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Ecos da Floresta Proibida

A manhã chegou silenciosa, trazendo consigo uma névoa densa que se espalhava pelo vale como um manto. A luz pálida do sol mal atravessava as árvores altas, e o abrigo de pedra parecia ainda mais isolado.

Kael observava a pequena fogueira que haviam acendido dentro da cabana, os olhos fixos nas chamas dançantes. Ele não confiava naqueles novos lobos, especialmente em um deles — um jovem chamado Eryon, cuja postura rígida e olhar evasivo o deixavam desconfortável.

Lírica, por outro lado, parecia mais serena. Apesar de suas feridas ainda não estarem totalmente curadas, ela já havia começado a traçar um plano.

— Precisamos nos mover antes que a noite caia — disse ela, sua voz firme, mas baixa o suficiente para não despertar suspeitas.

Kael inclinou-se contra a parede da cabana, cruzando os braços.

— Ótimo. Vamos direto para a boca do lobo.

Lírica lançou-lhe um olhar impaciente.

— Se não recuperarmos o artefato, Darius vai nos encontrar de qualquer forma. Ele já está nos caçando, Kael. Não há como evitar.

Kael bufou, mas não respondeu. Ele sabia que ela estava certa.

A Jornada Começa

O pequeno grupo partiu ao meio-dia, quando a névoa começou a se dissipar. Lírica liderava, mesmo mancando ligeiramente, com Kael logo atrás. Os três jovens lobos os seguiam, trocando sussurros ocasionais.

Kael permaneceu em alerta o tempo todo, seus instintos aguçados. Ele sabia que algo estava errado, mas ainda não conseguia identificar exatamente o quê.

— Quanto mais longe? — perguntou Kael após algumas horas de caminhada.

— A Floresta Proibida fica além da próxima colina. — Lírica não parou de andar enquanto respondia. — É lá que o artefato está escondido.

— Claro que está. Porque nada é fácil com você.

Lírica ignorou o comentário, concentrando-se no caminho à frente.

Quando finalmente chegaram à borda da floresta, o ambiente mudou drasticamente. As árvores aqui eram maiores, mais antigas, com galhos retorcidos que pareciam formar rostos nas sombras. O ar estava pesado, carregado de um cheiro metálico e umidade que se agarrava à pele.

Eryon hesitou, olhando para Lírica.

— Alfa, tem certeza de que devemos entrar aqui? Dizem que ninguém sai vivo desse lugar.

Lírica parou e virou-se para ele, o olhar firme.

— Se alguém não quiser continuar, pode voltar. Mas quem ficar deve estar preparado para lutar.

Os outros dois lobos concordaram rapidamente, mas Eryon hesitou por um momento antes de assentir.

Kael observava tudo em silêncio, mas sua desconfiança em relação ao jovem só aumentava.

Dentro da Floresta

A Floresta Proibida era mais sinistra do que Kael esperava. Cada passo parecia ecoar, e o som de galhos quebrando sob seus pés era abafado pela estranha energia que permeava o lugar.

— O que exatamente estamos procurando? — perguntou ele, quebrando o silêncio.

Lírica parou por um momento, olhando ao redor.

— Um altar. Segundo as lendas, ele foi usado por nossos ancestrais para selar um poder antigo. O artefato deve estar lá.

Kael arqueou uma sobrancelha.

— Você está baseando isso em lendas?

— As lendas costumam conter verdades.

— Ou mentiras elaboradas.

Lírica o ignorou novamente, continuando a caminhar.

Foi então que o primeiro ataque aconteceu.

A Emboscada

Dois lobos emergiram das sombras, seus corpos magros e os olhos brilhando com uma luz sobrenatural. Eles não eram como os lobos comuns; havia algo distorcido em suas formas, como se a magia os tivesse corrompido.

— Cuidado! — gritou Kael, puxando sua adaga.

Os jovens lobos reagiram rapidamente, transformando-se em suas formas lupinas e atacando os inimigos. Lírica tentou entrar na luta, mas Kael segurou seu braço.

— Você ainda está ferida. Fique atrás.

Ela estreitou os olhos para ele, mas não discutiu.

A batalha foi rápida, mas brutal. Os lobos corrompidos eram fortes, mais rápidos do que Kael esperava, mas ele era experiente. Sua lâmina encontrou o coração do primeiro inimigo, enquanto os jovens lutavam contra o segundo.

Quando o último lobo caiu, Eryon estava de pé sobre ele, o peito subindo e descendo rapidamente.

— Isso... foi diferente. — Ele olhou para Kael. — O que eram eles?

— Corrompidos pela magia de Darius — respondeu Lírica, sua voz sombria. — Isso é o que ele faz. Usa magia para transformar lobos em monstros.

A Revelação

Mais adentro da floresta, chegaram ao altar. Era uma estrutura imponente, feita de pedra negra e coberta por runas que brilhavam com uma luz fraca.

Kael sentiu um arrepio percorrer sua espinha.

— Isso é... diferente.

Lírica aproximou-se do altar, os olhos fixos nas runas.

— É aqui. O artefato deve estar enterrado dentro.

Enquanto ela examinava o altar, Kael notou algo estranho. Eryon estava parado mais atrás, observando Lírica com uma expressão que ele não gostou.

— O que você está fazendo? — Kael perguntou, estreitando os olhos.

Eryon ergueu a cabeça, mas não respondeu. Em vez disso, ele deu um passo para trás, tirando algo de sua cintura — uma pequena pedra que brilhava com uma luz vermelha.

— Eu não queria fazer isso, mas Darius me deu uma escolha.

Os outros lobos olharam para ele, confusos, mas Kael já estava em movimento.

— Traidor!

Antes que Kael pudesse alcançá-lo, Eryon jogou a pedra no chão. Um círculo de luz vermelha se formou ao redor do altar, e uma figura começou a emergir das sombras.

— Bem-vinda de volta, Lírica — disse uma voz fria.

Era Darius.

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