Na manhã seguinte, Vênus respirou fundo e foi para a corda. Iolo a observava, como sempre sem muitas expectativas. Para sua surpresa, a manhã toda já tinha passado e a garota ainda permanecia na corda. Ele estava incrédulo e admirado com a concentração dela. As horas continuaram passando, com a tarde se aproximando do fim. Iolo estava impressionado. Quando mestre Moshi fez esse treinamento com ele, foram apenas por duas horas. A jovem aprendiz já estava a cerca de dez horas sobre aquela corda. Ele tinha a desafiado ficar por tanto tempo, pois tinha certeza de que seria impossível para ela conseguir.Na certeza da perseverança dela, deu o exercício por encerrado. Após um mês, Vênus finalmente havia conseguido concluir o desafio de Iolo. Ela vibrou de alegria.– Agora eu estou pronta para aprender a lutar!– Quem disse que você está pronta? Esse foi apenas o primeiro exercício.– Como? Eu não acredito que você vai ficar me enrolando com esses exercícios bobos.Iolo se irritou. Velozment
Iolo não estava conseguindo pegar no sono. Encontrava-se angustiado em meio a um turbilhão de emoções. Sua pupila não saía de sua mente. A imagem dela estirada ao chão, agonizando de dor, estava o deixando aflito. Ficava pensando em por que sua discípula o deixava tão desestabilizado. Só a sua presença já o incomodava demais. Em sua existência, apenas uma pessoa foi capaz de mexer tanto com seus sentimentos. Quando se recordava de tê-la em seus braços, lembrou-se de Vênus. O mesmo olhar inocente, o mesmo atrevimento ao provoca-lo. Tentava negar para si mesmo as suspeitas que vinham invadindo sua mente.Inquieto demais, levantou-se e foi até o casebre onde Vênus ficava. Ao se aproximar, notou que a porta ainda estava aberta, da mesma forma que deixou. Adentrando, ouviu os gemidos da garota. Tateou os móveis até encontrar o lampião. O acendeu. Ao iluminar o cômodo, avistou sua aluna. Se contorcia de dor e delirava. Próximo à cama, observou sangue. Sentiu um terrível remorso por tê-la ma
Marine e Athena se encontraram com Iolo que aguardava ansioso.– Como ela está? – O jovem soldado estava com um aperto insuportável no peito.– Ainda com febre, mas logo ficará bem. Precisa trocar os curativos dela esporadicamente.– Sim Marine. Eu farei. Muito obrigado pela sua ajuda.Athena solicitou que Marine fosse embora. A criada se retirou imediatamente.– Iolo, não sei como chegaram a esse ponto, mas que fique bem claro que não há justificativas para o que aconteceu aqui! Você é o tutor dela, seu mestre, seu responsável. Deve prezar pela vida dela e não o contrário. Tenha mais paciência. Ela realmente está disposta a se tornar uma guerreira, mesmo que pareça imatura, ela tem potencial.– Eu sei Athena. Ela está evoluindo bem. Sua força de vontade me surpreende todos os dias.– Que bom. Pelo menos uma qualidade você conseguiu ver nela. Cuide bem dela ou sentirá na pele a fúria dos deuses.Após dizer essas palavras Athena se retirou. Ao presenciar a preocupação da deusa com Ayum
Quando amanhecera, Iolo foi de encontro a sua discípula. Ficou surpreendido ao se deparar com a menina já o aguardando, sentada no primeiro degrau do casebre e toda equipada. Ao aproximar-se, estendeu a mão para ajudá-la a se levantar.Erguida, a frente de seu mestre, ela o cumprimentou com respeito.– Como está se sentindo hoje?– Me sinto melhor, mestre. – Vênus ainda tinha dificuldade para manter-se de pé, mas não queria demonstrar fraqueza.– Ótimo. De qualquer forma, ainda não está completamente recuperada. Vamos ficar por aqui mesmo. Pode se sentar. Vou te mostrar como eu luto. Apenas observe.Vênus acatou o pedido de seu mestre e se acomodou no mesmo lugar que estava antes. Ficou aliviada por não ter que fazer a caminhada floresta adentro. Sentia-se bastante cansada ainda.Iolo se posicionou de frente para o poente. Ficou em posição de descanso. E começou: olhou para a esquerda e fez uma defesa baixa com o braço esquerdo; avançou à frente com um passo e socando com a mão direit
No dia seguinte, apesar de sua desconfiança, Iolo foi treinar sua aluna. Ele não esperava uma grande evolução dela, porém foi surpreendido. A aspirante a soldado mostrou a ele que estava desenvolvendo o poder da telecinesia. Ela fazia pedras se erguerem no ar e com a força do pensamento as explodia. Iolo ficou mais intrigado ainda.– Você tem noção do que acabou de fazer?– Bem... eu não sabia exatamente o que fazer com aquela energia que você me ensinou a usar. Então eu comecei a testar possibilidades e acabei fazendo isso.Iolo se deu conta de que sua aluna, com toda sua ingenuidade, não fazia ideia do grande feito que tinha realizado. Foi além do que ele esperava. Com todos os anos de treinamento que tivera, a única coisa que conseguiu fazer com aquela energia era dar mais potência aos seus golpes.– Muito bem. Vamos treinar da seguinte forma: tente me acertar atirando essas pedras em mim.– Tudo bem. – Vênus se concentrou nas pedras ao seu redor e as arremessava contra seu mestre,
– Iolo, espere! Eu posso explicar tudo!– Explicar o quê? Está tudo tão claro para mim. Noite de lua cheia, você desaparece na madrugada e volta ao amanhecer. Com certeza foi flertar com algum homem por aí.– Não! Não é nada disso que eu estava fazendo. – Vênus falava entre lágrimas.– Cale essa boca! Eu fui um idiota, desde o começo eu suspeitei que havia algo de incomum nessa missão que me deram. Tudo não passou de uma brincadeira sua, não é verdade? Mas eu não queria acreditar que fosse capaz de tamanha infantilidade.– Iolo, não pense mal de mim, por favor! Deixe-me contar tudo, eu imploro!– Não quero mais ouvir a sua voz. Muito menos ter a sua companhia.Iolo a pegou pelo braço e a arrastou consigo. Vênus não sabia mais o que fazer e então não resistiu. Apenas se deixou levar.Irritado, Iolo a conduziu até o templo de Athena. A deusa da justiça ficou chocada ao vê-lo, invadindo seu aposento, tão agressivo, com sua irmã que não parava de chorar. Arantis, que estava próximo a Athe
No dia seguinte, Mimi foi enviado para convocar um novo soldado para treinar Vênus. Quando o garoto chegou no alojamento dos soldados, encontrou apenas Milo.– O que faz por aqui, Mimi?– Estou levando uma mensagem de Zeus para um soldado.– E do que se trata? – Milo estava muito curioso.– Zeus está à procura de um mestre para a deusa Vênus. – O menino travesso levou as mãos a boca, visto que tinha falado demais, sugerindo que ele havia lido uma mensagem particular.– E para quem você está levando a mensagem?– Isso eu não posso dizer.Mimi saiu correndo antes que desse com a língua nos dentes novamente.Por sua vez, Milo ficou muito interessado naquela tarefa.De repente, Iolo entrou no local.– Ora, ora. Vejam só quem ressurgiu do limbo!– Não me enche, Milo. Não estou com paciência para suas besteiras.– Calma aí, estouradinho! Apenas estava curioso para saber o que você andou fazendo nos últimos meses.– Nada que seja da conta de ninguém.Milo percebeu que seja lá o que o colega
Como combinado, Vênus estava logo cedo nos jardins do Monte Olimpo para continuar seu treinamento com Amú. Ao se encontrar com seu novo mestre, Vênus sorriu.– Bom dia, senhorita Vênus.– Bom dia, Amú. Estou muito contente por você ser meu mestre. E também por finalmente podermos conversar.– Eu que me sinto honrado em poder treiná-la. Tenho muito apreço pela senhorita. Me perdoe se nunca mantive um diálogo com você, eu estava apenas seguindo ordens.– Eu sei, eu sei. As ordens sem cabimento da minha irmã.Ambos sorriram e se admiraram com ternura. Desde que se tornara soldado, a única missão que Athena atribuiu a Amú foi proteger Vênus. Nos últimos quatro anos, mesmo sem poder olhar para a deusa e com a rara convivência, mesmo assim, desenvolveu um carinho imenso por ela. Da mesma forma, Vênus adquiriu afeto por Amú, o jovem que dia e noite ficava à sua porta, a cuidar dela.De repente, chegou todo estabanado, o menino Mimi.– Me perdoem o atraso.– Tente ser pontual sempre, Mimi. Ag