– Iolo, espere! Eu posso explicar tudo!– Explicar o quê? Está tudo tão claro para mim. Noite de lua cheia, você desaparece na madrugada e volta ao amanhecer. Com certeza foi flertar com algum homem por aí.– Não! Não é nada disso que eu estava fazendo. – Vênus falava entre lágrimas.– Cale essa boca! Eu fui um idiota, desde o começo eu suspeitei que havia algo de incomum nessa missão que me deram. Tudo não passou de uma brincadeira sua, não é verdade? Mas eu não queria acreditar que fosse capaz de tamanha infantilidade.– Iolo, não pense mal de mim, por favor! Deixe-me contar tudo, eu imploro!– Não quero mais ouvir a sua voz. Muito menos ter a sua companhia.Iolo a pegou pelo braço e a arrastou consigo. Vênus não sabia mais o que fazer e então não resistiu. Apenas se deixou levar.Irritado, Iolo a conduziu até o templo de Athena. A deusa da justiça ficou chocada ao vê-lo, invadindo seu aposento, tão agressivo, com sua irmã que não parava de chorar. Arantis, que estava próximo a Athe
No dia seguinte, Mimi foi enviado para convocar um novo soldado para treinar Vênus. Quando o garoto chegou no alojamento dos soldados, encontrou apenas Milo.– O que faz por aqui, Mimi?– Estou levando uma mensagem de Zeus para um soldado.– E do que se trata? – Milo estava muito curioso.– Zeus está à procura de um mestre para a deusa Vênus. – O menino travesso levou as mãos a boca, visto que tinha falado demais, sugerindo que ele havia lido uma mensagem particular.– E para quem você está levando a mensagem?– Isso eu não posso dizer.Mimi saiu correndo antes que desse com a língua nos dentes novamente.Por sua vez, Milo ficou muito interessado naquela tarefa.De repente, Iolo entrou no local.– Ora, ora. Vejam só quem ressurgiu do limbo!– Não me enche, Milo. Não estou com paciência para suas besteiras.– Calma aí, estouradinho! Apenas estava curioso para saber o que você andou fazendo nos últimos meses.– Nada que seja da conta de ninguém.Milo percebeu que seja lá o que o colega
Como combinado, Vênus estava logo cedo nos jardins do Monte Olimpo para continuar seu treinamento com Amú. Ao se encontrar com seu novo mestre, Vênus sorriu.– Bom dia, senhorita Vênus.– Bom dia, Amú. Estou muito contente por você ser meu mestre. E também por finalmente podermos conversar.– Eu que me sinto honrado em poder treiná-la. Tenho muito apreço pela senhorita. Me perdoe se nunca mantive um diálogo com você, eu estava apenas seguindo ordens.– Eu sei, eu sei. As ordens sem cabimento da minha irmã.Ambos sorriram e se admiraram com ternura. Desde que se tornara soldado, a única missão que Athena atribuiu a Amú foi proteger Vênus. Nos últimos quatro anos, mesmo sem poder olhar para a deusa e com a rara convivência, mesmo assim, desenvolveu um carinho imenso por ela. Da mesma forma, Vênus adquiriu afeto por Amú, o jovem que dia e noite ficava à sua porta, a cuidar dela.De repente, chegou todo estabanado, o menino Mimi.– Me perdoem o atraso.– Tente ser pontual sempre, Mimi. Ag
Ao finalmente aceitar seus sentimentos por Vênus, Iolo pulou da cama e vestiu uma roupa. Seu objetivo era descobrir em que local Amú a abrigava. Desestabilizado, foi encontrar o amigo. Amú logo despertou com a invasão do visitante noturno.– Iolo! O que você está fazendo aqui, nessa hora?– Eu preciso saber aonde Vênus está treinando!– Ela está treinando na morada dos deuses.Iolo ficou decepcionado com a informação, pois realmente estava decidido a conversar com ela. Seria ousadia demais invadir os domínios dos deuses em plena madrugada.Vendo a expressão de Iolo, Amú logo concluiu:– Você finalmente decidiu declarar seus sentimentos para ela, não é?– É tão óbvio assim?– Eu não compreendo bem o que acontece entre vocês dois, mas é muito perceptível que estão atraídos perdidamente um pelo outro.– Você acha que ela se interessa por mim?– O que posso afirmar é que ela o respeita muito como mestre e pelo olhar melancólico dela acho que sente muito a sua falta. Se está tão decidido a
Do centro da arena, Vênus e Maya se puseram a correr em direção a Cassandro. Tentariam um ataque conjunto para eliminar logo o rival. Ao se aproximarem dele, tomaram impulso para saltar e chutá-lo no tórax. O grandão não se abalou. Posicionou os pés afastados na largura dos ombros, flexionou os joelhos e aguardou o ataque das duas meninas. Quando os pés delas alcançaram o alvo, foram capturadas pelos calcanhares de ambas. Cassandro, com suas enormes mãos, não teve dificuldade em detê-las. Sacudiu as combatentes, uma contra a outra, fazendo com que suas cabeças se chocassem. Elas ficaram atordoadas quando sentiram seus corpos serem arremessados. A única preocupação delas foi não cair fora da arena. E por muito pouco não caíram. Ao tocarem o chão, se agarraram com todas as suas forças. Da plateia, Amú se levantou preocupado com sua pupila. Athena estava aflita também, torcendo para que a irmã resistisse. Zeus mantinha sua aparente calma, mas no fundo desejava estar naquela arena lutando
– Mestre, você estava aqui! Senti tanta a sua falta!– Pode parecer contraditório o que vou dizer, mas também senti sua falta.Os dois sorriram.– Tem tantas coisas que queria te dizer. Por favor, me perdoe por ter ocultado a verdade de você. Em nenhum momento quis brincar ou magoar seus sentimentos.– Eu que te peço perdão por ter sido tão injusto e violento com você. Fiquei envergonhado com todo mal que lhe fiz.– Acho que sou culpada pelo que aconteceu. Eu sinto muito, você poderia me perdoar?Antes que Iolo respondesse, os demais entraram no salão. Todos queriam dar os cumprimentos à Vênus. Primeiro, ela abraçou Athena.– Meus parabéns, Vênus! E eu que cheguei a pensar que você não levaria nada a sério.– Obrigada, Athena! Eu te disse que iria até o fim, não é!? Veja só: até armadura eu ganhei!– Nos primórdios, dizem as lendas que todos os deuses tinham armaduras para guerrear entre si. E você, senhorita Vênus, provou através de sua inteligência, força e sabedoria que é digna de
Mais tarde, quando Vênus estava guardando sua armadura, Athena a surpreendeu para lhe desejar boa noite.– Está encantada com sua armadura, não é?– Sim, ela é muito linda! Veja só como esse cinto é fantástico! Gostaria de usá-lo sempre.– Você não deve fazer isso, minha irmã, pois nesse cinto estão todos os seus atrativos, o que potencializa seu poder de sedução. Escute o que eu digo maninha, esse cinto só vai te trazer problemas.– Nossa, Athena! Assim eu fico até com medo! – Vênus guardou cuidadosamente o cinto. – Como você sabe dessas coisas?– Eu apenas sei, faz parte de mim. São minhas lembranças.– Eu queria ser como você que já sabe de tudo. Parece que eu tenho que aprender as coisas da forma mais difícil.– Eu não sei de tudo!– Então, vamos ver se você consegue me responder essa questão: me diga irmã, por que você queria evitar que as pessoas me vissem?– Eu acreditava que seu encantamento os tirasse do prumo. Mas me enganei. Aparentemente, todos que te viram, estão bem.– E
Os dias transcorriam em tensão no Olimpo. Vênus e Athena mal se falavam. Para acalmar os ânimos, Athena fez uma proposta para sua irmã.– Com licença, posso falar com você?– Claro. Entra. – Vênus penteava seu cabelo.– Como está a aranha?– Ela parece ter gostado do meu tear. Passa o dia todo ali tecendo teias. Você sabe pelo menos o nome dela?– Não. Por sua sorte, podemos chamá-la, Aracne.– Quer dizer por seu azar, não é!?– Ora, Vênus. Não vamos discutir de novo. Eu vim aqui para te fazer um convite.– Nem comece. Não vou aceitar participar de nenhum desafio sem desatino que venha de você.– Pare de bobagens. Apenas quero te chamar para um passeio. Você gostaria de conhecer a praia?– Praia?– Sim. Precisamos relaxar um pouco, não acha?– É... seria bom. E Aracne? Como fica?– Tenho certeza de que ficará bem aí. Vamos!– Agora?– Sim. Já preparei tudo. E teremos companhia.– Sério? Quem?– Os soldados.Vênus ficou animada com a ideia. Poderia sair e ainda teria companhia de outra