A madrugada ainda pintava o horizonte de um azul pálido quando o grupo começou sua jornada. A floresta ao redor parecia mais densa, os galhos se entrelaçando como garras que tentavam impedir a passagem. O silêncio era tão pesado que até os passos cautelosos do grupo pareciam altos demais.Kael caminhava à frente, seus sentidos alertas a qualquer movimento. Lírica o seguia de perto, ocasionalmente lançando olhares para Aedan, que vinha logo atrás, carregando o fragmento em uma pequena bolsa presa ao cinto. Lyanna fechava a formação, sua expressão uma mistura de curiosidade e cautela.— Para onde exatamente estamos indo? — Kael perguntou, sua voz baixa, mas firme.Aedan hesitou antes de responder. — Para a Garganta das Sombras. É lá que ele está.Lírica arqueou uma sobrancelha. — E quem é "ele"? Você ainda não nos disse o nome desse suposto aliado.Aedan parou, virando-se para encará-los. Seu olhar estava mais sério do que nunca. — Ele se chama Erevan. Era um Guardião... como eu. Mas el
O som de passos ecoava na escuridão da caverna enquanto o grupo se preparava para enfrentar o que Erevan chamara de "Provas do Guardião". Kael estava em silêncio, seus olhos focados na parede de pedra à frente, onde runas antigas brilhavam com uma luz tênue, quase etérea.Lírica estava ao seu lado, sua presença firme e imponente, mas havia uma tensão perceptível entre eles. O beijo que compartilharam mais cedo ainda queimava em suas mentes, mas, no fundo, ambos sabiam que não poderiam ceder à distração. Darius estava cada vez mais perto de conquistar o Coração de Noctis, e cada momento que perdiam era um passo mais perto do caos.Erevan se adiantou, sua voz ressoando como um trovão silencioso na caverna. — As provações começam agora. Cada um de vocês enfrentará um Guardião caído, uma manifestação dos medos mais profundos e das fraquezas que carregam. Se falharem, o custo será a alma.Kael sentiu o peso das palavras. Ele sabia que não havia garantia de sucesso, mas também sabia que não
A caverna estava imersa em um silêncio pesado, um peso emocional que parecia pairar sobre o grupo. Kael observava Erevan com cautela, sentindo que o Guardião não havia revelado toda a verdade. O ambiente, antes iluminado pelas tochas, agora parecia mais denso, como se as paredes estivessem respirando junto com eles.Lírica estava ao seu lado, seus olhos atentos e focados. Ela sabia que não poderiam relaxar. A missão estava longe de terminar. Eles haviam superado as provações, mas algo ainda os esperava.— Erevan, o que mais você está escondendo de nós? — A voz de Aedan cortou o silêncio, carregada de desconfiança.Erevan não respondeu imediatamente. Ele estava de pé, observando o fragmento do Coração de Noctis sobre a mesa, os dedos ligeiramente tocando a obsidiana como se sentisse a energia que emanava dela. Quando finalmente falou, sua voz soou mais grave, como se estivesse se preparando para revelar algo importante.— O fragmento não é o único problema. — Ele disse, seus olhos fixo
O Templo das Almas Perdidas desmoronava ao redor deles, as paredes se desintegrando em uma chuva de poeira e ruínas. Kael sentia o peso do fragmento de Noctis em sua mão, a energia pulsando com uma força avassaladora, mas ao mesmo tempo, a sensação de que o mundo ao seu redor estava se desfazendo era quase insuportável. A cada passo que davam, a realidade parecia se rasgar um pouco mais.Lírica estava ao seu lado, firme como sempre, mas seus olhos mostravam um brilho inquietante. Ela podia sentir a mesma distorção que Kael, a maneira como o poder do Coração de Noctis influenciava tudo ao seu redor. Eles não estavam mais no mesmo mundo; estavam em algo além da compreensão.— Kael, temos que sair daqui, agora! — Lírica gritou, agarrando o braço dele enquanto uma rachadura profunda se abria sob seus pés.Kael balançou a cabeça, os olhos fixos no fragmento. — Nós não podemos... ainda não.Antes que ele pudesse reagir, uma sombra se ergueu do chão, tomando forma diante deles. A figura era
O céu ao redor de Kael parecia se partir em duas dimensões distintas. Ele estava em um lugar além da compreensão, onde a realidade e o caos se fundiam. O Coração de Noctis pulsava em suas mãos com uma energia avassaladora, tão intensa que fazia seu corpo tremer, mas ao mesmo tempo, lhe dava uma sensação de poder nunca antes experimentada.Kael respirava pesadamente, o suor escorrendo de sua testa. O que a figura que se apresentou a ele dissera ainda ecoava em sua mente. "Com poder vem o custo." Ele sabia que aquele custo não seria pequeno. Não havia tal coisa como um poder sem um preço.Ao seu redor, o cenário começava a mudar, distorcendo-se enquanto a energia do Coração de Noctis se intensificava. As árvores ao longe se retorciam, os céus se tingiam de uma cor incomum, como se o próprio tempo estivesse sendo reescrito.Kael olhou para o Coração em suas mãos, sua superfície negra, mas com um brilho prateado que refletia as estrelas quebradas no céu. Ele sentia o poder dentro dele, ma
Kael caiu de joelhos no chão, o impacto do Coração de Noctis destruído reverberando através de seu corpo. Ele mal conseguia respirar, seu peito arfando com a pressão da explosão de energia que havia liberado. O céu, antes tomado por uma escuridão ameaçadora, agora parecia rachado, como se o próprio tecido da realidade estivesse se desfazendo. O chão ao seu redor se estilhaçou, e o ar se tornou pesado, carregado com a mesma energia que ele havia tentado controlar.O Coração de Noctis havia se desintegrado sob sua mão, mas a sensação de perda era profunda. O poder que ele havia absorvido, a energia que ele havia dominado, agora parecia escorrer de seu corpo, como se ele tivesse sido deixado vazio.Lá, de longe, uma figura apareceu, emergindo da névoa que agora tomava conta do local. Lírica. Seu olhar estava fixo nele, seu rosto, normalmente impenetrável, agora marcado por uma expressão de preocupação e uma dor que Kael sentia com cada fibra de seu ser.— Kael... — O nome dela saiu como
Kael sentiu o peso esmagador do silêncio após as palavras do Guardião. A vastidão ao seu redor, antes preenchida por rajadas de vento e o som da energia caótica do Coração de Noctis, agora era dominada apenas por sua respiração pesada e a batida frenética de seu coração. Ao seu lado, Lírica estava imóvel, a tensão evidente na maneira como seus punhos cerrados tremiam.O Guardião do Equilíbrio estava à frente deles, sua presença etérea e avassaladora. A energia ao redor de seu corpo pulsava, formando ondas que distorciam o ar, como se o próprio tecido da realidade fosse maleável sob sua influência. Seus olhos brilhavam com uma luz fria, impiedosa, enquanto ele os encarava.— Vocês não compreendem a gravidade do que fizeram. — Sua voz ecoava como um trovão suave, preenchendo o espaço ao redor. — O Coração de Noctis não foi destruído. Ele foi libertado. Agora, o equilíbrio está à beira do colapso, e sua existência, Kael, é a única âncora restante.Kael trocou um olhar rápido com Lírica.
O vento cortante do desfiladeiro ecoava com uma melodia sombria enquanto Lírica se levantava do chão de pedra fria. Seus olhos estavam fixos no ponto onde Kael havia desaparecido. Apesar da voz dele ter ecoado em sua mente momentos atrás, a sensação de perda era esmagadora.Ela sentiu o calor de sua marca, um vínculo criado entre eles durante sua união, pulsar em seu pulso. Era um lembrete doloroso de que ele ainda estava lá, de alguma forma, em algum lugar, mas fora de alcance.— Kael... — Ela sussurrou, tocando a marca com a ponta dos dedos.O Retorno ao ClãLírica não sabia quanto tempo havia ficado ajoelhada naquele desfiladeiro, mas quando finalmente se ergueu, a noite já havia caído. A lua cheia iluminava a paisagem desolada, e o peso da responsabilidade começou a se infiltrar em seus pensamentos. Como alfa, ela não podia se permitir desmoronar, mesmo que seu coração estivesse em pedaços.Ela começou a caminhar em direção à floresta densa que circundava o desfiladeiro, seus sent