Dias atuais
Estava saindo do quarto e indo para sala, já tinha tomado café da manhã. Agora cedo eu e os caras, vamo para casa desse infeliz que deve. Quando chego na sala está o Riccardo junto dos caras e também está o Andrea. Todo ferrado da surra que dei nele ontem. Na verdade queria rir, mas o que ele fez é sério! O filho da puta fez isso só por causa de uma boceta. Ai, ai… Só de pensar a raiva volta e quero bater nele de novo! Chego na sala e Riccardo vem até a minha direção.— Chefe estamos prontos para ir pegar o seu dinheiro. O senhor vem? — Pergunta, levanto a sobrancelha do lado esquerdo. O filho da puta me deve e não ir lá cobrar?— Claro que vou cobrar o desgraçado! — Viro o rosto e encaro o Andrea que quando percebe que estou olhando para ele abaixa a cabeça na hora. Sabe que está no vacilo comigo. Se está vivo é porque fui misericordioso. — Vamos logo! Não quero esperar mais um minuto!— Beleza. — O Riccardo se vira e olha para os caras. — O RAPAZIADA, SIMBORA! VAMOS NA CASA DO COROA! — Ele gritou para os caras. Nós saímos da mansão. Estava saindo e senti alguém pegar no meu braço. Virei e era a Guilia.— O que foi? — Perguntei me desvencilhando dela.— Só tome cuidado. — Ela disse com a voz baixa e com a cabeça baixa. Dou um passo para frente, ergo minha mão no seu queixo, levantando para olhar pra mim.— Eu sempre tomo cuidado. — Me afasto dela. — Nada vai acontecer comigo e outra, vou cobrar pro um pobre coitado que me deve, ele que tem que ter cuidado!— Mas quando você sai… — Levo o dedo na sua boca a interrompendo.— Já disse que não vai ser nada demais. Agora para com isso! —Sacudiu a cabeça que sim. Dei um beijo na sua testa e depois saí. Até entendo essa preocupação da Guilia. Ela deixou seus pais lá no Sul de Servília para trabalhar aqui em casa, começou como diarista em algumas casas, estava indo tudo bem, quando ela começou a namorar um infeliz que se aproveitava dela. O filho da puta, até batia nela! Foi até parar no hospital. Riccardo que me contou o que estava acontecendo com ela, estava começando a ter uma amizade com ela, quando soube eu mesmo fui tirar satisfação. Na minha cidade não admito isso! O desgraçado quando me viu ficou pianinho e dei uma bela surra como ele fez com a Guilia, ordenei para ele ir embora daqui.. Se não me obedecesse às minhas ordens estava todo queimado! O merda se mandou e contratei a Guilia para trabalhar e morar comigo, mas a não a trato como empregada, pelo contrário, tenho muito carinho e respeito, nada mais que isso. Agora tenho que pensar em ir na casa desse velho e cobrar o que me deve!***Chegamos na casa do desgraçado. Acenei para um dos caras bater na porta, mas nada, o cara não respondeu. Ele me fita pergunta o que fazer?— Derruba essa porra! — Ordenei. Ele com o fuzil pendurado no corpo pela alça, j**a para trás, recua para pegar impulso e começa a chutar a porta que abre caindo por dentro da casa, quer dizer, do barraco. Quando entramos foi isso que estava aparecendo.— Caralho! Não tem nada! Tem um fogão… — Um dos caras foi até a cozinha. Deu uma olhada, depois volto para onde estávamos. — O gás está vazio, parece que faz dias. E a geladeira também. A pia estava cheia de resto de comida que não aguentei ficar ali porque tava vedendo muito. — Disse o outro cara que estava ao meu lado. Vou andando e olhando a casa. Não tem nada! O filho da puta vendeu tudo que estava aqui dentro por conta da minha droga. A sala vazia, a cozinha só podridão. Nem quero ir ao banheiro. Sinto o cheiro de merda daqui. Estou com vontade de vomitar.— Mattia? Mattia? — Ouço o Riccardo me chamar. Parece que está no quarto. Peço para os caras continuar procurando o desgraçado. Assim que entro vejo tudo revirado e o meu braço direito sentado na cama olhando alguns papéis. Riccardo é o único que sabe ler e escrever, bom, eu também sei, não é atoa que administro o meu negócio. No começo ele não queria saber disso, vivia nos cantos cheirando por aí, mas falei com ele. Você quer ser um viciado por resto da vida ou estudar e ser gerente? Porque pra mim tinha que ser assim e claro, que ele aceitou a segunda opção. Hoje ele é o meu braço direito. Apesar do vacilo do Andrea, confio cem por cento no Riccardo. Hoje é esse homem respeitado e charmoso (vamos dizer assim), a mulherada é louca pra dar pra ele, mas ele disse que gosta de uma mulher aí. Que devagar vai conquistar ela. Eu o respeito por isso. Me aproximei.— Que merda, Riccardo! Os caras procurando o velho e você lendo aí! — Dou bronca. Ele me fita.— O viciadão está bem ali caído no chão. — Ele apontou para um corpo no chão.— Caralho, só falta tá morto? — Caminho até o corpo, me agachei para ver se estava respirando, mas me levantei rapidamente, estava fedendo muito. Faz dias que não sabe o que é água e um sabonete. Puta merda! Me afastei e Riccardo se de mim com tais papéis e me entregou. — Porque você me entregou isso?— Dar uma olhada. — Ele ajeita o fuzil para trás. Abri para ver, depois olhei para ele.— Isso aqui é apostila de medicina! Não, isso é xerox dos livros de medicina e pelo que estou vendo de números de páginas são muitos.— Sim. E olha para o quarto. As prateleiras, livros de medicina, autonomia e etc. Olha ali? — Aponta o Riccardo para onde está a mesa. Virei meu rosto olhando para ele, depois para a mesa que estava cheio de cones de cocaína. — Com certeza tinha um notebook e garota ficava estudando.— Está falando da filha? A tal que o Andrea estava de olho? — Meu braço direito sacudiu a cabeça. — Esse filho da puta desse velho, com certeza pegou o notebook, vendeu para comprar as drogas e prejudicando a filha! Não só isso, a casa toda! Levo as mãos na cintura e dou aquela bufada de ar.— Cobramos assim mesmo? — Pergunta o Riccardo. Tiro a mão da cintura e levo para o rosto, esfrego os olhos. Depois olho para ele.— Mesmo ele estando na merda, não posso ficar no prejuízo. Fiquei com pena da filha… Fazer medicina nesse país não é fácil, sabe o que estou falando e esse MERDA! Faz isso… — Não consigo achar palavras para descrever. Acho que se matasse ele estaria fazendo um favor para essa garota. —Vou sair daqui. Não estou aguentando esse fedor, argh! Fala para os caras pegar ele, jogar uma água e depois levar para sala.— Ok chefe. — Joguei apostila na cama, saí do quarto. Logo o Riccardo fez um gesto chamando os caras para fazer o que mandei. Agora fiquei com isso na cabeça, apesar disso tudo que eu vi… Ela continua estudando?Já faz alguns meses que tranquei a faculdade. E estou trabalhando numa pensão aqui na favela mesmo, como cozinheira. No começo a dona da pensão não leva fé da minha experiência na cozinha, mas quando me colocou para fazer um teste, depois desse dia sua pensão só vive cheia. Claro que me contratou. Trabalho das oito até às três e meia da tarde, me paga bem, mas ainda não dá para voltar para faculdade. Como tranquei a faculdade perdi o desconto que tinha antes. O pior é o meu pai. Agora ele vive na boca comprando aquela merda de droga, cheirando o tempo todo. Não para em trabalho nenhum por conta desse vicio, até vendeu as coisas dentro de casa, até meu notebook que tinha ganhado da dona Sheila, lá da faculdade. Me lembro como se fosse hoje… ***— Pai? Pai cheguei… O que aconteceu aqui? — Tinha acabado de chegar em casa. A geladeira estava vazia, decidi passar no mercado para comprar a comida e quando eu voltei nem acreditei no que vi. Não tinha a TV que ele tinha comprado com o trabal
— Ai meu Deus! Ai meu Deus! — Com uma mão no peito e a outra sobre ela dando umas batidas. Ando para um lado e para o outro. Estou muito nervosa. Já não bastava o meu pai ser um viciado nessa droga nojenta, agora descobrir que está defendendo o dono… Não pode ser… — Emma para de andar assim. Está me deixando nervosa… — Disse a dona Luíza que continua sentada na cadeira. — Nervosa? Eu, que estou nervosa com isso tudo! Agora esse mafioso quer matar o meu pai… — Me viro, e encaro. Até esqueci que é a minha patroa. — Se acalme, não precisa ser grossa. — Ela ergue a mão fazendo o gesto para me acalmar. Olhei para ela com a cabeça baixa. Me aproximo e me apoio na cadeira. — Me desculpa… Mas estou nervosa… Meu pai pode morrer… — Olho para o lado. Tem que ter um jeito para ajudar o meu pai. De repente olho para ela. — Olha dona Luíza, vou ter que sair. — Me afastei e caminhei até a porta, porém, ela pega no meu braço e se levanta da cadeira. — Você vai aonde? Não me diga que vai para su
Me afasto daquele verme. Sim, depois o que ele me disse, era isso que ele era. Olho para ele mais uma vez. Só pode ser piada. É isso! Vou até ele e começo a gargalhar. O Riccardo e os caras me olharam não entendendo nada, continuo rindo. O Riccardo se aproxima de mim. — Andrea, qual é a graça? — Indaga me fitando segurando o fuzil. — Não sabe que esse merda me disse? — Ainda rindo olho para o meu braço direito. Que balança os ombros sem entender. — Ele ofereceu sua filha como pagamento! Fala que isso não é piada? — O quê? Ele fez isso? — O Riccardo olha para o infeliz todo sangrando tentando levantar, com muita dificuldade consegue ficar em pé. — Não é piada… Cof… Cof… — Ele cospe sangue. Depois limpa com as costas da mão e volta olhar para mim. — Estou oferecendo a minha filha como… Pagamento… — Está falando sério? — Dou um passo para frente, levanto a sobrancelha direita. — Está oferecendo sua filha como pagamento da dívida que me deve? — Isso… Ela é nova, tem vinte e um anos…
Cheguei na minha casa com a porta arrombada. E vi um homem forte, musculoso e alto, é bem alto. Meu pai estava todo machucado e sangue caindo do seu rosto. Meu Deus, coitado do meu paizinho… Ele fala algo no ouvido para aquele homem, ele se virou e deu um soco no estômago delei. Levou os braços no estômago, sentindo o soco. Em seguida o homem segurou o pescoço do meu pai e deu mais socos na cara dele que o jogou no chão como se fosse um nada. Noto ele levantar a perna. Acho que ele vai continuar batendo nele. Não posso deixar. — Nãoooo! — Me jogo na frente dele. — Pai? Está me ouvindo? Por favor, pai diga alguma coisa? — Estava ajoelhada com as mãos no rosto do pai. O chamo, mas ele está com os olhos fechados, me aproximo e consigo ouvir sua respiração, fraca, mas consigo. Ele está vivo. Graças a Deus! — Como você pode fazer isso com ele? Não tem coração? — Ele sacudiu a cabeça, acho que estava pensando em alguma coisa. Olhando melhor para mim, está bem diante de mim. Estava braba, f
Finalmente ela me obdeceu e entrou no quarto. Merda! Que garota abusada! Um dos vapor se aproxima e pergunta:— Chefe e sobre o coroa? Fazemos o quê?—Depois que eu sair com a garota leva ele pra qualquer canto. Dão uma surra e depois bota fogo! — Disse com as mãos no bolso da calça. Continuo olhando para a porta do quarto que a menina entrou. Vou levá-la para minha casa, não merece essa vida que esse desgraçado fez a passar. Por um lado ela é linda e não quero que nenhum filho da puta tente algo com ela, como o Andrea. Vou até o Riccardo. — Mattia, um dos caras me disse que ordenou acabar com o velhote? Não entendi, não vai levar a filha do coroa e ainda vai matá-lo? — Perguntou confuso. Virei meu rosto e olho para ele. — Sim. Ele vai ser um exemplo. Para terem noção que não se deve. — Concluí. — Então porquê vai levar a garota? — Indaga, o fito. — Não posso deixá-la desamparada. E também o Andrea pode tentar algo com ela. Nos meus olhos ela vai estar protegida! — Friso e Ric
Ele saiu e fechou a porta. Fiquei pensando no que ele acabou de falar. A mãe dele… Ele disse que sua falecida mãe o ensinou a não fazer isso com uma mulher… Será que estou exagerando… Não! Ele é um bandido! Emma não se comove com ele. Não esqueça que ele me trouxe a força! Estou de pé, um pouco longe da cama com a mão no queixo pensando que ele estava falando antes. Que vai mudar esse quarto, até vai colocar a mesa de estudo pra mim… Droga! Será, o que eu ouvir sobre ele é mentira? Estou confusa. Escuto alguém bater na porta. Me aproximo. — Quem é? Mattia? — Pergunto. Será que é ele? Ele veio me buscar para o almoço? — Não. Sou a Guilia. Pode abrir a porta, por favor. — Ouvir a voz de uma mulher. Deve ser a mulher que encontramos na sala assim que entramos nesta mansão. Coloquei a mão na maçaneta e abri em seguida. Ela já vai entrando no quarto. Encostei a porta e olhei para ela. — Mattia está chamando para você descer! — Faz um gesto apontando para lá embaixo. Deve ser onde fica a
Estava sentada na cama com a mão apoiada. Lágrimas caiam sem parar. Não pode ser verdade! O que homem estava falando. Meu pai me ofereceu… Como pagamento… Balanço a cabeça negando. Olho para o lado e ele tenta tocar no meu ombro, mas dou um tapa na sua mão. — NÃO ENCOSTA EM MIM! SEU BANDIDO! ISSO É MENTIRA! — Esbravejo. — Pode me chamar disso que não me envergonho. E sim, é verdade sim! Seu pai lhe ofereceu para não morrer! Ele mesmo me disse! — Enfatizou, me fitando. Ainda estou sentada na cama, viro meu corpo para o lado com as mãos no meu rosto. Seco as lágrimas com as costas das mãos. — Olha, entendo você está assim Emma. Mas estou falando a verdade e não fui o único que lhe ofereceu. — Como é que é? — Virei e olhei para ele. Com a mão apoiada na cama me levanto devagar. — Não vou mentir e pra você também parar de achar que está aqui como pagamento de dívida. — Vou até ele, o encaro. Ele continua. — Antes pra conseguir mais drogas, as minhas drogas. Ele lhe ofereceu para um dos
— VOCÊ ESTÁ FALANDO SÉRIO? — Dou um pulo da cadeira, encarando. — Se você tiver brincando… — Não estou. — Ele levantou-se vindo até mim e colocou suas mãos no meu ombro, olhando nos meus olhos. — Quando estava na sua casa, para cobrar a dívida… — Deu uma pausa. — Fui ao seu quarto e vi as apostilas. Como não tinha condições de comprar os livros, desculpe, mas vou ter que falar, mesmo que isso de machuca. Mas o desgraçado do seu pai, por conta do vício dele, você perdeu de continuar cursando. Mas não se preocupe, comigo eu priorizo os estudos em primeiro lugar. — Olho para ele, um bandido falando isso? Não imaginava. — O que foi? — Indaga. — Não imaginava que você… — Um mafioso fazer questão com os estudos? Acho que você ia dizer isso? — Ele vai na cadeira e se senta. Assenti, também sentei na cadeira, o fitando. — Eu… Eu… — Gaguejo, ele ergue a mão para eu não falar mais nada. Engulo a seco. — Faço questão dos estudos porque é assim que trabalho. Eu que administro as minhas cois