aproximava. Kael e Lírica deixaram a caverna em silêncio, seguidos por Aedan, que caminhava com passos calculados, sempre atento aos arredores. A tensão entre eles era palpável, mas havia algo mais — uma determinação silenciosa de seguir em frente, apesar de tudo.A clareira à frente era ampla, cercada por árvores altas e antigas, com um pequeno riacho cortando-a ao meio. Era um local que exalava calma, mas também parecia isolado, como se fosse intocado pelo tempo. Aedan parou no centro da clareira e virou-se para encará-los.— Este lugar servirá. — Ele disse, sua voz carregada de autoridade. — Aqui, Kael, você poderá começar a entender o que realmente é.Kael cruzou os braços, ainda desconfiado. — E o que exatamente você espera que eu faça?Aedan sorriu levemente, mas havia um brilho frio em seus olhos. — Primeiro, você precisa aceitar o que é. E, para
A brisa da manhã trouxe um frescor amargo, como se a própria natureza soubesse que algo sombrio estava se aproximando. Lírica e Kael estavam lado a lado, com Aedan alguns passos à frente, conduzindo-os para uma nova localização. Ele parecia mais tenso do que de costume, seus olhos sempre escaneando a floresta ao redor.Kael não conseguia ignorar o peso do que acontecera na noite anterior. As palavras da sombra — ou melhor, a sua própria voz distorcida — ecoavam em sua mente. Ele sabia que enfrentar seus medos seria difícil, mas não esperava que o confronto fosse tão visceral. Sentiu-se vulnerável, exposto, como se cada parte sua tivesse sido dissecada e avaliada.— Você está bem? — Lírica perguntou, quebrando o silêncio. Sua mão tocou suavemente o braço dele, trazendo-o de volta à realidade.Ele olhou para ela e forçou um sorriso. — Estou. Só... processando tudo.— É normal. — Ela disse, sua voz baixa, mas cheia de convicção. — O que você enfrentou não é algo fácil de esquecer. Mas vo
A madrugada nasceu envolta em um nevoeiro pesado, cobrindo a floresta em um manto cinza que parecia transformar até os sons mais familiares em algo estranho. Kael, Lírica e Aedan estavam prontos para partir. A conversa da noite anterior ainda pairava entre eles, carregada de tensão e promessas de um futuro incerto.— Para onde vamos agora? — Lírica perguntou, quebrando o silêncio que dominava o pequeno acampamento.Aedan apontou para o leste, para uma cadeia de montanhas que se erguia como uma muralha contra o horizonte. — A entrada para o templo está lá. O fragmento de Noctis foi escondido em um local protegido por antigos Guardiões. O lugar foi projetado para manter intrusos afastados, mas... — Ele fez uma pausa, observando Kael. — Você pode ser a chave para atravessá-lo.Kael assentiu, ainda processando a magnitude do que estava por vir. Ele sabia que seu papel era importante, mas isso não diminuía o peso da responsabilidade.— E se falharmos? — Ele perguntou, sua voz baixa.Lírica
Os primeiros raios do amanhecer atravessavam as árvores enquanto Kael, Lírica e Aedan finalmente alcançavam o sopé do templo. Uma imponente estrutura de pedra erguia-se diante deles, parcialmente coberta por musgo e enredada pela floresta ao redor. A aura do local era sufocante, como se as próprias paredes carregassem o peso de séculos de segredos e proteção.— Este é o lugar. — Aedan afirmou, sua voz grave. Ele apontou para um arco esculpido na pedra, marcado com runas antigas que brilhavam fracamente. — O fragmento está lá dentro. Mas as armadilhas e proteções que os Guardiões deixaram são... únicas.Kael estudou as runas, sentindo uma estranha conexão com elas. Pareciam vibrar em resposta à sua presença, quase como se reconhecessem algo nele.— Como exatamente você espera que passemos por isso? — Lírica perguntou, cruzando os braços.— Isso depende dele. — Aedan respondeu, olhando para Kael. — Essas runas só reagem ao sangue de um verdadeiro Guardião. É por isso que você é essencia
O templo parecia ganhar vida ao redor deles, como se cada passo ecoasse um julgamento invisível. Lírica estava visivelmente abalada pela aparição de Lyanna, mas sua determinação permanecia intacta. Kael observava a companheira em silêncio, sentindo o peso de sua dor como se fosse sua própria. Ele sabia que aquele encontro seria um divisor de águas, não apenas para Lírica, mas para todos eles.— Vamos nos concentrar na próxima prova. — Kael disse, tentando trazer o foco de volta. — A coluna da lua é a próxima, certo?Aedan assentiu, apontando para o símbolo no pedestal. — A lua representa sabedoria e clareza. Esta prova testará sua capacidade de enxergar além das ilusões e tomar decisões difíceis.Lírica respirou fundo e deu um passo à frente. — Eu farei isso.Kael hesitou, mas sabia que ela precisava daquele momento. — Eu confio em você.O Enigma da LuaAssim que Lírica tocou o símbolo, uma luz prateada a envolveu. Ela se viu em um campo vasto sob um céu estrelado. No centro do campo,
A sala parecia desmoronar ao redor deles, o portal brilhando como uma cicatriz aberta na realidade. Kael sentia sua mente ser puxada em várias direções ao mesmo tempo. O poder que emanava de Darius era sufocante, mas algo nele parecia estranho — como se estivesse sendo amplificado por outra força.— Então você é o famoso Kael. — Darius falou, sua voz reverberando pela sala. — O último Guardião renegado.Kael avançou, protegendo Lírica com o corpo. — Eu sou mais do que você pensa. E não deixarei que toque em nada aqui.Darius riu, um som baixo e perigoso. — Típico. Tantos como você vieram antes, tentando salvar um mundo que nem entende. Mas eu não vim negociar. Eu vim terminar isso.Antes que Kael pudesse reagir, Darius ergueu a mão e disparou uma onda de energia escura que atravessou a sala. Kael agarrou Lírica e saltou para o lado, evitando o golpe por pouco. O impacto destruiu parte da parede atrás deles, revelando um abismo infinito.O Peso das DecisõesEnquanto o caos se desenrola
A noite havia caído sobre a floresta, e o silêncio era interrompido apenas pelo som das respirações ofegantes do grupo. Após a batalha no templo, o mundo parecia diferente, como se a linha tênue entre o equilíbrio e o caos tivesse sido atravessada.Kael sentava-se perto de uma fogueira improvisada, sua mente mergulhada nos eventos recentes. Ele sentia o peso de sua nova energia pulsando sob a pele, como um rio indomável pronto para transbordar. Mas não era apenas o poder que o incomodava. Era o sorriso de Darius, uma promessa velada de que o pior ainda estava por vir.Lírica aproximou-se lentamente, carregando uma manta. Seus olhos procuraram os de Kael, tentando captar alguma emoção por trás daquela expressão endurecida.— Está tudo bem? — Ela perguntou, sentando-se ao lado dele.Kael não respondeu imediatamente. Ele ergueu os olhos para o céu estrelado, como se as respostas estivessem escondidas entre as constelações.— Não sei. — Ele finalmente disse. — Algo mudou lá dentro. Não so