— Eu não posso mandar no homem, você deve saber disso. Além do mais, tenho muitos problemas para lidar no momento. Caminhei com Colle até o carro de resgate. — Will — Colle falou com o homem bonito de cabelos claros. — Preciso que você mesmo leve Alice em segurança para o hospital. Não saia do lado dela nem por um segundo. Quando os médicos a examinarem e ela tiver alta, quero que ela tenha uma retirada segura até a minha casa. — Ok. — Will sorriu para mim. Colle se virou para ir, mas eu caminhei logo atrás, parando-o no caminho. — Colle. Você o viu? Thomas, ele saiu? Colle me olhou complacente. — Eu não o vi Alice, por isso estou voltando. Preciso ao menos verificar. A equipe de bombeiros vai demorar um pouco, a região é de difícil acesso. Então pode ser que o resgate demore. Além do mais, creio que ainda haja homens do Cartel dentro da casa, tentando uma retirada. A propriedade é grande, não conseguimos cobrir toda a área, minha equipe está chegando, por enquanto
Quando senti uma mão gelada no meu rosto, eu abri os meus olhos, despertando devagar. Minha mãe estava lá, com seus grandes olhos marrons me olhando. — Ei — disse suave. — Como vai, querida? Estava em um sono inquieto. — Mãe! — Fui tomada por grande alegria em vê-la. Apoiei devagar os braços na cama, percebendo que estava com uma solução intravenosa conectada no braço. Com dificuldade usei os braços como suporte para me sentar. — Onde está o papai? — Ela me abraçou forte, tentei manter o equilíbrio para não chorar. — Oh querida, ele não queria sair do seu lado, mas precisava descansar. Ele está no quarto ao lado. Já vou pedir para que o acordem — ela disse se levantando. — Não, mãe. Não precisa. — Segurei o seu braço e ela parou, se virando para mim. Eu tentei pegar a água na mesinha ao lado, mas ela alcançou primeiro e me deu na mão para que eu bebesse. — Pequenas goladas meu amor. — Sentou-se novamente. — Estávamos esperando você acordar, mas você demorou tant
— Pode deixar, vou resolver isso o mais breve possível. Agora eu vou me retirar, antes que as meninas invadam seu quarto. Quando ele saiu, ouvi mais sussurros lá fora, até que uma pessoa que pensei que não fosse ver tão cedo entra no quarto. Alice. — Vivian entrou carregando um buquê de girassóis e balões coloridos. Como ela era capaz de carregar aquilo tudo com a graça da Barbie Malibu? Eu não fazia ideia. — Ei Vivi. — Dei um meio sorriso para ela, que parecia realmente me ver pela primeira vez. Ela soltou os balões que flutuaram e se agarraram ao teto. Ela segurava o buquê com uma mão só e ele acabou ficando de cabeça para baixo. Percebi de longe seu peito subindo e descendo, seu rosto começando a ficar vermelho, como se estivesse prestes a explodir. — Eu estava tão brava — ela começou. — Eu estava furiosa! — Sua voz começou a tremer e eu sabia que ela estava prestes a chorar. — Eu tinha certeza que havia algo errado, eu queria que você pudesse dividir isso comigo, queri
Um dia inteiro passou e eu não tive mais notícias de Jamie ou Thomas. Não vou mentir, meu coração estava dolorido, assustado. Embora parecesse que estava tudo bem, a impressão que eu tinha, era que estavam me escondendo algo. — Como foi com o seu pai? — Vivian perguntou mastigando uma batata frita. — Bem melhor do que eu imaginei — suspirei. — Por um tempo ele me culpou. Ele não entendeu minhas escolhas. Agora as coisas estão mais fáceis, ele parece entender tudo. Está abalado por tudo, claro. Quem não estaria? Ontem a noite o médico me instruiu a fazer terapia e tratamento com psiquiatra sabe, as crises de estresse pós-traumático podem cessar se acompanhadas regularmente. A depressão… Os pesadelos. Estou tomando um medicamento que ele me passou. — Dou de ombros, roubando uma batata da sua tigela. — Ainda acho que Jamie merece um tiro entre as pernas — resmungou de boca cheia. — Não acho justo, depois de tudo o que ele lhe fez… — Eu sei que não entende, mas ele fez o que p
— O quê? — perguntei realmente não entendendo. — Você se jogou do penhasco da casa dos seus pais? — Sim. Eu o fiz — suspirei triste, olhando para longe com a lembrança. — Foi uma época ruim para mim. Estava me sentindo constantemente sozinha e desamparada. Eu não o culpo, no entanto, Jamie. Encarei seus olhos que eram tristes. — Espero que saiba, nunca vi atração em lhe fazer mal, nunca me diverti com seu sofrimento. Posso ter muitos defeitos, mas não me divirto ferindo inocentes. Sou violento, sou doentio e até conhecido como sociopata. Mas nunca, nunca quis fazer mal a você. Principalmente ao ponto de fazer você querer se matar. Quando te droguei, sim, passei dos limites aceitáveis, mas pensei realmente que pudesse fazer mal a si mesma. Bem, não adiantou muito bem. Já que o fez de qualquer forma. — Eu não fiz por você — assumi. — Foi por Thomas, por não suportar estar em um lugar onde ele não estivesse. Logo que soltei essa confissão eu me arrependi. Jamie manteve
Alguns meses depois. Sabe como seu coração se alivia após finalmente receber o perdão? O coração se sente aliviado, em paz...e é assim que meu coração se sentiu após Nora. Juntei toda coragem que tinha, e expliquei, que seu marido foi um grande homem e amigo, e nunca traiu a família. E acima de tudo os amou, demasiadamente e lutou com tudo para voltar a eles. Ela chorou, e pensei que nunca haveria perdão para mim, mas então, ela me abraçou, e disse com sua voz suave “Siga em frente Alice Madox, eu a perdoo”. E aquilo significou tudo para mim. Você já pensou o que seria da sua vida, se em determinado momento, não tivesse atravessado aquela rua, perdido aquele ônibus? O que seria diferente se você tivesse tomado uma bebida a mais, ou a menos… Se não tivesse desistido de última hora daquele compromisso? Como seria se em determinado momento, se você tivesse feito escolhas totalmente diferentes do que fez hoje ou anos atrás? O que mudaria, o que você mudaria? Algo no fundo do meu pei
— Aproveite que ela não está. — Ele fala. — Do que está falando? — Questiono, descendo dois degraus. — Não se faça de burra. — Diz com arrogância. — Eu não sei do que fala. — Devolvo no mesmo tom. — Me ilumine. — Reviro os olhos passando o cesto para o primeiro degrau e me aproximando mais dele. — É visível que não quer estar aqui. Não precisa mais fingir. — Ele ergueu sua sobrancelha esculpida para mim. — Sério? Você acha que não gostaria de estar aqui?! Se eu não quisesse, eu não estaria. — Afirmo. — Olha... — Ele solta um sorriso sínico. — Onde você pensa que chegará com isso? Agindo como a boa samaritana, servindo chá, recolhendo roupas.... Vestida desse jeito. — Sua voz é amarga. Espio rápido minha roupa. Estou vestindo uma blusa cinza, escrita “NO BOYS” que bate na altura da minha coxa, e um short jeans pouco a baixo da blusa e chinelos de unicórnio. Meu cabelo é um coque bagunçado e não tenho alguma maquiagem. — Qual o problema?! — Rebato. — Voc
O amor cega as pessoas, é evidente. Mesmo que antes nunca acreditasse nisso, a realidade estava ali, mais clara que água cristalina. Na verdade, olhando para trás com mais cautela, percebi que realmente não havia jeito daquela situação ser de outra forma, eu sempre fora dele. Sempre. A tatuagem no meu pulso direito me dizia exatamente isso. Meu pensamento corria de forma diferente do tempo que passava à minha volta. O homem que eu olhava, meu Carrasco, queria correr em minha direção e me proteger, esse homem faria qualquer coisa por mim. Ouso afirmar que esse homem morreria por mim. Seus lábios mexiam, em confusão e nervoso, dizendo para que eu me abaixasse. Ele dava passos frenéticos em minha direção, mas foi baleado na barriga. Meu primeiro instinto foi correr para ele, ver se estava bem. Mas ele continuava a balear os homens, não prestava mais atenção em mim. Olhei para o lado, taças de cristal explodiam, assim como louças caríssimas. Eu realmente deveria me abaixar, me