Um mês antes
Fui para a diretoria da faculdade. Dei três batidas na porta e logo ouvi que podia entrar. Assim que entrei, fechei a porta e a diretora estava ali sentada na sua mesa. Olho pra cima para as lágrimas não cair. Vamos Emma! Coragem! Ela me chamou para me sentar. Puxei a cadeira e me sentei.— Bom dia Emma. Queria falar comigo? — Pergunta, a senhora Sheila. Fala com uma voz suave e tranquila. Não tenho o que reclamar dela, pelo contrário, tem me ajudado muito com os atrasos das mensalidades. Só de pensar que… Meu coração chega doer muito… Mas preciso… — Emma o que foi? Por que está chorando?— Olha dona Sheila… — Enxuguei a lágrima que estava caindo do meu rosto. — Sou muito, muito grata por tudo. — Fechei os olhos e as lágrimas caíram mais uma vez, de novo a enxugo. Enrolei o cabelo e joguei para trás. — Mas… Vou ter que trancar a faculdade de medicina…— Mas por que? Seu pai não vai conseguir pagar nesta semana, olha, se quiser pode pagar na outra… — A interrompi.— Não vai dar. Meu pai foi demitido do trabalho… Por isso que vir aqui trancar… — Abaixei a cabeça e coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha.— Nossa Emma, que pena. Você é uma das melhores alunas de medicina. Você tem um talento incrível. Os próprios professores me passaram como você é nas aulas. — Ela disse aquilo, me levantei da cadeira, virei de costas para ela, cruzei os braços. Caramba! Vou ter que abrir mão do meu sonho… Mas preciso ajudar o meu pai… Ele não está nada bem… Sinto as mãos nos meus braços e me virei. Na minha frente está a dona Sheila.— Olha… Sei que você está passando por dificuldades e sei que você é esforçada e ama o que faz. — Balancei a cabeça que sim, em seguida seco as lágrimas que insistem em cair. Se afasta e olha nos meus olhos. — Que tal, claro se você quiser? Posso oferecer baixar o valor que pagava antes, assim você pode continuar fazendo o curso. — Desviei o rosto, seria maravilhoso mas não posso. Olho para ela e digo que não posso aceitar. Me afasto e vou até a porta. Me despedir e sair dali o mais rápido possível. Antes que me faça mudar de ideia. Saí da faculdade e caminhei até o ponto para pegar o ônibus para voltar para para casa, mas vou ter que passar no mercado e comprar algumas coisas, pois a geladeira está vazia. Ainda vou ter que arrumar um trabalho para ajudar em casa, já que meu paizinho perdeu o trabalho. Ai senhor me ajuda, por favor!Dias atuaisEstava saindo do quarto e indo para sala, já tinha tomado café da manhã. Agora cedo eu e os caras, vamo para casa desse infeliz que deve. Quando chego na sala está o Riccardo junto dos caras e também está o Andrea. Todo ferrado da surra que dei nele ontem. Na verdade queria rir, mas o que ele fez é sério! O filho da puta fez isso só por causa de uma boceta. Ai, ai… Só de pensar a raiva volta e quero bater nele de novo! Chego na sala e Riccardo vem até a minha direção. — Chefe estamos prontos para ir pegar o seu dinheiro. O senhor vem? — Pergunta, levanto a sobrancelha do lado esquerdo. O filho da puta me deve e não ir lá cobrar? — Claro que vou cobrar o desgraçado! — Viro o rosto e encaro o Andrea que quando percebe que estou olhando para ele abaixa a cabeça na hora. Sabe que está no vacilo comigo. Se está vivo é porque fui misericordioso. — Vamos logo! Não quero esperar mais um minuto! — Beleza. — O Riccardo se vira e olha para os caras. — O RAPAZIADA, SIMBORA! VAMOS N
Já faz alguns meses que tranquei a faculdade. E estou trabalhando numa pensão aqui na favela mesmo, como cozinheira. No começo a dona da pensão não leva fé da minha experiência na cozinha, mas quando me colocou para fazer um teste, depois desse dia sua pensão só vive cheia. Claro que me contratou. Trabalho das oito até às três e meia da tarde, me paga bem, mas ainda não dá para voltar para faculdade. Como tranquei a faculdade perdi o desconto que tinha antes. O pior é o meu pai. Agora ele vive na boca comprando aquela merda de droga, cheirando o tempo todo. Não para em trabalho nenhum por conta desse vicio, até vendeu as coisas dentro de casa, até meu notebook que tinha ganhado da dona Sheila, lá da faculdade. Me lembro como se fosse hoje… ***— Pai? Pai cheguei… O que aconteceu aqui? — Tinha acabado de chegar em casa. A geladeira estava vazia, decidi passar no mercado para comprar a comida e quando eu voltei nem acreditei no que vi. Não tinha a TV que ele tinha comprado com o trabal
— Ai meu Deus! Ai meu Deus! — Com uma mão no peito e a outra sobre ela dando umas batidas. Ando para um lado e para o outro. Estou muito nervosa. Já não bastava o meu pai ser um viciado nessa droga nojenta, agora descobrir que está defendendo o dono… Não pode ser… — Emma para de andar assim. Está me deixando nervosa… — Disse a dona Luíza que continua sentada na cadeira. — Nervosa? Eu, que estou nervosa com isso tudo! Agora esse mafioso quer matar o meu pai… — Me viro, e encaro. Até esqueci que é a minha patroa. — Se acalme, não precisa ser grossa. — Ela ergue a mão fazendo o gesto para me acalmar. Olhei para ela com a cabeça baixa. Me aproximo e me apoio na cadeira. — Me desculpa… Mas estou nervosa… Meu pai pode morrer… — Olho para o lado. Tem que ter um jeito para ajudar o meu pai. De repente olho para ela. — Olha dona Luíza, vou ter que sair. — Me afastei e caminhei até a porta, porém, ela pega no meu braço e se levanta da cadeira. — Você vai aonde? Não me diga que vai para su
Me afasto daquele verme. Sim, depois o que ele me disse, era isso que ele era. Olho para ele mais uma vez. Só pode ser piada. É isso! Vou até ele e começo a gargalhar. O Riccardo e os caras me olharam não entendendo nada, continuo rindo. O Riccardo se aproxima de mim. — Andrea, qual é a graça? — Indaga me fitando segurando o fuzil. — Não sabe que esse merda me disse? — Ainda rindo olho para o meu braço direito. Que balança os ombros sem entender. — Ele ofereceu sua filha como pagamento! Fala que isso não é piada? — O quê? Ele fez isso? — O Riccardo olha para o infeliz todo sangrando tentando levantar, com muita dificuldade consegue ficar em pé. — Não é piada… Cof… Cof… — Ele cospe sangue. Depois limpa com as costas da mão e volta olhar para mim. — Estou oferecendo a minha filha como… Pagamento… — Está falando sério? — Dou um passo para frente, levanto a sobrancelha direita. — Está oferecendo sua filha como pagamento da dívida que me deve? — Isso… Ela é nova, tem vinte e um anos…
Cheguei na minha casa com a porta arrombada. E vi um homem forte, musculoso e alto, é bem alto. Meu pai estava todo machucado e sangue caindo do seu rosto. Meu Deus, coitado do meu paizinho… Ele fala algo no ouvido para aquele homem, ele se virou e deu um soco no estômago delei. Levou os braços no estômago, sentindo o soco. Em seguida o homem segurou o pescoço do meu pai e deu mais socos na cara dele que o jogou no chão como se fosse um nada. Noto ele levantar a perna. Acho que ele vai continuar batendo nele. Não posso deixar. — Nãoooo! — Me jogo na frente dele. — Pai? Está me ouvindo? Por favor, pai diga alguma coisa? — Estava ajoelhada com as mãos no rosto do pai. O chamo, mas ele está com os olhos fechados, me aproximo e consigo ouvir sua respiração, fraca, mas consigo. Ele está vivo. Graças a Deus! — Como você pode fazer isso com ele? Não tem coração? — Ele sacudiu a cabeça, acho que estava pensando em alguma coisa. Olhando melhor para mim, está bem diante de mim. Estava braba, f
Finalmente ela me obdeceu e entrou no quarto. Merda! Que garota abusada! Um dos vapor se aproxima e pergunta:— Chefe e sobre o coroa? Fazemos o quê?—Depois que eu sair com a garota leva ele pra qualquer canto. Dão uma surra e depois bota fogo! — Disse com as mãos no bolso da calça. Continuo olhando para a porta do quarto que a menina entrou. Vou levá-la para minha casa, não merece essa vida que esse desgraçado fez a passar. Por um lado ela é linda e não quero que nenhum filho da puta tente algo com ela, como o Andrea. Vou até o Riccardo. — Mattia, um dos caras me disse que ordenou acabar com o velhote? Não entendi, não vai levar a filha do coroa e ainda vai matá-lo? — Perguntou confuso. Virei meu rosto e olho para ele. — Sim. Ele vai ser um exemplo. Para terem noção que não se deve. — Concluí. — Então porquê vai levar a garota? — Indaga, o fito. — Não posso deixá-la desamparada. E também o Andrea pode tentar algo com ela. Nos meus olhos ela vai estar protegida! — Friso e Ric
Ele saiu e fechou a porta. Fiquei pensando no que ele acabou de falar. A mãe dele… Ele disse que sua falecida mãe o ensinou a não fazer isso com uma mulher… Será que estou exagerando… Não! Ele é um bandido! Emma não se comove com ele. Não esqueça que ele me trouxe a força! Estou de pé, um pouco longe da cama com a mão no queixo pensando que ele estava falando antes. Que vai mudar esse quarto, até vai colocar a mesa de estudo pra mim… Droga! Será, o que eu ouvir sobre ele é mentira? Estou confusa. Escuto alguém bater na porta. Me aproximo. — Quem é? Mattia? — Pergunto. Será que é ele? Ele veio me buscar para o almoço? — Não. Sou a Guilia. Pode abrir a porta, por favor. — Ouvir a voz de uma mulher. Deve ser a mulher que encontramos na sala assim que entramos nesta mansão. Coloquei a mão na maçaneta e abri em seguida. Ela já vai entrando no quarto. Encostei a porta e olhei para ela. — Mattia está chamando para você descer! — Faz um gesto apontando para lá embaixo. Deve ser onde fica a
Estava sentada na cama com a mão apoiada. Lágrimas caiam sem parar. Não pode ser verdade! O que homem estava falando. Meu pai me ofereceu… Como pagamento… Balanço a cabeça negando. Olho para o lado e ele tenta tocar no meu ombro, mas dou um tapa na sua mão. — NÃO ENCOSTA EM MIM! SEU BANDIDO! ISSO É MENTIRA! — Esbravejo. — Pode me chamar disso que não me envergonho. E sim, é verdade sim! Seu pai lhe ofereceu para não morrer! Ele mesmo me disse! — Enfatizou, me fitando. Ainda estou sentada na cama, viro meu corpo para o lado com as mãos no meu rosto. Seco as lágrimas com as costas das mãos. — Olha, entendo você está assim Emma. Mas estou falando a verdade e não fui o único que lhe ofereceu. — Como é que é? — Virei e olhei para ele. Com a mão apoiada na cama me levanto devagar. — Não vou mentir e pra você também parar de achar que está aqui como pagamento de dívida. — Vou até ele, o encaro. Ele continua. — Antes pra conseguir mais drogas, as minhas drogas. Ele lhe ofereceu para um dos