Melinoe flutuava diante de Amú, os tecidos de sua vestimenta bailavam pelo ar e um vento frio a acompanhava.— Como é possível? — Amú estava espantado perante aquela aparição. — O que pretende fazer aqui?— Meu senhor, Hades, me enviou. Minha missão é levar ao meu deus a cabeça de Athena.Amú se abismou com tamanha ousadia pronunciada por aquela criatura.— Se o que diz é verdade, temos um grande problema aqui. Como pode um ser ter o atrevimento de invadir o território de Zeus e achar que sairá daqui ileso? Vou enviá-la de volta ao mundo dos mortos!Amú não hesitou em atacar Melinoe, mas o seu golpe foi anulado por outro guerreiro encapuzado.Na base do Monte Olimpo, os soldados perceberam que o inimigo tinha invadido o local e se apressaram para a batalha. A caminho da morada dos deuses, foram surpreendidos com um ataque.— Não é possível que estamos sendo atacados por fantasmas! — Shayla ficou intrigada ao sentir que seus golpes atravessavam os inimigos.— Somos servos de Melinoe.—
Amú ficou dominado por um misto de sentimentos de raiva, tristeza e decepção. Lágrimas rolaram de seu alvo rosto por ter sido abandonado por alguém que ele tanto admirava e respeitava. Por fim, sentiu-se um tolo por nunca ter percebido que seu mestre também era um deus.Maya, Shayla e Marine, acompanhadas de perto por Arantis, se aproximaram dos jardins do Monte Olimpo e se espantaram com a visão de vários corpos estirados ao chão.— Os servos do templo! Estão todos mortos. — Marine constatou se lamentando.Maya estava transtornada e buscava logo alcançar os aposentos da deusa Vênus. Arantis só conseguia pensar em Athena e em seu íntimo temia perder a mulher que tanto amava.Na base do Monte Olimpo, afoitamente, Mimi se encontrou com Iolo que estava verificando um dos pilares de areia que havia surgido no local. O menino estava ansioso e mal conseguia controlar a respiração.— Iolo, Iolo!— O que foi, Mimi?— A deusa Vênus... o bebê está para nascer. E ela solicita sua presença. — Com
Amú foi surpreendido por um ataque repentino de um dos fantasmas de Melinoe e, graças ao seu excelente reflexo, desviou do golpe. Contudo, a filha de Hades persistiu em sua investida e logo em seguida encurralou Amú contra a parede do templo. O jovem soldado sentiu seu corpo ser imobilizado por uma força devastadora. Amú se lamentou por ter fraquejado e baixado a guarda, permitindo que a inimiga o capturasse com tanta facilidade.— Melinoe! Você é uma covarde! Usando esses fantasmas para nos atacar. Por que não me enfrenta sozinha! — Amú zombou de sua rival, tentando ganhar tempo para se livrar daquela situação.— Está me ridicularizando mesmo estando de cara com a morte! — Melinoe se aproximou de Amú enquanto Shakina resistia contra as investidas dos fantasmas.— Me solta! — Aprisionado, Amú gritou enquanto Melinoe se aproximou dele, prestes a tocar a fronte do soldado. E quando a filha de Hades, por fim, concretizou seu toque mortal, Amú sentiu um amargor no paladar e quando tentou
Enquanto isso, nos aposentos de Vênus.— Athena!Zeus surpreendeu a filha enquanto ela observava o sofrimento de Vênus. O soberano de Olímpia reclinou a cabeça em direção a um local reservado e Athena o seguiu.— Filha, você tem consciência do que está acontecendo?Athena abaixou a cabeça, envergonhada, e não respondeu ao seu pai.— Os filhos de Hades vieram te buscar! E você sabe por que, Athena?— Eu sinto muito, pai. — Athena não conseguia fitar o deus zangado.— Até quando você acha que pode evitar isso? Eu sei o que você fez!Athena ficou assustada quando Zeus a afrontou e seus olhos se encheram de lágrimas, finalmente firmando o olhar nos olhos do pai.— Sabe? — Athena ficou trêmula.— Você realmente acha que algo pode ficar oculto sob meus domínios? Eu sempre soube e esperava que você me contasse em algum momento. Mas não, Athena! E sabe o que me irrita mais? Você envolveu sua irmã em seu plano ardiloso. E agora? Veja o que está acontecendo! Hades te mandou vários avisos, não f
Na metade do século XXI, a sociedade entrou em colapso devido à escassez de recursos naturais e às mudanças climáticas. Diante da fragilidade em que se encontravam os humanos, um deus observou que seria um momento auspicioso para retornar à Terra. Aqui, encontrou o ambiente perfeito para instaurar seu reino. Caos, o deus primordial, foi o primeiro a descer para a Terra e, desde então, a anarquia imperou. Todos os reinos e potências caíram. Guerreando entre si, os humanos se autoflagelaram, alimentando a desordem por todo o mundo. Grande parte da obra humana foi perdida nesse turbilhão de ódio.Inconformados com o que o Caos tornara a Terra, outros deuses chegaram para reaver seus territórios originais. Tiveram que guerrear contra os humanos que já não mais aceitavam se submeter a nenhuma ordenação.Um desses deuses foi Zeus, que se instalou no Monte Olimpo e após vencer sozinho os perversos que viviam na região do mediterrâneo, fundou naquela região a cidade de Olímpia, o reino dos de
No ano dois mil e noventa e sete, habitava Olímpia, Zeus, o soberano dos deuses, que governava o céu e dominava fenômenos naturais como relâmpagos e trovões. Ele tinha uma águia, que por vezes o permitia visualizar alguns acontecimentos que o animal observava. Com Zeus, vivia Athena, sua filha mais nova, deusa da Justiça e da Sabedoria. E, também, Vênus, deusa da Beleza e do Amor, filha mais velha de Zeus e que era mantida em reclusão em seu templo. Em Olímpia esses deuses eram bastante adorados.Geralmente, Zeus protegia seus domínios de outros deuses e seres mitológicos que tinham intenções malignas. Athena seguia à risca as orientações de seu pai para governar e proteger o povo de Olímpia. Já Vênus era excluída sobre qualquer assunto sobre o mundo externo. A bela deusa não compreendia o porquê de sua própria família a manter isolada. E então, com o passar dos anos, tornou-se indiferente.Na plenitude de sua solidão, ela desenvolveu uma habilidade. Para acalmar seu coração, começou
Já na madrugada, a deusa da beleza ainda não tinha conseguido dormir. Se revirava de um lado para o outro na cama. As nuvens se dissiparam e a forte luz do luar voltou a irradiar, iluminando o quarto dela. Sentindo-se chamada pelo astro noturno, ela foi até a janela e admirou aquele esplêndido corpo celeste.– Você é livre para percorrer esse imenso céu. E eu?A jovem garota suspirou desanimada. Sem muito o que fazer, começou a observar os jardins e mais abaixo pequenos pontos distantes de luz. Era Olímpia, o reino dos deuses. A bela desejou ser livre, com todo seu coração e alma.E na impulsividade de seus catorze anos, ela decidiu sair de seu refúgio para ver como eram as pessoas que estavam tão próximas dela. Do alto da janela de seu templo, a visão do jardim. Pular seria impossível, devido à altura. A única forma de se arriscar a sair seria pela lateral, onde havia uma oliveira. Mas, por se tratar de uma árvore de baixa estatura, só serviria para suavizar sua queda. Para retornar,
Dois meses passaram. Athena estava introspectiva nos últimos dias. A mansidão da irmã à preocupava. Diante disso, chamou Amú.– Em que posso ser útil, minha senhora?– Como está a Vênus?– Ultimamente ela está bem entretida com sua arte. Tem pedido materiais diversos com bastante frequência.– Que bom! E como estão as coisas pela cidade?– Os demais soldados não reportaram nenhum problema. Porém, há relatos de que uma entidade misteriosa tem surgido nos arredores do cais às noites de luar.– E como descrevem tal entidade?– Aqueles que a veem apenas dizem ser belíssima e encantadora. Os contatos são muito rápidos.– Então é uma entidade feminina? – Athena ficou muito intrigada. – As pessoas conseguem interagir com ela?– Sim, minha senhora! Os relatos são muito breves e todos provenientes de homens. A entidade surge e em poucos minutos desaparece. Apesar de deixar os indivíduos atordoados e com vagas lembranças, não faz mal a ninguém.– Entendi. Faça-me o favor de convocar Shakina, Io