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Entre o Fogo e a Sombra

Kael estava em silêncio, sentado à beira do riacho que serpenteava pela floresta, suas mãos firmemente apertadas ao redor da adaga. A água refletia as estrelas, mas a mente dele estava longe dali, perdida em pensamentos que o atormentavam desde o momento em que ele usou a energia do altar. Ele sentia algo diferente dentro de si, algo que ele não conseguia controlar, uma força crescente que estava apenas começando a se manifestar.

Mas o que mais o inquietava não era a mudança que ele estava experimentando, mas sim Lírica. Ela estava em algum lugar nas proximidades, o calor de sua presença ainda tocando sua alma. O beijo que eles haviam compartilhado, uma explosão de emoções e desejos reprimidos, era uma chama que ele temia não conseguir apagar. Não agora, não depois de tudo o que haviam vivido juntos.

Ele sentiu, antes de vê-la, o som dos passos dela. Ela estava ali, parada, observando-o com um olhar que transmitia uma mistura de dúvidas e intenções que ele não sabia como decifrar. O vento suave levantava seus cabelos, e o brilho dos seus olhos o desarmava de uma maneira que Kael não conseguia mais ignorar.

— Você está longe... — a voz de Lírica foi suave, mas cortante como uma lâmina. Ela estava mais perto agora, suas botas fazendo pouco som na terra úmida. — Em que está pensando?

Kael levantou os olhos para ela, notando o reflexo da lua em seus cabelos prateados. Ele queria dizer algo, queria desviar a conversa, mas havia algo no ar, algo entre eles que não podia ser ignorado.

— Eu... estava pensando no que aconteceu, no altar... — A voz dele vacilou, e ele percebeu que aquilo não era o que ele realmente queria dizer. Não era o que ele sentia, não era o que estava queimando dentro dele.

Lírica deu um passo à frente, parando bem diante dele. O calor de seu corpo se irradiava, mas o olhar que ela lhe lançava era enigmático. Era como se ela soubesse, em algum nível, o que ele estava escondendo. E ela não gostava disso.

— Kael, o que você está realmente tentando dizer? — Ela perguntou, a paciência em sua voz esgotando-se lentamente.

Ele não conseguiu mais conter o que sentia. Ele se levantou rapidamente, o movimento brusco quase fazendo Lírica recuar, mas ela não o fez. Ele a olhou intensamente, a dor em seu peito se transformando em algo mais.

— Eu não posso parar de pensar em você, Lírica. Não posso mais ignorar o que sinto. — As palavras saíram com a força de uma onda, e ele percebeu, tarde demais, que não havia mais volta.

O silêncio entre eles foi esmagador. Lírica ficou parada, os olhos penetrando os dele, procurando respostas que talvez ela já soubesse, mas que ainda não estava pronta para aceitar. O ar entre eles estava denso, carregado de algo mais do que simples desejo — era uma necessidade, uma urgência que não podia mais ser negada.

Lírica deu um passo à frente, agora tão próxima que Kael podia sentir o calor de seu corpo contra o seu. Ele quase podia ouvir a batida de seus corações, cada pulsar ecoando em seus ouvidos. O olhar dela se suavizou, mas o que ele viu nos olhos dela o deixou sem fôlego. Ela queria a mesma coisa que ele. Mas havia algo mais, algo que ela não estava disposta a admitir.

— Eu... — Ela começou, mas as palavras foram interrompidas pelo som de passos apressados se aproximando.

Kael levantou a cabeça rapidamente, sentindo a tensão voltar. Lírica fez o mesmo, seu olhar agora em alerta. Eles estavam sendo observados. Antes que pudessem reagir, a figura de Eryon apareceu das sombras, ofegante, com os olhos arregalados de pavor.

— Lírica! Kael! — Ele gritou, sem fôlego. — Darius... ele está vindo. E não está sozinho.

Lírica deu um passo atrás, uma frustração visível no rosto, mas ela não hesitou. O perigo estava à espreita, e isso significava que o tempo deles juntos, agora, seria limitado. Mas Kael percebeu que algo em seus olhos estava diferente. A tensão que antes havia sido puramente sexual agora tinha uma camada de desespero, uma necessidade urgente que ele não sabia como interpretar.

— Eryon, quanto tempo? — Lírica perguntou, sua voz firme, mas com uma leveza que apenas Kael percebia. Ela estava controlando sua ansiedade, mas ele sentia que, lá no fundo, ela também desejava uma pausa, um alívio.

— Não muito... talvez uma hora, talvez menos. Ele está trazendo algo com ele. — Eryon não precisava dar mais explicações. Ambos sabiam o que isso significava.

O Confronto com Darius

Kael e Lírica, apesar da tensão, avançaram em direção ao acampamento improvisado, onde Eryon os guiava, suas mentes focadas no que estava por vir. Lírica havia mudado, sua postura agora ainda mais imponente, como uma alfa que sabia que a batalha se aproximava e que não podia se dar ao luxo de ser fraca.

— Você vai conseguir? — Kael perguntou enquanto corriam pelas trilhas escuras, sua voz baixa, mas carregada de uma preocupação silenciosa.

Ela olhou para ele por um momento, e Kael quase sentiu a resposta no ar. Mas ao invés de palavras, ela apenas deu um leve sorriso.

— Eu sempre consigo. — Ela respondeu, mas a confiança em sua voz era apenas uma fachada. Kael sabia que ela estava apenas tentando se convencer de que tudo estava sob controle.

Mas ele sabia que não estava. Ele sentia isso em cada fibra do seu ser. Eles estavam prestes a enfrentar algo muito maior do que qualquer um deles poderia imaginar.

A Estranha Atração que Não Pode Ser Ignorada

Enquanto se preparavam para a batalha, algo mudou entre eles. O medo e a tensão não podiam mais ser ignorados, e, mesmo enquanto se armavam, Kael e Lírica não conseguiam se afastar um do outro. Seus olhares se cruzaram, e, pela primeira vez, não havia mais apenas a luta pela sobrevivência entre eles. Havia algo mais, algo que estava além de palavras.

Kael deu um passo à frente, chegando perto de Lírica. Ela não recuou. Ao invés disso, ela se aproximou também, até que suas respirações se misturaram. Ela levantou uma das mãos, tocando o peito de Kael com um gesto quase distraído. Mas ele soube que era mais do que isso.

— Kael... — Ela sussurrou, a voz rouca. — Não podemos. Não agora.

Mas, antes que ele pudesse responder, ela o puxou para um beijo feroz, uma explosão de emoções e desejo. A necessidade de cada um de se conectar com o outro era tão forte que parecia que o mundo ao redor deles desaparecia, deixando apenas a chama crescente de sua união.

O beijo durou apenas o tempo suficiente para deixá-los sem ar, mas foi o suficiente para marcar aquele momento entre eles. Eles sabiam que o que estava entre eles não era apenas atração, mas algo muito mais profundo. E, embora soubessem que não podiam ceder totalmente a isso, o desejo ardente entre eles os consumia de uma forma que não podiam mais controlar.

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