Capítulo III

Dois meses passaram. Athena estava introspectiva nos últimos dias. A mansidão da irmã à preocupava. Diante disso, chamou Amú.

– Em que posso ser útil, minha senhora?

– Como está a Vênus?

– Ultimamente ela está bem entretida com sua arte. Tem pedido materiais diversos com bastante frequência.

– Que bom! E como estão as coisas pela cidade?

– Os demais soldados não reportaram nenhum problema. Porém, há relatos de que uma entidade misteriosa tem surgido nos arredores do cais às noites de luar.

– E como descrevem tal entidade?

– Aqueles que a veem apenas dizem ser belíssima e encantadora. Os contatos são muito rápidos.

– Então é uma entidade feminina? – Athena ficou muito intrigada. – As pessoas conseguem interagir com ela?

– Sim, minha senhora! Os relatos são muito breves e todos provenientes de homens. A entidade surge e em poucos minutos desaparece. Apesar de deixar os indivíduos atordoados e com vagas lembranças, não faz mal a ninguém.

– Entendi. Faça-me o favor de convocar Shakina, Iolo, Tebas e Milo. Quero que reforcem a segurança do Palácio.

– A senhora acha que corremos perigo?

– É apenas uma medida preventiva. Vou tratar pessoalmente desse assunto e verificar que entidade é essa que tem surgido nos nossos domínios e quais suas intenções. Vá e reforce imediatamente a segurança.

– Sim, senhora!

Amú foi prontamente para seu posto de vigia e redigiu uma carta para seus companheiros, soldados de Olímpia. Entregou para o jovem mensageiro Mimi que partiu para enviar a seguinte mensagem:

“Aos Caros Soldados de Olímpia,

Venho a vós comunicar oficialmente que Athena solicita que todos retornem ao palácio para reagrupamento imediato e definição de novas atribuições.

Atenciosamente,

Amú”

Ao anoitecer, já se encontravam no salão principal do Palácio de Athena, Amú, Tebas, Milo, Shakina e Iolo. Todos ouviram atentamente as instruções de Athena referente ao novo posicionamento dos soldados que antes circulavam pelo perímetro de Olímpia.

Após o pronunciamento de Athena, eles foram jantar juntos.

– Será que teremos um pouco de emoção por aqui finalmente? – Disse Tebas saboreando o vinho.

– Não deve ser nenhum pouco emocionante encontrar uma entidade que aparece e desaparece em minutos. – Resmungou Milo.

– Se for tão linda quanto dizem, talvez valha a pena. – Tebas disse sorrindo batendo nas costas do amigo Milo.

– Athena deixou bem claro que vai resolver esse assunto pessoalmente. Nosso dever é apenas reforçar a segurança do Palácio. – Retrucou Shakina.

– Que assim seja feita a vontade dos deuses! Um brinde meus amigos! – Bufou Tebas, visivelmente embriagado e levantando sua taça ao ar.

Apenas Milo brindou com o soldado avinhado, esvoaçando a bebida fermentada por sobre a mesa ao tilintar de suas taças.

Após a rápida refeição, os soldados se posicionaram em seus novos postos. Amú continuou guardando a entrada para os aposentos de Vênus. Shakina ficou diante do templo de Zeus. Milo com a responsabilidade de proteger o templo de Athena. Iolo ficou aos arredores do jardim principal. E Tebas na base do Monte Olimpo.

Em segredo, Athena solicitou que o jovem Arantis, um soldado honorário, fosse até a cidade para investigar os fatos relacionados a tal entidade que surgira em Olímpia.

***

Vênus não fazia ideia dos rumores que estavam circulando pela cidade a respeito de suas visitas ao cais de Olímpia. Muito menos sabia da movimentação dos soldados de Athena por todo o palácio que habitava.

Ainda em clausura, ela completou quinze anos e vinha preparando uma linda vestimenta para sair e comemorar. Dessa vez, teria coragem de se aproximar mais e manter um diálogo com quem encontrasse.

Quando estava pronta para fugir, avistou pela janela uma sombra. Havia alguém no jardim. Resolveu esperar. E assim esperou por toda a noite, até adormecer. Ficou frustrada, pois não conseguiu sair.

Por mais duas noites sua saída foi impedida devido à presença daquela pessoa que não se ausentava. Vênus se deu conta de que algo havia mudado. Decidiu chamar Athena. Amú comunicou o desejo de Vênus a Athena, apesar de já ser madrugada.

Assim, Vênus foi autorizada a se encontrar com sua irmã.

– Aonde você vai assim? – Athena se espantou com a aparência da irmã.

Vênus estava com um vestido negro, tomara que caia bem justo e curto, e com uma longa calda que tinha um belíssimo efeito esvoaçante quando ela se movimentava. E também usava algumas flores brancas naturais no cabelo que estava solto e ondulado.

– Eu vou sair! E apenas quero te notificar que nem você nem mais ninguém vai me impedir. Eu cansei de ser prisioneira nesse lugar. – Vênus estava temerosa com a reação da irmã, porém muito segura e determinada.

– Eu não vou permitir que saia.

– Então, terá que me prender à força.

Vênus se dirigiu a saída e imediatamente Athena se pôs à sua frente. As duas irmãs se encaravam e uma forte tensão tomava conta do Monte Olimpo. Pressentindo que algo pior poderia acontecer entre as duas, Zeus surgiu surpreendendo as filhas.

– Athena! Haja com a sabedoria, minha filha. Vale a pena enfrentar sua irmã?

Compreendendo a mensagem que seu pai estava tentando lhe passar, Athena respirou fundo e deu um passo para o lado, permitindo que Vênus saísse.

A deusa do amor olhou para sua irmã, que estava de cabeça baixa, e depois para seu pai que lhe dera as costas. Ficou entristecida com a situação, mas estava decidida a se libertar e não perderia essa chance por nada.

– Não fique triste, Athena. Nós dois sabíamos que um dia não conseguiríamos mais prender Vênus.

 – Eu sei, papai. Mas essa situação me deixa muito desconfortável. O que há de ser dela?

 – Fique calma. Ela vai voltar.

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