O amor cega as pessoas, é evidente. Mesmo que antes nunca acreditasse nisso, a realidade estava ali, mais clara que água cristalina.

Na verdade, olhando para trás com mais cautela, percebi que realmente não havia jeito daquela situação ser de outra forma, eu sempre fora dele. Sempre.

A tatuagem no meu pulso direito me dizia exatamente isso.

Meu pensamento corria de forma diferente do tempo que passava à minha volta.

O homem que eu olhava, meu Carrasco, queria correr em minha direção e me proteger, esse homem faria qualquer coisa por mim. Ouso afirmar que esse homem morreria por mim. Seus lábios mexiam, em confusão e nervoso, dizendo para que eu me abaixasse. Ele dava passos frenéticos em minha direção, mas foi baleado na barriga. Meu primeiro instinto foi correr para ele, ver se estava bem. Mas ele continuava a balear os homens, não prestava mais atenção em mim. Olhei para o lado, taças de cristal explodiam, assim como louças caríssimas. Eu realmente deveria me abaixar, me proteger, mas eu não conseguia, estava presa, em choque.

Me virei para o outro lado e enxerguei Nicole, sua barriga volumosa de seis meses de gestação a deixavam como um belo alvo, exceto por Colle estar em sua volta a protegendo para que nada acontecesse. Ele gritava alguma coisa para mim. Mas também não escutei. Havia pessoas caídas no chão, e alguns soldados trocando tiros.

Algo atingiu minha orelha esquerda com força. Demorei a perceber que foi um tiro, coloquei os dedos, sentindo a dor pulsante, e meus dedos vieram molhados de sangue. Minhas mãos tremeram, e eu finalmente comecei a voltar a mim. Meu nome estava sendo chamado. Eu sabia quem era. Meu anjo caído. E eu queria ir.

Olhei para o outro lado, e lá estava ele. Ele me olhava, na sua mão direita uma Colt 9 milímetros, seus olhos estavam assustados, ele temia por mim. Não por ele. Nunca por ele.

Vi seus lábios se mexerem lentamente.

— Está tudo bem, querida — ele disse. — Está tudo bem.

Tentei mover meu pé. Mas ele não se mexia. Eu não conseguia, minha visão estava escurecendo.

— Alice, baby, você precisa se acalmar, vai ficar tudo bem.

O homem à minha direita, o Carrasco, me chamava a atenção novamente. Ele parecia incrédulo, observando toda a situação. Gritavame, mandando que eu me abaixasse. Em seguida foi acertado novamente. Outro grito, meu anjo caído.

Ele tentava se aproximar, mas estávamos distantes. Ele atirou para um alvo atrás de mim. Em seguida foi acertado uma, duas vezes? Inúmeros tiros corriam pelo salão.

Ambos feridos.

Ambos precisavam de mim.

Mas somente um eu amava.

A verdade é que não me importava com mais nada, eu olhei em seus olhos e o desespero bateu em mim. Eu não podia perdê-lo. Eu o amava. E se tudo desse errado, eu ficaria feliz em morrer ao seu lado. Quem sabe assim, finalmente não teríamos nosso final feliz?

O amor cega as pessoas.

Lágrimas escorreram no meu rosto.

Aquilo era loucura, mesmo se aquilo tudo não me matasse, se eu sobrevivesse, com certeza isso custaria minha vida em algum momento.

Mas, mais uma vez não me importei.

Então eu corri na direção do homem que amava.