A madrugada havia chegado, e a floresta parecia respirar com um peso diferente, como se ela soubesse do iminente conflito que se aproximava. O ar estava carregado de uma eletricidade densa, uma sensação inquietante que Kael não conseguia afastar, mesmo enquanto se preparava para o que viria a seguir. Lírica estava ao seu lado, sua presença forte e inabalável, mas havia algo de tenso em seu comportamento. Ela se mantinha calma, mas os olhos, que antes brilhavam com a confiança de uma líder, agora estavam sombrios, como se algo a estivesse corroendo por dentro.Kael observava Lírica em silêncio, seu peito apertado com um desejo que parecia não ter fim. Mas não era apenas o desejo físico que o dominava. O que ele sentia por ela era algo mais profundo, mais selvagem, algo que o fazia querer protegê-la a todo custo. Ele sabia que, se a batalha fosse perdida, se algo acontecesse com ela... o vazio que ele sentiria não teria cura.Ele não sabia como isso aconteceu, nem quando, mas os sentime
A floresta estava envolta em uma quietude sinistra, a paz anterior substituída por uma tensão palpável. Kael respirava pesadamente, seu corpo coberto de suor, os músculos tensos enquanto ele tentava controlar a energia selvagem que pulsava dentro dele. Ele nunca soubera que poderia sentir uma força tão imensa, tão avassaladora, e, ao mesmo tempo, tão perigosa. Ele sentia como se fosse engolido por essa energia, algo que ele não poderia dominar completamente.Os inimigos ao seu redor — lobos corrompidos e criaturas distorcidas — recuavam diante de sua força, mas Kael sabia que a maior batalha ainda estava por vir. Ele sentia o poder dentro de si como uma chama que queimava, queimava, queimava, prestes a consumir tudo em seu caminho. E, ao lado dele, estava Lírica, sua presença inconfundível e poderosa, mas seus olhos carregavam uma inquietação crescente. Kael podia sentir isso como se fosse um toque no ar. Ela sabia o que estava em jogo, e, pior, sabia o quanto ele estava se arriscando
O silêncio após a explosão era ensurdecedor. A floresta, antes viva com o som da batalha, agora parecia um vácuo, um espaço onde nem mesmo o tempo ousava se mover. Kael estava de joelhos, sua respiração entrecortada e dolorosa, o corpo tremendo como se tivesse sido esvaziado de toda força. Ele mal conseguia levantar a cabeça, mas sentia o calor da presença de Lírica ao seu lado.Lírica estava caída a alguns metros, seus olhos fixos nele. Havia um corte profundo em sua testa, e seu braço esquerdo parecia ferido, mas sua determinação permanecia intacta. Ela se arrastou até Kael, ignorando a dor que irradiava por todo o seu corpo. Quando finalmente o alcançou, ela segurou o rosto dele entre as mãos, forçando-o a olhar para ela.— Kael... — Sua voz era um sussurro, mas carregava uma urgência que perfurava o coração dele. — Você está bem? Fala comigo.Os olhos de Kael, normalmente tão vibrantes, agora estavam sombrios, como se a energia que ele havia liberado tivesse levado algo essencial
A luz trêmula da fogueira projetava sombras dançantes nas paredes da caverna, mas a figura que surgiu na entrada interrompeu o momento de calma entre Kael e Lírica. Ambos se levantaram, os sentidos aguçados, como predadores prontos para a batalha. A tensão no ar era quase sufocante.A sombra moveu-se lentamente para dentro da caverna, revelando uma figura que parecia tanto humana quanto algo além disso. Um homem alto, com traços marcados por cicatrizes antigas e olhos que brilhavam com um tom amarelado anormal. Ele usava uma capa preta desgastada, e seu cheiro era um misto de terra, sangue e algo indistinguível, mas inquietante.— Quem é você? — Lírica perguntou, sua voz carregada de autoridade, mesmo enquanto o instinto lhe dizia que essa figura era perigosa.O homem deu um passo à frente, revelando mais de si. Seu sorriso era calculado, mas havia algo de perturbador nele.— Meu nome é Aedan, e se vocês desejam sobreviver ao que está por vir, vão querer me ouvir.Kael deu um passo à
O sol estava nascendo, mas seu brilho parecia mais pálido do que o normal, como se o mundo também sentisse o peso da escuridão que se aproximava. Kael e Lírica deixaram a caverna em silêncio, seguidos por Aedan, que caminhava com passos calculados, sempre atento aos arredores. A tensão entre eles era palpável, mas havia algo mais — uma determinação silenciosa de seguir em frente, apesar de tudo.A clareira à frente era ampla, cercada por árvores altas e antigas, com um pequeno riacho cortando-a ao meio. Era um local que exalava calma, mas também parecia isolado, como se fosse intocado pelo tempo. Aedan parou no centro da clareira e virou-se para encará-los.— Este lugar servirá. — Ele disse, sua voz carregada de autoridade. — Aqui, Kael, você poderá começar a entender o que realmente é.Kael cruzou os braços, ainda desconfiado. — E o que exatamente você espera que eu faça?Aedan sorriu levemente, mas havia um brilho frio em seus olhos. — Primeiro, você precisa aceitar o que é. E, para
A brisa da manhã trouxe um frescor amargo, como se a própria natureza soubesse que algo sombrio estava se aproximando. Lírica e Kael estavam lado a lado, com Aedan alguns passos à frente, conduzindo-os para uma nova localização. Ele parecia mais tenso do que de costume, seus olhos sempre escaneando a floresta ao redor.Kael não conseguia ignorar o peso do que acontecera na noite anterior. As palavras da sombra — ou melhor, a sua própria voz distorcida — ecoavam em sua mente. Ele sabia que enfrentar seus medos seria difícil, mas não esperava que o confronto fosse tão visceral. Sentiu-se vulnerável, exposto, como se cada parte sua tivesse sido dissecada e avaliada.— Você está bem? — Lírica perguntou, quebrando o silêncio. Sua mão tocou suavemente o braço dele, trazendo-o de volta à realidade.Ele olhou para ela e forçou um sorriso. — Estou. Só... processando tudo.— É normal. — Ela disse, sua voz baixa, mas cheia de convicção. — O que você enfrentou não é algo fácil de esquecer. Mas vo
A madrugada nasceu envolta em um nevoeiro pesado, cobrindo a floresta em um manto cinza que parecia transformar até os sons mais familiares em algo estranho. Kael, Lírica e Aedan estavam prontos para partir. A conversa da noite anterior ainda pairava entre eles, carregada de tensão e promessas de um futuro incerto.— Para onde vamos agora? — Lírica perguntou, quebrando o silêncio que dominava o pequeno acampamento.Aedan apontou para o leste, para uma cadeia de montanhas que se erguia como uma muralha contra o horizonte. — A entrada para o templo está lá. O fragmento de Noctis foi escondido em um local protegido por antigos Guardiões. O lugar foi projetado para manter intrusos afastados, mas... — Ele fez uma pausa, observando Kael. — Você pode ser a chave para atravessá-lo.Kael assentiu, ainda processando a magnitude do que estava por vir. Ele sabia que seu papel era importante, mas isso não diminuía o peso da responsabilidade.— E se falharmos? — Ele perguntou, sua voz baixa.Lírica
Os primeiros raios do amanhecer atravessavam as árvores enquanto Kael, Lírica e Aedan finalmente alcançavam o sopé do templo. Uma imponente estrutura de pedra erguia-se diante deles, parcialmente coberta por musgo e enredada pela floresta ao redor. A aura do local era sufocante, como se as próprias paredes carregassem o peso de séculos de segredos e proteção.— Este é o lugar. — Aedan afirmou, sua voz grave. Ele apontou para um arco esculpido na pedra, marcado com runas antigas que brilhavam fracamente. — O fragmento está lá dentro. Mas as armadilhas e proteções que os Guardiões deixaram são... únicas.Kael estudou as runas, sentindo uma estranha conexão com elas. Pareciam vibrar em resposta à sua presença, quase como se reconhecessem algo nele.— Como exatamente você espera que passemos por isso? — Lírica perguntou, cruzando os braços.— Isso depende dele. — Aedan respondeu, olhando para Kael. — Essas runas só reagem ao sangue de um verdadeiro Guardião. É por isso que você é essencia