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A Chama que Nunca Se Apaga

Capítulo 4: A Chama que Nunca Se Apaga

A Floresta Proibida nunca fora um lugar de paz, mas naquele momento, ela parecia respirar com uma vida própria, como se o próprio ambiente soubesse que algo grandioso — e fatal — estava prestes a acontecer. A cada passo que Kael dava, ele sentia o peso do destino em suas costas, mais pesado do que qualquer batalha que já tivesse enfrentado. Ele olhou para Lírica, que estava a alguns metros à frente, e, por um momento, o silêncio entre eles falou mais do que palavras poderiam dizer.

Lírica, apesar de sua aparência fria e imperturbável, carregava consigo o peso do mundo. As cicatrizes de seu passado e os segredos que guardava podiam ser lidos nos olhos dela — e Kael sabia que ela não era de compartilhar facilmente suas fraquezas. Mas ele sentia que estava chegando perto de entender quem ela realmente era, e isso despertava algo dentro dele, algo que ele não conseguia controlar.

— Você me preocupa, Lírica. — A voz de Kael cortou o silêncio.

Ela virou o rosto para ele, os olhos tão intensos quanto sempre, mas com algo a mais agora — um misto de gratidão e uma insegurança que Kael raramente via nela.

— Eu não preciso da sua preocupação, Kael. — Ela disse, mas a leveza da sua resposta não conseguiu esconder a vulnerabilidade que havia escapado de seus lábios.

O olhar que trocaram naquele momento foi o suficiente para ambos entenderem algo profundo e não dito: o laço entre eles estava se tornando algo que nem um ou outro poderia negar, mesmo que os sentimentos fossem complexos e confusos.

O Altar e a Aparição de Darius

Quando o altar se revelou entre as árvores antigas, a sensação de poder que emana dele era quase palpável. As pedras negras estavam cobertas por runas luminosas, e, mesmo na escuridão da floresta, elas irradiavam uma luz suave que parecia ter vida própria. Lírica parou diante dele, a respiração suspensa, e seus olhos brilharam com uma mistura de medo e determinação.

Kael, ao seu lado, observava o altar com uma sensação de desconforto. Ele não sabia o que estava acontecendo ali, mas algo em seu interior parecia ansioso. Como se a própria terra estivesse chamando por ele, algo que ele não podia explicar.

Mas antes que pudessem explorar o altar, uma voz cortou o ar, gelando seus corpos.

— Interessante... vocês chegaram.

Darius apareceu das sombras como uma sombra viva, sua figura alta e imponente tornando o ambiente ainda mais opressor. Seus olhos brilharam com malícia, e um sorriso frio se formou em seus lábios.

— Lírica... — Ele disse, com um tom doce, mas que fazia o sangue de Kael ferver. — Finalmente você retorna, depois de tanto tempo.

Lírica o encarou, a expressão em seu rosto se tornando uma máscara de controle. Mas Kael sabia que ela estava apenas segurando a tempestade dentro de si.

— Você realmente acha que ainda tem algum poder sobre mim, Darius? — ela perguntou, com a voz firme, mas algo em seus olhos denunciava que o passado com ele não era simples.

Darius apenas sorriu, um sorriso de quem já sabia o que iria acontecer.

— Eu tenho mais poder sobre você do que imagina. O que aconteceu aqui... — ele olhou para o altar — — precisa ser resolvido. E você será a chave para isso.

A Luta Intensifica

O ataque veio de forma repentina. Os lobos corrompidos começaram a surgir das sombras, suas formas retorcidas e suas bocas salivando, prontas para devorar. Kael, instintivamente, se posicionou entre Lírica e o inimigo, mas ela não estava disposta a ficar atrás dele, observando.

— Não sou frágil, Kael. — Ela disse, sua voz baixa, mas com firmeza. — E não vou permitir que você lute sozinho.

Ele lançou um olhar de reconhecimento, sabendo que ela não estava pedindo permissão, mas sim declarando sua intenção de lutar ao seu lado. E foi exatamente isso que eles fizeram.

A batalha foi selvagem. Kael e Lírica, juntos, eram imbatíveis. Seus movimentos eram quase coreografados, cada golpe calculado, cada movimento perfeitamente sincronizado. Mas, à medida que o número de inimigos aumentava, Kael começou a sentir o peso da luta. Ele estava começando a cansar, e as feridas que tinha começaram a cobrar seu preço.

Lírica parecia imune ao cansaço, seus olhos brilhando com a fúria de um alfa desafiando seu destino. Cada golpe dela era fatal, cada movimento, preciso. Mas Kael sabia que ela estava escondendo algo. A dor, o desgaste, tudo estava lá — mas ela se recusava a mostrá-lo.

— Você precisa descansar! — Kael gritou, empurrando um lobo para longe e vendo Lírica desviar de um ataque.

— Não vou deixar você enfrentar isso sozinho! — Ela gritou de volta, o desespero e a determinação em suas palavras fazendo com que Kael sentisse seu coração acelerar.

Ele sabia que ela estava certa, mas havia algo mais em jogo ali. Algo que nem eles dois entendiam completamente. E a única maneira de parar Darius e seus lobos corrompidos seria algo muito mais arriscado do que qualquer um dos dois poderia prever.

A Escolha de Kael e a Energia do Altar

Kael sentiu uma força estranha chamando por ele. Quando ele tocou a pedra fria do altar, uma onda de energia percorreu seu corpo. Ele sentiu como se fosse puxado para dentro de um abismo, sua mente inundada com imagens de destruição, poder, e uma ligação visceral com o próprio altar. Mas também viu algo que o fez parar por um momento: a visão de Lírica, caída, ferida, e ele... morto.

O grito de Lírica, implorando por sua vida, ecoou em sua mente, e ele soube, naquele momento, que precisava fazer mais do que lutar. Ele precisava se sacrificar para mudar o curso daquele destino.

De repente, ele sentiu a presença de Darius, que apareceu atrás dele, sua mão erguida, pronta para derrubá-lo. Mas Kael já estava preparado. Ele usou a energia que havia absorvido do altar, criando uma barreira brilhante que separava Lírica de Darius.

— Vá agora, Lírica! — Kael gritou, sabendo que aquele era o momento. Ela não tinha tempo para hesitar.

Mas Lírica não queria deixar Kael para trás. O medo em seus olhos era claro, mas ela sabia que ele tinha razão. Ela deveria fugir, reunir forças.

— Kael, não! — ela gritou, com a voz trêmula de emoção.

Mas Kael apenas sorriu, um sorriso de despedida.

— Vá. Eu vou voltar.

Romance e Emoções Profundas

Enquanto Lírica fugia com os lobos restantes, a sensação de perda e medo tomou conta dela. A única coisa que ela podia fazer era manter a esperança viva, algo que ela não tinha tido muito tempo para sentir nos últimos anos.

Kael, por outro lado, sentiu um vazio profundo em seu peito quando a viu desaparecer na escuridão. Ele sabia que, mesmo que a batalha fosse vencida, ele teria que enfrentar algo muito maior do que Darius. Algo que ameaçava destruir não apenas a floresta, mas tudo o que ele mais amava.

Mas, ao mesmo tempo, algo mais o queimava por dentro. Um desejo que ele não podia mais ignorar. Ele sabia que, quando se reencontrasse com Lírica, seria impossível esconder o que ele sentia. E, naquele momento, não queria mais esconder.

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