Melinoe flutuava diante de Amú, os tecidos de sua vestimenta bailavam pelo ar e um vento frio a acompanhava.— Como é possível? — Amú estava espantado perante aquela aparição. — O que pretende fazer aqui?— Meu senhor, Hades, me enviou. Minha missão é levar ao meu deus a cabeça de Athena.Amú se abismou com tamanha ousadia pronunciada por aquela criatura.— Se o que diz é verdade, temos um grande problema aqui. Como pode um ser ter o atrevimento de invadir o território de Zeus e achar que sairá daqui ileso? Vou enviá-la de volta ao mundo dos mortos!Amú não hesitou em atacar Melinoe, mas o seu golpe foi anulado por outro guerreiro encapuzado.Na base do Monte Olimpo, os soldados perceberam que o inimigo tinha invadido o local e se apressaram para a batalha. A caminho da morada dos deuses, foram surpreendidos com um ataque.— Não é possível que estamos sendo atacados por fantasmas! — Shayla ficou intrigada ao sentir que seus golpes atravessavam os inimigos.— Somos servos de Melinoe.—
Amú ficou dominado por um misto de sentimentos de raiva, tristeza e decepção. Lágrimas rolaram de seu alvo rosto por ter sido abandonado por alguém que ele tanto admirava e respeitava. Por fim, sentiu-se um tolo por nunca ter percebido que seu mestre também era um deus.Maya, Shayla e Marine, acompanhadas de perto por Arantis, se aproximaram dos jardins do Monte Olimpo e se espantaram com a visão de vários corpos estirados ao chão.— Os servos do templo! Estão todos mortos. — Marine constatou se lamentando.Maya estava transtornada e buscava logo alcançar os aposentos da deusa Vênus. Arantis só conseguia pensar em Athena e em seu íntimo temia perder a mulher que tanto amava.Na base do Monte Olimpo, afoitamente, Mimi se encontrou com Iolo que estava verificando um dos pilares de areia que havia surgido no local. O menino estava ansioso e mal conseguia controlar a respiração.— Iolo, Iolo!— O que foi, Mimi?— A deusa Vênus... o bebê está para nascer. E ela solicita sua presença. — Com
Na metade do século XXI, a sociedade entrou em colapso devido à escassez de recursos naturais e às mudanças climáticas. Diante da fragilidade em que se encontravam os humanos, um deus observou que seria um momento auspicioso para retornar à Terra. Aqui, encontrou o ambiente perfeito para instaurar seu reino. Caos, o deus primordial, foi o primeiro a descer para a Terra e, desde então, a anarquia imperou. Todos os reinos e potências caíram. Guerreando entre si, os humanos se autoflagelaram, alimentando a desordem por todo o mundo. Grande parte da obra humana foi perdida nesse turbilhão de ódio.Inconformados com o que o Caos tornara a Terra, outros deuses chegaram para reaver seus territórios originais. Tiveram que guerrear contra os humanos que já não mais aceitavam se submeter a nenhuma ordenação.Um desses deuses foi Zeus, que se instalou no Monte Olimpo e após vencer sozinho os perversos que viviam na região do mediterrâneo, fundou naquela região a cidade de Olímpia, o reino dos de
No ano dois mil e noventa e sete, habitava Olímpia, Zeus, o soberano dos deuses, que governava o céu e dominava fenômenos naturais como relâmpagos e trovões. Ele tinha uma águia, que por vezes o permitia visualizar alguns acontecimentos que o animal observava. Com Zeus, vivia Athena, sua filha mais nova, deusa da Justiça e da Sabedoria. E, também, Vênus, deusa da Beleza e do Amor, filha mais velha de Zeus e que era mantida em reclusão em seu templo. Em Olímpia esses deuses eram bastante adorados.Geralmente, Zeus protegia seus domínios de outros deuses e seres mitológicos que tinham intenções malignas. Athena seguia à risca as orientações de seu pai para governar e proteger o povo de Olímpia. Já Vênus era excluída sobre qualquer assunto sobre o mundo externo. A bela deusa não compreendia o porquê de sua própria família a manter isolada. E então, com o passar dos anos, tornou-se indiferente.Na plenitude de sua solidão, ela desenvolveu uma habilidade. Para acalmar seu coração, começou
Já na madrugada, a deusa da beleza ainda não tinha conseguido dormir. Se revirava de um lado para o outro na cama. As nuvens se dissiparam e a forte luz do luar voltou a irradiar, iluminando o quarto dela. Sentindo-se chamada pelo astro noturno, ela foi até a janela e admirou aquele esplêndido corpo celeste.– Você é livre para percorrer esse imenso céu. E eu?A jovem garota suspirou desanimada. Sem muito o que fazer, começou a observar os jardins e mais abaixo pequenos pontos distantes de luz. Era Olímpia, o reino dos deuses. A bela desejou ser livre, com todo seu coração e alma.E na impulsividade de seus catorze anos, ela decidiu sair de seu refúgio para ver como eram as pessoas que estavam tão próximas dela. Do alto da janela de seu templo, a visão do jardim. Pular seria impossível, devido à altura. A única forma de se arriscar a sair seria pela lateral, onde havia uma oliveira. Mas, por se tratar de uma árvore de baixa estatura, só serviria para suavizar sua queda. Para retornar,
Dois meses passaram. Athena estava introspectiva nos últimos dias. A mansidão da irmã à preocupava. Diante disso, chamou Amú.– Em que posso ser útil, minha senhora?– Como está a Vênus?– Ultimamente ela está bem entretida com sua arte. Tem pedido materiais diversos com bastante frequência.– Que bom! E como estão as coisas pela cidade?– Os demais soldados não reportaram nenhum problema. Porém, há relatos de que uma entidade misteriosa tem surgido nos arredores do cais às noites de luar.– E como descrevem tal entidade?– Aqueles que a veem apenas dizem ser belíssima e encantadora. Os contatos são muito rápidos.– Então é uma entidade feminina? – Athena ficou muito intrigada. – As pessoas conseguem interagir com ela?– Sim, minha senhora! Os relatos são muito breves e todos provenientes de homens. A entidade surge e em poucos minutos desaparece. Apesar de deixar os indivíduos atordoados e com vagas lembranças, não faz mal a ninguém.– Entendi. Faça-me o favor de convocar Shakina, Io
Enquanto Zeus consolava Athena, a jovem Vênus percorreu os corredores do palácio afim de buscar um novo sentido para sua vida. Ao passar rapidamente por Iolo, o soldado se assustou com o vulto da bela correndo desesperadamente e gritou para que ela parasse. Em vão. Quando ele ameaçou correr atrás dela, ouviu uma voz o chamando.– Espere, Iolo!– Você viu aquilo? Quem era?– Era Vênus. E Athena deu ordens de não irmos atrás dela.– Como assim? O que está acontecendo aqui?– Vênus é a entidade que tem aparecido na cidade. Arantis foi designado para investigar o que estava acontecendo em nosso território. De alguma forma ela vinha fugindo sem que eu me desse conta. E agora, parece que se rebelou e os deuses não conseguem mais mantê-la aprisionada.– E o que faremos agora?– As ordens não mudaram. Devemos manter nossos postos e vigilância.– Está certo. – Iolo observou o caminho pelo qual Vênus tinha escapado e retornou para sua posição.Vênus adorava as noites de lua cheia porque todos p
Athena ficou atônita com o pedido da irmã. Por um instante a fitou. Vênus estava eufórica e ansiosa por ouvir sua resposta.– Me diga Vênus: de onde surgiu essa ideia repentina de querer lutar?A deusa do amor suspirou. Não queria dizer para a irmã o que tinha se passado com ela naquela madrugada. Provavelmente ouviria um prolongado sermão.– Minha querida, irmã... o que posso dizer é que realmente estou determinada a aprender a lutar e persistirei até alcançar meu objetivo. – Vênus respondeu muito séria. Apesar disso, Athena ainda não acreditava nas intenções dela. Mas como a amava muito, resolveu apoia-la.– Está bem. O que eu posso fazer para ajudá-la?– Gostaria que você me ajudasse a organizar um jantar para me apresentar aos soldados de Olímpia.– O quê? Nem pensar.– Qual o problema, Athena?– Você está tentando inventar meios de fugir de sua clausura. Por isso veio com essa história sem cabimento de querer lutar.– Eu não estou inventando nada. Já ficou bem claro que eu não ac