Capítulo 3

Kiara Raffaello

— Você está brincando com fogo, Kiara! — Escuto Pavel falar assim que eu saio do elevador. — Vocês está testando os limites dele, não sabe o que ele é capaz de fazer agora.

— Olá, Pavel. — Falo para o homem na minha frente. — Eu sei o que ele é capaz de fazer, também sei que ele não é louco.

Enquanto eu passava pela porra de um tratamento intenso, Pavel sempre estava ao meu lado, sendo meu mentor, segurança particular e com o tempo amigo.

Criamos uma relação boa, quando eu estava esgotada ele desligava o rádio e me levava para um lugar longe de todos que me permitia extravasar toda a minha dor. E só eu e ele sabíamos sobre isso.

— Cadê as suas malas, Kiara? — Ele pergunta e eu dou de ombros.

— Está lá em cima e ninguém irá tirar ela de lá. — Falo olhando seriamente para Pavel, ele suspira cansado e balanca a cabeça em negação. — Vamos, meu querido?

Pavel não responde nada, saímos do hotel do silêncio, quando chegamos perto do carro ele abre a porta do carro e eu entro me sentando.

Ele dá a volta e se senta no banco da frente ao lado do motorista, mentalmente eu peço a Deus para que hoje seja um dia mais calmo. Pois eu preciso muito disso.

****

Entro na casa e a primeira coisa que vejo é Olívia, Vladimir e Vittorio sentados um ao lado do outro no sofá principal e pela cara deles a conversa não é boa.

Já no sofá de dois lugares está a criança, que olha para eles com confusão e tristeza.

— Bom dia! — Falo para os três e me sento no sofá ao lado da menina. — Oi meu anjo, você dormiu bem?

— Dormir sim, Kiara. — Ela fala e abre um pequeno sorriso.

— Nossa, você falando o meu nome é algo tão estranho quando todas as crianças à minha volta me chamam por tia ou madrinha. — Falo e ela ri. — Mas esse é o meu nome, não é mesmo?

— Podemos escolher um apelido para você. — Ela fala e seus olhos brilham.

— Você pode me chamar de tia, meu amor. — Falo. — Eu já estou acostumada com os meus sobrinhos e afilhados me chamando assim, nem ligo mais para a sensação de velhice que se poderá de mim.

Então ela sorri de verdade, mostrando os seus dentes separados e a covinha em sua bochecha.

— Então será, tia! — Ela fala e eu assinto, então lembro de algo.

— Eu sei que é loucura o que eu irei falar, mas até agora eu não sei qual é o seu nome pequena. — Falo e ela da de ombros.

— Giulia! — Ela fala e seus olhos brilham — Mamãe falava que eu sou filha de Júpiter.

— O significado do seu nome é lindo! Jovem, jovial, fofa e filha de Júpiter. — Falo e vejo seus olhos curiosos. — Tive que pesquisar um milhão de nomes juntamente com a minha melhor amiga, para decidirmos qual nome a minha afilhada teria e Giulia foi um dos nomes que nos chamou atenção, mas decidimos colocar outro de última hora. Você está com fome? Podemos ir tomar café da manhã em algum restaurante, somente eu e você.

— Eu sou o pai dela e não autorizo essa saída! — Escuto a voz atrás de mim, respiro fundo e me viro.

Vendo os três patetas me encarando, olho para as mãos do Vittorio e vejo os papeis com o nome de uma clínica. Então é verdade ela é filha dele.

— Temos que a proteger agora! — Vladimir fala. — Ela corre risco de vida se a mantivermos ao seu lado.

— O certo é mudar o nome dela e colocar o sobrenome Russo e outro nome. — Olívia fala

— Eu não quero mudar o meu nome, mamãe escolheu e

— Quieta criança! — Vittorio fala com brutalidade, Giulia se encolhe assustada.

Nego desacreditada com o tom de voz que ele está usando com a criança. Como pode?

— Vittorio, olha o tom de voz que você usa com ela! — Falo com seriedade o repreendendo — Não iremos mudar o nome dela de jeito nenhum, no máximo acrescentar o sobrenome do Vittorio italiano e

— Agora ele é um Smirnov. — Vittorio fala e eu arqueio a minha sobrancelha. — Assim como você, você é a madrasta dessa criança e

— Não! Eu mais na verdade. Eu posso ser casada com você no papel, mas na vida real o casamento não existe e logo não irá existir no papel também. — Falo com seriedade. — E vocês Olívia e Vladimir sabem disso, como ninguém.

— Katherine, nós somos os seus pais e

— Meu nome é Kiara, Olívia! Kiara! E os meus pais que me amaram até o fim de suas vidas, nunca me abandonaram e não me deixaram para trás estão mortos! — Falo com seriedade e vejo a tristeza em seus olhos.

Na mesma hora Vladimir solta um rosnado e se levanta. Eu faço o mesmo não aceitando ficar sob a sua ira, os guardas que estão ao nosso redor se aproxima, obviamente protegendo o tão amado e temido Capô deles.

Eles sabem o que eu sou capaz de fazer, e temem pelo Capô e ex-Capo.

— Não ouse falar assim com a sua mãe! — Ele diz tentando se aproximar, mas Olívia o impede se colocando na sua frente. — Você não sabe o quanto ela sofreu, o quanto todos nós sofremos.

— Não ouse levantar você, o seu tom de voz para mim, Vladimir! — Falo com seriedade olhando bem no fundo dos seus olhos. — Se eu estalar os dedos, o acordo com a máfia Italiana acaba.

— Você não faria isso, você não teria coragem. — Ele fala soltando um sorriso incrédulo, mas quando vê a minha cara seu sorriso morre.

— Não tem Vladimir? Testa a porra da minha paciência para você vê. — Falo com seriedade. — Eu e você sabemos que Vittorio, não manda naquela porra de acordo e sim EU e Alessandro. Se eu quiser, amanhã estarei sendo resgatada pelos meus amigos e vocês comendo as cinzas da família de merda de vocês!

Quando termino de falar vejo nos olhos de Vladimir um misto de emoções, espero o pior e me preparo para o ataque. Mas então ele se afasta e inacreditavelmente vejo um sorriso em seus lábios.

— Porra, você é igual a sua mãe quando está com raiva! — Ele fala e eu reviro os meus olhos. — Nós teremos tempo para resolvermos as nossas pendências, agora que você irá morar aqui.

— Eu quero ver, quem vai me forçar a ficar aqui! — Falo com seriedade e meu pai rir jogando a cabeça para trás e nega, com ironia. — Eu coloco fogo nessa casa, coloco fogo em vocês e na porra da máfia toda.

— Filha, o seu lugar é ao lado do seu marido! — Olívia fala em um tom de repreensão.

— O meu lugar é ao lado da minha família de verdade, Olívia. — Falo e ela abaixa a cabeça.

— Menina insolente, vejo que os seus pais falharam na sua educação. — Suas palavras soa como um tiro no meu peito, meus olhos enchem de lágrimas e eu sorrio com ironia.

— Eu queria tanto, mas tanto que vocês tivessem morrido e meus pais adotivos estivessem vivos. — Falo e quando solto as últimas palavras uma lágrima cai.

Juntamente com a lágrima eu sinto uma ardência em meu rosto, a ardência vem com força e eu me vejo sendo jogada contra o sofá.

Ergo a minha cabeça chocada a tempo de ver Vittorio e Olívia indo para cima do Vladimir, entrando em luta corporal e os seguranças indo apaziguar.

Respiro fundo. Mordo a lateral da minha boca sentindo o gosto metálico do sangue, mas não me permito chorar, nem demonstrar fraqueza.

Então eu olho para o lado e vejo Giulia chorando, engulo em seco

— Sua boca está sangrando! — Giulia fala fala nego

— Está tudo bem! — Ela segurando em sua mão. — Vem, vamos lá para o seu quarto.

Falo e pego ela em meu colo, passo com ela pela multidão ainda escutando a gritaria dos três, quando chegamos em seu quarto eu tranco a porta e me sento na cama e ela se senta ao meu lado.

— Você quer enterrar a sua mãe? Eu descobrir onde ela está e já mandei organizar tudo. — Falo e a menina rapidamente olha para mim.

— Sim, eu quero muito. — Ela fala e eu assinto. — Mas eu não tenho dinheiro e

— Meu amor, dinheiro não é problema, ok? Vamos organizar as suas coisas. — Falo me levantando. — Vamos pegar várias mudas de roupa e uma roupa bem bonita, afinal você tem que se despedir da sua mãe em grande estilo.

Ela me olha como se eu fosse louca, mas solta uma risada no final. Giulia se levanta rapidamente e vai até o armário pegando uma única bolsa meio gasta e velha.

— O tem que nessa bolsa? — Questiono confusa.

— Todas as roupas que eu tenho, mamãe separou as melhores para quando eu tivesse que conhecer meu pai. — Ela fala e eu engulo em seco, segurando a vontade de chorar.

Assinto, pego sua bolsa e saímos do quarto com ela segurando a minha mão, desço as escadas e vejo Vladimir apoiado na porta, mamãe sentada no sofá chorando e Vittorio andando de um lado para o outro.

Assim que eu chego no começo da escada eu coço a garganta e ele me olha confuso.

— Onde vocês pensam que vão? — Vittorio pergunta assim que nos vê.

— Iremos enterrar a mãe dela com dignidade, na Itália. — Falo e ele me olha como se eu fosse louca. —

— A mãe dela não foi enterrada? — Olivia pergunta e eu nego. — Eu vou matar aquela vadia doida e

— Ela já está morta! — Vittorio fala e eu arregalo meus olhos olhando para Giulia, mas sua expressão é neutra.

— O nome dela é Theodora, ela não gostava da minha mamãe e dizia coisa ruins de mim e da minha mãe. — Ela murmura e meu coração sangra com suas palavras. — Eu não ligo para o que aconteceu com ela.

Olho para Vittorio e vejo que ele encara Giulia e depois olha para mim preocupado, seja lá o que essa menina tenha passado. A machucou muito e deixou ela madura demais para a sua idade.

— Kiara, vamos conversar na cozinha! — Ele fala e olha para a menina. — Giulia, pode esperar aqui, por favor.

— Ok! — Ela responde.

Caminho até a cozinha e me encosto na bancada, assim que me viro vejo Vittorio logo atrás de mim, tão perto que eu cruzo os meus braços tentando manter uma certa distância dele.

— O que ela te contou? — Ele questiona e eu estralo a minha língua.

— Você deveria perguntar para ela. — Falo e ele ergue a sobrancelha. — Você ao menos conversou com ela?

— Não tivemos tempo! — Ele fala e eu nego desacreditada.

— Você terá mais de 7 horas dentro de um avião para perguntar sobre a vida inteira dela. — Falo e ele nega. — Você tem meia hora para arrumar uma mala e saímos.

Quando termino de falar espero que ele exploda, mas ele só abre um sorriso de lado cretino me deixando puta e se afasta me deixando aliviada.

— Você sabe que irá voltar comigo, né? — Ele fala com seriedade e eu nego. — Vai sim, meu amor!

— Eu só volto para essa merda de país ao seu lado, se eu estiver morta! — Falo e vejo ele trincar os dentes.

Saio da sala de jantar sem olhar para trás. Vittorio não tem noção de como quem ele está lidando

Se ele acha que eu sou a mesma de dois anos atrás ele está muito enganado! Eu sou capaz de pôr fogo nele e o observar queimar, clamando por clemência.

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