Vittorio, Doce Destino
Vittorio, Doce Destino
Por: aut.ingridmarcela
Capítulo 1

Kiara Raffaello

Desço do jatinho e sinto o frio gélido da Rússia bater em meu rosto. Está nevando feio aqui, as pessoas ainda estão aproveitando aquele clima pós natal, afinal só passaram dois meses e ainda está o climinha no ar.

Pego o meu celular eu vejo que está fazendo -2 graus e a previsão é que para de noite tava -12 graus, suspiro.

Guardo o celular e olho para frente vendo uns trinta homens, armados até os dentes em uma fila reta até a porta do carro preto, eles literalmente só deixam um espaço para que eu passe entre eles e entre no carro.

Faço o trajeto até o carro o com todos os homens de costas para mim, atentos a qualquer sinal de risco.

Quando eu finalmente entro no carro, suspiro aliviada, olho para o motorista que não fala absolutamente nada, ele só acena com a cabeça e liga o carro.

Quando saímos três carros ficam na nossa frente, olho para trás só para confirmar e não fico surpresa ao ver mais três carros atrás de nós. Parece que as coisas não estão muito boas por aqui.

Suspiro e enfio a minha mão dentro do meu, sobretudo a fim de mantê-las quentes, eu preciso urgentemente de uma banheira com água quente, muito quente!

*****

Desço em frente a porta da mansão que um dia eu achei que seria o meu lar junto ao de Vittorio.

Me viro olhando para trás, estalo minha língua e nego vendo que do outro lado da rua é a casa dos meus “pais” Vladimir e Olívia Smirnov.

Me viro novamente para frente olhando a casa que um dia eu escolhi a dedo, peço forças a Deus para aguentar o que esteja por vir com muita sabedoria. Pois estando aqui agora, eu sinto que não foi uma boa ideia vir sem pensar duas vezes.

Tomando coragem, entro dentro da casa e passo pelo corredor grande e com pouca luz, inspiro sentindo o seu perfume, o maldito perfume que me trás tantas lembranças.

Olho para Vittorio, sorrio feliz e satisfeita vendo o meu homem todo ofegante e suado embaixo de mim, depois de eu ter lhe dando um chá de boceta bem dado.

Ver o famoso sniper da máfia Italiana, inabalável e temido por todos totalmente ofegante, com aquela carinha pós foda e olhos meio fechados e corpo suado.

Sorrio e afundo o meu rosto em seu pescoço, inalo o seu cheiro e sorrio.

— Promete que não irá mudar o seu perfume nunca? Eu sou extremamente alucinada por esse perfume. — Murmuro e Vittorio abre um sorriso preguiçoso.

— Prometo anjo! — Ele fala e leva as mãos até minha cintura me puxando para frente.

Me fazendo ficar bem em cima do seu pau, sorrio me encaixando em cima dele e me inclino beijando a sua boca com vontade.

Eu tenho a adorável impressão que nossa noite vai ser longa.

Afasto as lembranças que insistem em voltar a minha cabeça, assim que entro na sala, ele é a primeira coisa que eu vejo.

Vittorio está com um terno impecável, olhar cansado de quem não dorme a dias e um copo com um líquido cor de caramelo na mão, whisky. Com toda certeza!

— Bom dia, Vittorio! — Falo andando até ele e então paro a uns cinco passos de distância dele, olhando fixamente em seus olhos. — Pode me falar onde ela está?

Engulo em seco, Vittorio me olha de cima a baixo, seus olhos queimam o meu corpo e eu vejo sua testa franzir.

Faz mais de 2 anos que não nos vemos pessoalmente, mais de dois anos que eu não escuto sua voz, que eu não sinto o seu cheiro e as únicas notícias que tenho dele são por revistas ou sites de fofoca.

Vittorio parece estar meio chocado em me ver pessoalmente, já que ele não me via nunca. Ao contrário de mim, que sempre via algo dele em sites de fofocas.

Ele me olha de cima a baixo lentamente, seus olhos são como brasa e essa porra parece ser enviada para o meu corpo.

Meu coração b**e forte, minha pele queima e eu sinto vontade de chorar, meus olhos ardem e eu tenho que respirar fundo para evitar que isso aconteça.

Mas eu? Eu me mantenho plena, sabendo bem o motivo dele está me olhando assim.

Durante esses dois anos eu foquei toda a minha raiva e ressentimento na academia, eu já tinha a porra de um corpo bonito.

Mas agora o meu corpo é outro, eu posso falar que estou com um corpo lindo. Nesses dois anos eu me aprimorei na luta, em tiro e tudo o que Rocco e Alessandro puderam me ensinar.

Na máfia Italiana eu aprimorei tudo o que eu tinha começado a aprender na máfia Russa, Rocco e Alessandro foram ótimos professores.

— Você está linda! — É a primeira coisa que Vittorio fala.

Eu vejo sinceridade em sua fala, pois a sua cara de bobão mostra o choque pelo o que está vendo.

Passo minhas mãos nos meus meus cabelos que agora batem na metade das minhas costas e eu estou doida para cortar, mas vou deixar ele crescer mais. Faço um coque frouxo.

— Você me ligou pedindo ajuda e eu vim pela criança, Vittorio. Onde ela está? — Pergunto, Vittorio parece sair da hipnose que estava, tomando um gole da sua bebida.

— Dormindo! — Ele fala com calma. — Vamos até a sala de jantar, acredito que esteja com fome!

— Não, muito obrigado! — Falo cortante. Vittorio fecha os olhos e quando abre eu vejo fogo em seus olhos.

— Eu estou mandando você ir comer, Kiara! — Vittorio fala com a voz cortante.

Seu tom de voz de “Capô” surge, arqueio a minha sobrancelha. Vittorio está doido ou está se fazendo?

Assenti devagar, eu realmente estou com fome e sei bem por onde eu devo ir, Vittorio parece estar vivendo seus piores dias e parece está fora de órbita, não quero brigar. Pelo menos não agora.

Passo por ele andando calmamente, entro na sala da cozinha, puxo a cadeira e me sento vendo a mesa farta na minha frente.

Me sirvo de chocolate quente, pego um pão recheado com uma geleia típica da Rússia e dou uma boa mordida.

De canto de olho vejo Vittorio se servir de café e pegar um pedaço de bolo colocando em um prato, pego a xícara tomando um gole do seu chocolate quente e coloco ela novamente na mesa.

— O que você sabe sobre a menina? — Questiono e vejo ele se encostar na cadeira ainda com um olhar perdido.

— Eu me lembro dessa mulher, o nome dela na boate era “Cristal”. — Ele fala e eu me concentro em suas palavras. — Ela trabalhava na boate somente como dançarina, eu a vi e decidi que a queria, então ela se tornou fixamente minha, mas um dia ela falou que não daria mais e saiu da boate.

— E então…? — Questiono.

— Após isso nunca mais nos vimos, creio que quando saiu de lá já estava grávida, teve a menina em meio a uma vida difícil e criou ela sozinha, então descobriu que estava muito doente e já morrendo contou a verdade para a filha e a irmã. Quando a Cristal morreu a tia da menina veio e me entregou ela, na verdade ela vendeu a menina.

— Merda, imagina como a cabeça dessa criança está. — Falo e ele assente.

— Ela só chora, passou a madrugada com febre, delirando chamando pela mãe, faz sete horas que o médico saiu após medicar ela, acho que ela vai dormir até a hora do almoço com o sedativo que ele a deu. — Fala e eu assinto.

— Ok! — Digo. — E o que você pretende fazer, já fez o teste de DNA? Apesar de eu achar que ela não mentiria sobre isso.

— O doutor levou os nossos cabelos, ele irá fazer o teste hoje mesmo e me mandar. — Ele fala. — Mas não existem dúvidas, ela é a minha cara e a vagabunda da tia correria esse risco.

— Ainda mais sabendo quem você é e o que você faz. — Falo. — Já que você tem certeza que ela é sua filha, o que prende fazer?

— Irei mandá-la para um convento, deixar ela até os vinte e depois a trazer para a Rússia, arrumar um casamento e pronto! — Abro a boca em choque, fico calada esperando ele abrir a boca e falar que é brincadeira mas quando ele não faz a imaginação toma conta de mim.

— Você está brincando, né Vittorio? — Questiono e ele nega.

— Isso é o que aconteceu com a maioria das mulheres na máfia, não entendo a sua surpresa. — Ele fala e eu nego.

— Ela acabou de perder a mãe, depois foi abandonada pela tia com um desconhecido que a pouco tempo descobriu que é o seu pai e você quer a abandonar? — Questiono chocada. — Olha, você virou um Capô de primeira, eh!

— E você quer que eu faça o que porra? Eu não consigo lidar nem com você, quem dirá com uma fedelha que

— Seja homem pelo menos uma vez na sua vida Vittorio! Assuma a sua responsabilidade. Ela é uma criança, uma criança que precisa de você! — Falo com seriedade. — Você age como um homem, mas no fundo é só um moleque de merda.

— Não fale desse jeito comigo! — Ele fala rosnando e eu sorrio.

— Ou o que? Vai me matar? Me poupe, Vittorio! Então vamos lá, atira na minha cabeça, não tenho mais ninguém que se importar comigo, será uma morte que ninguém irá descobrir. — Falo e ele ergue a sobrancelha com ironia, certos costumes nunca mudam.

— É isso que você acha? Que ninguém se importa com você? — Questiona eu reviro os meus olhos.

— Você está falando da minha família que está na Itália, né? Fora eles ninguém mais se importa comigo, Vittorio! — Falo e ele nega.

— Filha? — Fecho os meus olhos ao escutar a voz do Vladimir atrás de mim.

Viro o meu rosto para o lado e vejo Olívia e Vladimir, volto a olhar para frente tomando um longo gole do meu chocolate quente, escuto passos e logo eles estão na minha frente e sentado um ao lado do outro.

Tomo o meu chocolate quente de uma vez e me levanto enfiando o pedaço de pão na boca de uma vez, pego o prato que está na minha frente, pego um potinho com várias frutas cortada, uns pães recheados com queijo, patê, geleia e enchi uma xícara com chocolate quente.

— Irei subir e vê se ela já acordou, Vittorio. — Murmuro, me afasto da mesa ficando em frente a cadeira e olho em seus olhos, vendo ele me encarar fixamente. — Depois temos que falar mais sobre ela, eu também preciso ver o hotel que eu ficarei!

— Você vai ficar aqui! — Ele fala com seriedade, reviro os meus olhos.

— Você pode ficar lá em casa filha. — Vladimir fala e pela primeira vez eu o olho.

Seus olhos tem um brilho e ao mesmo tempo eu não vejo mais o homem viril e forte que eu vi a dois anos atrás. Algo está diferente…

— Obrigado Vladimir, mas eu prefiro me hospedar em um hotel. — Falo e vejo a decepção em seus olhos.

Me viro e sigo com o prato e xícara na mão para o andar de cima, respiro fundo sentindo a minha ansiedade começar a dar sinais.

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